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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ANSIEDADE NORMAL x PATOLÓGICA ● ansiedade normal : ○ é uma resposta normal e adaptativa que tem qualidades salva-vidas → adverte sobre ameaças (físicas ou psicológicas); ○ sensação difusa, desagradável e vaga de apreensão; ○ muitas vezes é acompanhada de sintomas autonômicos → ex. cefaleia, transpiração, taquicardia, aperto no peito, náuseas, diarréia, inquietação, etc. ● ansiedade patológica : ○ afeta → o pensamento, a percepção (sobre tempo, espaço, pessoas e significados de acontecimentos) e o aprendizado (diminui concentração, reduz memória, perturba a capacidade de fazer relações); ○ é persistente, disruptiva (interrompe o seguimento normal de um processo), desproporcional ao perigo real → pode tornar-se debilitante; ○ interfere no funcionamento normal e leva a prejuízos pessoais e econômicos; Medo x Ansiedade diferença psicológica principal → medo é condição súbita e ansiedade tem caráter insidioso ● ansiedade → sinal de alerta, indica um perigo iminente e capacita a pessoa a tomar medidas para lidar com a ameaça → resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou conflituosa; ● medo → resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida ou não conflituosa; EPIDEMIOLOGIA ● é um dos grupos mais comuns de doenças psiquiátricas → 25% das pessoas satisfaz os critérios para pelo menos um dos transtornos de ansiedade; ○ prevalência em 12 meses é de 17,7%; ○ mulheres → prevalência durante a vida de 30,5%; ○ homens → prevalência durante a vida de 19,2%; ● fatores de risco : ○ sexo feminino; ○ histórico familiar de transtornos de ansiedade ou depressivos (aumentado em 2 a 4x); ○ vulnerabilidades temperamentais específicas (ex. inibidos); ○ ambiente familiar (com envolvimento excessivo e negatividade); TIPOS INCLUSOS ❖ transtorno de pânico; ❖ agorafobia; ❖ fobia específica; ❖ transtorno de ansiedade social; ❖ transtorno de ansiedade generalizada; ❖ TOC; ❖ transtorno do estresse pós traumático; FISIOPATOLOGIA GERAL REGULAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO E AVALIAÇÃO DE AMEAÇA ● na ansiedade, estímulos ambientais ambíguos são interpretados como ameaçadores; ● a interpretação dos estímulos pode estar relacionado com as experiências anteriores do indivíduo → por isso dois indivíduos podem detectar um mesmo estímulo, mas reagir a ele de formas diferentes; ● um acontecimento é percebido ou não como um estressante de acordo com → ○ natureza do acontecimento e dos recursos; ○ das defesas psicológicas; ○ dos mecanismos de enfrentamento da pessoa; 1. detecção do estímulo pelos sistemas sensoriais; 2. interpretação dos estímulos como sinais de perigo → amígdala, córtex pré-frontal, sistema límbico; 3. definição de resposta → córtex pré-frontal; 4. resposta comportamental → vias motoras, núcleos do tronco encefálico, sistema autônomo, sistema neuroendócrino; FATORES GENÉTICOS ● transtorno de ansiedade tem forte base hereditária → herdabilidade de 30 a 40%; ● a maioria das variantes genéticas são associadas a risco geral de ansiedade → mas algumas variantes são específicas para determinados transtornos; ● pode influenciar a sintomatologia ansiosa em um contexto ambiental → ambiente pode remodelar a expressão gênica (epigenética); EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-SUPRARRENAL ● eixo HHS encontra-se hiperativo em ampla gama de modelos animais; ● muitas formas de estresse psicológico aumenta a síntese e liberação de cortisol; ● estimulação excessiva e contínua pode ter efeitos adversos graves → glicocorticóides são mediadores de anormalidades funcionais cerebrais; NEUROTRANSMISSORES / MONOAMINAS ● serotonina : ○ de maneira geral, estão reduzidos nos transtornos de ansiedade; ○ o receptor 5-HT1A é considerado o modulador de ansiedade nas formas normais e patológicas; ● noradrenalina : ○ há hiperfunção → teoria é que pacientes afetados tem problema de regulação, com surtos ocasionais de atividade; ○ produzida principalmente no locus coeruleus na ponte, com projeção para córtex, sistema límbico, tronco encefálico, medula espinhal → sua estimulação local produz resposta de medo (importante para o sistema nervoso autônomo); ● GABA : ○ está reduzido → GABA é um inibidor; ○ benzodiazepínicos aumentam a atividade do receptor tipo A do GABA; Receptores 5-HT ● 5-HT1 - Afinidade: Alta para Serotonina Específica para antagonistas . ○ 5 HT1A - Auto-receptor pré-sináptico – Presente na substância nigra, córtex e hipocampo.- Em algumas espécies também é pós-sináptico- Atua na síntese e no "firing" de 5-HT.-Efeito ansiolítico, hipotensor, hipodérmico, bradicardizante. ○ 5-HT1B - Auto-receptor pré-sináptico - Presente nos rins e substância nigra - Atua na liberação e síntese de 5-HT. ○ 5-HT1C - Receptor pós-sináptico - Presente no plexo coróide - Local de ação de alguns antipsicóticos atípicos - Atua na ansiogênese e na anorexia. ○ 5-HT1D -Auto-receptor pré-sináptico -Atua na liberação e síntese de 5-HT. ○ 5-HT1E -Receptor pós-sináptico, estruturalmente de transição entre o 5-HT1. ● 5-HT2 -Receptor pós-sináptico -Presente no córtex, plaquetas, músculo liso -Baixa afinidade para agonistas 5-HT inespecíficos -Alta afinidade para os antagonistas antipsicóticos e antidepressivos. Atua na regulação da temperatura corporal, na conduta sexual, e na ativação do eixo hipotálamo-hipótise-suprarenal. ● 5-HT3 -Receptor pós-sináptico -Presente no músculo liso -Atua através de mecanismo de canal iônico.Intervêm no mecanismo da náusea e da sensopercepção -Existem três subtipos definidos com base na afinidade pelos antagonistas -Influi sobre a liberação de dopamina. ● 5-HT4-Receptor pós-sináptico -Presente no músculo liso não vascular -Atua através de mecanismo da Proteína G -Tem diferente localização tissular e distinta capacidade de união efetora segundo a afinidade ao agonista 5HT. TRANSTORNO DE PÂNICO DEFINIÇÃO ● ataque de pânico : ○ período súbito de intenso medo ou apreensão (paciente em geral não consegue designar a fonte do medo); ○ há sensação de desgraça ou morte iminente; ○ é acompanhado de sintomas físicos → taquicardia, palpitações, dispneia, sudorese; ○ pode durar de minutos a horas (no geral dura 20-30 minutos); ○ podem ser esperados (resposta a gatilhos) ou inesperados (sem razão aparente); ○ não é específico do TP → pode acontecer em vários transtornos mentais (ex. fobia específica, social, TEPT); ● transtorno de pânico (TP) : ○ ataques de pânico recorrentes e inesperados; ○ segue-se de período (1 mês ou mais) de → apreensão ou preocupação persistente quanto a novos ataques E/OU mudança no comportamento relacionada aos ataques e prevenção destes; EPIDEMIOLOGIA ● prevalência ao longo da vida de 1 a 4%; ● mulheres tem 3x mais probabilidade de serem afetadas; ● podem se desenvolver em qualquer época → mas costuma surgir na idade adulta jovem (idade média é 25 anos); FISIOPATOLOGIA ● a patogenia está relacionada com reações psicológicas que desencadeiam fatores neurofisiológicos; ● fatores biológicos : ○ monoaminas → norepinefrina (aumentada), serotonina (+ reduzida), GABA (reduzido); ○ neuroanatomia e circuitos neurais → ■ alterações na amígdala, nos giros hipocampais e parahipocampais, nos núcleos do tronco encefálico (ponte, bulbo, mesencéfalo); ■ os ataques de pânico são neurofisiologicamente correlacionados com o locus ceruleus (origem dos neurônios de noradrenalina); ○ sistema nervoso autônomo → aumento do tônus simpático, vasoconstrição cerebral, adaptação lenta a estímulos repetidos, resposta excesiva a estímulos moderados; ● fatores genéticos : ○ parentes em primeiro grau de pacientes com TP → risco aumentado de 4 a 8x para desenvolver TP; ● fatores psicossociais : ○ acredita-se que os ataques de pânicos se originem de uma defesa mal sucedida contra impulsos provocadores de ansiedade → o que era anteriormente uma leve ansiedade-sinal se torna um sentimento esmagador; ○ fatores de risco → acontecimentos de vida estressantes nos meses anteriores ao início, maior tensão sobre acontecimentos de vida, separação da mãe cedo na vida, abuso físicoe/ou sexual na infância; Substâncias indutoras do pânico ● existem substâncias que conseguem induzir ataques de pânico em indivíduos com transtorno ou predispostos; ● respiratórias (causam estimulação respiratória e mudança no equilíbrio ácido-básico) ou neuroquímicas (atuam em neurotransmissores e receptores específicos -sobretudo noradrenalina, serotonina e GABA); CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ● com frequência, o primeiro ataque de pânico é completamente espontâneo; ● os ataques seguintes podem estar relacionados com gatilhos (situações ou hábitos que costumam preceder) → uso de cafeína, álcool, nicotina, padrões incomuns de sono e alimentação, situações ambientais específicas (ex. luz muito forte), etc.; ● os períodos são caracterizados por intenso medo e por sintomas físicos (taquicardia, palpitações, dispneia, sudorese, síncope, hiperventilação); ● preocupações somáticas com a morte por problemas cardíacos ou respiratórios podem ser o principal foco do indivíduo durante os ataques; ● exame do estado mental pode identificar → ruminação, dificuldade na fala (ex. gagueira), comprometimento da memória, em alguns casos há despersonalização e desrealização; ● entre os ataques o paciente pode manifestar ansiedade antecipatória de terem um novo ataque; ● ingestão de cafeína ou nicotina pode exacerbar os sintomas; DIAGNÓSTICO COMORBIDADES ● em torno de 91% dos indivíduos tem pelo menos outro transtorno psiquiátrico; ● mais comuns : ○ depressão (40 a 80%) ○ transtorno por uso de substâncias (20 a 40%); ○ transtorno de ansiedade social ou fobia (15 a 30%); ○ TOC (até 30%) -- pode ser anterior ou se desenvolver após; ○ fobia específica (2 a 20%); ○ transtorno estresse pós traumático (2 a 10%); ● outros → hipocondria, transtornos de personalidade, transtornos relacionados à substâncias; CURSO CLÍNICO E PROGNÓSTICO ● o curso em geral é crônico : ○ 30 a 40% dos pacientes parecem ficar livres de sintomas no acompanhamento a longo prazo; ○ 50% têm sintomas suficientemente leves para não afetar sua vida de modo significativo; ○ 10 a 20% continuam a ter sintomas relevantes; ● a frequência e a gravidade dos ataques podem oscilar; DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS ● distúrbios médicos : diferenciadas por meio de presença de características atípicas durante ataque de pânico, por início tardio, e por sinais e sintomas indicativos de problema clínico : ○ endocrinológicos → ex. hipertireoidismo, hipoparatireoidismo, feocromocitomas, hipoglicemia episódica; ○ neuropatológicos primários → ex. transtornos convulsivos, disfunção vestibular, neoplasmas; ○ cardíacos e/ou respiratórios → arritmias, angina, DPOC, asma, embolia pulmonar; ● transtorno por uso de substâncias ; intoxicação e abstinência; ● outros transtornos mentais : podem conter ataques de pânico → TOC, transtorno do estresse pós-traumático, fobia social, fobia específica; TRATAMENTO ● deve ser realizado o conjunto de farmacoterapia + psicoterapia; FARMACOTERAPIA ● duração → em geral, deve ser mantido por 8 a 120 meses (mas 30 a 90% dos pacientes tem recaída quando a medicação é interrompida); ● INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRSs) : ○ são os medicamentos de primeira escolha; ○ todos são eficientes; ○ devem ser administrados em pequenas doses iniciais, elevadas pouco a pouco → pois podem haver efeitos ativadores; ○ paroxetina → tem efeitos sedativos (maior adesão e menos interrupções - mas pode haver ganho de peso); ○ citalopram, escitalopram, fluvoxamina e sertralina → são as opções seguintes mais toleradas; ○ fluoxetina → eficiente em TP com depressão comórbida; ● benzodiazepínicos : ○ possuem início de ação mais rápido → podem ser empregados como primeiro agente enquanto a dose de um ISRS está sendo ajustada; ○ após 4 a 12 semanas de uso → deve ser retirado lentamente ao longo de 4 10 semanas (sua interrupção pode levar a uma síndrome de abstinência); ○ ex. alprazolam, lorazepam, clonazepam; ● outras classes : ○ tricíclicos (ex. clomipramina e imipramina) e IMAOs → são eficazes, mas possuem muitos efeitos colaterais; FALTA DE RESPOSTA AO TRATAMENTO ● se os pacientes deixam de responder a uma classe de medicamentos → outra deve ser tentada; ● outras opções eficazes → venlafaxina (dual), ISRS + benzodiazepínico, ISRS + lítio, carbamazepina (anticonvulsivante), valproato, buspirona (potenciação de outros agentes); PSICOTERAPIA ● o método mais indicado é o de terapia cognitivo-comportamental; ● objetivos : ○ instrução sobre as falsas crenças do paciente → tendência do paciente a interpretar de forma equivocada sensações corporais leves como indicativos iminentes de ataques de pânico, tragédia ou morte; ○ informação sobre os ataques de pânico → orientar que, quando os ataques de pânico ocorrem, são de tempo limitado e não ameaçam a vida; AGORAFOBIA DEFINIÇÃO ● vem das palavras gregas agora e phobos → significa medo de estar em espaços abertos ou no meio de multidão; ● refere-se a um medo ou ansiedade em relação a lugares de onde possa ser difícil fugir ou onde pode não haver ajuda disponível; ● é muito comum que se desenvolva como uma complicação do transtorno de pânico → o medo de ter um ataque de pânico em lugar público; ● é possível que seja a mais incapacitante das fobias → interfere de maneira significativa a capacidade de uma pessoa funcionar em situações fora de casa; EPIDEMIOLOGIA ● taxa de prevalência ao longo da vida é controversa → varia entre 2 e 6%; ● estima-se cerca de 50 a 75% dos pacientes com agorafobia também tem transtorno do pânico; ● em muitos casos, o início segue-se a acontecimento traumático; CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ● os sintomas devem ser persistentes e durar pelo menos 6 meses; ● os pacientes evitam de forma rígida situações nas quais seria difícil obter ajuda; ● eles preferem estar acompanhados por um amigo ou familiar → podem insistir em ser acompanhados toda vez que saem de casa; ● é comum resultar em problemas conjugais; ● especialmente antes do diagnóstico ser feito, podem ficar aterrorizados por achar que estão “ficando loucos”; DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● todos os transtornos que possam causar ansiedade e depressão; ● ex: transtorno depressivo maior, esquizofrenia, t. personalidade paranóide, t. personalidade evitativa, t. personalidade dependente; TRATAMENTO ● farmacoterapia : ○ ISRSs → primeira linha; ○ benzodiazepínicos (alprazolam, lorazepam) → ação mais rápida contra o pânico, maiores efeitos colaterais (ex. tontura, sedação leve), maiores riscos (dependência, comprometimento cognitivo e abuso); ○ tricíclicos (mais efeitos adversos); ● psicoterapia; FOBIA ESPECÍFICA CARACTERÍSTICAS ● definição : ○ fobia refere-se a medo excessivo de um objeto, circunstância e situação específicos; ● epidemiologia : estima-se que prevalência ao longo da vida seja de 10%; ● fisiopatologia : ○ há uma predisposição (tendência não específica de experimentar medo ou ansiedade) + a ocorrência de um evento específico (ex. um acidente); ○ algumas fobias (como do tipo sangue-injeção-ferimentos) tem forte associação familiar ● quadro clínico : ○ há desenvolvimento de ansiedade intensa (mesmo a ponto de pânico) quando há exposição ou quando antecipam a exposição; ○ os sintomas de medo ocorrem APENAS na presença do objeto específico; ○ há sintomas tipo pânico (ativação do sistema simpático) → obs: no tipo sangue-injeção-ferimentos há bradicardia e hipotensão que com frequência seguem os sintomas iniciais; ○ por conta disso, as pessoas tendem a evitar o estímulo fóbico (muitas vezes passam por muito trabalho com esse objetivo) → caso não seja possível evitar, sofrem muito devido ao contato; ○ pode haver depressão associada em ⅓ dos pacientes; ● DD : abuso de substâncias, tumores no SNC, doenças cerebrovasculares, esquizofrenia, transtorno de pânico, agorafobia, t. personalidade evitativa, TOC, hipocondria, t. personalidade paranóide; ● tratamento : ○ terapia cognitivo-comportamental; ○ técnica de dessensibilização → há exposição gradual ao estímulofóbico e desenvolvimento de técnicas para lidar com a ansiedade (ex. relaxamento, controle de respiração, etc.), e abordagens cognitivas (reforço da percepção que o estímulo fóbico é, na verdade, seguro); DIAGNÓSTICO FOBIA SOCIAL DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ● envolve um medo de situações sociais → incluindo aquelas que envolvem escrutínio ou contato com estranhos; ● pessoas temem se embaraçar em situações sociais → os medos podem ser : ○ específicos → ex. comer ou falar na frente dos outros; ○ inespecíficos → medo vago ou inespecífico de “passar vergonha”; ● pelo menos um grau de ansiedade social ou de constrangimento é comum na população geral → o transtorno é caracterizado quando a ansiedade impede o indivíduo de participar de atividades desejadas ou causa sofrimento acentuado durante elas; ● o transtorno costuma ser crônico, embora, caso haja remissão, ela tende a permanecer bem; EPIDEMIOLOGIA ● prevalência ao longo da vida varia entre 3 a 13%; ● o início é comum dos 5 aos 35 anos → mas o pico é no início da adolescência; FISIOPATOLOGIA ● fatores genéticos : ○ parentes em primeiro grau de pessoas com transtorno de ansiedade social tem cerca de 3x mais probabilidade de serem afetados; ● fatores biológicos : ○ teoria adrenérgica → pacientes podem liberar mais norepinefrina (central e/ou perifericamente) ou podem ser mais sensíveis a um nível normal de estimulação adrenérgica; ○ teoria dopaminérgica → redução da densidade de locais de recaptação de dopamina estriatal; ● fatores ambientais e de desenvolvimento : ○ relacionado com um traço de padrão consistente de inibição comportamental durante a infância (ex. pais menos carinhosos, mais rejeitado e mais superprotetores); COMORBIDADES ● outros transtornos de ansiedade, transtornos de humor, transtornos relacionados à substância, bulimia nervosa; DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● timidez normal, agorafobia, transtorno de pânico, t. personalidade evitativa, t. depressivo maior, t. personalidade esquizóide; TRATAMENTO ● farmacoterapia : ○ ISRSs, venlafaxina (dual), benzodiazepínicos, buspirona (potencialização do tto com ISRS); ○ se associado a situações de desempenho → antagonistas beta-adrenérgicos um pouco antes da exposição (ex. atenolol ou propranolol 1h antes); ● psicoterapia : ○ técnicas cognitivas e comportamentais (ex. retreinamento cognitivo, dessensibilização, treinos durante as sessões, etc.); TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ● é definido como ansiedade e preocupação excessivas → relacionadas a vários eventos ou atividades; ● a preocupação é difícil de controlar, subjetivamente perturbadora e compromete áreas importantes da vida; ● está associada a sintomas somáticos (ex. tensão muscular) e sintomas psicológicos (ex. irritabilidade, dificuldade para dormir, inquietação); EPIDEMIOLOGIA ● prevalência ao longo da vida é entre 5 e 8%; ● razão entre mulheres e homens é de 2:1; ● em geral começa ao fim da adolescência e início da fase adulta → pacientes costumam procurar ajuda na faixa dos 20 anos → mas costumam relatar estados ansiosos desde que podem se lembrar; DIAGNÓSTICO CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ● tem um padrão de preocupação e ansiedade → frequentes, persistentes, desproporcionais aos problema (“excessivas”), sob os quais o indivíduo tem difícil controle; ● os sintomas causam prejuízos ou sofrimento significativos → interferem em outros aspectos da vida da pessoa; COMORBIDADES ● cerca de 50 a 90% dos pacientes com TAG tem outro transtorno mental; ● pode ser associado com uma grande variedade de transtornos → mas os principais são: outros transtornos de ansiedade (fobia específica e social. transtorno do pânico) e transtorno depressivo maior, abuso de substâncias; CURSO E PROGNÓSTICO ● apenas ⅓ dos pacientes com TAG procura tratamento psiquiátrico; ● é difícil prever o curso clínico e prognóstico, por conta da alta incidência de comorbidade mental; ● é uma condição crônica (pode haver remissão, mas também pode durar a vida toda); ● recaídas → cerca de 25% tem recaída no primeiro mês após interrupção do tratamento, e 60 a 80% tem ao longo do ano seguinte; TRATAMENTO ● combinação : psicoterapia + farmacoterapia + abordagens de apoio; ● farmacológico : ○ duração → deve ser de longo prazo (ex. 6 a 12 meses), e pode durar por toda a vida; ○ 1ª linha → ISRS e dual; ○ 2ª linha → benzodiazepínicos, tricíclicos, buspirona, trazodona, pregabalina; ○ tratamento combinado pode ser útil em casos resistentes; ● psicoterapia : ○ cognitivo comportamental → ■ eficácia em curto e longo prazo; ■ abordagens cognitivas tratam as distorção cognitivas hipotéticas, e comportamentais tratam os sintomas somáticos (ex. por meio de relaxamento); ○ terapia de apoio → oferece encorajamento e conforto aos pacientes (eficácia ao longo prazo é duvidosa); ○ orientada ao insight → enfoca a relação de conflitos inconscientes e a identificação de forças do ego; OUTROS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE TRANSTORNO DE ANSIEDADE DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA ● sinais e sintomas são devidos aos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica; ● ex. hipertireoidismo, hipotireoidismo, hipoparatireoidismo, deficiência de vitamina B12, feocromocitoma, hipoglicemia, arritmia cardíaca, etc.; TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR SUBSTÂNCIAS → resultado direto de substância tóxica, incluindo drogas de abuso, medicamento, venenos e álcool; TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO ❖ TEPT → sintomas duram mais de um mês; ❖ T. DE ESTRESSE AGUDO → sintomas duram menos de um mês; DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ● marcado por aumento do estresse e da ansiedade → após exposição a um evento traumático ou estressante (ex. acidente de carro, guerras, sequestro, estupro, desastre natural, tortura, etc.); ● o evento traumático causou medo intenso ou terror quando ocorreu; ● fatores de risco mais importantes → gravidade, duração e proximidade da exposição ao trauma real; FISIOPATOLOGIA ● ocorrência do evento estressor + significado subjetivo do estressor + dificuldade em processar ou racionalizar o trauma; ● o trauma (estímulo não condicionado) que produz uma resposta de medo é associado (por meio de condicionamento clássico) a um estímulo (ex. visões, locais, cheiros) → estímulos condicionados provocam medo independente do estímulo não condicionado original; QUADRO CLÍNICO ● há sintomas estão em três domínios : ○ intrusão → ex. flashbacks, lembranças, sonhos; ○ evitação → esforços para evitar pensamentos ou atividades relacionadas ao trauma, anedonia, amnésia dissociativa, afeto embotado, sentimentos de distanciamento e desrealização; ○ aumento de excitação autonômica → insônia, irritabilidade, hipervigilância, sobressalto exagerado; DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS ● sintomas causados por estressores biológicos ambientais (ex. gases tóxicos); ● causas médicas (ex. traumatismo craniano, epilepsia); ● transtornos ansiosos (ex. pânico, TAG); TRATAMENTO ● psicoterapia + farmacoterapia; ● farmacoterapia : ○ 1ª linha → ISRSs, dual; ○ 2ª linha → tricíclicos, IMAO, antipsicóticos atípicos; ● psicoterapia : ○ pode ser individual ou em grupo; ○ terapia cognitivo-comportamental focada ao trauma; ○ terapia do manejo do estresse; TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC) Transtornos do espectro obsessivo-compulsivo ❖ TOC; ❖ transtorno dismórfico corporal; ❖ transtorno de acumulação; ❖ tricotilomania (transtorno de arrancar cabelo); ❖ transtorno de escoriação (skin-picking); DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ● é representado por um grupo diverso de sintomas → incluem pensamentos intrusivos, rituais, preocupações e compulsões; ● causam sofrimento grave à pessoa e/ou causam prejuízo significativo na rotina normal; ● obsessão : ○ um pensamento, sentimento, ideia ou sensação; ○ são recorrentes e intrusivos; ○ geram acentuada ansiedade ou sofrimento; ● compulsão : ○ ação, comportamento padronizado e recorrente; ○ é realizado inicialmente com o objetivo de reduzir a ansiedade associada às obsessões → no entanto, com o passardo tempo, pode se tornar parte da rotina; ● o indivíduo muitas vezes percebe a irracionalidade da obsessão e das compulsões → mas não consegue evitar, mesmo que tente; EPIDEMIOLOGIA ● prevalência vitalícia estimada de 2 a 3%; ● não há diferença entre homens e mulheres; ● idade média de início é por volta dos 20 anos (homens podem ter início mais cedo que as mulheres); FISIOPATOLOGIA ● biológico : serotonina (envolvida na formação de OC), sistema imunológico (10 a 30% dos pacientes qie tiveram coreia de Sydenham passam a exibir sintomas OC); ● neurológico : funções alteradas no circuito entre o córtex orbitofrontal, o caudado e o tálamo -- metabolismo e fluxo sanguíneo aumentado nos lobos frontais, gânglios da base (principalmente caudado) e cíngulo; ● genético : significativo - parentes de pacientes com TOC tem 3 a 5x mais chance de desenvolver TOC, e probabilidade aumentada de desenvolver outros transtornos psiquiátricos; ● comportamentais : obsessões estão relacionadas a objetos neutros que se tornam estímulos condicionados capazes de provocar ansiedade e desconforto -- compulsões são estabelecidas quando um indivíduo descobre que determinada ação reduz a ansiedade; PADRÕES DE SINTOMAS (4 principais) ● contaminação : obsessão de contaminação, com compulsão de lavagem excessiva ou evitação compulsiva do objeto que se presume contaminado; ● dúvida patológica : obsessão de dúvida, seguida de compulsão por ficar verificando (ex. esquecer de desligar o fogão ou trancar a porta); ● pensamentos intrusivos : pensamentos obsessivos intrusivos e repetidos, normalmente relacionados a um ato agressivo ou ato sexual repreensível para o paciente; ● simetria : necessidade de simetria ou precisão; ● outros → obsessões religiosas, acúmulo compulsivo, puxar o cabelo, roer as unhas, masturbação; DIAGNÓSTICO CURSO E PROGNÓSTICO ● mais da metade dos indivíduos tem um início súbito dos sintomas → para cerca de 50 a 70% destes, o início acontece após um evento estressante (ex. gestação, problema sexual, morte de um parente); ● muitas pessoas consegue manter em segredo os sintomas → por isso, costumam demorar 5 a 10 anos para buscar ajuda; ● o curso costuma ser longo e variável → aprox. 20 a 30% dos pacientes apresentam grande melhora dos sintomas, 40 a 50% têm melhora moderada, os 20 a 40% restantes continuam doentes, ou seus sintomas pioram; COMORBIDADES ● transtorno depressivo maior (67%), fobia social (25%), Tourette (5 a 7%), tiques (20 a 30%), transtorno por uso de álcool, TAG, fobia específica, transtorno de pânico, transtornos alimentares; TRATAMENTO ● psicoterapia + farmacoterapia; ● farmacoterapia : ○ entre 40% e 65% dos pacientes respondem ao tratamento (redução de 20% a 40% na intensidade dos sintomas); ○ a taxa de remissão completa com uso apenas de psicofármaco é baixa; ○ 1º linha → ISRSs em doses geralmente altas; ○ 2º linha → tricíclicos, dual, antipsicóticos (em casos refratários); ● psicoterapia : ○ tratamento de primeira linha → terapia cognitivo-comportamental é o mais eficaz; ○ se fundamenta na terapia de exposição e prevenção de resposta; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. QUEVEDO, João; IZQUIERDO, Ivan. Neurobiologia dos transtornos psiquiátricos. Porto Alegre: Artmed, 2020. SADOCK, Benjamin J; SADOCK, Virginia A.; RUIZ, Pedro. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. TeleConduta - Ansiedade. UFRGS. Faculdade de Medicina - Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. TelessaúdeRS/UFRGS. Versão Digital. 2017
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