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Monografia Coação

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1 ANO
 
 
COAÇÃO
SP
2018
SUMÁRIO
 
 
INTRODUÇÃO.…………………………………………………………………….................................………….....03
1 CONCEITO…………………………………………………………......................................................…………..03
2 ESPÉCIE DE COAÇÃO…………………………………………………………….................................………..04
3 REQUISITOS DA COAÇÃO………………………………………………………………………………………..07
4 CAUSA DETERMINANTE DO ATO………………………………………………………….................….…07
5 CAUSA DE EXCLUSÃO DA COAÇÃO………………………………….………………….……..………..…09
6 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR……………….........................................................….…10
7 PRAZO PARA ANULAÇÃO DO NEGÓCIO………………………...……….…..…………………………10
8 CONCLUSÃO………………………………....................................................………….…….……...……….…16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………....................................………………………………….…..19
INTRODUÇÃO
Negócio jurídico é a manifestação de vontade que produz efeitos desejados pelas partes e permitidos por lei, capaz de gerar efeitos no âmbito jurídico. Sabemos que a manifestação de vontade é o item principal para a existência do negócio jurídico, de acordo com a Escada Ponteana, desenvolvida por Pontes de Miranda, e esta deve ser espontânea, ou seja, traduzir o real desejo do indivíduo. Segundo Silvio de Salvo Venosa, “a vontade é mola propulsora dos atos e dos negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifestada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Se essa vontade não corresponder ao desejo do agente, o negócio jurídico torna-se suscetível de nulidade ou anulação”. 
Ou seja, o negócio jurídico pode ser maculado por duas espécies diferentes de vícios que são: os de consentimento, aqueles em que a vontade não é expressa de forma absolutamente livre; e os sociais, nos quais a vontade não tem o caráter puro e de boa-fé. São os chamados defeitos do negócio jurídico, dentre os quais iremos focar na Coação.
O Código Civil de 2002 dedica cinco artigos, do 151 ao 155, para falar sobre a Coação e seus efeitos. Trata-se de um tema importante e delicado, visto que a mesma só pode ser identificada no caso concreto e após considerar-se uma série de requisitos e pressupostos.
Nestes casos, o indivíduo, seja por coação física ou moral, é forçado a assinar contratos, fazer doações ou a participar de outros tipos de relações jurídicas contra a sua vontade. Caracterizando- se coação física, o negócio jurídico é considerado inexistente, enquanto na coação moral ele é anulável.
Com a constante evolução dos negócios jurídicos é de enorme importância o conhecimento e a observância dos possíveis vícios que podem acontecer nas relações jurídicas para que haja uma maior valorização da vontade humana, não apenas no meio jurídico, mas também na sociedade durante a construção dessas relações.
O trabalho que se segue foi desenvolvido de maneira que se possa verificar a coação dentro de uma visão legal, buscando compreender suas configurações e seus defeitos.
CONCEITO
Segundo Paulo Nader, coação é uma “pressão de ordem moral, psicológica, que se faz mediante ameaça de mal sério e grave, que poderá atingir o agente, a membro da família ou à pessoa a ele ligada ou, ainda, ao patrimônio, para que a pessoa pratique determinado negócio jurídico.”.
Deste modo, entende-se que a coação trata-se de um constrangimento causado na vítima para a obtenção de um ato, para que esta realize o negócio jurídico independente de sua real vontade. Logo, percebe-se que constitui um vício de consentimento, pois atinge a liberdade de vontade, um dos elementos essenciais de um negócio íntegro, e, o mencionado vício, tem como seu elemento constituinte o temor infundido na vítima. 
Espécies de coação 
COAÇÃO FÍSICA
Coação física ou vis absoluta é o constrangimento corporal que retira toda a capacidade de manifestação de vontade, implicando a ausência total de consentimento, acarretando a nulidade absoluta do ato. Nessa espécie de coação há o emprego de força física, agindo diretamente sobre o corpo da vitima, tornando o negócio inexistente, se provada.
Um exemplo de coação física seria a hipótese de alguém ser espancado, e em estado de inconsciência, obrigado a assinar um contrato. Outro exemplo seria a colocação da impressão digital de um analfabeto em um contrato agarrando com força seu braço. Uma venda de um imóvel celebrada à pessoa hipnotizada também constitui uma coação absoluta.
A nulidade absoluta do negócio jurídico, citada anteriormente, era justificada, pois a coação absoluta fazia com que a pessoa se encaixasse no artigo 3º, inciso III do Código Civil de 1916, que foi revogado, como alguém que, por causa transitória, não é capaz de exprimir sua vontade. Mas, isso foi modificado, passando tais pessoas a ser consideradas relativamente incapazes. A tese de nulidade absoluta (onde o negócio jurídico não produz efeitos, pela ausência dos requisitos para o seu plano de validade) pode ser mantida pelo objeto ser indeterminado, já que estamos diante de uma vontade que não existe, entretanto este nunca foi um ponto pacífico na doutrina. Diante disso, a coação física pode ser vista tanto como motivo para uma nulidade absoluta como de inexistência do negócio jurídico.
A Lei Codificada cuidou de admitir o reconhecimento da coação quando a ameaça dirigir-se a pessoa não pertencente à família do paciente (um amigo, por exemplo), cabendo ao juiz avaliar as circunstâncias do caso, e decidir a respeito se houve ou não.
COAÇÃO MORAL 
Coação moral ou psicológica é o vício de vontade que causa temor de dano iminente e considerável à vítima, à sua família ou aos seus bens, que dá a anulabilidade do negócio jurídico, de acordo com o artigo 151 do Código Civil. Trata-se de uma violência de caráter psicológico.
 Por não tolher completamente a liberdade volitiva, é causa de invalidade (anulabilidade) do negócio jurídico, e não de inexistência, pois nessa espécie de coação, a vontade não está completamente neutralizada, já que se deixa uma opção para a vítima: praticar o ato exigido pelo coator ou sofrer as consequências.
Um exemplo de coação moral é um assaltante ameaçando a vítima “o celular ou a vida” ou alguém ser ameaçado de mal físico se não assinar o contrato. Em ambos os exemplos a vítima tem a opção de realizar ou não o que é exigido, assumindo as consequências. 
 (
COAÇÃO FÍSICA – INEXISTÊNCIA DO N
EGÓCIO 
J
URÍDICO
 
COAÇÃO MORAL – ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
)
	COAÇÃO PRINCIPAL X COAÇÃO ACIDENTAL 
Da mesma forma como ocorre com o dolo, também há a distinção da coação principal e da coação acidental. Tal distinção não provém da lei, mas da doutrina.
 COAÇÃO PRINCIPAL 
Trata-se daquela que atinge a essência do negócio, a causa determinante do negócio que gera a anulação do negócio jurídico. 
Como por exemplo, um assaltante diz para a vítima “a carteira ou a vida”.
COAÇÃO ACIDENTAL 
Trata-se daquela que não atinge a causa determinante do negócio, mas apenas as condições da avença, ou seja, sem ela o negócio jurídico se realizaria assim mesmo, porém de forma menos desfavorável à vítima. Deste modo, não gera a anulação do negócio jurídico, porém gera a obrigação de ressarcimento do prejuízo.
Como por exemplo, em uma venda de um imóvel, com valores já combinados, em que o comprador faz ameaças para conseguir comprar por um preço abaixo daquele que a casa já seria vendida.
COAÇÃO EXERCIDA POR TERCEIRO
O artigo 154 do Código Civil dispõe:
“Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.”
De acordo com o atual código, só se admite a anulação do negócio se o beneficiado soubesse ou devesse saber da coação, respondendo solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos. 
Se a parte beneficiada não souber de nada, subsiste o negócio jurídico, respondendo o autor da coação por todas as perdas e danos que houver causado ao coato, nos termos do art. 155 do Código Civil.
“Art. 155. Subsistiráo negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.”
Comparando o artigo 154 (Coação de terceiro) com o artigo 148 (Dolo de terceiro) do CC:
“Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.”
A coação, assim como o dolo, pode ser praticada por terceiros, porém com uma única diferença: a solidariedade.
Segundo Pablo Stolze “a diferença fundamental entre a coação de terceiro e o dolo de terceiro reside no seguinte aspecto: havendo cumplicidade (sabia ou tinha como saber) entre o beneficiário e o coator o negócio é anulado e os envolvidos respondem solidariamente pela indenização devida. Essa solidariedade não existe no dolo, no qual cada um responde apenas proporcionalmente à sua carga de culpabilidade.”.
Na coação de terceiros prevalece então, o principio da boa-fé. Em casos de negócio unilateral, como o testamento e a promessa de recompensa, a coação de terceiro continuará causando sempre a anulação do negócio jurídico.
REQUISITOS DA COAÇÃO
O texto do artigo 151 do Código Civil diz que:
“Art. 151”. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. “Se disser respeito à pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.”
Esse artigo revela que nem toda ameaça configura coação, por isso existem os requisitos para identificarmos, o que veremos a seguir. 
 
CAUSA DETERMINANTE DO ATO
Nesse caso, o negócio só ocorreu por ter havido grave ameaça ou violência, caso contrário não teria sido realizado. Incumbe a parte que pretende a anulação do negócio o ônus de provar o nexo de causa e efeito entre a violência e a anuência.
BEM AMEAÇADO 
Deve ser relevante, ou seja, de importância suficiente para levar o indivíduo a realizar o negócio. Se de ordem patrimonial, logicamente, o bem ameaçado deverá ser de valor superior ao do negócio a ser feito.
DEVE SER GRAVE
O ato deve ser de intensidade suficiente para que cause na vitima um temor de dano, tanto moral, físico, quanto patrimonial. 
“Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.”
Para constatar a verdadeira gravidade da ameaça, o caso concreto deve ser analisado, deve ser feita a aferição da coação. Para apreciar uma coação, o magistrado deve considerar o sexo, a idade, a saúde, o temperamento, a condição e todas as circunstâncias do paciente que possam interferir na gravidade da coação. Cabe-se então análise in concreto das circunstâncias que giram em torno do negócio jurídico, como dispõe o artigo 152 do Código Civil. Por exemplo, um ato incapaz de abalar um homem pode ser suficiente para abalar uma mulher, e um ato incapaz de abalar um jovem sadio pode ser suficiente para abalar um idoso doente.
DEVE SER INJUSTA
Para ser considerada injusta, ela deve ser entendida como ilícita, contrária ao Direito, ou abusiva. Configura-se coação quando a conduta do coator constitui exercício anormal ou abusivo de um direito. 
“É injusta a conduta de quem se vale dos meios legais para obter vantagem indevida. Por exemplo: a do credor que ameaça proceder à execução da hipoteca contra sua devedora caso esta não concorde em desposá-lo; a do indivíduo que, surpreendendo alguém ao praticar algum crime, ameaça denunciá-lo caso não realize com ele determinado negócio.”
DANO ATUAL OU IMINENTE
Aqui, dano iminente deve ser entendido como atual e inevitável, no sentido em que, de acordo com Clóvis Beviláqua, “ameaça de um mal impossível, remoto ou evitável, não constitui coação capaz de viciar o ato”. 
Não significa que a ameaça tenha que ser realizada imediatamente. Basta que provoque desde logo, um temor com intensidade suficiente para coagir a pessoa. O mal iminente ocorre sempre que a vítima não tenha meios para furtar-se ao dano. Maria Helena Diniz comenta o assunto em questão afirmando que, o temor deve falar sobre um dano imediato, capaz de atingir a vítima em si, sua família ou seus bens.
O dano que ameaça a segurança da pessoa ou de patrimônio há de ser iminente, não comportando qualquer providência que possa impedir a ação criminosa, seja usando recursos próprios, com auxílio de outrem ou até mesmo buscando autoridades.
Não se admite a futuridade do mal, uma vez que, o coato tem possibilidade de buscar o amparo da lei. Porém, poderá ocorrer uma hipótese em que a ameaça seja atual e o dano futuro, mas incontrolável. Por exemplo: A filha de um magnata é sequestrada e o pai induzido à prática de um ato negocial sob a ameaça de que, dali a dois meses, quando o chefe do grupo sair da penitenciária, a filha será executada.
AMEAÇA DE PREJUÍZO
Para ser considerada coação, deve constituir ameaça à pessoa ou aos bens da vítima, ou a pessoas de sua família. Pode ocorrer intimidação contra a pessoa, como a tortura, cárcere privado. Ou um dano patrimonial, como um incêndio, greves, depredações. Vale ressaltar que, no caso de dano contra a família, não se faz distinção entre graus de parentesco (laços consanguíneos, parentes afins ou adoção), tendo o termo família uma acepção ampla. Porém, a coação pode atingir pessoas que não fazem parte do núcleo familiar da vítima. Neste caso, o parágrafo único do artigo 151 do Código Civil abrange até pessoas que não pertencem á família do paciente:
“Art. 151. Parágrafo único. Se disser respeito à pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.”
Existem alguns doutrinadores que têm considerado haver coação mesmo quando o mal ameaçado se dirige ao próprio coator. Por exemplo, um filho que ameaça se suicidar para obter anuência dos pais, pois, por mais que a violência se volta contra o corpo do filho, ela foi realizada diretamente aos seus pais.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA COAÇÃO 
Expõe o artigo art.153 do Código Civil:
“Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.”
Não constituem coação:
1) A ameaça relacionada com o exercício regular de um direito reconhecido, como no caso de ameaça de protesto de um título de cartório, sendo existente e devida a dívida.
Quem age nos limites de seus direitos subjetivos não pratica coação. Assim, para induzir o devedor a lhe pagar, o credor ameaça-o de levar o título a protesto. Premido pelo receio de ver abalado o seu crédito na praça, o devedor efetua o pagamento. O credor não exerceu ato algum de coação, apenas exercitou o seu direito.
2) O mero temor reverencial, o receio de desagradar alguém muito querido ou a quem se deve obediência.
Não configura coação, pois se considera que não há gravidade suficiente para anular o ato pelo simples não gostar dos pais ou qualquer outro indivíduo a que se cogite obediência.
 Por exemplo, casar-se com alguém para agradar os pais ou algum amigo; nesse caso o casamento é válido, não houve coação. 
Entretanto, o temor reverencial é por si só um agravante de ameaça. O termo simples significa que o temor reverencial não vicia o consentimento quando não houver outros atos de violência, pois se vier acompanhado de outras ameaças deixa de ser simples e torna-se um temor reverencial qualificado. No entanto, no casamento, concebe-se como coação, e não temor reverencial, as graves ameaças de castigo à filha, para obrigá-la a casar. 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Diante do exposto, também é válido realizar uma comparação da coação, disposta no Código Civil, com o que vem disposto no Código de Defesa do Consumidor:
“Art. 42 doCódigo de Defesa do Consumidor. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.”
Nas relações de consumo, na cobrança de dívidas, o consumidor não pode ser exposto ao ridículo e nem sofrer alguma espécie de coação, o que gera o dever de indenizar por danos morais e materiais, diante da presença de prática abusiva. Por exemplo: cobrança vexatória no caso de exposição cheques no balcão do estabelecimento, expondo o nome dos devedores que não pagam para que todos os clientes o conheçam.
PRAZO PARA ANULAÇÃO DO NEGÓCIO
Os seguintes artigos descrevem os prazos para anulação do negócio:
“Art. 178. Código Civil. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.”.
“Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.”
Nos casos relacionados à incapacidade relativa e a coação, os prazos são contados da cessão, o que parece justo. Nos casos de erro, dolo, coação moral, estado de perigo, fraude e lesão, o início do prazo se dá com a realização do negócio, que deve ser tido como celebração do ato, quando ele passa a ser válido na área jurídica, segundo Maria Helena Diniz.
Julgados 
Como forma de melhor elucidar o assunto abordado durante o trabalho, tem-se as seguintes ementas de alguns julgados. 
1) Coação Física
APELAÇÃO CÍVEL. ATOS JURÍDICOS NULOS COAÇÃO FÍSICA OU VIS ABSOLUTA - INEXISTÊNCIA DE CONSENTIMENTO - AUSÊNCIA DE CONDIÇÕES FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DA VÍTIMA PARA EXPRESSAR SUA VONTADE. AGRAVO RETIDO - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM INEXISTENTE - FIGURANTES DO PÓLO PASSIVO RESPONSÁVEIS PELOS ATOS JURÍDICOS. REJEIÇÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PELO JUÍZO A QUO - AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS - DECISÃO MANTIDA -RECURSOS DESPROVIDOS. Não cabe responsabilizar o espólio que é um ente despersonalizado pelos atos ilegais patrocinados pelos figurantes do polo passivo. "para a oposição de embargos declaratórios necessários a existência de obscuridade, contradição ou omissão, não se prestando o mesmo ao exame de questões já decididas ou sobre o acerto do julgado. Ausentes os pressupostos do art. 535, do CPC, impõe-se a rejeição dos embargos de declaração" (EDACív. n. 97.004279-5, da comarca da Capital, rel. Des. Silveira Lenzi). A violência verdadeira que reduz a vítima a um mero instrumento passivo do ato é a coação física, que, não é como a coação moral, simples vício de consentimento, mas completa falta deste. A supressão da vontade por total ausência de condições físicas transforma o ato em nulo e insanável e não simplesmente anulável, porque é ausente um dos seus elementos substanciais, qual seja o consentimento do interessado (non agit, sed agitur), não produzindo estes fatos quaisquer efeitos (quod nullum est, nullum producit effectum).
(TJ-SC - AC: 59413 SC 1999.005941-3, Relator: Sérgio Roberto Baasch Luz, Data de Julgamento: 13/08/2001, Segunda Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação cível n. 99.005941-3, de Criciúma.)
2) Coação moral
Apelação Cível. Ação declaratória e indenizatória. Sequestro relâmpago. Sentença de improcedência. Inconformismo. Operações bancárias realizadas mediante coação de meliante, dentro da agência bancária. Falha na prestação do serviço. Teoria do risco da atividade. Dever de segurança do serviço oferecido pelo banco. Responsabilidade de natureza objetiva. Artigo 14, "caput", do Código de Defesa do Consumidor e Súmula nº 479 do Colendo Superior Tribunal de Justiça. Contrato de empréstimo anulado. Determinação de restituição de valores, na forma simples, que eventualmente tiverem sido indevidamente descontados. Danos morais caracterizados. Fato vivenciado que supera o mero aborrecimento. Situação de constrangimento absoluto. Valor a ser fixado com razoabilidade e proporcionalidade. Sentença reformada. Sucumbência exclusiva da ré. Recurso provido. 
 (TJSP; Apelação 1002131-21.2017.8.26.0038; Relator (a): Hélio Nogueira; Órgão Julgador: 22ª Câmara de Direito Privado; Foro de Araras - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento: 10/05/2018; Data de Registro: 10/05/2018).
3) Ameaça de exercício regular de um direito 
AÇÕES DE USUCAPIÃO E REIVINDICATÓRIA CONEXAS. JULGAMENTO CONJUNTO. PEDIDO DE MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS DEDUZIDO EM SEDE DE CONTRARRAZÕES. NÃO CONHECIMENTO. SEDE IMPRÓPRIA. PEDIDOS DE REFORMA DA DECISÃO DEVEM SER REALIZADOS POR MEIO DE RECURSO, DE MANEIRA AUTÔNOMA OU ADESIVA. AÇÃO DE USUCAPIÃO. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA (ART. 1.238 DO CC). ELEMENTOS DO SUPORTE FÁTICO. AUSÊNCIA DE EXERCÍCIO DE POSSE COM ÂNIMO DE DONO (ANIMUS DOMINI). ACESSIO POSSESSIONIS (ARTS. 1.207 E 1.243 DO CC). POSSIBILIDADE, DESDE QUE COMPROVADO O EXERCÍCIO DE POSSE COM ANIMUS DOMINI DE MANEIRA MANSA, PACÍFICA E SEM OPOSIÇÃO SOBRE O IMÓVEL POR PARTE DOS ANTECESSORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO (ART. 333, I, DO CPC).DECLARAÇÃO UNILATERAL DE EXERCÍCIO DE POSSE PELO ANTECESSOR DESDE 1977, CONSTANTE NO INSTRUMENTO PARTICULAR DE CESSÃO DE POSSE AOS REALIZAÇÃO DA DECLARAÇÃO, MAS NÃO OS FATOS DECLARADOS. VALOR PROBATÓRIO INFERIOR AO DA PROVA TESTEMUNHAL. PAGAMENTOS REALIZADOS PELO ANTECESSOR NA POSSE AO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL. INDÍCIOS DE EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE ALUGUEL, REFORÇADOS PELA PROVA ORAL PRODUZIDA EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. POSSE EXERCIDA PELOS AUTORES ENTRE 1994 E 1998. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA PRESENÇA DE ANIMUS DOMINI. CONTRATO DE CESSÃO DE POSSE QUE, EM QUE PESE COMPROVE A REALIZAÇÃO DE TAL NEGÓCIO JURÍDICO, APENAS INDICIA O EXERCÍCIO DA POSSE, DEVENDO TAIS INDÍCIOS SER CORROBORADOS PELAS DEMAIS PROVAS DOS AUTOS. DEMAIS PROVAS DOS AUTOS QUE NÃO CORROBORAM E ATÉ INFIRMAM OS INDÍCIOS DE QUE OS AUTORES TENHAM EXERCIDO A POSSE DO IMÓVEL COMO SE FOSSE SEU. CESSÃO DE POSSE NA QUAL FIGURA O PAI DE UM DOS AUTORES COMO CEDENTE E ELES COMO CESSIONÁRIOS. PRESUNÇÃO DE MANUTENÇÃO DO CARÁTER PRECÁRIO EM QUE A POSSE ERA EXERCIDA ANTERIORMENTE. PAGAMENTOS REALIZADOS AO PROPRIETÁRIO, COM A INDICAÇÃO DE QUE SE REFERIAM AO PAGAMENTO DOS ALUGUÉIS. PERÍODO POSTERIOR AO ANO DE 1998. CONTRATO DE LOCAÇÃO FIRMADO ENTRE UM DOS AUTORES E O ENTÃO PROPRIETÁRIO DO BEM. CONFISSÃO JUDICIAL QUANTO À EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO LOCATÍCIA. POSSE PRECÁRIA, EXERCIDA NA QUALIDADE DE LOCATÁRIO E, PORTANTO, SEM ÂNIMO DE DONO. PRECEDENTES DA CÂMARA. ALEGAÇÕES DE INVALIDADE DO CONTRATO, POR TER TRIBUNAL DE JUSTIÇAESTADO DO PARANÁ SIDO CELEBRADO SOB COAÇÃO (ART. 151 A 155 DO CC).INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO. AMEAÇAS DE CHAMAR A POLÍCIA OU EXPULSAR O POSSUIDOR ILEGÍTIMO DO IMÓVEL, CASO NÃO FIRMASSE O CONTRATO DE LOCAÇÃO, QUE CONSTITUEM EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO (ART. 153 DO CC). APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. Afirmações unilaterais constantes em instrumento particular de cessão de posse, relativas ao período em que o cedente teria exercido a posse sobre o imóvel usucapiendo, comprovam apenas a realização da declaração, mas não o fato declarado, nos termos do art. 368 do CPC. 2. Em que pese o contrato de cessão da posse comprove a realização do negócio jurídico de transmissão da posse, não é apto, por si, a comprovar o efetivo exercício da posse pelos cessionários nos períodos compreendidos entre a aquisição contratual da posse e sua transmissão, devendo ser corroborado pelas demais provas dos autos. 3. A realização de pagamentos periódicos por parte do possuidor do imóvel ao proprietário do bem, ainda que não contenham a indicação sobre a qual título foram realizados, indiciam a existência de contrato de locação entre eles, assim como que a posse é exercida em virtude desse negócio. 4. O exercício da posse precária em virtude de contrato de locação impede a aquisição do imóvel pela usucapião, pois ausente o animus domini.Aquele que possui o imóvel sem razão lícita para tanto, ou de chamar a polícia para expulsá-lo, configura exercício regular do direito de propriedade (art. 1.228 do CC), e, portanto, não consubstancia o vício da coação com relação ao contrato de locação celebrado com o possuidor a fim de evitar a concretização de tais ameaças, conforme art. 153 do CC. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. ELEMENTOS A SEREM COMPROVADOS PARA A PROCEDÊNCIA DO PLEITO: TITULARIDADE DO DIREITO DE PROPRIEDADE, INDIVIDUALIZAÇÃO DO BEM E POSSE INJUSTA DOS RÉUS. PRECEDENTES. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO LOCATÍCIA ENTRE AS PARTES.CONTRATO DE ALUGUEL FIRMADO ENTRE OS RÉUS POSSUIDORES E O ENTÃO PROPRIETÁRIO DO BEM.EXAURIMENTO DO PRAZO CONTRATUAL COM A MANUTENÇÃO DOS LOCATÁRIOS NA POSSE DO BEM.CONVOLAÇÃO DO NEGÓCIO EM CONTRATO DE LOCAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO (ART. 56, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.245/91). ALIENAÇÃO DO IMÓVEL NA CONSTÂNCIA DO CONTRATO DE LOCAÇÃO. EXERCÍCIO DA DENÚNCIA PELO ADQUIRENTE SOMENTE APÓS O DECURSO DO PRAZO DECADENCIAL DE 90 DIAS, A CONTAR DO REGISTRO DA ALIENAÇÃO. ART. 8º DA LEI 8.245/91. MANUTENÇÃO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL LOCATÍCIA, APENAS COM MODIFICAÇÃO NA FIGURA DO LOCADOR, O QUAL PASSOU A SER O ADQUIRENTE. AÇÃO DE DESPEJO QUE FIGURA COMO ÚNICO MEIO JURISDICIONAL ADMITIDO PARA RETIRAR O LOCATÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇAESTADO DO PARANÁ DO BEM ALUGADO, RESSALVADA A HIPÓTESE DE DESAPROPRIAÇÃO. ART. 5º DA LEI 8.245/91. INADMISSIBILIDADE DO AJUIZAMENTO DE QUAISQUER OUTRAS AÇÕES POSSESSÓRIAS OU PETITÓRIAS PARA O MESMO FIM. CARÊNCIA DE AÇÃO RECONHECIDA, DE OFÍCIO, ANTE A FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL DO AUTOR, EM RAZÃO DA INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA FUNGIBILIDADE PROCEDIMENTAL ENTRE AÇÃO REIVINDICATÓRIA, DE PROCEDIMENTO ORDINÁRIO, E AÇÃO DE DESPEJO, VEZ QUE O PROCEDIMENTO DESTA ÚLTIMA É ESPECIAL, COM DIVERSAS PECULIARIDADES (ARTS. 58 A 66 DA LEI 8.245/91), AS QUAIS NÃO PODEM SER ATENDIDAS NA ATUAL FASE PROCESSUAL. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO (ART. 267, VI, DO CPC), DE OFÍCIO. ANÁLISE DA APELAÇÃO PREJUDICADA. 1. Não sendo promovida a notificação do locatário pelo adquirente no prazo decadencial exposto no art. 8º, § 2º, da Lei nº 8.245/91, a relação obrigacional locatícia anteriormente existente permanece hígida, havendo apenas modificação quanto à pessoa do locador, que a partir de então passa a ser o adquirente do bem. 2. O único meio judicial admitido pelo ordenamento jurídico para a retirada daquele que possui o imóvel em decorrência de contrato de aluguel é a ação de despejo, ressalvada a hipótese de desapropriação (art. 5º da Lei nº 8.245/91). Demandas petitórias ou possessórias para tal fim figura inadequado e conduz, portanto, à extinção do feito sem resolução do mérito, dada a ausência de interesse processual na modalidade adequação. 4. A aplicação da fungibilidade entre os procedimentos envolvidos no presente caso é incabível, dado que a ação de despejo é ação de procedimento especial, regida pelos arts. 58 a 66 da Lei nº 8.245/91, com diversas peculiaridades às quais o procedimento ordinário pelo qual se desenvolveu a presente ação reivindicatória não observou e que, na atual fase processual, são de impossível atendimento. (TJPR - 17ª C. Cível - AC - 1040958-4 - Curitiba - Rel.: Fernando Paulino da Silva Wolff Filho - Unânime - - J. 25.02.2015).
(TJ-PR - APL: 10409584 PR 1040958-4 (Acórdão), Relator: Fernando Paulino da Silva Wolff Filho, Data de Julgamento: 25/02/2015, 17ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1529 19/03/2015)
4) Temor reverencial
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE FIANÇA. DEFEITO NO NEGÓCIO JURÍDICO. COAÇÃO. ART. 151 DO CC. IMPROCEDÊNCIA. A ameaça de desemprego por parte do empregador/locatário ao empregado/fiador, não representa uma violência psicológica que retira a espontaneidade e o livre arbítrio, capaz de viciar a vontade do agente, ainda que possa representar um temor reverencial, o qual, todavia, não caracteriza coação, na forma do precitado art. 153 do CC. Temor resistível. Improcedência da ação de exoneração de fiança, mantida. Precedentes doutrinário e jurisprudencial. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70049726169, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Catarina Rita Krieger Martins, Julgado em 28/02/2013).
(TJ-RS - AC: 70049726169 RS, Relator: Catarina Rita Krieger Martins, Data de Julgamento: 28/02/2013, Décima Sexta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 08/03/2013)
CONCLUSÃO 
Ao final do presente estudo, concluímos que, a coação, na sua conceituação trata-se da ameaça física ou moral exercida sobre uma pessoa, ou bens, com o objetivo de constranger alguém a realizar um negocio jurídico, sendo então um defeito do negócio jurídico, um vício de consentimento. 
É preciso lembrar que existem dois tipos de coação. A coação física ou absoluta, que é a ameaça física exercida sobre a pessoa que impede qualquer manifestação de vontade sobre o negocio jurídico, implicando assim ausência total de consentimento da vítima. O segundo tipo de coação é a coação moral, uma ameaça psicológica, ou seja, um vício de vontade que acarreta um temor de dano eminente à família, aos bens ou a própria vítima.
Além disso, é importante ressaltar que os dois tipos de coação tem divergências em relação as suas consequências jurídicas. No âmbito da coação física, o efeito jurídico é a nulidade absoluta ou inexistência do negocio jurídico, essa base é mantida pelo fato de o objeto ser indeterminado, uma vontade que não existe. Já no âmbito da coação moral por não obstar completamente a liberdade volitiva, é causa de invalidade (anulabilidade) do negócio jurídico, e não de inexistência.
Do mesmo modo que ocorre com o dolo, também há a distinção da coação em principal e acidental. Tal distinção não provém da lei, mas da doutrina. A principal é aquela que atinge o cerne do negócio, ou seja, a causa determinante do mesmo. A acidental não atinge a causa “principal”, o negócio seria realizado de qualquer maneira, porém de forma diferente, em condições mais favoráveis. Em relação à coação exercida por terceiro, trata-se de uma pessoa que não faz parte da relação jurídica (terceiro) que age para provocar no paciente (coacto) um fundado temor de dano iminente e considerável a sua pessoa, família ou bens, com o objetivo de constranger a pessoa a realizar um negócio jurídico em desacordo com a sua vontade. As consequências da coação de terceiro vão depender se a parte que foi beneficiada tivesse ou não conhecimento da coação. Se a parte beneficiada tiver conhecimento da coação, o negocio jurídico vicia e poderá se anulado, a parte quem aproveitou a coação responde solidariamente com o terceiro coator por perdas e danos. Se não tiver conhecimento, o negócio jurídico subsistirá (não viciará) e não será anulado, e somente o coator (terceiro) responderá por perdas e danos. 
O texto do artigo 151 do Código Civil revela a importância dos requisitos da coação, ou seja, mostra que os requisitos são necessários, pois nem toda ameaça configura coação. Assim para caracterizar precisa-se: ser causa determinante do ato, ou seja, o nexo da causa e do efeito entre a violência e a realização do negócio, mesmo porque sem ele o negócio não se concretizaria; o bem ameaçado, que deve ser significativo, devendo ser de valor superior ao do negócio a ser feito; deve ser grave, ou seja, deve ser de gravidade suficiente para que cause na vítima um temor de dano tanto moral, físico, quanto patrimonial, lembrando que, para constatar a gravidade da ameaça, aferir a coação, deve-se levar em conta as condições particulares da vítima e do caso; deve ser injusta, ou seja, deve ser ilegítima ou contrária ao direito; o dano deve ser atual ou iminente, ou seja, sempre que a vítima não tenha meios para “esquivar-se”; e por fim deve constituir ameaça de prejuízo, à pessoa, à membros de sua família ou à seus bens.
Referente aos excludentes da coação, o artigo 153 do Código Civil deixa claro que o simples temor reverenciale a ameaça de exercício regular de um direito não configuram coação. 
Ainda é válido lembrar-se do disposto no Código de Defesa do Consumidor, o qual garante que o consumidor não deve ser exposto ao ridículo e nem sofrer coação, segundo o artigo 42.
Por fim, há uma grande importância nos artigos 178 e 179 do Código Civil, pois tratam dos prazos para anulação do negocio jurídico. O artigo 178 define que é de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, no caso de coação, contando a partir do dia que ela cessar. Já o artigo 179 determina que quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, contando a partir da data da sua conclusão.
Diante do exposto, nota-se que o Código Civil Brasileiro aborda com atenção os defeitos do negócio jurídico, neste caso em especial, a coação. Fato que se mostra muito importante por conferir amparo àqueles que se sentirem lesados e procurarem apoio na justiça, demonstrando, também, a preocupação do Direito com a população. 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Parte Geral. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017
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DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico.3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998
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