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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL APLICAÇÃO DE MODELO MATEMÁTICO DE SIMULAÇÃO COM UTILIZAÇÃO DE SIG À BACIA DO RIO JIQUIRIÇÁ - BAHIA JULIANA MENEZES GARRIDO ORIENTADOR: NÉSTOR ALDO CAMPANA CO-ORIENTADOR: NABIL JOSEPH EID DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS PUBLICAÇÃO: PTARH.DM – 063A/2003 BRASÍLIA/DF: SETEMBRO/2003 ii UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL APLICAÇÃO DE MODELO MATEMÁTICO DE SIMULAÇÃO COM UTILIZAÇÃO DE SIG À BACIA DO RIO JIQUIRIÇÁ - BAHIA JULIANA MENEZES GARRIDO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS. APROVADA POR: _________________________________________________ Prof. Néstor Aldo Campana, Dsc (UnB) (Orientador) _________________________________________________ Prof. Nabil Joseph Eid, Dsc (UnB) (Co-Orientador) _________________________________________________ Prof. Sergio Koide, PhD (UnB) (Examinador Interno) _________________________________________________ Profª Yvonilde Dantas P. Medeiros, PhD (UFBA) (Examinadora Externa) DATA: BRASÍLIA/DF, 30 DE SETEMBRO DE 2003 iii FICHA CATALOGRÁFICA GARRIDO, JULIANA MENEZES Aplicação de Modelo Matemático de Simulação com Utilização de SIG à Bacia do rio Jiquiriçá - Bahia. [Distrito Federal] 2003. xxix, 198p, 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, 2003). Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 1. Modelagem Chuva-vazão 2. Modelagem de Qualidade de Água 3. SIG 4. SWAT I. ENC/FT/UnB II. Título (série) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GARRIDO, J. M. (2003). Aplicação de modelo matemático de simulação com utilização de SIG à bacia do rio Jiquiriçá - Bahia. Dissertação de Mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, publicação PTARH.DM-063A/03, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 197p. CESSÃO DE DIREITOS AUTOR: Juliana Menezes Garrido TÍTULO: Aplicação de modelo matemático de simulação com utilização de SIG à bacia do rio Jiquiriçá – Bahia. GRAU: Mestre ANO: 2003 É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor. _________________________________________________ Juliana Menezes Garrido Rua Plínio Moscoso, 64, apt. 201, Ed. Pedra do Valle, Chame-Chame. Salvador, Bahia. CEP 40155-190. Brasil iv Dedico esse trabalho a minha família, em especial a meus pais, pelo apoio incondicional e pela compreensão pela minha ausência. A Marcelo pelo companheirismo, amor e paciência nas horas difíceis. A meus sobrinhos, Gabi e Guga, por serem grandes alegrias na minha vida. v AGRADECIMENTOS Ao professor Néstor Aldo Campana pela orientação, discussões esclarecedoras e clareza no desenvolvimento deste trabalho. Ao professor Nabil Joseph Eid pela incrível paciência, apoio em momentos de aperto e orientação para desenvolvimento deste trabalho. Aos professores Sérgio Koide e Oscar de Moraes Cordeiro Netto pelas discussões esclarecedoras, paciência e incentivo. À professora Cristina Célia Silveira Brandão pelo apoio e incentivo durante todo o curso, principalmente nos momentos de maior dificuldade. Aos demais professores do mestrado: Marco Antônio Almeida de Souza e Ricardo Silveira Bernardes pelo compartilhamento dos seus conhecimentos. Aos amigos de turma Mônica, Marquinho, Bete, Jackson, Giordano e Maria da Paz pela amizade e cumplicidade. Em especial, a Juci pelo companheirismo e pelo exemplo de garra, fé, perseverança e amor. Aos demais amigos do PTARH pela amizade e companherismo. À Álvaro Cappellesso pela paciência em digitalizar os dados de curvas de nível e pontos cotados de diversas plantas no Arc View. Ao CNPq pelo auxílio financeiro concedido durante parte do curso. À Raymundo José dos Santos Garrido pelo exemplo, apoio e incentivo. À Luiz Gabriel Azevedo, Alexandre Baltar e Manuel Rêgo pelas discussões esclarecedoras, pelo incentivo e paciência nas horas ausentes. Às amigas Paula Freitas, Lílian Pena, Lílian Santos e Waleska Pedrosa pela paciência e incentivo. vi Aos amigos(as) e primos(as) de Salvador pelo apoio em momentos importantes e pela alegria e amizade sincera. Ao Consórcio do Jiquiriçá pelo apoio logístico; em especial a Vera, Alex, Patrícia, Bouzón e Jander pelas discussões esclarecedoras e incentivo. À Superintendência de Recursos Hídricos da Bahia pela disponibilização de informações. À Agência Nacional de Águas, na pessoa de Andrelina Santos, pelo fornecimento de dados de estações pluviométricas e fluviométricas da região. vii RESUMO APLICAÇÃO DE MODELO MATEMÁTICO DE SIMULAÇÃO COM UTILIZAÇÃO DE SIG À BACIA DO RIO JIQUIRIÇÁ - BAHIA. Autor: Juliana Menezes Garrido Orientador: Néstor Aldo Campana Co-orientador: Nabil Joseph Eid Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos Brasília, setembro de 2003 A necessidade de conhecimento do comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica é essencial para o seu gerenciamento e planejamento. Nesse sentido, os modelos matemáticos de simulação e as técnicas de sistemas de informações geográficas são instrumentos de vital importância. Com base em tais pressupostos, avaliou-se a aplicabilidade da modelagem matemática de simulação associada à interface SIG para auxílio à gestão dos recursos hídricos superficiais da bacia do rio Jiquiriçá, no Estado da Bahia, com base nos dados disponíveis. A modelagem concentrou-se principalmente no aspecto quantitativo dos recursos hídricos, embora também tenham sido procedidos levantamentos qualitativos das águas da bacia hidrográfica. Foi desenvolvida metodologia para coleta, processamento e tratamento dos dados de entrada no modelo SWAT. A calibração e verificação do SWAT foram realizadas com simulações diárias para o aspecto quantitativo, comparando-se vazões simuladas com as observadas para o período. Os resultados demonstraram a necessidade de se avaliar com mais precisão a distribuição espacial e temporal da chuva na região, a variação temporal da vazão e a melhor definição de características da bacia por meio de coleta de dados em campo e desenvolvimento de pesquisas específicas. Conclui-se que a seleção de modelos matemáticos complexos, que englobam informações específicas de diversas áreas do conhecimento, deve ser avaliada com base nos dados disponíveis. Em situações de escassez de dados, utilizá-los pode dificultar a busca de informações de entrada no modelo e provocar incertezas no ajuste e o resultado final pode se tornar inconsistente pelo número excessivo de dados estimados. viii ABSTRACT APPLICATION OF A MATHEMATICAL SIMULATION MODEL USING A GIS INTERFACE TO THE JIQUIRIÇÁ RIVER BASIN - BAHIA. Author: Juliana Menezes Garrido Supervisor: Néstor Aldo Campana Co-supervisor: Nabil Joseph Eid Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos Brasília, September, 2003. The understanding of the hydrologic behavior of a river basin is essential for its management and the planning of its activities.In this regard, mathematical simulation models and the techniques of geographic information systems are vital instruments. Based in these assumptions, this study aimed at assessing the applicability of a simulation modeling technique using a GIS interface, in order to support the superficial water resources management of Jiquiriçá river basin, in state of Bahia, based on the available data. The modeling process concentrated especially on the quantitative aspect of the water resources, although a survey of the qualitative aspect has also been carried out. A particular methodology was developed to access, process and format the available inputs to the SWAT model. The model was calibrated and verified for the quantitative aspect using daily printout frequency, by comparing the simulated flows to the measured ones. The results revealed the necessity of a more precise assessment of the spatial and temporal distribution of the rain precipitation and the temporal flow variation in the region. Moreover, a better definition of the basin’s characteristics is also needed regarding the development of specific researches and field surveys. The study concluded that the selection of complex mathematical models, which need specific information of varied sources, needs to be analyzed taking into consideration the available data. In poorly gauged basins, the use of such model may rise some difficulty in finding the data requested to run the model and it may cause some uncertainty during the calibration process. The final results may be inconsistent due to the excessive number of estimated data. ix SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1 2 - OBJETIVOS .............................................................................................................. 4 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 5 3.1 - CARACTERIZAÇÃO DE QUALIDADE E QUANTIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA ..5 3.2 – CONCEITOS SOBRE MODELOS MATEMÁTICOS DE SIMULAÇÃO .....9 3.3 – CONCEITOS SOBRE MDE, SENSORIAMENTO REMOTO E SIG ..........16 3.3.1 – Modelo digital de elevações (MDE)..................................................... 16 3.3.2 – Sensoriamento remoto ......................................................................... 17 3.3.3 – Sistemas de informações geográficas (SIG) ........................................ 18 3.3.4 – Modelos matemáticos de simulação e os sistemas de informações geográficas ....................................................................................................... 19 3.4 - MODELOS MATEMÁTICOS DE SIMULAÇÃO..........................................20 3.4.1 - AGNPS.................................................................................................. 20 3.4.2 - ANSWERS............................................................................................ 22 3.4.3 - SHETRAN ............................................................................................ 23 3.4.4 - SWAT ................................................................................................... 24 3.4.5 - SWRRBWQ.......................................................................................... 27 3.4.6 - WATFLOOD........................................................................................ 28 3.4.7 - Comentários.......................................................................................... 30 4 – O MODELO SWAT................................................................................................ 32 4.1 - DESCRIÇÃO GERAL DO MODELO.............................................................33 4.2- CLIMA ...............................................................................................................35 4.3 – CICLO HIDROLÓGICO.................................................................................36 4.3.1- Escoamento superficial.......................................................................... 38 4.3.2 - Evapotranspiração ............................................................................... 41 4.3.2.1 – Evapotranspiração potencial................................................................ 42 4.3.2.2 – Evapotranspiração real........................................................................ 43 4.3.3 – Vazão sub-superficial .......................................................................... 45 x 4.3.4 – Percolação ............................................................................................ 45 4.3.5– Águas subterrâneas .............................................................................. 46 4.4 – COBERTURA DO SOLO/CRESCIMENTO DE PLANTAS.........................48 4.5 – MANEJO ..........................................................................................................50 4.5.1 –Manejo agrícola .................................................................................... 50 4.5.2 – Manejo dos recursos hídricos.............................................................. 51 4.5.3 – Manejo de áreas urbanas..................................................................... 52 4.6 – EROSÃO...........................................................................................................52 4.7 – PROPAGAÇÃO DA VAZÃO ..........................................................................54 4.7.1 - Canal..................................................................................................... 54 4.7.2 – Armazenamento em corpos hídricos................................................... 56 4.8 – NUTRIENTES ..................................................................................................56 4.8.1 – Nitrogênio............................................................................................. 57 4.8.1.1 - Fase terrestre ....................................................................................... 57 4.8.1.2 - Fase aquática ....................................................................................... 62 4.8.2 – Fósforo ................................................................................................. 63 4.8.2.1 - Fase terrestre ....................................................................................... 63 4.8.2.2 - Fase aquática ....................................................................................... 66 4.9 – PESTICIDAS....................................................................................................66 4.10 – OUTROS PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA SIMULADOS PELO MODELO.......................................................................................................67 4.10.1 – Demanda bioquímica carbonácea de oxigênio (CDBO) ................... 67 4.10.2– Oxigênio dissolvido (OD).................................................................... 68 4.11 – DADOS DE ENTRADA DO MODELO ........................................................69 4.12 – TIPOS DE SAÍDAS DE DADOS ...................................................................69 5 – ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................... 72 5.1 - GENERALIDADES ..........................................................................................72 5.2 - CLIMA ..............................................................................................................74 5.3 – TIPOS DE SOLO..............................................................................................74 5.4 – HIDROGEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ................................................76 5.5 – OCUPAÇÃO TERRITORIAL E ATIVIDADES ECONÔMICAS ................77 5.6 – USOS DOS RECURSOSHÍDRICOS..............................................................79 5.7 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ......................................................................80 xi 5.8 – FONTES DE POLUIÇÃO................................................................................80 6 – METODOLOGIA ................................................................................................... 82 6.1 - COLETA E PROCESSAMENTO DOS DADOS.............................................83 6.1.1 - Modelo digital de elevações .................................................................. 83 6.1.2 - Solos ...................................................................................................... 84 6.1.2.1 - Dados gráficos..................................................................................... 84 6.1.2.2 - Dados tabelados .................................................................................. 84 6.1.3 – Uso e ocupação do solo ........................................................................ 88 6.1.3.1 - Dados gráficos..................................................................................... 88 6.1.3.2 - Dados tabelados .................................................................................. 93 6.1.4 - Dados climatológicos ............................................................................ 95 6.1.4.1 – Dados mensais da estação climatológica ............................................. 95 6.1.4.2 – Dados diários de precipitação.............................................................. 97 6.1.5 – Dados de vazão................................................................................... 103 6.1.6 – Características físicas do canal.......................................................... 104 6.1.7 – Usos consuntivos dos recursos hídricos............................................. 104 6.1.8 – Fontes pontuais de poluição .............................................................. 106 6.1.9 – Fontes difusas de poluição (manejo do uso e ocupação do solo) ...... 108 6.1.9.1 - Cacau .............................................................................................. 108 6.1.9.2 - Café................................................................................................. 108 6.1.9.3 - Mandioca......................................................................................... 109 6.1.9.4 - Pastagem ......................................................................................... 109 6.1.9.5 - Área urbana ..................................................................................... 109 6.2 – CALIBRAÇÃO DO MODELO......................................................................109 6.3 – ANÁLISE DOS DADOS DISPONÍVEIS DE QUALIDADE DA ÁGUA .....118 6.4 - VERIFICAÇÃO DO MODELO PARA AS SITUAÇÕES OBSERVADAS.119 6.5 – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MODELO .........................................120 7.0 –ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS................................................. 121 7.1 – CALIBRAÇÃO DO MODELO......................................................................121 7.2 – VERIFICAÇÃO DO MODELO ....................................................................131 7.3 – ANÁLISE DE SENSIBILIDADE...................................................................135 7.4 – O ASPECTO DE QUALIDADE DA ÁGUA .................................................143 xii 8.0 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................... 144 APÊNDICES ............................................................................................................... 158 A – DADOS TABELADOS DE ENTRADA NO MODELO .................................159 B – DADOS INSERIDOS NA BASE DE DADOS DO MODELO ........................181 C – RELATÓRIO FOTOGRÁFICO............ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. xiii LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 - Relação das principais fontes de poluentes, seus parâmetros de identificação e efeito poluidor mais representativo. ........................................8 Tabela 3.2 - Resumo das características de alguns modelos matemáticos de simulação. ...29 Tabela 4.1 – Dados gerais de entrada para utilização do modelo SWAT...........................70 Tabela 5.1 – Tipos de solo da bacia do rio Jiquiriçá..........................................................76 Tabela 5.2 - Dados de população urbana e rural, em 2000, dos municípios integrantes da bacia........................................................................................................77 Tabela 6.1 – Matriz de classificação da imagem...............................................................91 Tabela 6.2 – Influência de cada posto pluviométrico nas sub-bacias do rio Jiquiriçá.......102 Tabela 6.3 – Dados de abastecimento de água de alguns municípios integrantes da bacia. .........................................................................................................104 Tabela 6.4 – Levantamento do atendimento dos municípios por tipo de serviços de saneamento básico. ....................................................................................106 Tabela 6.5 – Porcentagem de área de cada sub-bacia de acordo com as HRU. ................114 Tabela 6.6 – Porcentagem de área de cada sub-bacia de acordo com o uso do solo. ........115 Tabela 6.7 – Porcentagem de área de cada sub-bacia de acordo com o tipo de solo. .......116 Tabela 7.1 – Alguns dados e parâmetros adotados de acordo com os tipos de solo da bacia. .........................................................................................................121 Tabela 7.2 – Alguns parâmetros adotados de acordo com os tipos de uso e ocupação do solo da bacia. .............................................................................................122 Tabela 7.3 – Alguns parâmetros adotados para a bacia do rio Jiquiriçá. ..........................124 Tabela 7.4 – Resumo dos resultados dos métodos utilizados para análise da calibração do modelo. .................................................................................................129 Tabela 7.5 – Resumo dos resultados dos métodos utilizados para análise da verificação do modelo. .................................................................................................131 Tabela 7.6 – Resultado da análise de sensibilidade realizada no modelo para os parâmetros selecionados.............................................................................136 Tabela A.1 – Dados de entrada do arquivo referente às águas subterrâneas (gw.dbf) ......160 Tabela A.2 – Dados de entrada do arquivo referente à bacia (bsn.dbf)............................161 Tabela A.3 – Dados de entrada do arquivo referente a cada HRU (hru.dbf) ....................162 Tabela A.4 – Dados de entrada do arquivo referente a manejo 1 (mgt1.dbf) ...................164 xiv Tabela A.5 – Dados de entrada do arquivo referente a manejo 2 (mgt2.dbf) ...................168 Tabela A.6 – Dados de entrada do arquivo referente às fontes de poluição pontuais para o período de 1993 a 1995 (pp.dbf) ......................................................175 Tabela A.7 – Dados de entrada do arquivo referente às fontes de poluição pontuais para o período de 1997 a 2002 (pp.dbf) ......................................................175 Tabela A.8 – Dados de entrada do arquivo referente às características físicas do canal (rte.dbf)......................................................................................................176 Tabela A.9 – Dados de entrada do arquivo referente às características dos solos (sol.dbf) .....................................................................................................177 Tabela A.10 – Dados de entrada do arquivo referente às características das sub-bacias(sub.dbf) ....................................................................................................179 Tabela A.11 – Dados de entrada do arquivo referente às características dos usos dos recursos hídricos para o período de 1993 a 1995 (wus.dbf) ........................180 Tabela A.12 – Dados de entrada do arquivo referente às características dos usos dos recursos hídricos para o período de 1997 a 2002 (wus.dbf) ........................180 Tabela B.1 – Base de dados de uso e ocupação do solo com ênfase nos tipos de culturas (crop.dbf)......................................................................................182 Tabela B.2 – Base de dados de uso e ocupação do solo com ênfase nos tipos de áreas urbanas (urban.dbf) ....................................................................................183 Tabela B.3 – Base de dados de estações climatológicas (userwgn.dbf) ...........................184 Tabela B.4 – Base de dados de solos (usersoil.dbf) ........................................................185 xv LISTA DE FIGURAS Figura 4.1 – Fluxograma geral de simulação da fase terrestre do modelo em uma sub- bacia, HRU ou célula. ..................................................................................34 Figura 4.2 - Esquema de caminhos viáveis para o movimento da água no SWAT............37 Figura 4.3 – Principais componentes do balanço hídrico simulados pelo SWAT ..............38 Figura 4.4 – Esquema de balanços hídricos realizados pelo modelo para cálculo do ciclo hidrológico. .........................................................................................49 Figura 4.5 – Formas e processos do nitrogênio simulados pelo SWAT na fase terrestre ...58 Figura 4.6 – Formas e processos do fósforo simulados pelo SWAT na fase terrestre ........64 Figura 5.1 – Localização da bacia do rio Jiquiriçá ...............Erro! Indicador não definido. Figura 5.2 – Tipos de clima existentes na bacia do rio Jiquiriçá, segundo a classificação de Köppen ......................................................Erro! Indicador não definido. Figura 6.1 – Diagrama síntese da metodologia utilizada para desenvolvimento dos trabalhos. .....................................................................................................82 Figura 6.2 – Modelo digital de elevações criado para a bacia do rio Jiquiriçá. ..................84 Figura 6.3 - Tipos de solo existentes na bacia do rio Jiquiriçá.Erro! Indicador não definido. Figura 6.4 – Composição colorida RGB das Bandas 3, 4 e 5 do LANDSAT 7 de parte da cena 216/69................................................Erro! Indicador não definido. Figura 6.5 – Mapa temático da imagem re-classificada da bacia do rio Jiquiriçá...............94 Figura 6.6 - Localização das estações climatológica, fluviométricas e pluviométricas na bacia do rio Jiquiriçá e entorno........................Erro! Indicador não definido. Figura 6.7 – Polígonos de Thiessen para a região da bacia abrangida pelo estudo...........101 Figura 6.8 - Totais de precipitação nos períodos de dados disponíveis dos postos de cada sub-bacia............................................................................................103 Figura 6.9 – Pontos de coleta de água para análise de qualidade na bacia do rio Jiquiriçá .....................................................................................................110 Figura 6.10 – Delineamento da bacia após o processamento de dados gráficos pelo SWAT. ...........................................................Erro! Indicador não definido. Figura 7.1 – Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51650000, no período de março de 1993 a junho de 1994. ...............................................127 Figura 7.2 – Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51650000, no período de julho de 1994 a outubro de 1995. ..............................................128 xvi Figura 7.3 – Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51685000, no período de março de 1993 a junho de 1994. ...............................................128 Figura 7.4 – Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51685000, no período de julho de 1994 a outubro de 1995. ..............................................129 Figura 7.5 - Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51650000 no período de janeiro de 1997 a dezembro de 1998. ........................................131 Figura 7.6 - Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51650000 no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2000. ........................................132 Figura 7.7 - Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51650000 no período de janeiro de 2001 a setembro de 2002. .........................................135 Figura 7.8 - Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51685000 no período de janeiro de 1997 a dezembro de 1998. ........................................135 Figura 7.9 - Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51685000 no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2000. ........................................133 Figura 7.10 - Vazões observadas e simuladas pelo SWAT para o Posto 51685000 no período de janeiro de 2001 a setembro de 2002. .........................................134 Figura C.1 – Sede municipal de Maracás.............................Erro! Indicador não definido. Figura C.2 – Fonte que capta água da nascente do rio Jiquiriçá (Maracás)Erro! Indicador não definido. Figura C. 3 – Maracás (sede municipal) – fonte que capta água da nascente.Erro! Indicador não definido. Figura C.4 – Açude do Peixe – rio Jiquiriçá ........................Erro! Indicador não definido. Figura C.5 - Açude do Peixe com captação apenas para molhar a estradaErro! Indicador não definido. Figura C.6 – Açude com captação para irrigação no caminho de Lajedo para Maracás.Erro! Indicador não defi Figura C.7 – Áreas ribeirinhas ao rio Jiquiriçá com cultivo de culturas irrigadas – próximo a Lajedo. ...........................................Erro! Indicador não definido. Figura C.8 – Vista da região no trecho de Lajedo para Maracás.Erro! Indicador não definido. Figura C.9 – Rio Jiquiriçá visto da entrada da estrada para Irajuba saindo de MaracásErro! Indicador não definido. Figura C.10 – Açude próximo ao povoado do Peixe............Erro! Indicador não definido. Figura C.11 – Detalhe do bombeamento para irrigação no açude da Figura C.10.Erro! Indicador não definido. Figura C.12 –Vista do açude da Figura C.10. ......................Erro! Indicador não definido. Figura C.13 – Açude encontrado no caminho de Maracás para IrajubaErro! Indicador não definido. Figura C.14 – Outro açude no trecho entre Maracás e Irajuba.Erro! Indicador não definido. Figura C.15 – Açude próximo a localidade de Fazenda Nova.Erro! Indicador não definido. Figura C.16 – Barragem de concreto com vertedouro encontrada no caminho de Maracás para Irajuba.......................................Erro! Indicador não definido. xvii Figura C.17 – Região no trecho entre Maracás e Irajuba......Erro! Indicador não definido. Figura C.18 – Cidade de Irajuba – o rio é intermitente e salobro neste trechoErro! Indicador não definido. Figura C.19 – Lixo e drenagem pluvial/esgoto lançado nas margens do rio intermitente – mesmo local da ponte da Figura C.18...........Erro! Indicador não definido. Figura C.20 – O rio antigamente passava por esse trecho - Irajuba.Erro! Indicador não definido. Figura C.21 – Vale em Irajuba. ...........................................Erro! Indicador não definido. Figura C.22 – Matadouro de Irajuba. Os restos são jogados no leito do rio.Erro! Indicador não definido. Figura C.23 – Açude na estrada de Irajuba para a BR 116. ..Erro! Indicador não definido. Figura C.24 – Açude na estrada de Irajuba para a BR 116. ..Erro! Indicador não definido. Figura C.25– Ponte na BR-116. Detalhe da ponte sob o rio Jiquiriçá e do vertido.Erro! Indicador não definido. Figura C.26 – Região do açude na BR-116..........................Erro! Indicador não definido. Figura C.27 – Canal em construção em Jaguaquara, afluente do rio Jiquiriçá.Erro! Indicador não definido. Figura C.28 – Observa-se no fundo a situação anterior à construção do canal – Jaguaquara. .....................................................Erro! Indicador não definido. Figura C.29 – Trecho a jusante do canal, recebendo esgoto e lixo – Jaguaquara.Erro! Indicador não definido. Figura C.30 – Lançamento de efluentes domésticos diretamente no afluente do rio Jiquiriçá – Jaguaquara. ....................................Erro! Indicador não definido. Figura C.31 – Saída de Jaguaquara para Itaquara. Rio afluente do rio Jiquiriçá.Erro! Indicador não definido. Figura C.32 – Chegada em Itaquara – a montante da ponte .Erro! Indicador não definido. Figura C.33 – Saída de Itaquara – rio Casca. .......................Erro! Indicador não definido. Figura C.34 – Trecho de Itaquara para Santa Inês................Erro! Indicador não definido. Figura C.35 – Trecho de Itaquara para Santa Inês................Erro! Indicador não definido. Figura C.36 – Açude no trecho de Itaquara para Santa Inês .Erro! Indicador não definido. Figura C.37 – Ponte sobre o rio Jiquiriçá próximo a Santa Inês – vista de montanteErro! Indicador não definido. Figura C.38 – Ponte sobre o rio Jiquiriçá próximo a Santa Inês – vista de jusanteErro! Indicador não definido. Figura C.39 – Rio Jiquiriçá passando dentro da cidade de Santa InêsErro! Indicador não definido. Figura C.40 – Encontros dos rios Casca e Jiquiriçá em Santa InêsErro! Indicador não definido. Figura C.41 – Povoado “Volta do Rio” – rio Jiquiriçá. ........Erro! Indicador não definido. Figura C.42 – Rio Jiquiriçá – região próxima a Ubaíra ........Erro! Indicador não definido. Figura C.43 – Rio Jiquiriçá – região próxima a Ubaíra. .......Erro! Indicador não definido. Figura C.44 – Rio Jiquiriçá - região próxima a Ubaíra.........Erro! Indicador não definido. Figura C.45 – Rio Boqueirão afluente do Jiquiriçá – sede do município de JiquiriçáErro! Indicador não definido. Figura C.46 – Cachoeiras do rio Boqueirão – sede municipal de JiquiriçáErro! Indicador não definido. Figura C.47 – Rio Jiquiriçá – a jusante da ponte de acesso à cidade de JiquiriçáErro! Indicador não definido. xviii Figura C.48 – Encontro dos rios Jiquiriçá e Boqueirão – sede municipal de JiquiriçáErro! Indicador não definido. Figura C.49 – Encontro dos rios Jiquiriçá e Boqueirão – sede municipal de JiquiriçáErro! Indicador não definido. Figura C.50 – Localidade de Mutuípe .................................Erro! Indicador não definido. Figura C.51 - Entrada da cidade de Mutuípe - rio Jiquiriçá - vista de montanteErro! Indicador não definido. Figura C.52 - Entrada da cidade de Mutuípe - rio Jiquiriçá - vista de jusante.Erro! Indicador não definido. Figura C.53 - Vista da cidade de Mutuípe ...........................Erro! Indicador não definido. Figura C.54 - Vista da cidade de Mutuípe ...........................Erro! Indicador não definido. Figura C.55 - Rio Jiquiriçá no caminho de Mutuípe para LajeErro! Indicador não definido. Figura C.56 - Rio Jiquiriçá no caminho de Mutuípe para LajeErro! Indicador não definido. Figura C.57 - Rio Jiquiriçá - encontro de rios - caminho de Mutuípe para LajeErro! Indicador não definido. Figura C.58 - Rio Jiquiriçá - encontro de rios - caminho de Mutuípe para LajeErro! Indicador não definido. Figura C.59 - Rio Jiquiriçá próximo a cidade de Laje..........Erro! Indicador não definido. Figura C.60 - Rio Jiquiriçá próximo a cidade de Laje..........Erro! Indicador não definido. Figura C.61 - Ponte de acesso à cidade de Laje ...................Erro! Indicador não definido. Figura C.62 - Vista do rio Jiquiriçá e da ponte de acesso a cidade de LajeErro! Indicador não definido. Figura C.63 - Rio Jiquiriçá visto da cidade de Laje..............Erro! Indicador não definido. Figura C.64 - Rio Jiquiriçá visto da cidade de Laje..............Erro! Indicador não definido. Figura C.65 - A montante da ponte na saída do município de Laje - BR-101Erro! Indicador não definido. Figura C.66 - A jusante do entroncamento na saída de Laje - ponte da BR-101Erro! Indicador não definido. xix LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES AGNPS - Agricultural Nonpoint Source Pollution Modeling System ALPHA_BF - Constante de recessão do escoamento de base (d) ANA - Agência Nacional de Águas ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica ANSWERS - Areal Nonpoint Source Watershed Environmental Response Simulation aqdp,i - Quantidade de água armazenada no aqüífero profundo num dia i (mm) aqdp,i-1 - Quantidade de água armazenada no aqüífero profundo num dia i-1 (mm) aqsh,i - Quantidade de água armazenada no aqüífero raso num dia i (mm) aqsh,i-1 - Quantidade de água armazenada no aqüífero raso num dia i-1 (mm) areaHRU - Área da HRU (ha) ARS - Agricultural Research Service α0,5 - Fração da chuva diária ocorrida durante 30 minutos de maior intensidade de chuva na sub-bacia (h) αgw - Constante de recessão do escoamento de base (d) αtc - Fração da chuva diária que ocorre durante o tempo de concentração β - Coeficiente de regressão (Equação 4.23) BASINS - Better Assessment Science Integrating Point and Nonpoint Source βmin - Coeficiente da taxa de mineralização dos nutrientes orgânicos ativos do húmus BMP - Best Management Practice BRASS - Bedrock Regional Aquifer Systematics Study C:N - Proporção entre a quantidade de carbono e nitrogênio existente num composto CANMX - Capacidade máxima de interceptação pelas plantas (mm) xx CDBO - Demanda Bioquímica Carbonácea de Oxigênio CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira CFRG - Fator de fragmentos grosseiros CH_K1 - Condutividade hidráulica saturada efetiva dos tributários (mm/h) CH_K2 - Condutividade hidráulica saturada efetiva do canal principal (mm/h) CH_N1 - Valor do coeficiente n de Manning para os tributários CH_N2 - Valor do coeficiente n de Manning para o canal principal CIVJ - Consórcio Intermunicipal do Vale do Jiquiriçá CN - Número de curva COE - Coeficiente de Eficiência coef1 e coef2 - Parâmetros inseridos pelos usuários para cálculo de K da equação de Muskingum coefev - Coeficiente de evaporação CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente COT - Carbono Orgânico Total CRA - Centro de Recursos Ambientais do Estado da Bahia CREAMS - Chemicals, Runoff and Erosion from Agricultural Management Systems CUSLE - Fator de cobertura e manejo de USLE DA - Área de drenagem da sub-bacia, célula ou HRU (km2) DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio δgw - Tempo que leva para a água passar pela zona intermediária do solo (d) depthsurf - Profundidade da camada superficial (10 mm) DHM - Diffusion Hydrodynamic Model div - Volume lançado ou captado no canal (m3) δntr,ly - Constante de taxa de decaimento de resíduos DQO - Demanda Química de Oxigênio DR3M - Distributed Routing Rainfall-Runoff Model ∆t - Período de tempo simulado (h) xxi E - Coeficiente de eficiência de Nash-Sutcliffe E´0 - Evapotranspiração potencial ajustada para a evaporação de água livre das plantas no dia (mm/d) E”s - Evaporação máxima diária de água do solo (mm/d) E”soil,ly - Quantidade de água diária removida da primeira camada de solo devido à evaporação (mm/d) E0 - Evapotranspiração potencial diária (mm/d) Ea - Quantidade de água diária evapotranspirada (mm/d) Ea - Evapotranspiração real diária (mm/d) Ecan - Quantidade de evaporação diária da água livre nas plantas (mm) Ech - Evaporação no canal num dia (m3) EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária epco - Coeficiente incorporadopara permitir que diferentes camadas compensem a incapacidade de outras em satisfazer a demanda de água das plantas EPIC - Water and Wind Erosion Model esco - Coeficiente que representa funções exponenciais que relacionam a profundidade do solo à quantidade máxima de água a ser retirada do solo por evaporação Esoil, ly - Demanda evaporativa numa camada de solo qualquer (mm) Esoil, z - Demanda por evaporação numa camada de solo à profundidade z (mm) Esoil, zl - Demanda evaporativa no limite inferior de uma camada de solo (mm) Esoil, zu - Demanda evaporativa no limite superior de uma camada de solo (mm) ESWAT - Extended Soil and Water Assessment Tool Et - Transpiração máxima em um dia (mm) ETP - Evapotranspiração potencial FCly - Quantidade de água no solo em capacidade de campo (mm) xxii FFCB - Condição inicial de água no solo expressa em fração da capacidade de campo FLDWAV-NWS - NWS National Weather Flood Wave Model fr∆t - Fração de tempo do período simulado no qual a água está em movimento no canal GLEAMS - Groundwater Loading Effects on Agricultural Management Systems GRASS - Geographic Resources Analysis Support System GRU - Group Response Unit γsw,ly - Fator de ciclo de água do nutriente γtmp,ly - Fator de ciclo de temperatura do nutriente na camada GW_DELAY - Tempo que leva para a água passar pela zona intermediária do solo (d) GW_REVAP - Coeficiente que determina a quantidade de água que ascende do aqüífero raso por capilaridade GW_SPYLD - Produtividade de água do aqüífero raso (m3/m3) GWQMN - Altura de água no aqüífero raso a partir da qual é possibilitada a recarga do rio pelo escoamento de base (mm) H0 - Radiação extraterrestre (MJ/m2d) HEC - Hydrologic Engineering Center ηnit,ly - Regulador de nitrificação HRU - Hydrologic Response Unit HSPF - Hydrologic Simulation Program - FORTRAN HYDRGRP - Classificação do solo segundo o grupo hidrológico ηvol,ly - Regulador de volatilização Ia - Perdas iniciais que incluem a acumulação superficial, a interceptação e a infiltração anterior ao escoamento superficial (mm) IAHS - Associação Internacional para a Hidrologia Científica IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ILLUDAS - Illinois Urban Drainage Area Simulator xxiii imptot - Fração da área total que é impermeável INMET - Instituto Nacional de Meteorologia INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais K - Constante de tempo de trânsito no trecho de canal que representa o tempo médio de deslocamento da onda entre o início e o fim do trecho (s) K0,1bnkfull - Constante de tempo de trânsito no trecho quando os níveis de água estiverem a 10% do seu nível alto (s) Kbnkfull - Constante de tempo de trânsito no trecho quando os níveis de água estiverem altos (s) Kch - Condutividade hidráulica efetiva do aluvião (mm/hr) kd,perc - Coeficiente de percolação do fósforo (10 m3/mg) Ksat - Condutividade hidráulica do solo saturado (mm/h) KUSLE - Fator de erodibilidade de USLE λ - Calor latente de vaporização (MJ/kg) L - Comprimento do canal (km) LA - Latossolo Amarelo LAI - Índice de área foliar Lch - Comprimento do canal (km) Lslp - Comprimento de rampa da sub-bacia (m) LSUSLE - Fator de topografia de USLE LVA - Latossolo Vermelho-Amarelo ly - Camada de solo MDE - Modelo Digital de Elevação MEA - Média do erro absoluto MNT - Modelo Numérico do Terreno MSK_CO1 - Coeficiente da Equação de Muskingum que representa o tempo de trânsito no trecho do canal referente a vazões médias (km) MSK_CO2 - Coeficiente da Equação de Muskingum que representa o tempo de trânsito no trecho do canal referente a vazões mínimas (km) xxiv MSK_X - Fator de peso da Equação de Muskingum que controla a importância relativa entre as vazões de entrada e saída do canal MUSLE - Equação Universal Modificada de Perdas do Solo n - Coeficiente de rugosidade de Manning (Equação 4.7) n - Insolação diária (h) (Equação 6.1) n - Número de dias do período analisado (Equação 6.2) N - Nitrogênio N - Fotoperíodo em função do mês e da latitude do local (Equação 6.1) Ndec,ly - Nitrogênio decomposto do nitrogênio orgânico recente (kg N/ha) Ndenit,ly - Quantidade de amônia perdida por desnitrificação (kg N/ha) Nevap - Quantidade de nitrato transportado da camada inferior para a superficial (kg N/ha) N2 - Gás nitrogênio N2O - Óxido nitroso NH3 - Gás amônia NH4+ - Amônia NH4ly - Quantidade de amônia na camada de solo (kg N/ha) Nmina,ly - Nitrogênio mineralizado do nitrogênio orgânico ativo do húmus (kg N/ha) Nminf,ly - Nitrogênio mineralizado do nitrogênio orgânico recente (kg N/ha) Nnit/vol,ly - Quantidade de amônia que nitrifica ou volatiliza na camada de solo (kg N/ha) NO2 - Nitrito NO3 - Nitrato NO3ly - Quantidade de nitrato na camada de solo (kg N/ha) Nrain - Nitrato transferido pela chuva (kg N/ha) OD - Oxigênio Dissolvido OMM - Organização Meteorológica Mundial orgCly - Quantidade de carbono orgânico na camada de solo (%) orgN - Nitrogênio orgânico xxv orgNact,ly - Quantidade de nitrogênio orgânico ativo armazenado (kg N/ha) orgNfrsht,ly - Quantidade de nitrogênio orgânico recente armazenado (kg N/ha) orgP - Fósforo orgânico OV_N - Coeficiente de rugosidade n de Manning para escoamento superficial P - Fósforo Pch - Perímetro molhado (m) PDI - Processamento Digital de Imagens PDRH - Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Recôncavo Sul PI - Plano de Informação Pperc - Quantidade de fósforo transportado dos 10 primeiros milímetros da camada superficial do solo para a primeira camada do solo (kg P/ha) PRMS - Precipitation-Runoff Modeling System Psolution,surf - Quantidade de fósforo em solução nos 10 primeiros milímetros do solo (kg P/ha) PUSLE - Fator de prática de suporte de USLE PVA - Podzólico Vermelho-Amarelo Qgw - Quantidade de água do escoamento de base que contribui para o canal principal no dia (mm) Qgw, 0 - Quantidade de água da vazão de base que atinge o canal no início do período de recessão (mm) qin,1 e qin,2 - Vazões de entrada no volume de controle no início e final do período, respectivamente, (m3/s) Qo - Constante solar diária (mm/dia) qout,1 e qout,2 - Vazões de saída no volume de controle no início e final do período, respectivamente (m3/s) qpeak - Vazão de pico (m3/s) Qrchg - Quantidade de água que retorna ao curso d´água no dia devido ao escoamento sub-superficial (mm) Qsurf - Quantidade de água escoada superficialmente no dia (mm) xxvi QUAL2E - Enhanced Stream Water Quality Model ρb - Peso específico do solo nos 10 primeiros milímetros superficais do solo (mg/m3) R2 - Coeficiente de determinação RCHRG_DP - Coeficiente que determina a quantidade de água que percola do aqüífero raso para o profundo Rday - Quantidade de água precitada no dia i (mm) REVAPMN - Altura de água no aqüífero raso a partir da qual é possibilitada a percolação para o aqüífero profundo e a ascensão capilar (mm) RINT(f) - Quantidade final diária de água livre nas plantas num dia (mm) RINT(i) - Quantidade inicial diária de água livre nas plantas (mm) RNO3 - Concentração de nitrogênio na chuva (mg N/L) ROTO - Routing Outputs do Outlet RS - Radiação solar estimada (MJ/m2/dia) S - Parâmetro de retenção (mm) SATly - Quantidade de água no solo quando completamente saturado (mm) SCE - Shuffled Complex Evolution SCS - Soil Conservation Service SEAGRI - Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia sed - Produção de sedimento num dia (t) SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SHALLST - Altura de água inicial no aqüífero raso (mm) SHE - Systéme Hydrologique Européen SIG - Sistema de Informações Geográficas slpch - Declividade do canal (m/m) SLSUBBSN - Comprimento de rampa médio(m) SLOPE - Declividade de rampa média (m/m) SOL_AWC - Água disponível para as plantas (mm/mm de solo) SOL_BD - Peso específico do solo (Mg/m3) SOL_K - Condutividade hidráulica saturada (mm/h) SOL_Z - Profundidade do solo (mm) xxvii SRH/BA - Superintendência de Recursos Hídricos do Governo do Estado Bahia SRHSH - Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Habitação, Superintendência de Recursos Hídricos do Governo do Estado da Bahia SUDENE - Agência de Desenvolvimento do Nordeste Surfer - Surface Mapping System SW0 - Quantidade inicial de água no solo no dia i (mm) SWAT - Soil and Water Assessment Tool SWAT-G - Modified version of Soil and Water Assessment Tool SWIM - Soil and Water Integrated Model SWly - Quantidade de água no solo no dia (mm) SWly,excess - Quantidade de água drenável na camada de solo (mm) SWMM - Storm Water Management Model SWRRB - Simulator for Water Resources in Rural Basins SWRRBWQ - Simulator for Water Resources in Rural Basins - Water Quality SWt - Quantidade de água no solo da zona radicular no tempo t (mm) t - Duração do ciclo hidrológico simulado (d) avT - Temperatura do ar média ( 0C) tconc - Tempo de concentração para a sub-bacia ou célula ou HRU (h) TIN - Triangulated Irregular Network tloss - Perda lateral do canal (m3) TM - Thematic Mapper Tmn - Temperatura do ar mínima num dia (0C) Tmx - Temperatura do ar máxima (0C) TOPAZ - Topographic Parameterization TR-20 - Computer Program for Project Formulation Hydrology – Technical Release 20 TT - Tempo de viagem (h) xxviii TTperc - Tempo de viagem para percolar da zona radicular para a intermediária do solo (h) USGS - United States Geological Survey USLE - Equação Universal de Perdas do Solo USLE_K - Valor do fator de erodibilidade da USLE UTM - Universal Transverse Mercador V - Volume de água armazenado no corpo hídrico no final do dia (m3) V% - Porcentagem do volume de água simulado com relação ao volume de água observado (%) Vbnk - Volume de água de contribuição lateral (m3) Vevap - Volume evaporado do corpo hídrico no dia (m3) Vflowin e Vflowout - Volume de entrada e saída, respectivamente, no dia (m3) Vin - Volume de entrada durante o período (m3) Vout - Volume de saída durante o período (m3) Vpcp - Volume que precipita no corpo hídrico no dia (m3) Vseep - Volume que percola para o aqüífero no dia (m3) Vstored - Volume armazenado no volume de controle (m3) Vstored,1 - Volume acumulado no início do período (m3) Vstored,2 - Volume acumulado no final do período (m3) W - Largura do canal no nível da água (m) WASP4 - Water-Quality Simulation Program WATERSHEDSS - Water, Soil and Hydro-Environmental Decision Support System wdeep - Quantidade de água que percola para o aqüífero profundo num dia i (mm) wperc,ly - Quantidade de água que percola para a camada de solo inferior à camada de solo simulada (mm) wperc,surf - Quantidade de água que percola dos 10 primeiros milímetros do solo para a primeira camada do solo (mm) wpump,dp - Quantidade de água retirada por bombeamento do aqüífero profundo num dia i (mm) xxix wpump,sh - Quantidade de água retirada por bombeamento do aqüífero raso num dia i (mm) WQRRS - Water quality for river-reservoir systems wrchrg, i - Quantidade de água de recarga entrando no aqüífero raso num dia i (mm) wrchrg, i-1 - Quantidade de água que recarregou o aqüífero raso no dia anterior ao i (mm) wrevap - Quantidade de água ascendendo para a zona intermediária para suprimir a deficiência de água num dia i (mm) wseep - Quantidade de água que percola para a zona intermediária do solo, ou para a camada inferior à simulada, no dia i (mm) WSPRO - Water-Surface PROfile WXGEN - Weather Generator Model X - Fator de peso que controla a importância relativa entre as vazões de entrada e saída no trecho x - Média da vazão observada (m3/s) xi - Vazão observada no dia i (m3/s) Y - Carga total do constituinte (kg) yi - Vazão simulada no dia i (m3/s) z - Profundidade de solo a partir da superfície (mm) 1 1 – INTRODUÇÃO A água – além de responsável pelo equilíbrio ambiental – é essencial à vida e insubstituível em diversas atividades humanas. Sua disponibilidade com fácil acesso para consumo humano é de apenas 0,27% da água doce do planeta e 0,007% do total de água existente no mundo (Setti et al., 2001). A despeito do valor percentual irrisório, estudos demonstram que essa quantidade seria suficiente para satisfazer as necessidades da população mundial, não fossem a sua má distribuição na Terra e a poluição. O Brasil é um país privilegiado em termos de disponibilidade hídrica, com 5.745 km3/ano. Entretanto, essa água está mal distribuída, com 73,21% concentrando-se na região da bacia Amazônica na qual viviam, em 1996, apenas 4,3% da população brasileira. Em contrapartida, a bacia do Atlântico Leste, que engloba desde a região litorânea de Sergipe à parte de São Paulo, por exemplo, dispõe de somente 2,38% desta água, embora concentre 22,8% da população nacional (ANEEL, 2003). Acrescenta-se a isso, os problemas encontrados, atualmente, no setor hídrico brasileiro relacionados ao crescimento populacional, à ocupação desordenada do espaço territorial, à utilização não-sustentável do solo e da água, à expansão da agroindústria, ao desmatamento, à erosão do solo e ao lançamento de efluentes domésticos e industriais nos rios e lagos. Problemas como esses têm levado (1) à escassez de recursos hídricos, principalmente próximo as áreas urbanas; (2) à poluição das águas, impossibilitando sua utilização para usos nobres; (3) ao assoreamento de rios e lagos, destruindo por completo ou tornando intermitentes cursos d´água antes perenes; e (4) aos conflitos de uso da água. No intuito de mudar esse quadro, em 1997, foi aprovada a Lei 9.433 sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos - um marco histórico no Brasil para o setor de recursos hídricos. A partir desta legislação, pretendeu-se organizar o setor de planejamento e gestão de recursos hídricos em âmbito nacional, por meio da introdução de instrumentos de política para o setor, no propósito de alterar a situação crítica existente (Brasil, 1997). 2 Além disso, a chamada Lei das Águas estabeleceu os tipos de organizações institucionais para gestão das bacias hidrográficas, entre elas, os Comitês de Bacias e as Agências de Águas, objetivando que o gerenciamento fosse realizado no âmbito das bacias hidrográficas – definidas como as unidades territoriais para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos. Mesmo com todo o arcabouço institucional criado, uma grande dificuldade está sendo experimentada pelos gestores: a falta de dados disponíveis para a caracterização e identificação dos principais problemas a serem resolvidos. Como administrar o uso da água numa bacia hidrográfica sem conhecimento do seu funcionamento em termos social, ambiental, econômico, hidrológico e de qualidade dos recursos hídricos? Quais as intervenções necessárias para melhoria dos problemas de uma bacia hidrográfica? Para responder algumas das perguntas, pode ser utilizada uma técnica de grande potencial para subsidiar a solução de problemas complexos como esses: a simulação matemática. A aplicação de técnicas avançadas pode auxiliar na representação de sistemas de recursos hídricos, facilitando a compreensão dos problemas a fim de contribuir para a gestão e planejamento de bacias hidrográficas. Os sistemas de informações geográficas, SIGs, também se apresentam como uma potente ferramenta para a visualização espacial de propriedades da bacia, além de armazenar dados, imagens e mapas georreferenciados num único ambiente, facilitando a compreensão de todo o sistema analisado. Os SIGs são tecnologias avançadasque permitem a vinculação a diversos outros sistemas como modelos, programas de otimização, programas estatísticos, sistemas de suporte a decisão, etc. É neste contexto que o estudo aqui documentado objetivou a utilização de modelo matemático de simulação no ambiente SIG como uma técnica para a compreensão do comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica no estado da Bahia. A bacia do rio Jiquiriçá, área inserida na bacia hidrográfica do Atlântico Leste, tem características peculiares por ter 17, dos seus 24 municípios, situados no semi-árido brasileiro. Importa esclarecer que a região semi-árida é marcada pela escassez de recursos hídricos, elevada variabilidade na distribuição espacial e temporal da chuva; limitações de 3 possibilidade de extração de águas subterrâneas e, ademais, concentra 31% dos nordestinos, majoritariamente de baixa renda (Costa, 2003). A bacia de estudo – contando com uma área de aproximadamente 6.900 km2 - apresenta situação semelhante a diversas bacias hidrográficas no país: a escassez de dados disponíveis. A coleta de informações demonstrou que a bacia do rio Jiquiriçá é monitorada por três estações pluviométricas, duas estações fluviométricas em operação, uma estação climatológica completa e alguns levantamentos de qualidade de água esporádicos. Para esclarecimento, cabe identificar o que seria uma bacia com escassez de dados disponíveis. A Associação Internacional para a Hidrologia Científica (IAHS) define como bacias hidrográficas sem medidas (ungauged basin) aquelas que não apresentam medidas contínuas de eventos observados; e, bacias hidrográficas precariamente medidas (poorly gauged basin), ou com escassez de dados disponíveis, àquelas que apresentam medidas contínuas, porém incompletas, de eventos observados. A Organização Meteorológica Mundial (1994) indica que uma rede hidrológica mínima é aquela que possibilita a gestão dos recursos hídricos numa escala comparável ao nível geral de desenvolvimento econômico e às necessidades ambientais do país. A OMM recomenda que em zonas com relevo ondulado – como é a situação da bacia baiana - a densidade mínima de estações seja de 575 km2/estação (pluviométricas); 1.875 km2/estação (fluviométricas); e 47.500 km2/estação (estações de qualidade). A bacia do rio Jiquiriçá não atende a nenhuma dessas recomendações. Quanto à partição do trabalho, tem-se sete capítulos que seguem à presente introdução: capítulo 2, dedicado à apresentação dos objetivos; capítulo 3, relativo à revisão bibliográfica procedida sobre o tema; capítulo 4, onde se identifica o modelo matemático de simulação utilizado; capítulo 5, voltado para a descrição da bacia do rio Jiquiriçá; capítulo 6, referente à apresentação da metodologia utilizada para o desenvolvimento dos trabalhos; capítulo 7, apresentação e discussão dos principais resultados; e, finalmente, capítulo 8, composto por recomendações elaboradas a partir da análise e conclusões pertinentes. 4 2 - OBJETIVOS O objetivo principal do estudo é a aplicação de um modelo matemático de simulação em ambiente SIG como técnica para auxílio à compreensão do comportamento do aspecto quantitativo dos recursos hídricos superficiais da bacia do rio Jiquiriçá, apoiando-se em dados disponíveis. Busca-se também a análise do aspecto de qualidade de água dos recursos hídricos no que concerne a identificação das principais fontes de poluição e análise dos dados disponíveis para aplicação do modelo matemático de simulação. Têm-se como objetivos específicos: (1) a elaboração de metodologia para processamento de dados disponíveis para ajuste de modelo matemático de simulação; (2) o ajuste e a verificação do modelo a fim de caracterizar o aspecto quantitativo dos recursos hídricos superficiais da bacia do rio Jiquiriçá; (3) a identificação de principais fontes relevantes de poluição dos recursos hídricos na bacia e análise dos dados disponíveis de qualidade de água; e finalmente, (4) a identificação de alguns dados e parâmetros relevantes na compreensão do comportamento de uma bacia hidrográfica, por meio da utilização do SWAT. Pretende-se que a pesquisa forneça subsídios para que profissionais do planejamento e gestão do uso da água na bacia do rio Jiquiriçá e instituições participantes do sistema gerencial possam ter um melhor entendimento do comportamento da bacia hidrográfica - nos aspectos de quantidade e de qualidade dos recursos hídricos superficiais - e a visualização dos dados disponíveis com o objetivo de fomentar a valorização da coleta de dados como fonte essencial ao gerenciamento e monitoramento da bacia. 5 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo, será abordada a visão de alguns autores em relação à caracterização dos aspectos de qualidade e quantidade dos recursos hídricos superficiais de uma bacia hidrográfica e tipos de modelos matemáticos de simulação. Contempla, por outro lado, definições relevantes referentes à modelagem digital de elevações, ao sensoriamento remoto e à sistemas de informações geográficas. No último item, são descritos alguns modelos de simulação utilizados em pesquisas similares, identificando aplicações já realizadas, resultados obtidos, características e limitações. 3.1 - CARACTERIZAÇÃO DE QUALIDADE E QUANTIDADE DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA A necessidade do conhecimento do comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica exige o levantamento de características relevantes que permitam compreender o sistema da bacia hidrográfica como um todo. Ao passo que este estudo terá como ênfase os aspectos de qualidade e quantidade dos recursos hídricos superficiais, serão discutidas apenas as características de maior relevância referentes a esses tópicos. Na identificação das características de qualidade e quantidade de uma bacia hidrográfica, Mota (1995) sugere o levantamento de aspectos geológicos, dados pluviométricos e de escoamento, informações sobre variações climáticas, temperatura, evaporação; coleta de informações das características hidráulicas dos canais; características do solo, tipos de uso e ocupação do solo; além de levantamento das fontes de poluição e usos da água. No âmbito da análise quantitativa dos recursos hídricos, McKinney e Cai (2002) sugerem que uma bacia hidrográfica pode ser caracterizada por quatro componentes: fontes de abastecimento, como rios, canais, reservatórios e aqüíferos; demandas hídricas, como usos para irrigação, indústrias, abastecimento humano e animal; geração hidroelétrica e vazão ecológica; e componentes intermediários, como os coletores de drenagem, estações de tratamento e estações de reuso. 6 No aspecto de qualidade da água, Mota (1995) indica que as principais fontes de poluição a serem pesquisadas devem ser: • fontes agropastoris: pesticidas, fertilizantes, excrementos de animais; • fontes urbanas: esgotos domésticos e industriais, depósitos de lixo; • escoamento superficial. Segundo Tucci (1998), para a caracterização de qualidade da água, é necessária a definição de alguns conceitos importantes: • parâmetros de qualidade da água: • conservativos - não são alterados devido a reações químicas e biológicas internas do rio; • não-conservativos - são aqueles que reagem por processos químicos e biológicos internos, modificando sua concentração. • tipos de cargas numa bacia hidrográfica: • pontuais - são contribuições em locais específicos dos sistemas devido a despejos de afluentes, de efluentes doméstico ou industrial, entre outros; • difusas - são contribuições distribuídas no espaço em trechos de rios, lagos, reservatórios, etc. • tipos de usos da água: • consuntivo - usos que impõem a retirada de água das coleções, como, por exemplo, abastecimento público, industrial (alguns tipos) e irrigação;• não-consuntivo - usos em que não se observa a necessidade de retirar as águas das coleções hídricas, tais como: recreação e lazer, preservação da flora e fauna, geração de energia, transporte e diluição de efluentes (Derísio, 1992). Importa definir o que se considera como poluição. A Lei nº 6938 de 1981, Política Nacional de Meio Ambiente, define poluição como: “degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” (Brasil, 1981b). 7 A avaliação das condições de poluição e alteração dos recursos hídricos pode ser realizada utilizando-se de parâmetros técnicos significativos associados a um uso e a um objetivo específico. No Brasil, a resolução CONAMA nº 20 de 1986 é a legislação em vigor que define os padrões de qualidade da água a serem mantidos num corpo d´água de acordo com o uso a que se destina. Os parâmetros de qualidade da água são divididos em três grandes grupos: físicos, químicos e biológicos. Os físicos têm relevância na percepção do homem em relação à água percebida por meio de seus sentidos, envolvendo aspectos de ordem estética e psicológica. São exemplos cor, turbidez, sabor, odor, sólidos, temperatura, calor específico, densidade e condutividade elétrica. Os químicos representam a presença de substâncias químicas dissolvidas na água. Segundo Porto (1991), esses parâmetros são os mais importantes para a caracterização da qualidade dos recursos hídricos, pois permitem a classificação segundo o conteúdo mineral, o grau de contaminação e a origem dos contaminantes; além da análise do equilíbrio bioquímico para a manutenção da vida no corpo d´água. São avaliados pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido, micropoluentes inorgânicos e orgânicos, e matéria orgânica - geralmente medida pela demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO); ou medida pelo carbono orgânico total (COT). Os biológicos são representados pelos microorganismos que desempenham grande importância nas transformações de matéria no ciclo biogeoquímico e na possibilidade de transmissão de doenças, por meio da ação dos agentes patogênicos como bactérias, protozoários e vírus. O potencial de uma água transmitir doença é geralmente medido de forma indireta considerando a análise dos organismos indicadores de contaminação fecal, com ênfase nas bactérias do grupo coliforme, que são indicadores de presença de fezes de animais de sangue quente, podendo, portanto, vir a transmitir doenças (Von Sperling, 1996). A Tabela 3.1 relaciona as principais fontes de poluição associadas aos seus efeitos poluidores mais representativos. 8 Tabela 3.1 - Relação das principais fontes de poluentes, seus parâmetros de identificação e efeito poluidor mais representativo. Fonte Esgotos Drenagem Superficial Poluente Principais Parâmetros Domésticos Industriais Urbana Agropastoris Possível efeito poluidor Sólidos em suspensão Sólidos em suspensão totais xxx <-> xx x Problemas estéticos; depósitos de lodo; adsorção de poluentes; proteção de patogênicos. Matéria orgânica biodegradável Demanda Bioquímica de Oxigênio xxx <-> xx x Consumo de oxigênio; mortandade de peixes; condições sépticas. Nutrientes Nitrogênio e Fósforo xxx <-> xx x Crescimento excessivo de algas; toxicidades aos peixes (amônia); doença em recém- nascidos (nitrato); poluição da água subterrânea. Patogênicos Coliformes xxx xx x Doenças de veiculação hídrica. Matéria orgânica não biodegradável Pesticidas, alguns detergentes e outros. x** <-> <->* xx Toxicidade (vários); redução da transferência de oxigênio (detergentes); não biodegradabilidade; maus odores. Metais pesados Elementos específicos <-> <->* Toxicidade; inibição do tratamento biológico dos esgotos; problemas de disposição do lodo na agricultura; contaminação da água subterrânea. Sólidos inorgânicos dissolvidos Sólidos dissolvidos totais e condutividade elétrica x Salinidade excessiva - prejuízo às plantações; toxicidade a plantas; problemas de permeabilidade do solo. x: pouco xx: médio xxx: muito <->: variável em branco: usualmente não importante Fontes: Von Sperling (1996); *Novotny e Olem (1993); ** contribuição da mestranda. 9 Segundo Von Sperling (1996), os principais parâmetros a serem investigados numa análise de água de rio devem ser: físicos – cor, turbidez e temperatura; químicos – pH, nitrogênio, fósforo, oxigênio dissolvido (para controle do processo de tratamento), matéria orgânica, micropoluentes orgânicos e inorgânicos (a serem definidos de acordo com o uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica de estudo); e biológicos - organismos indicadores. 3.2 – CONCEITOS SOBRE MODELOS MATEMÁTICOS DE SIMULAÇÃO Tucci (1998) define modelo como “a representação de algum objeto ou sistema, numa linguagem ou forma de fácil acesso e uso, com o objetivo de entendê-lo e buscar suas respostas para diferentes entradas.” Dentre os tipos de modelos existentes na área de recursos hídricos, os matemáticos têm diversas aplicações, como a quantificação de processos do ciclo hidrológico na análise de qualidade das águas em rios, reservatórios, aqüíferos subterrâneos, nos processos hidráulicos do escoamento da água em rios, mares e subsolo e nos modelos ambientais e meteorológicos (Azevedo et al., 1997). Os modelos matemáticos de simulação permitem uma grande flexibilidade por possibilitarem que um sistema qualquer seja representado matematicamente em modelos computacionais, além de possibilitar a análise no nível de detalhamento requerido (Azevedo et al., 1997). Um dos benefícios e melhorias para o processo de planejamento de bacias hidrográficas advindos do uso de modelos de simulação é a base de dados necessária para construir e calibrar o modelo, pois muitos problemas podem ser resolvidos ou identificados pela análise dos dados e compilação dos mesmos quando da formatação apropriada para entrada no modelo (Novotny e Olem, 1993). Acrescenta-se o fato de muitos modelos apresentarem interface com o ambiente SIG, o que facilita a visualização e acesso às informações, além de possibilitar a reunião de diversas fontes de dados (gráficos, planilhas, textos, mapas e imagens) num único ambiente. 10 Os modelos matemáticos de simulação utilizados na área de recursos hídricos podem ser identificados de acordo com suas principais características. DeVries e Hromadka (1992) sugerem a divisão a seguir: • modelos chuva-vazão: os cálculos são realizados de montante para jusante seguindo a ordem - precipitação média em sub-bacias; determinação da precipitação excedente; geração do hidrograma de escoamento superficial devido ao excedente de precipitação; adição de escoamento de base simplificado ao hidrograma anterior; propagação da vazão no rio e no reservatório; e, finalmente, combinação de hidrogramas. O principal interesse é a construção do hidrograma de cheia, não havendo grande preocupação com o cálculo de evapotranspiração e de variação da quantidade de água no solo durante e entre períodos de precipitação ou detalhamento do escoamento de base. Exemplos: HEC-1 (Hydrologic Engineering Center), TR-20 (Computer Program for Project Formulation Hydrology - Technical Release 20 - U.S. Soil Conservation Service), ILLUDAS (Illinois Urban Drainage Area Simulator - Illinois State Water Survey), DR3M (Distributed Routing Rainfall-Runoff Model - U. S. Geological Survey); • modelosde simulação contínua de vazão: consideram a variação temporal da precipitação e o movimento da água em toda bacia hidrográfica até a sua foz. Há preocupação com o armazenamento da água durante os períodos sem chuva, por isso é dada importância à umidade do solo, à evapotranspiração e às vazões de base subsuperficiais e subterrâneas. São, em sua maioria, modelos fisicamente fundamentados que buscam descrever os principais processos do ciclo hidrológico, a saber: interceptação da precipitação pela vegetação; evapotranspiração; infiltração; escoamento superficial; escoamento nos canais; fluxo subsuperficial. Exemplos: SWRRB (Simulator for Water Resources in Rural Basins - U.S. Department of Agriculture); PRMS (Precipitation-Runoff Modeling System - U.S. Geological Survey); SHE (Systéme Hydrologique Européen - Danish Hydraulic Institute, U.K. Institute of Hydrology e SOGREAH) e IPH II, III, IV e IPHMEN (Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) (Tucci, 1998); • modelos de fluxo-hidráulico: calculam o fluxo de água em canais, rios e córregos. Geralmente são utilizados para análise de vazões em trecho de rio sob pontes e 11 escoamento de água em galerias. Na elaboração dos cálculos, duas situações podem ser consideradas: fluxo permanente ou não-permanente, com estudos de escoamentos uniforme e não-uniforme subcrítico, crítico ou supercrítico. Exemplos: HEC-2 (Hydrologic Engineering Center), WSPRO (Water-Surface PROfile - U.S. Geological Survey), FLDWAV-NWS (NWS National Weather Flood Wave Model - U. S. National Weather Service) e o DHM (Diffusion Hydrodynamic Model - Computational Hydrology Institute); • modelos de qualidade da água: necessitam da determinação dos dados de quantidade de água no rio para análise da qualidade. Usualmente requerem que as características hidráulicas e de cargas lançadas no rio sejam dados de entrada ao sistema. Exemplos: SWMM (Storm Water Management Model - U.S. Environmental Protection Agency); HSPF (Hydrologic Simulation Program - FORTRAN - U.S. Environmental Protection Agency), QUAL2E (Enhanced Stream Water Quality Model - Texas Water Development Board); WASP4 (Water-Quality Simulation Program - U.S. Environmental Protection Agency), AGNPS (Agricultural Nonpoint Source Pollution Modeling System - U.S. Agricultural Research Service) e MIKE11 (Danish Hydraulic Institute). Considerando a classificação proposta por DeVries e Hromadka (1992), modelos como o ANSWERS (Areal Nonpoint Source Watershed Environmental Response Simulation), SWAT (Soil and Water Assessment Tool), SWRRBWQ (Simulator for Water Resources in Rural Basins - Water Quality) e WATFLOOD, a serem citados no subitem 3.4, deveriam estar classificados como modelos de qualidade da água e de simulação contínua de vazão simultaneamente, visto que agregam as duas análises. Tucci (1998) propõe algumas divisões dos modelos segundo as características: • contínuo ou discreto: contínuo quando os fenômenos ocorrem continuamente no tempo e discreto quando as mudanças ocorrem em períodos curtos; • concentrado ou distribuído: concentrado quando não leva em conta a variabilidade espacial das características da bacia hidrográfica; e distribuído, quando as variáveis e parâmetros dependem do espaço ou do tempo; 12 • determinístico ou estocástico: segundo Chow (1964), um modelo determinístico é aquele no qual as chances de ocorrência de um dado valor seguem uma lei definida e não a lei da probabilidade, enquanto no modelo estocástico as chances de ocorrência e o conceito de probabilidade são levados em consideração, além disso, o processo é dependente do tempo; • conceitual ou empírico: quando as funções utilizadas na elaboração do modelo levam em consideração os processos físicos, ele é dito conceitual; quando se ajustam os valores calculados aos dados observados, sem qualquer preocupação com o significado físico do processo, o modelo é dito empírico. Tucci (1998) ainda cita que outros autores dividem os modelos conceituais em semiconceituais e físicos, com os primeiros relacionados às características físicas dos processos, embora ainda apresentem parâmetros empíricos nas equações envolvidas; e os segundos associados à utilização das principais equações diferenciais do sistema físico com parâmetros aproximando-se ao máximo da física do sistema. No âmbito da classificação proposta em Tucci (1998), o SWAT, modelo a ser utilizado no estudo, seria identificado como de simulação matemática contínuo, semidistribuído, determinístico e semiconceitual. Abbott et al. (1986a) apontam as dificuldades existentes na utilização de modelos de parâmetros concentrados empíricos, alegando que eles necessitam de um período muito longo de dados meteorológicos e hidrológicos. Além disso, tais informações nem sempre estão disponíveis e envolvem calibração por meio de ajuste de curva, o que torna extremamente difícil a interpretação física. Os autores indicam ainda que os modelos fisicamente baseados, distribuídos, por possibilitarem uma interpretação física dos parâmetros e sua variação espacial, facilitam a calibração dos parâmetros. Nos modelos de qualidade de água, DeVries e Hromadka (1992) afirmam que as equações mais usuais das reações químicas e biológicas são empíricas. Sugerem que os modelos distribuídos sejam utilizados quando se querem informações detalhadas das condições locais, enquanto os concentrados devem ser ajustados quando se desejam informações gerais. Os modelos de evento discreto devem ser usados para avaliação de ocorrência de eventos extremos, os contínuos, por sua vez, para análises de eventos freqüentes. 13 Rode e Frede (1997) afirmam que as metodologias fisicamente fundamentadas, atualmente aplicadas para modelos com alta resolução espacial e temporal, não conseguem ser ajustados eficientemente em bacias hidrográficas de tamanho médio. Defendem, também, que para modelos de grande escala, os fisicamente fundamentados complexos não são, na sua maioria, melhores que os semiconceituais mais simples. Ewen et al. (2000) discutem algumas críticas realizadas aos modelos fisicamente fundamentados distribuídos, como a de sua aplicação resultar em valores não fisicamente explicáveis (em face da escala de trabalho, geralmente grande), e à dimensão das células utilizadas nos cálculos. Ademais, afirmam que alguns processos importantes são ignorados por esses modelos. Todavia, os autores defendem os modelos fisicamente fundamentados alegando que as críticas realizadas procedem, mas ocorrem em todos os tipos de modelos. Ewen et al. (2000) indicam que, com relação à definição da escala de trabalho, o ideal é se usarem células tão pequenas quanto possível para evitar erros de discretização, levando-se em consideração a dimensão da bacia hidrográfica, a duração da simulação requerida e a capacidade computacional disponível. Segundo DeVries e Hromadka (1992), a maioria dos modelos de simulação contínua de vazão permite a variação espacial da precipitação, dos parâmetros da bacia hidrográfica e respostas hidrológicas. Há diversas maneiras de representar essa variação: subdividindo a bacia hidrográfica em diversas sub-bacias ou dividindo-a em células individuais, grids, relacionadas a características hidrológicas distintas. Além da divisão da bacia hidrográfica em células ou sub-bacias, existem duas metodologias muito utilizadas, o HRU, hydrologic response unit (utilizada em Di Luzio et al., 2002) e o GRU, group response unit (comentada em León et al., 2001). O primeiro realiza o cálculo da resposta da unidade por meio de utilização de pesos para os parâmetros de cobertura e tipo do solo de cada célula. O resultado é utilizado para definir as dimensões das células a serem adotadas, pois assim apresentarão
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