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1 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II CA Pulmão Geral Conceitos • CA pulmão (carcinoma broncogênico): neoplasias malignas com origem no epitélio do trato respiratório inferior. • 90% das neoplasias malignas pulmonares são classificadas como câncer de pulmão e podem ser subdividas em dois grandes grupos. • Pequenas células e não pequenas células (carcinoma epidermoide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células anaplásico). Epidemiologia • Uma das neoplasias malignas que mais mata no Brasil e no mundo. • Principal causa de morte oncológica em homens, e a segunda maior em mulheres. • 2º lugar em incidência nos homens e mulheres no Brasil. Incidência vem caindo nos homens – campanha contra o tabagismo. Incidência em mulheres sem queda – aumento do tabagismo. • O pico de incidência ocorre entre 55 e 65 anos de idade. • A sobrevida em cinco anos (equivalente à cura) 13- 21% (países desenvolvidos) e 7-10% (países em desenvolvimento). • Pequena chance de cura - diagnóstico só é feito quando o tumor já se encontra em estágios avançados. • Apenas cerca de 15% dos indivíduos possui doença localizada (potencialmente curável) ao diagnóstico. Etiologia • Principal causa é o tabagismo, particularmente o hábito de fumar cigarros. • Outras formas de tabagismo são associadas, mas com menor intensidade. • 90% dos homens e 80% das mulheres com a doença são ou foram tabagistas. Tabagismo x CA Pulmão Combustão do tabaco libera diversas substancias carcinogênicas, sendo mais de 4.000 substâncias comprovadamente maléficas liberadas. • Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas tabaco-específicas (TSNA) e aldeídos voláteis. A nicotina (dependência) tem ligação com gênese do câncer – seus derivados são capazes de inibir a apoptose de células neoplásicas. • Essas substâncias se distribuem entre a fase gasosa e a fase particulada – ou alcatrão – da “fumaça” aspirada. • Carga tabágica: relacionado ao risco, deve ser sempre quantificada. → Número de maços consumidos/dia x duração de hábito em anos. → “Maços/ano” (unidade de medida). → Alto risco: > 20 maços/ano. → NÃO EXISTE LIMIAR DE SEGURANÇA → Tabagismo em qualquer grau eleva proporcionalmente o risco de CA de pulmão. • Fumantes tem risco 20x maior que não fumantes. • Outras modalidades aumentam menos o risco: Indivíduo aspira menor quantidade de fumaça para satisfazer necessidades de nicotina (absorvida pela mucosa oral, já que se tratam de fumaças menos “tragáveis” – ex.: cachimbo, charuto), aumentando risco de carcinomas de mucosas expostas (boca e lábios). • Tabagismo passivo: → Eleva risco em 1,3x, justificando casos em filhos e conjugues não fumantes de pais ou companheiros fumantes. • Cessação do tabagismo: → Reduz o risco com o tempo. → Efeito significativo passados 15-20 anos. → Mesmo com redução, o risco é maior em pessoas ex fumantes do que em quem nunca fumou. → Relação direta com magnitude do tabagismo prévio. • CAs relacionados ao tabagismo: → Pulmão, boca, esôfago, cabeça e pescoço, bexiga e pâncreas. Outras etiologias • Principais agentes exógenos: Excluído tabaco, são: 2 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II → Radônio: gás que emana do solo, oriundo do decaimento radioativo do urânio. Regiões da crosta terrestre ricas em urânio explicaria maiores taxas de Ca broncogênico em não fumantes naquelas áreas. Exposição ao radônio também justifica um maior risco da doença em mineiros. → Asbesto: por si só aumenta o risco, mas tal efeito é potencializado na coexistência de tabagismo (aumento de > 50x – há sinergismo entre os dois fatores). • Outros agentes exógenos: Arsênico, haloéter, cromo, níquel, gás mostarda, cloreto de vinila. Fatores de risco • Tabagismo, exposição a radônio e asbesto. • Doença pulmonar obstrutiva crônica (risco independente), pneumopatias fibrosantes e exposição a outros agentes ambientais (naturais ou ocupacionais). • Predisposição genética: → Maioria dos portadores de CA pulmão são tabagistas, mas apenas 10% dos tabagistas desenvolvem CA de pulmão. → Carcinogênese do CA de pulmão é demorada acúmulo de sucessivas mutações genéticas para o surgimento do clone neoplásico. Muitas dessas mutações já podem estar presentes no indivíduo, por herança genética, “encurtando” o caminho em direção ao câncer. → Pesquisas mais recentes incriminam, em particular, genes relacionados ao reparo do DNA e ao metabolismo/ativação de carcinogênios (além daqueles implicados na dependência à nicotina). Portadores de mutações herdadas nesses genes estariam mais propensos ao desenvolvimento de Ca de pulmão quando expostos ao cigarro e outros fatores de risco. • Dieta e poluição atmosférica: → Elevado consumo de frutas e vegetais parece ser protetor - altos níveis de antioxidantes reduzem a chance de transformação neoplásica celular (pois reduzem a chance de lesões no DNA) → NÃO há evidências de que a quimioprevenção contra o câncer de pulmão seja eficaz (através da suplementação da dieta com vitaminas e antioxidantes industrializados). → Poluição do ar nas grandes cidades também aumenta o risco principalmente pela queima de combustíveis fósseis, que libera hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e metais como arsênio, níquel e cromo. → Ser humano normal respira cerca de 10.000 L de ar por dia, e mesmo que a concentração de poluentes no ar seja baixa, em termos de exposição total ela acaba sendo importante... • A influência de todos esses fatores é bastante inferior ao grande papel exercido pela FUMAÇA DO CIGARRO na gênese do câncer de pulmão! Tipos histológicos Subdivisões histopatológicas dos dois principais grupos de carcinoma broncogênico, tumores malignos derivados do epitélio respiratório inferior. Carcinoma não pequenas células – 85% • Carcinoma epidermoide (escamoso ou espinocelular): → 2/3 dos casos, principalmente em homens. → Central ou proximal. → 2 subtipo mais frequente. → Apresenta tumoração brônquica exofítica com maior chance de diagnostico por citologia do escarro. → Causa mais comum de hipercalcemia paraneoplásica. • Adenocarcinoma. → Mais comum em países desenvolvidos. → Subtipo mais frequente devido a alterações no cigarros e adaptações dos consumidores. → Predominante no sexo feminino, nos jovens (< 45 anos) e não fumantes. → Períferico. → Maior chance de diagnostico na citologia do liquido pleural e no aspirado nodular transtorácico. → Causa mais comum de osteoartropatia hipertrófica. → Pior prognostico que o escamoso, quando no mesmo estágio. • Carcinoma Bronquíolo-Alveolar → Subtipo de adenocarcinoma. → Representa apenas 3% do total dos carcinomas broncogênicos. → Derivado de células alveolares. → Apresenta como massa, lesão difusa multinodular ou infiltrados alveolares (assemelha-se a pneumonia). → Caracteriza-se por se espalhar por espaços alveolares, sem invadir os septos. → Mucinoso: derivados das células caliciformes. → Não mucinoso: derivados de pneumotócitos tipo II. 3 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II • Carcinoma de grandes células anaplásico. → Análises histopatológicas mais minuciosas sugerem que o carcinoma pulmonar de grandes células na verdade seja um carcinoma epidermoide ou adenocarcinoma tão indiferenciado (anaplásico) que não pode ser classificado dentro de nenhum desses subtipos → < 10% dos casos, sendo o subtipo menos frequente. Apresenta o pior prognóstico dentre os carcinomas não pequenas células. → Mais periférico. Carcinomas de pequenas células – 15% • Oat Cell ou Avenocelular. • 15-20% dos casos. • Pior prognóstico e maior agressividade entre os carcinomas broncogênicos (30 dias x 200 dias para não pequenas células). • Central. • 70% chance metástase no momento do diagnostico. • Geralmente cursa com invasão do mediastino. • Avenocelularou oat cell vem do fato de suas células se parecerem com grãos de aveia. • células são um pouco maiores que os linfócitos, e têm origem no tecido neuroendócrino argentafim (tal como o tumor carcinoide). • Carcinoma avenocelular responde pela maioria das síndromes paraneoplásicas neuroendócrinas associadas ao câncer de pulmão. • Subtipo mais fortemente associado ao tabagismo, sendo raríssimo em não fumantes. Apresentação clínica • Perda ponderal – 46-68% • Dor torácica associada a derrame pleural (associada ou não metástase). Investigação • Investigação sintomática • Rastreio de prevenção TC tórax baixa dosagem anualmente. → 55 a 74 anos. → Fumam 30 maços/ano. → < 15 anos de cessação de tabagismo. • RX detectando opacidade nodular: investigar e pedir TC. RX não avalia muito bem nem mostra nódulos pequenas. 4 Iana Barbosa Martins – MED 31 – SOI II • TC → Avalia melhor hilo, mediastino e abdômen superior (mestastase fígado e adrenal comuns) • TC por emissão de pósitrons (PET) → Emissão de glicose radiomarcada para verificar área de grande metabolismo no corpo inteiro. → Área de lesão com alto metabolismo absorve a glicose e “brilha” na imagem, aumentando a capacitação nessa área. → Referencial de capacitação: SUV > ou igual 2,5 = lesão suspeita de neoplasia. → Encontrar sítios de metástases. → Doenças infecciosas e inflamatórias podem aumentar SUV por absorver glicose também. → PET associado a TC: mais definição de imagem Diagnóstico • Biópsia (Bx) Importante para estadiamento e reconhecimento do tipo de tecido neoplásico. • Preferir modalidades não invasivas. Broncoscopia é opção para tumores centrais: Bx transbronquica - às cegas ou guiada por radioscopia. Bx endobronquica – lesão endobronquica. Aspiração por agulha – lesão no hilo.
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