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1 Disciplina: Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Especial Autores: M.e Wanderlane Gurgel do Amaral Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva / D.ra Maria Tereza Costa Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Wanderlane Gurgel do Amaral Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Especial 1ª Edição 2016 Curitiba, PR 3 Editora São Braz FICHA CATALOGRÁFICA AMARAL, Wanderlane Gurgel do. Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Especial / Wanderlane Gurgel do Amaral. – Curitiba, 2016. 37 p. Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva / Maria Tereza Costa. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Especial – Faculdade São Braz (FSB), 2016. ISBN: 978-85-94439-83-3 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina O objetivo principal da disciplina será fornecer subsídios teóricos e práticos para o estudo das bases conceituais, sobre a organização do trabalho pedagógico para a Educação Inclusiva, ou seja, turmas do ensino regular com alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). O desafio é grande, por isso faz-se necessário conhecer mais sobre as formas de ensinar e de aprender do aluno com NEE. Conforme poderá ser visto a avaliação diagnóstica, o olhar clínico e as ações pedagógicas voltadas para esse público, devem ser diferenciados, porém não excludentes, pois quando se vê as potencialidades que todo o ser humano tem, consegue-se entender que o direito à educação é de todos. 6 Aula 1 – Princípios e Política Educacional do atendimento pedagógico para alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) Apresentação Aula 1 Nesta aula serão evidenciadas as Políticas Públicas voltadas para alunos com NEE. Também serão apresentados os princípios e Políticas Educacionais para o atendimento pedagógico a esse grupo de estudantes. 1. Princípios e política educacional do atendimento pedagógico para alunos com NEE Para que você entenda a importância em garantir os direitos dos alunos com NEE como cidadãos, se faz necessário primeiramente que você conheça as políticas públicas voltadas para esse público. Figura 1.1: Alunos com deficiência Fonte: © USAID Vietnam / Wikimedia Commons (https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/03/Dong_A_University_IT_P rogram_for_Students_with_Disabilities.jpg/782px- Dong_A_University_IT_Program_for_Students_with_Disabilities.jpg 7 1.1 Início das políticas públicas voltadas para a Educação Especial – EE no Brasil Existe um movimento mundial em defesa de que todos têm o direito de ter acesso à escola, seja ela em qualquer grau ou nível. Assim sendo, vamos ver quando iniciou o atendimento às pessoas com deficiência no Brasil. Tudo começou na época do Império na cidade do Rio de Janeiro, quando foram criadas duas instituições (para atendimento a deficiência visual e auditiva), uma no ano de 1854 que foi o Instituo dos Meninos Cegos e que atualmente é o Instituto Benjamim Constante (IBC), e a outra, três anos mais tarde, em 1857, o Instituto dos Surdos Mudos, que atualmente é o Instituto Nacional da Educação do Surdos (INES). Acompanhe o quadro a seguir para ver as demais instituições que, inclusive, foram criadas no início no século XX. Saiba Mais Para saber mais, sobre quem foi Helena Antipoff, leia o artigo Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na educação, de autoria de Regina Helena de Freitas Campos. No mesmo é evidenciado a trajetória extraordinária desta psicóloga e educadora. Disponível no acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40142003000300013 ANO INSTITUIÇÃO ATUAÇÃO 1926 Instituto Pestalozzi Especializada no atendimento às pessoas com Deficiência Intelectual. 1954 Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) Visava promover o bem-estar dos excepcionais de forma ampla, destacando-se no país pelo seu pioneirismo. 1945 Helena Antipoff Cria o Atendimento Educacional Especializado para pessoas com Superdotação na Sociedade Pestalozzi http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300013 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300013 8 Somente em 1961, foi que na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 4.024/61) o atendimento às pessoas com NEE foi regulamentado, porém o texto desta Lei era direcionado “ao direito dos excepcionais à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino” (BRASIL, 2008, p. 7). Na época a nomenclatura usada era a palavra excepcional, mas faz-se importante atentar-se que, atualmente utiliza-se a nomenclatura NEE. Um fato importante que aconteceu na década de 70, no ano de 1973 o Ministério da Educação (MEC) cria o órgão responsável pela gerência da Educação Especial, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP). Nesse período as ações educativas foram voltadas para dois públicos: alunos com deficiência física; alunos com altas habilidades ou Superdotação. Vale reforçar que no ano de 1971, a Lei 5.692/71 altera a LDBEN de 1961. Nela define-se o tratamento diferencial ou “especial” para alunos com deficiências física e intelectual (também estavam incluídos nesse grupo os alunos que estavam “atrasados” quanto à idade regular e a série correspondente para a idade própria, e os alunos com altas habilidades ou superdotação). Porém, essa ação não promoveu uma organização que atendesse com eficiência os alunos com NEE, em vez de incluir com eficiência, essa Lei reforça o encaminhamento ou permanência dos alunos com NEE para as classes e escolas especiais. Vale reforçar que, quando começaram as Políticas Públicas voltadas para a Educação Especial no Brasil, desde a criação das primeiras instituições de Educação Especial, vamos entrar no assunto das Políticas Públicas propriamente ditas, no parâmetro da Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente - (ECA) e nas Políticas Nacionais da Educação Especial - (PNEE). 1.2 Políticas Públicas para a Educação Especial Conforme Campos e Tadashi (S/d.): 9 Constituiçãoé o conjunto de leis, normas e regras de um país ou de uma instituição. A Constituição regula e organiza o funcionamento do Estado. É a lei máxima que limita poderes e define os direitos e deveres dos cidadãos. Nenhuma outra lei no país pode entrar em conflito com a Constituição. (CAMPOS & TADASHI, S/d., p.13). Na Constituição Federal (CF) de 1988, o Art. 3º Inciso IV e os artigos 205 e 206, abordam a promoção do direito de todos sem preconceitos; da educação como direito de todos; e da igualdade de condições de acesso e permanência de todos. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1994, reforça esses dispositivos legais e, as Políticas Nacionais da Educação Especial (PNEE), orientam o processo de integração instrucional para o acesso às classes comuns dos alunos com deficiência que têm condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo dos alunos sem deficiência. Na mesma época, o ECA reforçou esses dispositivos legais da Constituição Federal, documentos internacionais como a Declaração de Salamanca (1994) e a Declaração Mundial da Educação para Todos (1990), tiveram influência para a formulação das Políticas Públicas da Educação Inclusiva. Saiba Mais Para saber mais sobre leia na integra - Declaração de Salamanca. Disponível no acesso: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf - Declaração Mundial da Educação para Todos. (Jomtien, 1990). Disponível no acesso: http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf Os esforços para que a educação inclusiva tivesse força no Brasil e no mundo foram grandes. As autoridades entenderam que as pessoas com deficiência, são pessoas que apenas têm alguma limitação e que isso não as impedem de aprender, pois a capacidade cognitiva que todos nós temos, sem http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf 10 exceção, é real, “porém, a inteligência é um processo a ser construído e precisa de uma série de oportunidades para acontecer" (GROSSI, 2014). Para começar a descortinar a capacidade cognitiva que todos nós, sem exceção, temos, vale a pena conhecer a frase "Nasceu gente, é inteligente". Ela foi cunhada pelo educador suíço Jean Piaget (1896- 1980), biólogo que dedicou a vida à observação científica do processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano. Categoricamente, ele desmonta a crença de que a inteligência trata-se de uma bênção concedida somente para alguns poucos iluminados. "Desde o nascimento até a hora da morte, todo ser humano tem potencial para aprender algo novo" (GROSSI, 2014, S/p.). Vale reforçar que no embasamento da CF/1988, e nas demais Leis, Textos e Diretrizes voltadas para a valorização da pessoa humana (não somente no âmbito social, mas principalmente no âmbito escolar), é perceptível que as pessoas com deficiência começaram a ter um pouco mais de espaço e acesso ao conhecimento. 1.3 Parâmetros específicos para o atendimento educativo na perspectiva da Educação Inclusiva As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, especificamente na Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º que em sua redação diz que: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades [educativas] especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001) Corroborando com o que diz esta resolução, Veiga (2007, p. 11) firma que, “a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos” e isso poderá ser previsto no Projeto Político Pedagógico da escola, pois ele busca uma direção no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias para que as escolas cumpram aquilo que propuseram e intencionam realizar. Atualmente, a Constituição Federal (1988); a LDB 9.394/96 e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2011) fazem 11 referência à inclusão, com a finalidade de garantir o direito de todos ao ensino, preferencialmente na rede regular, inclusive às pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Para Refletir Estão previstas nas Políticas Públicas do Brasil, as medidas que dispõem sobre a inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais ou sociais, ou do trabalho. Por que essas políticas não são aplicadas de fato? A resposta para esse questionamento é complexa e precisaria de um discurso mais acurado dos fatos, porém, o que se pode dizer é que: As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educativo especializado complementar ou suplementar a escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir ensino regular, não potencializa a adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino (RESOLUÇÃO CNE/CEB nº 2/2001). Existem outros documentos legais e leis que predispõem em suas redações, ações voltadas para a Educação Especial. O Decreto nº 3.298/99, que regulamenta a Lei nº 7.853/89, dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, além de outras diretrizes, “define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular” (Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação, 2008, p. 8). O Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001. A redação destaca o desejo, a idealização de se produzir uma escola que atenda “a diversidade humana”. Essa redação é muito importante e profunda ao meu ver, porque ela ultrapassa as barreiras, tem uma visão holística, não quer apenas incluir as 12 pessoas com NEE, mas, a todos. Só assim, a escola atenderia a pessoa humana (como previsto na CF/1988). Vocabula rio Visão holística: A visão holística da educação é um novo modo de relação do ser humano com o mundo; uma nova visão do cosmos, da natureza, da sociedade, do outro e de si mesmo. O Decreto nº 3.556/2001 promulgou aqui no Brasil a Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (CONVENÇÃO DA GUATEMALA), de 28 de maio de 1999. Essa convenção teve como objetivo garantir os direitos das pessoas com deficiência e principalmente afirmar que essas pessoas têm os mesmos direitos humanos e fundamentais que as pessoas sem deficiência têm, inclusive define como discriminação quando há exclusão ou diferenciação que anulem o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades. Importante Atualmente, não se utiliza mais a terminologia pessoas portadores de deficiência e sim, Pessoas com Deficiência. Resolução CNE/CP nº 1/2002 é voltada para a formação de professores da educação básica para atuarem na educação especial. Seu objetivo principal é direcionado para as instituições de ensino superior, que devem: a) prever formação docente voltada para a adversidades; 13 b) contemplar conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com NEE. A Lei nº 10.436/02 que determina a garantia do uso da Língua Brasileira de Sinais, apoio ao seu uso e sua difusão. A Portaria 2.678/02 que regulamenta, difunde e aprova diretrizes para a produção de materiais no Sistema Braille e essa recomendação abrange todo o território nacional. É perceptível que os esforços são grandes, tanto nacional, como internacionalmente para que a inclusão aconteça de fato, mas, não se pode pensar em Políticas Públicas para a inclusão de pessoas comdeficiência, em qualquer âmbito, como obrigação, e sim, reconhecendo que essas pessoas têm os mesmos direitos que as pessoas sem deficiência. Faz-se importante um repensar de maneira humanizada na pessoa com deficiência (como pessoa humana), tornado a inclusão (mais humana e) parte do nosso dia a dia. Resumo da Aula 1 Nesta aula efetuou-se um panorama dos princípios e políticas educacionais específicas para a Educação Especial. Evidenciaram-se as Leis e documentos legais, os quais regulamentam, organizam e delegam sobre a inclusão de pessoas com necessidades especiais no espaço escolar e na sociedade. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a importância da aplicabilidade das Políticas Públicas, no processo inclusivo. 14 Aula 2 – Acessibilidade, adaptações e currículo Apresentação da Aula 2 Nesta aula será estudado sobre acessibilidade em vários aspectos, tais como: à escola, ao currículo e aos serviços de apoio especializado; adaptações curriculares e recursos pedagógicos adaptados; currículo e etapas de escolarização de estudantes com NEE. 2. Acessibilidade, adaptações e currículo Ao falar de serviços de apoio especializado, se faz primeiramente necessário averiguar o que diz a Lei sobre esse assunto. O Decreto nº 7.611/2011 que dispõe sobre a Educação Especial, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e dá outras providências diz, em seu Art. 1º parágrafo I, que o Estado tem como dever, garantir em todos os níveis e de forma não discriminatória com embasamento da igualdade de oportunidade, um sistema de educativo inclusivo. No artigo 2º dá diretrizes específicas quanto à eliminação de barreiras que “possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação”. Esse Decreto também dá diretrizes quanto aos objetivos do Atendimento Educacional Especializado e como eles são compreendidos. 2.1 Serviços de Apoio Especializado Os Serviços de Apoio Especializados (SAPE) tem como principal foco eliminar barreiras que de alguma forma obstruam o processo de escolarização de alunos com NEE. Isso inclui as pessoas com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação. 15 Saiba Mais Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas que costumam manifestar-se nos primeiros cinco anos de vida. Caracterizam-se pelos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades. Os TGD englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett”. (NADAL, 2011, S/p.). Os serviços de apoio especializado são compreendidos como: [...] conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas: I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação. (BRASIL, 2011, S/p.). São exemplos de serviços de apoio especializados: a) Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), é o local onde acontece o Atendimentos Educacional Especializado. b) Atendimento Educacional Especializado (AEE), identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade. 2.1.1 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) As SRM são espaços físicos localizados geralmente nas escolas públicas. Nesses espaços deve ter: mobiliário próprio, materiais didáticos e pedagógicos e tecnologias assistivas e específicas. Para trabalhar nesses espaços o professor precisa ter formação tanto do magistério, quanto na educação especial. O Atendimento Educacional Especializado (AEE), acontece principalmente dentro das salas de recursos. Esse atendimento serve para 16 organizar e elaborar os recursos pedagógicos para a educação especial. Não se caracteriza pelo ensino tradicional, pois precisa ser diferente do ensino para pessoas sem deficiência. Um erro constante é que esses espaços são confundidos como "sala de reforço escolar", quando na realidade neles acontecem ações que eliminam barreiras e oferecem ao aluno com NEE recursos que facilitarão a comunicação e a interação social. Nos atendimentos educacionais especializados, devem ser trabalhados: Libras; Braille; Utilização de Tecnologias Assistivas (TA); Preparação do aluno para conhecer os materiais pedagógicos e tecnológicos que facilitarão o ensino/aprendizagem do mesmo; Materiais didáticos e paradidáticos; Utilização de sintetizadores de voz, “softwares para comunicação alternativa e outras ajudas que possibilitem o acesso ao currículo” (BRASIL, 2011). A União também proporcionará aos gestores e instituições, apoio para a ampliação das SRM e dos atendimentos especializados e de formação continuada, principalmente na formação em Libras e em Braille. 2.2 Adaptações curriculares e recursos pedagógicos adaptados No que tangem as adaptações curriculares e recursos pedagógicos adaptados, faz-se necessária a compreensão de duas ações. A primeira trata de como a escola deve se preparar para se adaptar para receber os alunos com NEE e, a segunda é a preparação de recursos pedagógicos próprios para atender essa clientela. Vamos começar pelas adaptações curriculares. Antes de se pensar na inclusão primeiramente deve-se avaliar algumas situações, por exemplo: 17 Capacitação de professores; Organização para a oferta de uma educação de qualidade para todos os alunos com NEE; Prever no Projeto Político Pedagógico, no currículo e na avaliação, ações efetivas que de fato irão proporcionar integração social e para que sejam de fatos includentes. Isso porque muitas vezes a escola, ao invés de incluir exclui, uma vez que incluir não significa matricular alunos com NEE nos espaços escolares; incluir significa, propor formação de professores e dar suporte a eles; significa ter espaços, recursos, materiais didáticos e paradidáticos, dentre outras ações. Quando a escola apenas matricula alunos com NEE sem pensar no suporte necessário para que haja uma ação pedagógica, ela apenas cria um rótulo de inclusão que não se sustenta sem essas ações. Portanto, incluir vai muito além de matricular alunos com NEE. Quando a escola não pensa nessas ações, a carga fica muito pesada para os professores, para os alunos em geral e para a instituição como um todo. Mediante isso é que foi pensado a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a escola inclusiva junto à Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, que pensou em um Currículo específico para a educação inclusiva. As adaptações curriculares, portanto, são: Estratégias e critérios de situações docentes, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino- aprendizagem pressupõe atender a diversificação de necessidades dos alunos na escola (MEC/SEESP, 1998, p. 15). 2.2.1 Adaptações pedagógicas e adaptações de acessibilidade ao currículo Existem dois tipos de adaptações curriculares, que são: adaptações de acessibilidade ao currículo e adaptações pedagógicas. 18 A primeira está voltada à eliminação de barreiras arquitetônicas e metodológicas, por exemplo, as condições físicas, rampas, banheiros adaptados, intérprete de Libras, textos em Braille e outras tecnologias assistivas que são essenciais para que o aluno possa frequentar o ambiente escolar sem sesentir excluído e se sentir autônomo, porque quando há essas adaptações de acessibilidade, o aluno pode participar ativamente das atividades acadêmicas propostas para todos os alunos, incluindo os que não têm NEE. A segunda se refere, literalmente, às adaptações que devem acontecer no planejamento, nas atividades e nas formas de avaliar, ou seja, adaptações em todo o currículo ou em alguns aspectos dele. Essa parte pensa exclusivamente na acomodação dos alunos com NEE. 2.3 Recursos Pedagógicos adaptados Um dos objetivos dos recursos pedagógicos adaptados é contribuir para a diminuição das limitações do aluno, além de: Contribuir com o trabalho do professor; Ampliar possibilidades tanto para o professor quanto para o aluno com NEE; Ampliar possibilidades de melhorias educativas, sociais, emocionais e inclusivas. É importante dizer que para que os recursos pedagógicos adaptados sejam de fato viáveis eles devem ser pensados de acordo com a necessidade educacional do aluno, porém devem atender aos dois atores do ensino/aprendizagem: o aluno e o professor, pois o objetivo principal é que o aluno de fato aprenda e que o professor possa trabalhar com seus alunos tanto na sala de aula quanto na SRM. A elaboração e a confecção do recurso pedagógico adaptado só atenderá as necessidades educacionais dos alunos quando houver a parceria com outros profissionais, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, professores, 19 diretores, coordenadores e vários outros profissionais que devem ser incluídos, de acordo com as necessidades dos alunos. 2.4 Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) Antes de falarmos sobre o PDI, vamos refletir um pouco sobre o papel do professor da educação inclusiva. Já sabemos que para atuar nessa área, o professor precisa ser formado na área pedagógica, principalmente ser especializado em educação especial. O professor nessa área tem o papel de mediador, facilitador, que busca encontrar meios para entender como o aluno aprende e assim, possa mediar o conhecimento com eficácia. Também fará essa mediação utilizando os recursos tecnológicos, os materiais didáticos e paradidáticos e os demais recursos adaptados, utilizados nas SRM. Porém, para que tenha sucesso com os alunos com NEE, "o professor precisa identificar e conhecer as suas competências e os recursos/estratégias de ensino que proporcionem [ao aluno] sua aprendizagem, de forma a superar ou compensar os comprometimentos e/ou dificuldades existentes" (POKER et al., 2013, apud GALVES E SEBARTIAN, 2002). Na Sala de Recursos Multifuncionais, a ação pedagógica do professor deve ser planejada para suprir e criar condições favoráveis para as ações educativas dos alunos com NEE. Essa ação do professor deve ser planejada e muito bem elaborada. Para isso, ele utilizará o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI). O PDI é um documento que o professor da Sala de Recursos Multifuncionais, deve elaborar. O objetivo do PDI é registrar os dados da avaliação do aluno com NEE, e a elaboração do plano de intervenção pedagógica que o professor irá desenvolver na SRM. O PDI é constituído por duas partes: parte I - Informações dos alunos; parte II - Plano Pedagógico Especializado (PPE). 20 O PDI tem os mesmos princípios de um portfólio (mas apenas princípios, pois não são substituíveis um pelo outro), pois nele haverá o registro individual e coletivo e servirá como base de dados: Entrevista com os pais; Dados do prontuário escolar do aluno; Relatório de profissionais da saúde; Anamnese realizadas etc. Esse estudo também pode contar com a participação da equipe pedagógica e dos demais profissionais da escola. O PDI tem várias etapas e dentre elas está a avaliação, mas, essa avaliação não é um instrumento de medida para saber o que o aluno conhece ou não e sim, é adaptada para o sistema educativo inclusivo. Perceba que na Educação Especial (EE) a avaliação é utilizada como instrumento de mediação, porque é por meio dela que o professor perceberá se a escola atende às necessidades dos alunos com NEE, no sentido de propiciar condições de aprendizagem que lhes sejam favoráveis. Essa avaliação permite também: Identificar quais são os elementos facilitadores; Se há barreira para que a aprendizagem aconteça; Identificar as NEE existentes no próprio aluno, por exemplo, problemas visuais, intelectuais, comportamentais, motores, auditivos, dentre outros. Vale reforçar que essas ações devem ser previstas no PDI. 2.4.2 Etapas do PDI A primeira parte do PDI trata da avaliação e apresenta cinco itens, conforme veremos a segui: 21 Parte I – Informações e avaliações do aluno: 1. Identificação Nome completo; Data de nascimento; Endereço; Cidade. 2. Dados da família Nome do pai; Nome da mãe; Profissão, escolaridade e idade do pai; Profissão, escolaridade e idade da mãe; Número de irmãos; Mora com. 3. Informações escolares Nome da escola; Endereço da escola; Ano de escolaridade atual (classe regular); Idade em que entrou na escola; História escolar (comum) e antecedentes relevantes; História escolar (especial) e antecedentes relevantes; Motivo do encaminhamento para o Atendimento Educacional. Especializado (dificuldades apresentadas pelo aluno). 22 4. Avaliação geral Na avaliação, para cada item há uma especificidade a ser avaliada: Âmbito familiar: nesse item deve-se descrever como são as condições familiares do aluno, como: Características do ambiente familiar (condições da moradia e atitudes). Convívio familiar (relações afetivas, qualidade de comunicação, expectativas). Condições do ambiente familiar para a aprendizagem escolar. Âmbito escolar: nesse âmbito devem ser descritas quais as condições da escola no momento de receber o aluno com NEE e atender às suas necessidades. Cultura e filosofia da escola; Organização da escola; Recursos humanos; Atitudes frente ao aluno; Professor da sala de aula regular. 5. Avaliação do aluno Geral – são apresentados subtópicos e por serem avaliativos, englobam várias perguntas. São descritas as condições de saúde do aluno: alguma deficiência, problemas de comportamento e/ou problemas de saúde. Condições de saúde em geral Necessidades educacionais do aluno. Desenvolvimento do aluno 23 Função cognitiva; Função motora; Função pessoal/social. Nos itens da avaliação devem ser apontados quem são os responsáveis pela avaliação: nome da professora da sala de aula regular; nome da professora da Sala de Recursos Multifuncionais e a data da avaliação. Somente após esse parecer diagnóstico deve-se organizar o planejamento pedagógico no Atendimento Educacional Especializado (AEE), considerando as potencialidades e as dificuldades apresentadas pelo aluno. Em seguida deve-se averiguar quais as necessidades educacionais especiais que constituem os objetivos que serão parte do planejamento pedagógico no atendimento educacional especializado. Após à primeira parte do PDI, é hora de realizar a segunda parte que é o Plano Pedagógico Especializado (PPE). 2.5 Plano Pedagógico Especializado (PPE) Lembro que o PPE é a segunda parte do PDI. Assim sendo, nesse subitem serão abordadas as etapas para a sua elaboração. No PDI parte I foram realizadas várias investigações que permitem ao professor do AEE realizar um plano de ação eficaz na promoção da aprendizagem do aluno. Ou seja, as ações do PPE servirão para o professor elaborar um planejamento pedagógico para ser trabalhado na SRM. Não se esqueça que esse planejamento deve atender às condições individuais de aprendizagem do aluno. 2.5.1 Itens da parte II – PPE Nome do aluno; Ano escolar; Ano; 24 Datade nascimento; Período de execução do PDI; Professora do AEE; Professora da classe regular. Ações necessárias para atender às necessidades educacionais especiais dos alunos. Âmbitos: escola, sala de aula, família, saúde. Dentro de um desses âmbitos devem ser descritas as seguintes informações: Ações necessárias já existentes; Ações necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas; Responsáveis. A organização do Atendimento Educacional Especializado pode dividir-se em: Tipos de AEE: Sala de Recursos multifuncionais; Intérprete na sala regular; Professora de Libras; Tutor em sala de aula regular; Atendimento domiciliar; Atendimento hospitalar; Outras? Quais? Frequência semanal: 2 vezes por semana na SRM; 25 3 vezes por semana na SRM; 4 vezes por semana na SRM; 5 vezes por semana na SRM; Todo o período de aula, própria sala de aula; Outras? Quais? Tempo de atendimento: 50 minutos por atendimento; Durante todas as aulas, na própria sala de aula; Outras? Quais? Composição do atendimento: Atendimento individual; Atendimento grupal; Atendimento na própria sala de aula, com todos os alunos; Outros professores envolvidos; Orientações a serem realizadas pelo professor de AEE. Sala de Recursos Multifuncionais: As áreas a serem trabalhadas nas SRM são: Objetivos; Atividades diferenciadas; Metodologia de trabalho; Critérios de avaliação; 26 Avaliação do período (relatório final, além das informações citadas acima deverá conter a data, o nome do professor do AEE e a assinatura do mesmo). Para a inclusão acontecer de forma eficaz, se faz necessário muito mais que a ação educativa do professor, pois para que a escola seja inclusiva é preciso o envolvimento de toda a instituição de ensino. Resumo da aula 2 Nesta aula evidenciaram-se as Salas de Recursos Multifuncionais, as adaptações curriculares necessárias (para que a ação pedagógica ocorra de fato), bem como os recursos pedagógicos adaptados. Porém, para que realmente o processo ensino/aprendizagem ocorra, é necessário realizar as duas etapas do PDI, porque é a partir delas que o professor, tanto da sala de aula regular, quanto da SRM poderá realmente organizar o trabalho pedagógico que atenda às necessidades individuais do aluno com NEE. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre as duas etapas do PDI. Aula 3 – Desenvolvimento do aluno com NEE Apresentação Aula 3 Nesta aula serão evidenciadas as ações para que o aluno com NEE se desenvolva e alcance resultados positivos na promoção do conhecimento. Você também aprenderá sobre as terminalidades específicas e em qual momento elas são aplicadas. 27 3. Desenvolvimento do Aluno com NEE Atualmente, são muitos os estímulos que os alunos recebem, tanto do ambiente interno, quanto externo à escola. Isso favorece o desenvolvimento democrático e intelectual dos alunos, incluindo aqueles com NEE que têm os mesmos direitos de se desenvolverem como pessoas, por isso, faz-se importante a abordagem sobre o que dispõe a Constituição Federal de 1988, nos Art. 1º e 3º. 3.1 O que diz a Constituição Federal No Artigo 1º a CF diz que "a República Federativa do Brasil [...] constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos, no item III "a dignidade da pessoa humana". No item II trata da dignidade dos valores sociais do trabalho. O artigo 3º da CF no item IV trata da promoção do bem-estar de todos e especifica que deve acontecer "sem preconceito de origem, raça, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Quanto ao primeiro item do Art. 1º da CF: a dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho. Definir Dignidade da Pessoa Humana é complexo. É certo que se pode contar com numerosas reflexões sobre o tema. Não há meios, contudo, para se aferir um conceito definitivo sobre o assunto. Algumas noções, entretanto, são convergentes: a) a felicidade é o fim do Ser Humano; b) o direito surge do homem e para o homem; e, c) a Dignidade está fora do contexto do que pode mensurar na esfera econômica, sendo parcela essencial dos Direitos da Personalidade. Desta forma a Dignidade deve estar no núcleo destes direitos, ser preservada no que alude fundamentalmente: integridade física e psíquica (SIQUEIRA, S/d.). Considerar a dignidade da pessoa humana é garantir direitos inerentes do ser humano. Assim sendo, a CF confere à pessoa humana seu pleno exercício da cidadania. Com isto pode-se dizer que as Políticas Públicas voltadas para a inclusão de pessoas com deficiência tiveram grandes avanços. 28 Para que o aluno com NEE se desenvolva, verdadeiramente, é preciso realizar avaliações diagnósticas e da aprendizagem por meio do PDI. É a partir dessas avaliações que a ação pedagógica acontecerá de fato, atendendo às necessidades individuais dos alunos. A avaliação vai muito além do que averiguar o que o aluno sabe e o que ele ainda precisa aprender. Nesse caso, a avaliação diagnóstica e a avaliação da aprendizagem terão como pressupostos o processo pedagógico, psicológico e psicopedagógico. No diagnóstico pedagógico serão averiguados todos os aspectos que envolvam a aprendizagem. Ele permite ao professor conhecer o aluno individualmente ou em grupo; como ele é na família; suas particularidades e necessidades; o que o motiva; suas habilidades e potencialidades. 3.2 Terminalidade Específica A Terminalidade Específica trata-se de uma certificação para o aluno que não consegue alcançar o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental. Ela se aplica tanto a alunos com NEE que apresentem: Deficiências e Transtornos Globais do Desenvolvimento, quanto para os alunos com Altas Habilidades ou Superdotação. Nesse segundo caso prevê a aceleração de estudos e deve ser solicitada por escrito pelo aluno e/ou pelo seu representante legal. A Terminalidade Específica ocorrerá por meio de certificação da conclusão de escolaridade, onde constará de forma descritiva e não por meio de nota, as competências desenvolvidas pelos alunos. Também constará o encaminhamento desses alunos para a EJA e/ou para a educação profissional. Esse é um assunto que nos traz reflexões sobre alguns aspectos. Uma pergunta que vem à tona é: se o aluno tem algumas "limitações" e/ou dificuldades no ensino fundamental, como serão trabalhadas na EJA as ações pedagógicas para esse aluno? Sabe-se que essa é uma questão bastante delicada. Primeiro, porque a falta de profissionais especializados ou que tenham interesse em trabalhar com 29 alunos com NEE é eminente; segundo, porque os professores que trabalham com a EJA poderão não dar continuidade ao trabalho de avaliação necessário para que, de fato, o processo ensino/aprendizagem do aluno com NEE aconteça. Analisando a terminalidade específica a partir da LDB 9.394/96 que prevê duas formas de certificação do ensino fundamental: por conclusão; por Terminalidade Específica. A certificação por conclusão se aplica aos alunos que, por méritos próprios, conseguiram concluir o ensino fundamental na idade própria e com conhecimentos de leitura, escrita e cálculo. A certificação por terminalidade prevista na Res. Nº 2 de 2001 é direcionada aos alunos que não apresentaram resultados semelhantes aos citados na certificação por conclusão. É importante enfatizar que: O certificado de conclusão de escolaridade específico, difere da "conclusão" do ensino fundamental, pois, por meio dele, pode identificar o nível de conhecimento alcançado pelo aluno, possibilitando-lhe, em tese, novas alternativas educacionais, como previsto em lei (LIMA e MENDES, 2011, p. 196). Não há registros específicos que orientam como a terminalidade específica,deve acontecer, por isso: [...] os critérios ficam à cargo das instituições de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de curso, com as especificações cabíveis (BRASIL, 1996, p. 25). Assim sendo, a escola deve descrever as habilidades e competências dos alunos com NEE e/ou com Altas Habilidades ou Superdotação, tomando o cuidado para que ao em vez de incluir, a terminalidade específica, possa ser excludente. 30 Resumo da Aula 3 Nesta aula evidenciou-se a terminalidade específica, juntamente com a abordagem de como o aluno com NEE se desenvolve e como ocorre a promoção da conclusão do ensino fundamental para esses alunos e para os que têm Altas Habilidades ou Superdotação. Nesse segundo caso pode ocorrer a aceleração de estudos. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre quais as ações deverão ser aplicadas para que o aluno com NEE se desenvolva e alcance resultados positivos na promoção do conhecimento. Aula 4 – Dinâmica da educação inclusiva no cotidiano da sala de aula Apresentação da Aula 4 Nesta aula será evidenciada as maneiras de como o aluno com NEE poderá se desenvolver (como aluno) e como ocorre a avaliação da aprendizagem na Educação Especial Inclusiva. 4. Dinâmica da educação inclusiva no cotidiano da sala de aula Para atuar na área da Educação Especial, se faz necessário que o professor tenha formação específica para lidar com as diversas situações decorrentes das especificidades de cada aluno. 4.1 Professores das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) Os professores das SRM enfrentam vários obstáculos, principalmente por falta de estrutura nas escolas. A ausência dessas salas, inclusive, é um desses 31 obstáculos, e nesse caso o professor acaba carregando a "responsabilidade maior" na inclusão de alunos com NEE. Partindo desse princípio, surge a necessidade de se entender que para ter sucesso no processo de inclusão, o primeiro passo a ser dado é investir na formação de professores e na estruturação dos espaços físicos das instituições de ensino. Os alunos com NEE necessitam de atendimento especializado e é essa formação do professor que fará a diferença, pois ele saberá lidar com as diversas possibilidades e desafios, além de saber identificar os alunos com NEE e realizar ações educacionais que os ajudarão a se desenvolverem como pessoa humana. Conforme Freire (2011): Os docentes, no contexto da sala de aula, precisam conhecer os seus alunos [...] e saber identificar as dificuldades existentes em cada aluno de forma particular [...] para que possa discutir de forma participativa, estratégias eficazes que possam amenizar as dificuldades apresentadas, dos alunos. (FREIRE, 2011, S/p.). Uma ação pedagógica inclusiva deve começar desde o Currículo do curso, cujo conteúdo abordado deve ser único, ou seja, o mesmo que será trabalhado na sala de aula regular deverá ser trabalhado nas SRM. Porém, como já dissemos nas aulas anteriores, esse conteúdo deve ser trabalhado de forma diferenciada para atender as necessidades dos alunos com NEE individualmente, ou seja, o conteúdo será o mesmo, mas, as abordagens pedagógicas, a metodologia e os recursos didáticos deverão ser diferenciados. Assim sendo, Freire (2011), diz que: Os professores, como qualquer professor dinâmico, flexível e inovador, precisam estar atrelados ao ambiente da inclusão, eles precisam agir, aliando suas práticas pedagógicas, às suas ações afetivas, porque, quem lida com alunos especiais, deve necessariamente agir com certa afetividade. (FREIRE, 2011, S/p.). Não se deve tomar como afirmativa que o professor é o único que deve fazer a diferença na inclusão de alunos com NEE, e sim, que ele enfrenta vários desafios e por isso, precisa ter um olhar clínico quando atuar na Educação Especial. Esse olhar significa enxergar o aluno com NEE como pessoa humana. 32 4.2 Avaliação da aprendizagem na Educação Especial Avaliar é antes de tudo averiguar as potencialidades de cada aluno. Avaliar o aluno com NEE precisa de vários fatores para que ao invés de incluir, ela não seja excludente. Por isso, a avaliação de alunos com NEE deve ser diagnóstica considerando todas as situações de aprendizagem, respeitando as limitações desses alunos. Assim sendo, avaliar o aluno com NEE da forma tradicional ou sem critérios, fará com que ele se sinta excluído, pois essa forma de avaliar não leva em conta suas limitações. Vale reforçar sobre o PDI, especificamente no que tange a avaliação do aluno com NEE e as suas condições de saúde em geral, o seu desenvolvimento incluindo as funções cognitivas, motoras e sociais. A partir da análise desses itens é que se parte para o PPE e o professor, ao realizar seu plano de aula deverá prever, na avaliação, as dificuldades e potencialidades do aluno com NEE, pois, conforme Fernandes e Viana (2009, p. 314), a oferta de ambientes educacionais ricos em estímulos favorece, indubitavelmente, o desenvolvimento democrático da inteligência. 4.3 Exemplo prático Como exemplo prático, será relatada uma experiência como docente de um aluno com NEE. Para preservar sua identidade, seu nome será modificado. “Receber Rodrigo na sala de aula do curso de Pedagogia foi um grande desafio. A equipe pedagógica composta por duas psicopedagogas e uma gestora e a mãe de Rodrigo foi o primeiro passo para que a inclusão acontecesse. Após essa reunião, traçamos metas, porém apesar da anamnese, fez-se necessário perceber o aluno na sala de aula, suas potencialidades e suas dificuldades. Ele se desenvolveu bem na sala de aula, porém no período de provas estávamos diante de um cenário desafiador, pois, além da disciplina que eu lecionava, era preciso também que os demais professores tivessem o mesmo olhar clínico na hora de avaliar. 33 Assim sendo, efetuaram-se as seguintes perguntas: Quais as potencialidades de Rodrigo? Quais são suas dificuldades? Quais recursos utilizar? Após aos questionarmos, ficou perceptível que Rodrigo é auditivo e utilizou-se esse recurso como uma das estratégias de ensino/aprendizagem. Para que Rodrigo conseguisse entender o que seria estudado em cada aula, foi necessário contextualizar dizendo o que seria trabalhado e ao final fazer um breve resumo. Sua dificuldade na escrita era outro desafio. Assim sendo, ele realizava a prova no computador, porém, devido à sua pouca coordenação motora fina, algumas questões se perdiam e/ou não eram marcadas. Outro fator perceptível, foram que as questões de múltiplas escolhas deveriam ser evitadas, porém, os conteúdos eram os mesmos trabalhados nas provas com os demais alunos. Outro desafio que criou uma expectativa muito grande foi a avaliação das respostas dadas por Rodrigo. Para não o excluir, Rodrigo fazia a prova no mesmo ambiente e no mesmo horário que seus colegas de classe, porém no atendimento psicopedagógico, a psicopedagoga fazia as mesmas perguntas da prova para ele e em seguida registrava suas respostas, pois ele assimilava bem, aquilo que era falado em sala de aula.” Avaliar é muito mais que dar nota, a avaliação do aluno com NEE precisa ser diagnóstica e holística, pois o intuito é incluir e não excluir o aluno e, incluir significa ofertar Educação de qualidade e individualizada para que haja realmente a ação/reflexão/ação daquilo que está sendo ensinado e daquilo que está sendo aprendido. O professor que trabalha na área de Educação Especial, deverá ter conhecimento e habilidades. Como diz Freire (2011, S/p.) “deve necessariamente agir com certa afetividade”. 34 O conhecimento da Educação Especial é muito importante para a atuação docente nesta área, pois isso permitirá aos professores que nela atuam, competências e habilidades que facilitarão organizaros trabalhos de forma que o aluno seja valorizado como pessoa humana. Não somente para isso, mas também para atuar no Atendimento Educacional Especializado, com a mediação entre os conhecimentos adquiridos nas salas regulares e os que serão mediados nas Salas de Recursos Multifuncionais. Resumo da aula 4 Nesta aula foram focados assuntos de grande relevância para a educação especial, a dinâmica da Educação Inclusiva na EE e a avaliação da aprendizagem do aluno com NEE. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre o a importância do olhar clínico no atendimento do aluno com NEE. 35 Resumo da disciplina Nesta disciplina o foco foi a atuação e a organização do trabalho pedagógico para Educação Especial, a qual está pautada em pressupostos que vão muito além de matricular alunos nas escolas públicas. Evidenciou-se a importância da acessibilidade em seus vários aspectos, tais como: à escola, ao currículo, serviços de apoio especializado, adaptações curriculares e recursos pedagógicos adaptados, os quais visam auxiliar nas etapas de escolarização de estudantes com NEE. Contextualizou-se a terminalidade específica (com a abordagem de como o aluno com NEE se desenvolve e como ocorre a promoção da conclusão do ensino fundamental para esses alunos), apontando de forma elucidativa as leis que respaldam esse processo. Essa organização deve ser pensada e repensada a partir de análises e avaliações que permitam que o currículo desenvolva, de fato, o potencial humano dos alunos e que esses superem atitudes de preconceito e discriminação em relação às diferenças que são discriminatórias e excludentes. 36 Referências BRASIL. Decreto nº 7.611 de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em: Abr./2016. BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: Abr./2016. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Portal de Ajudas Técnicas para Educação: equipamento e material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física: recursos pedagógicos adaptados / Secretaria de Educação Especial - Brasília: MEC: SEESP, 2002, fascículo 1. 56p.: il. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: Abr./2016. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf Acesso em: Abr./2016. FERNANDES, T.L.G.; VIANA, T.V. Alunos com necessidades educacionais especiais (NEEs): avaliar para o desenvolvimento pleno de suas capacidades. Disponível em: < http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1495/1495.pdf>. Acesso em: Abr./2016. GROSSI, E. Como areia no alicerce: os ciclos escolares. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2014. LIMA, S.R. and MENDES, E.G. Escolarização da pessoa com deficiência intelectual: terminalidade específica e expectativas familiares. Rev. bras. educ. espec. [online]. 2011, vol.17, n.2, pp.195-208. ISSN 1413- 6538. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413- 65382011000200003>. Acesso em: 13 abr 2016. MAZZOTA, M. Educação Especial e Inclusiva. N.7 (maio 2003) – Niterói: EdUFF, 2003. p.11- 18. Artigo publicado em: Movimento: Revista de Educação da Universidade Federal Fluminense. Disponível no acesso: http://www.bancodeescola.com/identidade.htm Acessado em: Jun./2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#adct http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#adct http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/quadro_DEC.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/quadro_DEC.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1495/1495.pdf 37 NADAL, P. O que são os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD)? São Paulo: Revista Nova Escola, 2011. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/transtornos-globais-desenvolvimento- tgd-624845.shtml Acessado em: Jul./2016. Plano de Desenvolvimento Individual para o Atendimento Educacional Especializado / POKER, R.B.... [et al.]. – São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2013 184p. https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/af-livro_9_poker_v7.pdf Plano de desenvolvimento individual para o atendimento educacional especializado / POKER, R.B.... [et al.]. – São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2013. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/af-livro_9_poker_v7.pdf>. Acesso em: Abr./2016. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf Revista Veja: Todos podem aprender. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/todos-podem-aprender- 521723.shtml SARTORETTO, M.L.; BERSCH, R. Atendimento Educacional Especializado – AEE. Programa da TV Escola: Salto para o Futuro - Série Escola De Atenção Às Diferenças. Disponível em: < http://www.assistiva.com.br/aee.html>. Acesso em: Abr./2016. UTA, A.C.N.S.; ANDRADE, P.; SILVA, R.A.; SAMESHIMA, F.S.L. UNISALESIANO. Recurso Pedagógico Adaptado: parceria entre professor, tutor, coordenador e estagiários de pedagogia. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/teias/isaac/VCBCAA/pdf/116251_1.pdf>. Acesso em: Abr./2016. https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/af-livro_9_poker_v7.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/todos-podem-aprender-521723.shtml http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/todos-podem-aprender-521723.shtml http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=624:salto-para-o-futuro-serie-escola-de-atencao-as-diferencas&catid=71:destaque http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=624:salto-para-o-futuro-serie-escola-de-atencao-as-diferencas&catid=71:destaque http://www.assistiva.com.br/aee.html http://www.ufrgs.br/teias/isaac/VCBCAA/pdf/116251_1.pdf
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