Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 DIREITO DE FAMÍLIA DULCE DINIZ APOSTILA I 3 DIREITO DE FAMÍLIA “A família há de ser mais que fotos nas paredes: quadros de sentido” Luiz Edson Fachin. 1) Arqueologia das famílias: a) Em nome da mãe: Teoria do heterismo: Mac Lenan, Morgan Spencer. Vocábulos como: Anomia Poliandria, matriacardo Matrilinearidade. b) Em nome do pai: Nomadismo -> sedentarismo -> escambo -> propriedade privada 2) Origem do vocábulo Família: Romana- Famulus que significa escravo - Osca Famel – Servus Conjunto enorme de pessoas que se encontrava subordinada ao Pater Familias. Decorre da idéia de subordinação, poder e mando. 3) A acepção do termo família é plurivalente e polissêmica. a) Sentido Restrito = Família nuclear. Art. 1568, CC Amplo = Consanguíneo até o 4° grau. Art. 1839, CC Amplíssimo (lato sensu) Art. 156, parágrafo único. 4 b) Família constitucionalizada: Parâmetros Baseia-se na: Igualdade entre homem e a mulher. Igualdade entre filhos (não importa a origem) Solidariedade e dignidade. Rol constitucional é exemplificativo * - casamento- Art. 226, §1°, 2° da CRFB. - entidade familiar- Art. 226, §3°, 4° CRFB. * Verdadeira cláusula de inclusão que autoriza a doutrina a formular novas concepções: 1) Família Monoparental 2) Família Anaparental 3) Família Unipessoal 4) Família Substituta 5) Família Extensa ou Ampliada 6) Família Isossexual 7) Família Solidária 8) Família Simultânea 9) Família Poliafetiva 10) Família Alternativa 11) Família Virtual 12) Família Sociológica ou Socioafetiva 13) Família Mosaico, protéica, pluriparental, pós-moralista, ensamblada, reconstituída. 14) Família Design 15) Família Eudemonista. (euda= boa monia = daiona, bons espíritos) ( viver com bons espíritos) 5 4) Evolução. CC/1916 CRRB/88 e CC de 2002 Legítima, matrimonializada Também a desmatrimonializada Patriarcal Democrática Hierarquizada Igualitária Biológica, consanguínea Socioafetiva Caráter institucional Caráter instrumental Modelo Patrimonialista Modelo Eudomonista 5) Conclusão As estruturas familiares são guiadas por diferentes modelos, variáveis nas perspectivas espaço-temporais. Considerando suas idiossincrasias e peculiaridades não é possível fixar um modelo uniforme para atender as expectativas da sociedade. Direito de Família ou das Famílias? 1) Introdução: O Código Civil perdeu sua posição central dentro do ordenamento jurídico e a CRFB ganhou supremacia formal e material por meio de seus princípios. Usando a simbologia de Ricardo Lorenzentti, comparando com o sistema solar: A CRFB ( SOL) -> CC (terra) e o ECA, Estatuto do idoso.... ( São satélites) 2) Natureza Jurídica: Direito privado submetido à supremacia axiológica da CRFB, sofrendo inserções e limitações de ordem pública. 3) Novos Rumos: 6 a) Estatização – Crescente ingerência do Estado nas relações Familiares. b) Retração- Nítida redução do grupo familiar. Família Nuclear. c) Desencarnação- Laço social desatrelado do biológico. d) Dessacralização – Substituição da influência religiosa pela autonomia privada. e) Democratização- Substituição da hierarquia pelo companheirismo. 4) Mandamentos de otimização: Princípios norteadores. a) Princípio da dignidade da pessoa humana. Art. 1°, III, CRFB/88 (Macro) b) Princípio da solidariedade familiar c) Princípio da igualdade jurídica entre o homem e a mulher e entre os filhos d) Princípio da intervenção mínima do Estado, autonomia dos cônjuges (art. 1513, CC) e) Princípio da afetividade f) Princípio do pluralismo familiar CASAMENTO 1) Conceito: Art. 1511 2) Natureza Jurídica: Teorias. a) Teoria institucionalista -> Teoria Francesa, anticontratualista. O casamento é uma instituição definida num estatuto imperativo pré organizado ao qual advêm os nubentes. b) Teoria Contratualista - > O casamento trata-se de um contrato especial, resultado do acordo de vontades dos que o contraem. c) Teoria Eclética ou Híbrida -> Contrato na formação, instituição no conteúdo. Logo, acordo de vontades= contrato + aval da lei = instituição. Contrato + aval = casamento. 7 3) Caracteres: a) Personalíssimo- liberdade de escolha e manifestação de vontade b) Ad Solemnitatem- observância a uma série de requisitos. c) Não admite termo ou condição. d) Monogamia – Art. 1521, VI, CC 4) Casamento Religioso com efeito civil: Art. 1515, 1516. São dois os modos pelos quais o casamento religioso alcança os efeitos civis: Art. 1516 §1° e 2°, CC. 4.1) Habilitação prévia: Os nubentes requerem o processo de habilitação no cartório de Registro Civil de pessoa natural. Encerrado o processo de habilitação é extraída uma certidão a ser apresentada ao ministro religioso. O prazo de validade dessa certidão é de 90 dias. Transcorrido o prazo sem a solenidade, os nubentes deverão se submeter à nova habilitação. 4.2) Habilitação à posteriori: Realizada a cerimônia religiosa, os nubentes devem proceder a competente habilitação posterior e só então, de posse da certidão de habilitação, inscrever o casamento no registro público com data retroativa à data da celebração. 5) Capacidade para o casamento: Critério objetivo: a) Idade núbil: 16 anos, desde que autorizadas pelos pais. b) Não será admitido em qualquer caso o casamento de quem não atingiu a idade núbil (Art. 1517). c) A recusa de autorização por um ou ambos os pais pode ser suprida judicialmente. d) Casamento realizado sem autorização- anulável – Art. 1550, II, CC Exceção: Art. 1554 Causa superveniente de convalidação- Art. 1555,§ 2° 8 6) Casamento Isossexual: Resolução n. 175 de 14/05/2013 ‘ É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou conversão de união estável em casamento entre pessoas do mesmo sexo. PROCESSO DE HABILITAÇÃO: 1) Requerimento e documentos: Art. 1525, 1526, Em. 120 2) Proclamas: Art. 1527, 1528, CC En. 513 3) Certidão de habilitação: Art. 1531 e 1532 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: 1) Conceito: Ritual para dar significado e alcance ao ato. 2) Solenidade: Art. 1533, 1534, 1535 3) Suspensão: Art. 1538, CC 4) Assento no livro de registro: Art. 1536 PROVAS DO CASAMENTO 1) Prova Direta ou Específica: Art. 1543 2) Prova Indireta ou Supletória: Judicial- Art. 1546 3) Posse de estado de casados: Art. 1545, 1547 4) Princípio indubio pro casamento Art. 1547 9 IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS Art. 1.521, 1.522, 1.722, 1.723,§1°, CC 1) Conceito: Constituem barreiras legais que, desconsideradas, provoca uma sanção de maior eficácia- Nulidade. 2) São eles: 2.1) Resultantes de parentesco: Art. 1521 I a V, CC IV- Colaterais até 3° grau- interpretado com as atenuantes introduzidas pelo Decreto 3.200/1941- Enunciado 98. 2.2) Resultante de vínculo: Art. 1521, VI, CC- Princípio da monogamia. 3) Opor impedimentos: prescinde de provocação. O juiz ou o oficial de registro que tenha conhecimento do impedimento é obrigado a declaração ex-officio. Quem? Quando? Art. 1522, CC Como? Art. 1529 e 1530, CC 4) Efeito: Art. 1548,II – Nulo. CAUSAS SUSPENSIVAS Art. 1.523 e 1.524, CC. 1) Conceito: São determinadas recomendações capazes de suspender a realização do casamento, caso arguidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-la. 10 2) Objetivo: visam proteger interesses de terceiros, em geral a prole do casamento anterior. 3) São causas suspensivas: a) Para evitar confusão patrimonial- Art. 1523,I, III, IV, CC b) Para evitar a turbatio sanguinis: Art. 1523, II, CC 4) Exceção: Art. 1523, parágrafo único.5) Quem tem legitimidade para alegar suspensão? Art. 1524, CC Enunciado 330 6) Quando? Anunciado os proclamas abre-se o prazo de 15 dias, dentro do qual os legitimados podem alegar a suspensão. Após esse prazo não tem poder de obstar o casamento, mas, ficam sujeitos os nubentes a uma sanção. Art. 1,641, I, CC. 7) Como? Art. 1529 e 1530, CC 8) Efeito do casamento realizado sem atender as recomendações: O casamento é válido, mas é irregular. Art. 1.641, I, CC. TIPOLOGIA ESPECIAL DO CASAMENTO: 1) Casamento religioso com efeito civil: Art. 1515, CC. Com prévia habilitação: Art. 1516, §1° Com habilitação posterior: Art. 1516, §2° 2) Casamento avuncular: Decreto 3200/41. Enunciado 98. 3) Casamento irregular: Art. 1641, I 4) Casamento por procuração: Art. 1542 Realizado com procuração revogada = Art. 1550, V, 1542, §1°, 1560, §2° Causa superveniente de convalidação -> coabitação (crítica) -> decurso do prazo de 180 dias 11 5) Casamento celebrado no exterior: Art. 1544 6) Casamento nos casos de moléstia grave: Art. 1539 Eduardo Leite informa que esse casamento realizado com urgência pressupõe, em regra, prévia habilitação. Impossibilidade que inviabilize a locomoção do doente até o registro civil. 7) Casamento NUNCUPATIVO (viva voz)- Art. 1540, 1541, CC 8) Casamento putativo: Art. 1561 -> Origem: Putare -> Imaginar Nulo ou Anulável -> Produz efeito para cônjuge de boa-fé INVALIDADE DO CASAMENTO Art. 1548 a 1564, CC 1) Formas de desconstituição do casamento: 1.1) Casamento NULO: Art. 1548, II , 1549, CC Enunciado 332. 1848 – por infringência de impedimento 1.2) Casamento ANULÁVEL: Art. 1550, CC I- Casamento proibido -> Lei 13.811/2019 -12/03 II- Menor em idade núbil, não autorizado pelos pais. -> Legitimidade- Art. 155, in fine -> Prazos: Art. 1555, 1ª parte - > 180 dias. Art. 1555, §1° -> Exceção: Teoria da Aparência – Art. 1555, §2° III- Decorrente de vício de vontade: a) Erro Essencial: Art, 1556 – Error in Persona – Art. 1557, CC -> Requisitos: 12 1) Conhecimento posterior ao casamento 2) Insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. -> Prazo: Art. 1560, III – 3 anos. -> Legitimado: Art. 1559 b) Coação: Aplica-se as regras do art. 151 a 155, CC, salvo coação sobre os bens. Prazo: Art. 1560, IV, CC IV- Casamento celebrado com procuração revogada: -> Prazo: Art. 1560, §2° - 180 dias -> A partir do conhecimento. -> Causa superveniente de convalidação: a) Decurso do prazo b) Coabitação V- Incompetência da autoridade celebrante: Prazo: 2 anos. Art. 1560, II EFICÁCIA JURÍDICA DO CASAMENTO Art. 156 a 1570, CC 1) Efeitos pessoais: a) Comunhão plena de vida: Art. 1511, CC b) Planejamento familiar: Art. 1565, §2°, 1567 c) Patronímico: Art. 1565, §1° d) Deveres: Art. 1566, I, II,V OBS: O Código Civil Argentino atual colocou como deveres morais, não jurídicos. Portanto, no Argentino, o descumprimento desses deveres não produz efeito jurídico. Os danos são indenizáveis intermédio da Responsabilidade Civil. Não tem causa no matrimônio em si mesmo, nem os deveres que deles emanam, eliminando a culpa 13 2) Efeitos Sociais: a) Emancipação do cônjuge incapaz b) Vínculo de parentesco por afinidade c) Mudança de estado civil d) Presunção de paternidade- Art. 1597 3) Efeitos patrimoniais: a) Mútua assistência – art. 1566, III b) Sustento, guarda e educação dos filhos. Art. 1566, IV c) Colaboração patrimonial- Art. 1565 e 1568 d) Administração dos bens – Art. 1570 USUFRUTO E ADMINISTRAÇAO DOS BENS DOS FILHOS MENORES Art. 1689 a 1693, CC
Compartilhar