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Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 Existem inúmeros alvos nas bactérias que são susceptíveis aos fármacos com o objetivo de: Impedir sua multiplicação, como os bacteriostáticos; Destruir as bactérias, como os bactericidas. Antibióticos β–lactâmicos Existem 04 classes desses antibióticos e muitos medicamentos dentro dessas classes. São elas: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemos e monobactâmicos. Essas classes têm em comum a presença de um anel beta-lactâmico. Penicilinas Em 1928, Alexander Fleming descobriu a penicilina. Os fármacos dessa classe apresentam o ácido 6-aminopenicilânico (6-APA) em comum. Em cima dessa molécula são feitas as alterações que geram as penicilinas de outras gerações. O anel β–lactâmico é essencial para a atividade de todos os antibióticos β– lactâmicos. Contudo, algumas bactérias apresentam a penicilinase, o que as torna resistentes a maioria das penicilinas. Essa enzima quebra o anel penicilinico e sem ele a molécula não tem quase nenhuma atividade antibiótica. Evolução das penicilinas As primeiras penicilinas (G e V) não apresentavam resistência a penicilinase, o que as deixava sem efetividade com relação as bactérias que apresentassem essa enzima. Além disso, a penicilina G tinha baixa absorção via oral. Anel penicilinico Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 As penicilinas desenvolvidas posteriormente, como a meticilina, oxacilina, cloxacilina e dicloxacilina eram resistentes a ação enzimática da penicilinase. Classificação da penicilinase Quando se fala de fármacos de 2ª, 3ª e ademais gerações estamos falando literalmente sobre fármacos que foram desenvolvidos depois de outros (o de terceira foi desenvolvido depois do de segunda e etc). Só que para ser considerado um fármaco de uma nova geração ele tem que acrescentar alguma característica a classe. As primeiras penicilinas Elas eram sensíveis ao ácido, o que não permitia que elas fossem administradas via oral. No ambiente ácido do estômago, o próton do HCl atacava a carbonila e abria o anel. Elas não são ativas em bactérias gram- negativas porque não conseguiam atravessar a dupla camada desses micróbios. Além disso, as bactérias resistentes possuíam β-lactamase que agia como o ácido atacando a carbonila e abrindo o anel. Nesse sentido, com o objetivo de melhorar esse fármaco os pesquisadores foram fazendo alterações na molécula. Penicilinas ácido-resistentes Importantes para o tratamento por via oral. Eles adicionaram na cadeia lateral um grupo eletrofílico (que atrai elétrons), assim o elétron da carbonila, que antes era atacado pelo ácido, foge pra região eletrofílica deixando essa carbonila desinteressante para o ácido estomacal intergair. Assim foi reduzida a afinidade química do ácido pela carbonila. Penicilina β-lactamase resistente (antiestafilocócica) Antes Depois Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 Os pesquisadores adicionaram ao radical da molécula grupamentos químicos volumosos, porque assim a enzima não consegue ter acesso (literalmente) ao anel β-lactamico. Penicilina β-lactamase e ácido resistente Foram adicionados grupamentos volumosos e eletrofílicos (juntaram as duas ideias). Penicilinas de amplo espectro (aminopenicillinas) Os pesquisadores descobriram que as penicilinas, até então, não tinham hidrofilicidade suficiente para atravessar as membranas dessas bactérias. Dessa forma, eles adicionaram grupamentos químicos capazes de aumentar o caráter hidrofílico da cadeia lateral. Associação das penicilinas com inibidores da β-lactamase Os pesquisadores juntaram duas moléculas: uma que tinha efeito antibiótico e outro que era inibidor da β-lactamase. Assim, eles aumentavam a sobrevida química dos antibióticos que seriam degradados pela enzima anteriormente. Como podemos perceber, as estruturas químicas das penicilinas são parecidas com as dos inibidores da β-lactamase. Isso ocorre porque como a enzima cliva o anel β- lactâmico, os cientistas desenvolveram uma molécula com essa característica mas que funcionasse como inibidor. Assim, quando a enzima se liga a essa molécula para clivar, a molécula trava a enzima inibindo-a (eles possuem uma afinidade maior com a enzima que a penicilina). Dúvida: Se o ácido clavulônico é apenas um inibidor da β-lactamase e não um antibiótico, porque foi observado esse efeito de redução pequena do nº de bactérias? Resposta: Por conta da semelhança estrutural e química. Embora ele não seja um antibiótico, sua estrutura é bastante parecida com a das penicilinas, essa Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 semelhança química é suficiente para que a β-lactamase confunda as duas moléculas, mas não é suficiente para que o ácido clavulânico atue na enzima alvo da penicilina (transpeptidase) porque sua afinidade com ela é baixíssima, então acaba com muitas poucas bactérias. Ação antibiótica prolongada: Sais de penicilina de baixa solubilidade Esses sais se solubilizam com dificuldade no tecido intramuscular, de modo a formar reservas que vão sendo liberados lentamente. Cefalosporina Descoberto em 1945 pelo profº Giuseppe Brotzu, isolado da Cephalosporium acremonium. Cefalosporina C (Newton e Abraham, 1953) possuíam um amplo espectro de ação e eram resistentes à ação da pinicilinase estafilocócica. A partir de 1961 a molécula base da cefalosporina foi descoberta - ácido 7-aminocefalosporâmico (7-ACA). Ao longo dos anos os pesquisadores realizaram modificações em alguns radicais: Modificações em R1: Espectro de ação, Estabilidade às β-lactamases, Afinidade da molécula pelo alvo Modificações em R2: Aumento da meia vida Exemplos Cefalosporinas de primeira geração Cefalosporina de segunda geração (Penicilina pura) Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 Cefalosporina de terceira geração Cefalosporina de quarta geração Resumo da evolução das gerações. Na quarta geração conseguiu estabilizar Cefalosporina de quinta geração (ceftobiprole) Evolução das gerações. Cefasolin tem excelente atividade antibactericida contra estafilococus áureos sensível a meticilina. Conforme as gereções foram aumentando foi-se acrescentando algumas coisas, até que a quinta geração consegue ter ação antibiótica nas bactérias mais comuns, e são as únicas com capacidade antimicrobiana contra Staphylus áureos resistentes à insulina. *quanto mais retardamos a introdução de antibióticos de uma geração nova, mais tempo de garantia a gente tem. Monobactâmicos e Carbapenemos Carbapenemos Produzido por Streptomyces cattleya. Possui espectro de atividade mais amplo que os outros β lactâmicos. P principal representante: Imipenem (administrado em combinação com a cilastatina - Inibidor de desidropeptidase tubular renal). Atividade contra microorganismos aeróbios e anaeróbios (Estreptococos, Enterococos, Estafilococos e Listeria). Monobactâmicos Produzido por Chromobacterium violaceum. A principal representante: Aztreonam Atividade apenas contra gram negativos (semelhante aos aminoglicosídeos). Atividade contra enterobacterias e pseudômonas. Útil em pacientes alérgicos a penicilina. Mecanismo de ação dos β lactâmicos Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 Parede celular bacteriana Nas gram+ as β-lactâmicos estão na superfície da parede celular, nas gram- negativas elas estão entre as duas membranas isso é importante porque quando o β-lactâmicos acessa o local de ação, esse local tem uma grande concentração de β-lactâmicos e isso dificulta sua passagem nas gram negativas.Outra coisa importante: a mureina é um polímero de peptídeoglicano, os monômeros se ligam de duas formas, uma ligação linear para aumentar a extensão da camada e uma ligação angular para aumentar a altura da camada. A síntese da parede celular das bactérias se inicia com a formação do monômero (um glicopeptídeo) que tem um açúcar e aminoácidos. Uma vez formado, ele precisa ser acoplado ao outro, o acoplamento linear acontece através de uma ligação entre carboidratos por meio da trasnglicosilação. Os resíduos de peptídeo contem 5 aminoácidos de glicina, os últimos dois aminoácidos dessa ligação é a D-alanina. Transglicosilação: etapa que vai ligar um monômero e outro pelos açúcares Biossíntese da parede celular bacteriana Transpepidação: vai ligar um peptídeo ao outro, essa ligação ocorre entre a glicina 5 de um monômero com a D-alanina 4 de outro Laís Sena e Thaís – Medicina FTC 2020.2 Estrutura química de uma D-Ala D-Ala (estrutura parecida com a da penicilina). Um fármaco β-lactâmicos é similar à ligação de dois aminoácidos. Reações adversas aos β-lactâmicos Hipersensibilidade Diarreia Nefrite Neurotoxidade Toxicidade hematológica Toxicidade catiônica Quando uma proteína humana se liga à esse betalactamico o nosso corpo vai entender que essa proteína está modificada e os anticorpos vão começar a atacar. Mecanismos de resistencia aos antibioticos 1. Bloqueio da entrada de antibióticos, alguns precisam de transportadores. 2. Produção de enzimas que inativam os antibioticos 3. Alteração do alvo molecular. 4. Elas podem aentar a expressão de bombam de efluxo, que são os transportadores que jogam o antibiotico de dentro pra fora da célula. Tipos de betalactamases Classe A: Espectro ampliado – Destroem as penicilinas, algumas cefalosporinas e carbapenens Classe B: Destroem todos os β-lactâmicos exceto Aztreonam Classe C: Destroem as cefalosporinas Classe D: Destroem a cloxacilina
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