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Cristianismo e islamismo

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1 
 
Cristianismo e islamismo têm muitas semelhanças e diferenças 
Vinícius V. Contarine 
 
Grupos internos: 
No Cristianismo há várias correntes conhecidas, entre as principais, podemos citar os católicos 
(ou apostólicos romanos) e os protestantes (morávios, luteranos, calvinistas, presbiterianos, 
batistas, quakers, pentecostais, neopentecostais e tantos outros); no Islã, coisa parecida: os dois 
mais conhecidos são os xiitas e sunitas, mas há outros, como os sufistas e os carijitas. 
Se logo à institucionalização do Cristianismo, nos primeiros séculos, viu-se a fragmentação 
entre arianos, para quem Cristo não era o Deus encarnado, mas um ser humano, e os católicos, 
para quem, por outro lado, Cristo era o próprio Deus (Pai, Filho e Espírito Santo no mesmo 
ser); no Islã, a cisão mais conhecida, embora não a primeira, aconteceu após a morte de Maomé 
(o Profeta), em VII d.C., pois, enquanto uma parte de seus seguidores, os xiitas, propôs que Ali, 
seu genro e primo, deveria ser seu sucessor, por ser de sua linhagem sanguínea, a outra, os 
sunitas, defendeu que seu mais íntimo general, Moáuia I, deveria ascender ao vago lugar de 
califa. 
Em ambos os casos, algumas dessas divisões permanecem até a atualidade: a França é um país 
de maioria católica; a Inglaterra, protestante. A maior parte do mundo islâmico (Norte da 
África, Oriente Médio e alguns países do Sudeste Asiático) é sunita, enquanto que o Irã é xiita 
e o Omã, carijita. 
Seus princípios morais: 
Tratando-se dos princípios aos quais todos os cristãos devem seguir, vêm logo à mente os X 
Mandamentos. Segundo as Escrituras, esse código foi entregue pelo próprio Deus a Moisés no 
Monte Sinai. Porém, por questões que aqui não serão discutidas, não são as Tábuas o centro da 
ética cristã, mas, sim, os ensinamentos do próprio Cristo no chamado Sermão da Montanha, 
registrados em Mateus capítulos 5º a 7º. Do primeiro podemos extrair regras comportamentais 
bastante gerais e que mais se parecem com as de um código civil; já o segundo, no Novo 
Testamento, é interpessoal, porque diz respeito ao convívio entre as pessoas, e é ali que estão 
alguns ensinamentos centrais aos cristãos, como não julgar, não fazer o bem com fins egoístas 
e, acima de tudo, o amor e a aceitação do outro. 
Já quanto ao Islã, a coisa é um pouco diferente, mas, ao fim, parecida. Inicialmente, há os ‘cinco 
pilares’, ou princípios básicos, sendo eles a Shahadah, segundo a qual não há outro deus senão 
Allah (Deus, em árabe) e Maomé é seu mensageiro; a Salah, as cinco orações diárias, divididas 
em vários momentos; o Ramadan, ou o jejum durante o mês sagrado, de mesmo nome, que é o 
9º do calendário; a Zakah, caridade para os mais necessitados; e a Hajj, ou a peregrinação à 
Meca, na atual Arábia Saudita, ao menos uma vez na vida. Para além deles, todo o Corão é um 
grande guia moral, acrescido pelos relatos da vida do Profeta, as chamadas hadith. 
Ainda que com base em textos tão diferentes, produtos de contextos muito distintos, a parte 
mais fundamental da ética de ambas as religiões é: ame a Deus, que é único; ame o próximo e 
se comporta de modo exemplar, evitando prejudicar outrem. 
 
2 
 
Sua organização interna: 
Há outras diferenças e semelhanças interessantes. A seguir as dividimos entre: idioma, 
iniciação, templos, escrituras e vestimentas. 
A ‘língua do Cristianismo’ durante seus três primeiros séculos foi o grego koiné, idioma dos 
escritos do Novo Testamento, o primeiro ‘inglês’ (idioma universal) que existiu. A seguir, 
outros idiomas se tornaram importantes entre a cristandade, como o latim, na Idade Média. 
Contudo, com o início da idade moderna, o regionalismo se tornou a regra entre os cristãos, e, 
com isso, surgiram as traduções da Bíblia nas línguas vernáculas (locais). Significou uma 
ruptura tão séria que a linguagem pode ser apontada como uma das razões pelas quais aconteceu 
a Reforma Protestante, no século XVI. 
Quanto aos muçulmanos, o árabe fusha, utilizado no Corão, é o idioma litúrgico e é motivo de 
grande orgulho, por parte da comunidade islâmica, que sua língua religiosa continue intacta 
desde o século VII d.C., pois é tido como blasfêmia modificá-la. Esse é diferente, é claro, do 
árabe falado no cotidiano, ademais de haver regionalismos (dialetos) do árabe de acordo com o 
país, sendo um nunca idêntico ao outro. Assim como aconteceu com a Bíblia, há o Corão em 
vários idiomas, inclusive em português, mas esses são tidos como menos precisos, devido à 
complexidade de se traduzir algo do árabe. 
A iniciação religiosa em ambas as religiões é muito distinta. Para o Cristianismo, o começo da 
cristandade é o batismo, o mais importante dos sacramentos, pelo qual o postulante a cristão 
tem sua testa (ou corpo) molhada com água tida como sagrada, assim como Cristo o foi por São 
João Batista. No Islã, a iniciação é mais simples: recitar a Shahadah na presença de dois 
muçulmanos que lhe servirão como testemunhas, e, a partir daí, será reconhecido como 
pertencentes a ummah, o conjunto de seguidores de Allah, independente da raça, classe social, 
gênero etc. 
Quanto aos templos, as diferenças são variadíssimas, mas é possível as resumir dizendo que, 
enquanto os cristãos frequentam igrejas, cujas arquitetura e organização interna mudaram de 
acordo com o tempo e com o espaço, embora haja o consenso de que, se templo católico, deve 
haver uma cruz em seu ponto mais alto; os muçulmanos se reúnem nas mesquitas, essas sim 
são mais padronizadas, seja em seu aspecto externo, devendo sempre haver ao menos um 
minarete, que é uma grande torre na qual possa subir o muezim para chamar, em forma de canto, 
a comunidade às cinco orações diárias, ou interno, com as áreas de seu interior sendo 
organizadas conforme a tradição. 
Sobre as escrituras sagradas, as cristãs são o livro mais vendido de toda a História: Bíblia, um 
conjunto de dezenas de livros repartido em dois: o Antigo Testamento, sobre o início do todo e 
os eventos relacionados aos hebreus/judeus, e o Novo Testamento, escritos feitos por 
seguidores de Cristo e a ele articulados direta ou indiretamente. As escrituras islâmicas são mais 
numerosas: independente da corrente muçulmana, o famoso Corão (ou Alcorão, ou Al-Qur’n) 
é o livro máximo, também um conjunto de livros, mas escritos por uma única pessoa, por 
Maomé, iluminado pelo Arcanjo Gabriel, e de modo parecido a um grande poema. Porém, para 
além dele, há, também, as hadith, ou passagens da vida de Maomé, que foram reunidas no 
século XIV, dando origem a uma coleção de livros chamada Sunnah, seguidas de maneiras 
diversas por sunitas e xiitas. Curiosamente, em oposição ao que alguns pensam, parte 
significativa dos livros da Bíblia está também no Corão, acrescidos com novos ensinamentos e 
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acontecimentos; não à toa, para os muçulmanos, Cristo também foi um enviado de Deus, o que 
aproxima a teologia de ambas as religiões. 
De todos os tópicos, as roupas, principalmente femininas, é o que mais chama a atenção e nos 
faz pensar. Pelo lado cristão, os códigos de vestimenta ainda existam, mas são mais sutis, como 
os ‘evangélicos’ (normalmente, pentecostais e neopentecostais) que, quando homens, vão ao 
culto de terno, e, quando mulheres, com longas saias ou vestidos compridos, ou as católicas 
que, quando vão a uma Missa Tridentina, devem cobrir seus cabelos com um véu, como nas 
representações de Maria. 
Por outro lado, as ventes islâmicas, principalmente os véus, vêm à tona assim que algo referente 
ao Islã é mencionado numa conversa. Ainda que haja casos de exclusão de mulheres que não 
os usam, a maior parte das mulheres não os veem como símbolo de opressão e submissão 
feminina, mas de pertencimento à comunidade de fé à qual estão ligadas. Assim, embora 
existam mulheres muçulmanas que opte por não os usar, sobretudo na Síria e no Líbano, para 
grande parcela das muçulmanas, não os usar seria como abrir mão departe da sua identidade. 
Em geral, achamos que existe o ‘véu muçulmano’, normalmente chamado de ‘burka’. Contudo, 
há vários, cada um com um significado e pertencente a um contexto identitário próprio: os mais 
comuns são o hijab, que cobre apenas os cabelos, cujo uso é disseminado por todo o mundo 
islâmico; o xador, que cobre todo o corpo, menos o rosto, muito comum e ícone do Irã; o niqab, 
que, quando acompanhado de uma abaya, cobre todo o corpo, deixando visíveis somente os 
olhos, e que é parte importante da cultura da Arábia Saudita; e a burka, que cobre todas as 
partes do corpo, inclusive os olhos, e foi de uso obrigatório no Afeganistão durante o regime 
autoritário dos talibãs.