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HIV: Retrovírus e Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida

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PATOLOGIA 
 Doenças infectocontagiosas 
Retrovírus : HIV 
O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham 
algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos 
sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema 
imune. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula 
que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de 
outros para continuar a infecção. 
A Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, popularmente conhecida como AIDS, é 
causada pelo vírus HIV, resultando numa queda progressiva da contagem de linfócitos T CD4+ 
e, com isso, começam a aparecer diversas afecções oportunistas, infecções ou até neoplasias, 
com um estado grave de imunodeficiência – o número de Linfócitos T CD4+ deve estar abaixo 
de 350 células/mm3 de sangue para ser considerada a existência de AIDS. 
vírus HIV compromete os linfócitos T CD4+, podendo destruir diretamente pela replicação 
viral ou indiretamente pela resposta imunológica do hospedeiro, que reconhece e agride as 
células infectadas, quando essa resposta é muito intensa, pode haver disfunção celular ou 
apoptose. 
As formas de transmissão do vírus HIV são: contato sexual desprotegido, contato com sangue, 
hemoderivados e tecidos, além da transmissão vertical – intrauterino, no momento do parto ou 
no aleitamento materno. 
A via de transmissão mais frequente é a sexual, e o HIV então atravessa o epitélio da mucosa 
genital e, já na submucosa, começa a procura pelos linfócitos T CD4+ e a presença dessas 
células em modo ativado (a replicação do vírus só se dá nesses linfócitos “ativados”) contribui 
para os primeiros ciclos de replicação viral, já nas primeiras horas de infecção. 
Os vírions então seguem para os linfonodos, onde a replicação se torna ainda mais intensa e, 
então, se espalha por todos os tecidos e órgãos do corpo – essa ampliação é temporariamente 
impedida pela resposta imune do hospedeiro – tanto celular como humoral -, porém apenas 
uma parcela da viremia é controlada e, após cerca de seis meses a um ano, a análise do estado 
da viremia pode ser fator prognóstico de capacidade do indivíduo de responder à infecção do 
HIV. 
Em média, leva cerca de 10 anos desde a infecção primária e o surgimento da AIDS, porém 
esse tempo pode ser mais curto naqueles pacientes com resposta imune menos efetiva. O GALT 
(“Gut-Associated Lymphoid Tissue”)é um alvo inicial importante, pois é rico em células 
TCD4+ ativadas, por isso, considerável parte da amplificação inicial da viremia provem desse 
tecido). 
A transmissão por inoculação direta do vírus no sistema circulatório (compartilhamento de 
agulhas infectadas, transfusões sanguíneas, transmissão vertical…) e os vírions podem ser, 
inicialmente, removidos pelo baço, órgão importante para o sistema imune, rico em linfócitos 
TCD4+ e os passos seguintes se assemelham aos da transmissão sexual. 
https://unaids.org.br/informacoes-basicas/
Com o passar do tempo, mesmo com a resposta imune operando já de forma adaptativa, a 
replicação viral continua a acontecer, e essa grande resistência do vírus HIV se dá pelas 
inúmeras mutações genéticas vantajosas – por isso, mesmo com a contagem de CD4+ 
suficiente para a atividade imunológica, o vírus pode ser detectado na circulação a todo 
momento desde a infecção. 
Essas mutações são rápidas e importante para a resistência viral porque, enquanto os linfócitos 
TCD4+ específicos para combater o vírus apresentado, já surgiram novas mutações, que irão 
infectar e destruir essas células imunes. 
Caso o paciente não faça uso da Terapia Antirretroviral (TARV), haverá uma evolução para 
uma profunda imunossupressão, com TCD4+ menor do que 350 células/microlitro. Com isso, 
diversas infecções e neoplasias oportunistas podem surgir, mesmo naquelas pessoas que se 
mantiveram assintomáticas. 
Por isso, é importante a adesão terapêutica, que aumenta e melhora a obrevida mesmo naqueles 
que já estão nos estágios avançados da doença. 
A infecção por HIV se apresenta em três fases clínicas: infecção primária ou aguda, fase crônica 
assintomática/latência clínica e AIDS. 
• Infecção primária ou aguda: tempo entre o contágio e o aparecimento de anticorpos 
anti-HIV – soroconversão. Geralmente, esse tempo de 4 semanas, e, durante a 
soroconversão, desenvolve-se a Síndrome Retroviral Aguda (SRA), caracterizada como 
conjunto de sinais e sintomas semelhantes a diversos quadros de virose – febre, mialgia, 
cefaleia, faringite, dor ocular, rash cutâneo, astenia, linfadenopatia, náuseas, vômitos, 
letargia – refletindo a resposta imune contra a viremia inicial, porém essa fase também 
pode ser assintomática. Nesse momento, bilhões de cópias do vírus circulam pelo 
hospedeiro, e assim, o poder transmissivo é muito alto. Esse quadro dura de 3 a 4 
semanas e é autolimitado. A sorologia anti-HIV nesse momento costuma ser negativa, 
sendo importante a pesquisar por RNA viral circulante. Ocorre aumento na contagem 
de células TCD4+ e resposta imune celular e humoral contra o HIV. 
• Fase de latência clínica: Resolvida a SRA, o paciente entra na latência clínica, que dura 
cerca de 10 anos quando não é realizada a terapia. O exame físico pode ser normal, 
podendo também ser percebida linfadenopatia, algumas pessoas podem desenvolver 
Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP). Outros possíveis achados essa fase são 
plaquetopenia isolada ou anemia normocrômica e normocítica e/ou discreta 
leucopenia. Nesse momento, os linfócitos TCD4+ continuam a aumentar, enquanto 
ocorre redução da carga viral plasmática. Mesmo com ausência de sintomatologia, os 
vírus continuam a se replicar, principalmente nos CD4 de memória.

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