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Semiologia - @medinspira Sistema digestivo [Cavidade Bucal]* Anatomia e fisiologia: A cavidade bucal desempenha funções referentes à mastigação dos alimentos e à fonação. A ingestão e a digestão do alimento começam pela mastigação feita pelos dentes, com auxílio da língua e pela ação química da saliva. Para fonação concorrem a língua, os dentes e os lábios, além de cavidades ressonadoras (nasais, paranasais e bucofaríngea); Tem formato oval, sendo limitada anteriormente pelos lábios, lateralmente pelas bochechas, inferiormente pelo soalho muscular, posteriormente pelo istmo da faringe e superiormente pelo palato. Comunica-se com o exterior pela abertura dos lábios com a faringe, por meio do istmo da garganta. O vestíbulo da cavidade bucal é o espaço entre as bochechas e os lábios e os ossos maxila e mandíbula e os dentes. Lábios: limitam a cavidade bucal. Seu epitélio possui glândulas sudoríparas e sebáceas. O lábio superior está separado da bochecha pelo sulco nasolabial e o lábio inferior é separado do mento pelo sulco labiomentual. No ângulo da boca é formado uma depressão, a comissura labial. Mucosa bucal (bochechas): o músculo bucinador é responsável pela manutenção da tensão, movimentação e flexibilidade da bochecha. Na parte posterior encontram-se o músculo masseter e a glândula parótida. Anteriormente, a mucosa limita-se com os lábios e a comissura labial. Na mucosa bucal encontra-se glândulas mistas e sebáceas isoladas, ectópicas. O conduto parotídeo abre-se no vestíbulo bucal, no nível da face vestibular do segundo molar superior, evidenciado por uma elevação da mucosa, a papila parotídea. Entre as fibras dos músculos masseter e bucinador, existe o corpo adiposo da boca (Bichat). Mucosa do sulco vestibular: região entre as mucosas bucais, com textura frouxa do tecido submucoso. A mucosa que recobre o osso alveolar e o colo dos dentes constitui a gengiva livre e a gengiva inserida. Na linha mediana, ligando a mucosa dos lábios, há os freios/pregas labiais superior e inferior. Cavidade bucal própria: apresenta contorno periférico formado pelos ossos alveolares e arcadas dentárias. O soalho é muscular, tendo na parte posterior a base de fixação da língua. O teto é formado pelo palato duro, pelo palato mole e véu palatino. Na boda livre do palato mole, encontra-se a úvula palatina, o arco palatoglosso e o arco palatofaríngeo, e entre eles está a fossa amigdalianas. Gengiva: está ligada aos dentes e à maxila ou à mandíbula. Em pessoas brancas tem cor rósea pálida. Dentes: a ordem dos dentes, do meio ao final é: incisivo central, incisivo lateral, canino, 1° pré-molar, 2° pré- molar, 1° molar, 2° molar, 3° molar (siso). Semiologia - @medinspira Glândulas salivares: são divididas em maiores e menores, e em serosas, mucosas e mistas. As glândulas salivares menores estão espalhadas na cavidade bucal, sendo nos lábios a maioria mucosa e na bochecha, mista. As glândulas maiores são as parótidas (serosa), submandibulares (mucosserosa) e sublinguais (mista/mucosserosa). Saliva: participação na higiene bucal e na manutenção da saúde bucal, lubrificação, proteção física, limpeza mecânica dos dentes e mucosa bucal e ação antibacteriana. Possui componentes orgânicos (mucina, ptialina, alfa-amilase, albumina, amilase, lizosima, gamaglobulinas, etc) e componentes inorgânicos (sódio, potássio, cálcio, cloro, bicarbonato, fosfato, flúor, etc). Articulação temporomandibular (ATM): articulação entre a mandíbula e o crânio; é dupla, e funciona à pressão, dependente da oclusão dos dentes e do sistema neuromuscular. O disco intra-articular fica entre a mandíbula e o osso temporal. Os músculos da mastigação levantam a abaixam a mandíbula, realizam movimentos de lateralidade, protusão e retrusão. Temos: os músculos levantadores da mandíbula (masseter, temporal e pterigoideo medial), mm abaixador da mandíbula (digástrico) e protusão da mandíbula (pterigoideo lateral). Anamnese: Dor de dente: causa mais comum são as cáries, abrasão, erosão e traumatismos que expõe a dentina (sensível) – dor localizada, aguda, de curta duração. Pulpite: grande perda do esmalte, ocorrendo um processo inflamatório da polpa. • Obs: os processos periodontais que provocam dor de dente na cavidade bucal são os abcessos agudos periapical e periodontal, a osteomielie e a alveolite. Abcessos: processos inflamatórios; com sintomas locais e gerais. Dor aguda, pulsátil, contínua, localizada n fase inicial, tornando-se reflexa a distância, associada à tumefação e extrema sensibilidade. Pode ser acompanhada por febre, mal-estar, anorexia, dores articulares e linfadenite regional. Osteomielite: inflamação supurativa dos ossos (maxilomandibular). Dor intensa, febre, linfadenopatia regional, mobilidade e sensibilidade dolorosa dos dentes, parestesia ou anestesia do lábio inferior (acometimento da mandíbula). Trismo: dificuldade ou impossibilidade temporária ou permanente da abertura bucal. Causas: Disfunção da ATM, fratura de cabeça de mandíbula, etc. Halitose: odor bucal desagradável. Causas locais: higiene, doenças gengivais e periodontais, cáries, tabagismo, lesões com ulcerações, hemorragias ou necrose. Causas gerais: respiratórias (rinite, adenoidite, corpo estranho, sinusite, bronquite, etc.), digestivas (gastrite, colite, insuficiência hepática, etc.), metabólicas (diabetes, uremia) e psicogênicas (ansiedade). Xerostomia: boca seca. Causas: respiração bucal, ronco, desidratação, etc. Sangramento gengival: leucemia, gengivite. dengue, anemia, traumas, úlceras, nódulos, etc. Exame físico: Necessita-se de uma boa iluminação, paciente estar sentado, médico de frente ou de lado e utilizar espátulas, afastadores, gaze e técnica de palpação adequada (digital, bidigital ou digitopalmar). Região extrabucal: palpar linfonodos, musculatura e glândulas. Lábios: palpação bidigital, avaliar textura, flexibilidade e consistência), à inspeção avalia-se cor, formato, fissura e lesões. Achados: palidez (anemias), cianose (cardiopatias), vermelhidão (queilite), escurecimento (doença de Addison), aumento de volume e espessura (hipotireoidismo, acromegalia, cretinismo, angioedema, neoplasia, inflamação). Língua: paciente deve abrir a boca e deixar a língua em repouso, para avaliar tamanho, ponta da língua e bordas Semiologia - @medinspira laterais. A seguir, paciente coloca a língua p/ fora, e médico usa uma gaze entre indicador e polegar para tracionar a língua para visualizar, superfície lateral, dorsal e base. Pedir o paciente para colocar ponta da língua no palato duro para visualizar superfície ventral da língua. A palpação é bidigital, usa-se mão esquerda para puxar a língua para fora (pinça) e mão direita verifica a consistência e alterações. Solicitar ao paciente para executar movimentos da língua. Bochechas: deve ser afastada com uma espátula de madeira para a inspeção. A palpação é com o polegar para fora e o indicador dentro da boca. Sulco vestibular: paciente abre a boca e afasta a bochecha com uma espátula. Observar cor, textura e contornos das gengivas. Soalho: paciente coloca língua para cima e para trás, com cabeça ligeiramente para baixo. Palpação bimanual, dedo indicador de uma mão no soalho e a outra acompanhando externamente, ou palpar com o indicador. Examinar as glândulas e os ductos e o freio lingual. Palatos: paciente deve ficar com cabeça ligeiramente fletida para trás. Inspecionar a cor, rafe palatina, pregas palatinas e papila palatina. Palpar com a polpa do dedo indicador, a densidade, textura e alterações. Dentes: utilizar espátula para afastar bochechas e lábios. Inicia-se do último molar esquerdo até o último direito. Na inspeção, avaliar coroa dos dentes (cor, manchas, tamanho, formato, estrutura anatômica, número, erosão, abrasão, fraturas, macrodontia e cáries). Palpar com os dedos “em pinça” paraverificar mobilidade dental. Glândulas salivares: com uma espátula localiza-se os ductos das glândulas. Parotídea (ducto na bochecha, nível do 2° molar superior). No soalho, de cada lado o freio lingual, visualiza-se os ductos submandibulares e ao lado, as papilas sublinguais (ductos de Rivinus). Palpação da glândula parótida é realizada com as polpas digitais de uma mão, e a outra mão sob a cabeça do paciente. A palpação da submandibular é bimanual (introduzir um dedo na boca e a outra mão externamente). Na palpação pesquisa-se consistência, sensibilidade, limites, flutuação, mobilidade, temperatura e massas. Saliva: fazer massagem na glândula, observar se é clara, viscosa, gelatinosa ou purulenta. Alterações: sialorréia (estomatites, intoxicação por mercúrio, raiva, náuseas) e hipossalivação (febre, diabetes, cólera, diarreias, diuréticos e radioterapia). ATM: na inspeção o paciente deve abrir e fechar a boca lentamente, avaliar grau de abertura (35 a 55 mm), observar desvio da articulação e tumefação. Palpar processos condilares, verificar condições de deslizamento, alterações da excursão, dor e ruídos. Realizar manobras: pré tragus (dedos indicadores na região anterior do trágus, observar rotação, translação, uniformidade dos movimentos e ruídos) e pós tragus (dedo mínimo no meato acústico, com suave pressão, em direção à superfície posterior do processo condilar, observa-se rotação, translação, harmonia dos movimentos, ruídos e dor à pressão). Realizar ausculta da articulação, sobre o mm masseter, pedir o paciente para abrir e fechar a boca, notar se há crepitar suave (normal) e estalos (comprometimento). Exames complementares • Radiografias: periapical, interproximal, oclusal, posteroanterior, axial, etc. • Cintigrafias: analisa a ATM (grau de inflamação e se há desalinhamento), disfunções glandulares e neoplasias. • Ressonância • Tomografia • Biópsias: diagnóstico de CA bucal. • Citologia: raspagem de células superficiais de uma lesão (benigna). • Cultura Semiologia - @medinspira • Ultrassom: indicada para disfunção de ATM, lesões nas glândulas salivares, massas císticas, etc. • Modelos de estudo: modelos de arcadas para análise de oclusão, formato e disposição dos dentes. Patologias Agnatia: ausência congênita de uma das maxilas ou da mandíbula. Micrognatia: hipoplasia da mandíbula ou maxilar, congênita ou adquirida (distúrbio da ATM). Magrognatia: maxilares grandes (acromegalia, doença de Paget). Lábio duplo: dobra excessiva do lado mucoso do lábio. Astomia: ausência da fenda bucal, união completa entre os processos mandibular e maxilar (micro ou macrostomia). Quilosquise: fenda labial ou lábio leporino; pode ser uni ou bilateral, mais comum no lábio superior; pode associar à fenda do osso alveolar, palato duro ou até palato mole. Quadro clínico: disfagia, regurgitação pelas fossas nasais, odinofagia, distúrbios da fonação e alterações psicológicas. Microglossia: congênita; língua pequena ou rudimentar. Macroglossia: congênita ou adquirida (CA, neurofibromatose, hemangioma, síndrome de Down, hipotireoidismo, acromegalia, etc). Consequências: deslocamento dos dentes, má oclusão, dificuldade de pronunciar palavras e indentações na língua. Angioglossia: fusão entre a língua e o soalho da boca, total ou parcial. Restrição dos movimentos, dificuldade na alimentação e fala. Língua bífida: língua totalmente fendida. Língua fissurada ou escrotal: numerosos e pequenos sulcos/ranhuras no dorso da língua. Eventualmente se apresenta irritada e com ardor pelo acúmulo de restos alimentares. Glossite rômbica: congênita, zona média lingual, sem papilas (aglomerado nodular, endurecido, de contornos irregulares, indolor). Peutz-Jeghers: manchas pigmentadas na face, lábios e cavidade bucal, geralmente associadas à pólipos intestinais. Síndrome de Rendu-Osler-Weber: congênita, numerosas áreas teleangiectásicas ou angiomatosas na pele e mucosa bucal e com repetidas hemorragias. Microdontia: dentes menores que o normal. Macrodontia: dentes maiores que o normal. Amelogênese imperfeita: alteração do esmalte dentário (dentes amarelo-castanho a castanho-escuro), exposição da dentina (aumento da sensibilidade, dificuldade de mastigação, oclusão anormal e suscetibilidade à cárie aumenta). Agenesia congênita de glândulas salivares maiores: xerostomia (boca seca), mucosa oral seca, lisa ou granulada, rachadura nos lábios, aumento da placa dentária, cáries, etc. Ausência congênita de um ou mais ductos das glândulas salivares: pode resultar na formação de um cisto de retenção (salivar). Xerostomia grave. Leucoplasia da mucosa bucal: áreas esbranquiçadas, existência de placas brancas, aderentes (não desprendem na raspagem), indolores. Fazer biópsia (4 a 6% de desenvolver CA). Etiologia: tabaco, álcool, irritação crônica da mucosa, desnutrição, hipovitaminose, etc.) Candidíase bucal: infecção por fungo (Candida Albicans). Apresenta-se como placas brancas, múltiplas e ligeiramente elevadas, “leite coalho”, que se desprendem facilmente por raspagem, deixando fundo vermelho sangrante e dolorido. Quadro clínico: sialose, halitose, linfadenomegalia, febre, anorexia, cefaleia e Semiologia - @medinspira mal-estar. Fatores: mais frequente na infância e nos idosos, etilismo, leucemia, diabetes, uso de antibióticos, hipovitaminose B, gravidez, anemia, AIDS e desnutrição. Líquen plano: doença mucocutânea, ocorre após os 30 anos; lesões como linhas brancas com arranjo rendilhado ou em filigrana, não raspáveis, assintomáticas. Etiologia: estresse, tensão nervosa. Língua pilosa: alongamento/hipertrofia das papilas filiformes e aspecto branco piloso da superfície dorsal da língua. É assintomática e mais frequente em homens. Etiologia: tabagistas, bactérias, fungos, xerostomia, higiene bucal precária. Língua geográfica (glossite migratória ou areata esfoliativa): uma ou mais áreas irregulares de descamação do dorso da língua. Lesões iniciais avermelhadas, com desaparecimento das papilas filiformes com bordas definidas e esbranquiçadas de aspecto circinado. Paracoccidioidomicose: fungo, micose crônica grave, caracterizada por comprometimento do pulmão (pedir RX) e ocorrência de lesões ulcerativas das mucosas e da pele. Mais incidente em homens de 20-60 anos. Aparecem ulceras vegetantes, de bordas irregulares, indolores, de fundo avermelhado, com granulações finas e pontilhados hemorrágicos (estomatite moriforme), sialorréia, gengivite, hemorragias gengivais. Lesões com início na gengiva, e se estende pra lábio, língua, palato e bucofaringe. Língua saburrosa: acúmulo de substancia branco- acinzentada. Aparece em pacientes, febris, tabagistas, desidratados e ao despertar. Aftas: lesões ulceradas, dolorosas, isoladas ou em pequenos grupos, se iniciam como vesículas e se rompem. Etiologia: estresse, trauma, menstruação, distúrbios digestivos. Herpes: quadro clínico tem início após incubação de 3 a 7 dias, com mal estar geral, febre, irritabilidade, cefaleia, anorexia e linfadenopatia. Manifestações bucais: vesículas claras com halo eritematoso em volta, que se rompem e formam ulcerações rasas de fundo branco-amarelado com zona eritematosa, edemaciada e extremamente dolorosa. Manifesta-se quando há: diminuição da resistência orgânica, distúrbio digestivo, febre, tensão emocional, traumatismos, exposição ao calor, fadiga, ansiedade, menstruação, gravidez e gripes. Gengivite ulceronecrosante aguda: inflamação aguda, que produz destruição ulcerativa necrótica da gengiva livre. Etiologia: associação de um espiroqueta e um bacilo, junto com má higiene, tártaro, irritações físicas e químicas, trauma, estresse, afecções respiratórias, diabetes, desnutrição, alcoolismo. Queilite angular: inicia-se com amolecimento da pele nos cantos da boca, acompanhado de fissuras. Causada por hipovitaminose B (riboflavina)ou infecção secundária por Candida. Hipoplasia do esmalte dentário: estrias horizontais e indica perturbação metabólica. Causa: raquitismo. Dentes de Hutchinson: presença de incisivos laterais superiores com formato de “chave de fenda”, por perda dos ângulos, e molares com forma de “amoras”. Causa: sífilis congênita. Angioedema ou edema de Quincke Labial: aumento súbito, de aspecto edematoso, do lábio. Causa alérgica. Granuloma piogênico: ocorre na gengiva, há formação de tecido vermelho, vascularizado, que ulcera durante a mastigação. Ocorre processo inflamatório agudo, com dor, necrose e formação de escara branca. Causa: trauma e infecção. Carcinoma epidermóide: 95% dos casos, apresenta-se ulcerativo, exofítico e verrucoso. A lesão inicial é uma úlcera rasa, indolor, com base vermelho-aveludada e bordas firmes. Etiologia: irritação crônica, tabagismo, álcool, irradiações ionizantes. Frequente no sexo masculino, em meia-idade e idosos. Semiologia - @medinspira Mucocele: formação decorrente de retenção salivar, cisto de retenção quando é revestido por epitélio e tecido conjuntivo fibroso. Ducto de uma glândula menor é seccionado por traumatismo e a secreção escapa e se acumula nos tecidos superficiais. Frequentemente da face interna do lábio inferior. Rânula: cisto de retenção no soalho da boca, por obstrução dos ductos das glândulas sublinguais e submandibulares. Elevação lenta, assintomática, azulada, flutuante, mole. Parotidite (caxumba): infecção viral aguda, com tumefação uni ou bilateral das parótidas. Sinais e sintomas: cefaleia, anorexia, febre, calafrios, náuseas, vômitos, dor subauricular, aumento de volume das parótidas, com consistência firme, fluxo salivar diminuído, tumefação do orifício do ducto parotídico, dor durante a mastigação e deglutição dos alimentos. [Esôfago]* Anatomia e fisiologia: o esôfago tem em média 40cm. Tem íntima relação com a margem inferior da 6ª vértebra vertical. A porção distal situa-se no nível da 10ª ou 11ª vértebras torácicas. O se trajeto está marcado por 3 curvas. O coração (átrio esquerdo com a parede anterior do esôfago), vasos da base (aorta) e o brônquio esquerdo causam certa compressão no esôfago. Tem relação direta com o pericárdio. O segmento infra-hiatal do esôfago encontra-se frouxamente ligado ao diafragma pela membrana frenoesofágica. As constrições do esôfago são de origem funcional: 1ª – abaixo da cartilagem cricoide, 2ª abaixo do cruzamento do brônquio direito (região do arco aórtico) e a 3ª próxima ao hiato diafragmático. A sua mucosa possui pregas longitudinais, com epitélio estratificado pavimentoso, e na cárdia, a transição para o epitélio cilíndrico gástrico é abrupta, chamada linha zeta. O esôfago possui as glândulas produtoras de muco e as cárdicas. Entre as camadas musculares lisas interna e externa do esôfago, possui uma bainha de tecido conjuntivo com o plexo mientérico de Auerbach e uma rede de vasos sanguíneos. A irrigação provém de 4 grupos arteriais: • Esôfago cervical – aa tireoidianas inferiores e subclávias; • Metade do esôfago torácico – aa brônquicas e aa esofágicas da aorta descendente; • Esôfago torácico inferior – pequenos vasos, oriundos da aorta ou das intercostais direitas; • Esôfago abdominal – aa frênicas inferiores, direita e esquerda, gástrica esquerda e esplênica. Drenagem venosa: há dois plexos venosos, anterior e posterior, que desaguam no sistema jugular. Dispõe de dois plexos intrínsecos (subepitelial e submucoso) e um extrínseco (periesofágico). Sangue do segmento proximal é conduzido pela v. tireoidiana inferior até a s. cava superior, e no esôfago inferior drena diretamente no sistema ázigos. A porção distal drena para o sistema porta pela v. gástrica e gastroepiploica. • Obs.: Na transição esofagogástrica, existem finas anastomoses entre o sistema porta e cava, e na hipertensão portal as anastomoses se dilatam e as veias do plexo submucoso se dilatam causando as varizes esofágicas. O esôfago tem inervação intrínseca (plexos nervosos intramurais – plexos de Auerbach e submucoso de Meissner) e extrínseca (simpática e parassimpática). • P. mientérico de Auerbach: regulação da contração (motilidade); • P. submucoso de Meissner: função secretora. Funções: transportar o bolo alimentar da boca ao estômago, e impedir o refluxo do conteúdo gástrico. É provido de um esfíncter superior e um inferior, que permanecem contraídos e só relaxam com estímulo neurogênico, na deglutição. A deglutição tem três fases: voluntária, faríngea e esofágica. Os impulsos oriundos da mucosa dessas áreas se dirigem ao bulbo, de onde partem os impulsos pelos nervos trigêmeo, glossofaríngeo e vago, determinando uma série de Semiologia - @medinspira contrações musculares e relaxamento do musculo cricofaríngeo. Existe a onda peristáltica primária e a secundária, esta impele o remanescente de seu conteúdo em direção ao estômago e forma-se por estímulo de mecanorreceptores existentes na parede do esôfago. • Obs.: nos distúrbios motores do esôfago surgem contrações involuntárias, ondas terciárias. • Aperistalse: ausência de contrações primárias e secundárias. • Acalasia: ausência de relaxamento do esfíncter. Anamnese: Disfagia: dificuldade à deglutição. • Alta/bucofaríngea ou de transferência: alimento permanece todo ou em parte na cavidade bucal, podendo haver aspiração para a árvore traqueobrônquica. • Baixa/esofágica ou de transporte: sensação de parada do bolo alimentar no esôfago, embora não possa localizar precisamente o nível da obstrução. Pode ocorrer devido a uma obstrução de natureza orgânica e alterações motoras. Tipo de alimentação? Disfagia com alimentos: • Sólidos – obstáculo mecânico; • Líquidos e sólidos: alteração da motilidade. Evolução: • Intermitente: obstruções de natureza orgânica, (membranas e anéis) e distúrbios motores (espasmos) • Progressiva: neoplasias e estenoses, megaesôfago e acalasia. Duração: • Longa duração, anos, com pouco comprometimento do estado geral – doença benigna; • Início recente, com acentuada perda de peso – doença maligna. Odinofagia: dor à deglutição. Comumente associada à disfagia. Dor urente, em punhalada, constritiva ou espasmódica. A dor urente representa grau mais intenso da pirose e é frequente na esofagite péptica, sendo exacerbada pela ingestão de alimentos ácidos ou condimentados. Causas: monolíase, esofagites, ulcerações agudas por medicamentos (cloreto de potássio, antiinflamatórios, brometo de emepronio). Nos distúrbios motores, a disfagia se deve a contrações musculares de maior intensidade do esôfago distal ou a lesões da mucosa. Pirose/azia/queimação: principal sintoma do refluxo gastroesofágico. De localização retroesternal, no apêndice xifoide, podendo se propagar para a região epigástrica, para ambos os tórax ou em direção ascendente até o manúbrio esternal. Ocorre quase sempre após as refeições, desencadeada por frituras, álcool, café, frutas cítricas, chocolate e decúbito. Causas: pirose constante sugere insuficiência do mecanismo que impede o refluxo, como o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago, hérnia hiatal, hipotonia do esfíncter inferior, estase e hipersecreção gástrica, cirurgias prévias na cárdia, alterações motoras (esclerose sistêmica). • Obs.: uso prolongado de sonda nasogástrica deixa o esfíncter inferior relaxada, causando a pirose (usar medicamento p/ reduzir a acidez. Dor: não depende do ato de ingerir, mas pode coexistir. Causas: mudanças do pH, atividade motora anormal, processos inflamatórios ou CA de parede esofágica. O caráter da dor varia em função da doença-base. Na esofagite péptica é comum dor urente, nos distúrbios motores (espasmo difuso, esofagopatia chagásica, acalasia) é dor em cólica, constritiva ou dilacerante. No CA de esôfago, a dor é surda, contínua. Na ruptura espontâneado esôfago (síndrome de Boerhaave), a dor é excruciante, de grande intensidade e acompanha-se de sintomas gerais. Semiologia - @medinspira • Esôfago quebra-nozes: esôfago com contrações peristálticas de grande amplitude; Obs.: a dor esofágica pode ser confundida com dor cardíaca da insuficiência coronariana. Ambas podem causar sensação de opressão torácica e irradiar-se para o pescoço, ombros e membros superiores. A dor coronariana manifesta-se após o exercício e atenua-se com o repouso, enquanto a dor esofágica ocorre comumente com o paciente deitado, em repouso, melhorando quando o paciente se põe a caminhar. O uso de antiácidos pode produzir alívio da dor esofágica, mas não da cardíaca. Regurgitação: volta do alimento ou de secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal, sem náuseas e sem a participação dos músculos abdominais. • Pituíta: regurgitação de pequena quantidade de líquido, pela manhã. • Mericismo: volta à boca, de pequenas quantidades de alimento, que, na maioria das vezes, é novamente deglutido. As causas da regurgitação esofágica podem ser mecânicas ou motoras. • Causas mecânicas: estenoses, neoplasias, divertículo faringoesofágico (divertículo de Zenker) e obstrução do lúmen esofágico por alimento. • Distúrbios motores: megaesôfago chagásico, a acalasia idiopática e espasmo difuso do esôfago. A regurgitação de conteúdo gástrico refluído para o esôfago é frequente na hérnia hiatal por deslizamento e na doença péptica ulcerosa. Os seguintes fatores favorecem a regurgitação do conteúdo gástrico: hipotonia do esfíncter inferior do esôfago, aumento da pressão intragástrica ou intra-abdominal e mudanças posturais. Ocorre quase sempre após as refeições. Obs.: regurgitação noturna representa um grande potencial de risco, pela aspiração do material regurgitado para a árvore respiratória, causando repetidos surtos de broncopneumonia. Eructação/arroto: não constitui sintoma próprio das doenças do esôfago. Ocorre em consequência da ingestão de maior quantidade de ar durante as refeições, ou em situações de ansiedade. • Aerofagia: deglutição de grande quantidade de ar com o objetivo de eructar, comum em pacientes ansiosos. Obs.: é um sintoma no megaesôfago, pois o paciente deglute propositadamente maior quantidade de ar durante as refeições com a finalidade de auxiliar a passagem do alimento para o estômago; o ar deglutido acumula-se na parte superior do esôfago, impelindo o alimento para baixo, como um êmbolo de pressão; Soluço: não constitui sintoma próprio do esôfago e nem do aparelho digestivo. É causado por contrações clônicas do diafragma e pode ter diversas causas (doenças do SNC, irritação do nervo frênico ou do diafragma, estimulação reflexa, doenças que comprometem o mediastino, pleura e órgãos intra-abdominais). Pode ser considerado como parte da sintomatologia esofágica na hérnia hiatal e no megaesôfago. Sialose/sialorreia/ptialismo: produção excessiva de secreção salivar. Observada nas esofagopatias obstrutivas e no megaesôfago chagásico (reflexo esofagossalivar de Roger). É também encontrada com frequência nos pacientes com doença péptica ulcerosa. Hematêmese: vômito com sangue caracteriza a hemorragia digestiva alta (sede do sangramento se localiza desde a boca até o ângulo de Treitz- transição duodenojejunal). Causas: varizes do esôfago (volumosa e contém sangue ainda não alterado por ação do suco gástrico). A hematêmese de menor volume, de origem esofágica, pode ocorrer no CA do esôfago e úlceras esofágicas. Exame físico: o esôfago é inacessível ao exame físico. Deve-se realizar o exame físico geral: Semiologia - @medinspira • Estado nutricional: comprometido no megaesôfago, estenoses, o CA acompanha-se de rápido e acentuado emagrecimento, a anemia crônica pode estar associada a pequenas e repetidas perdas sanguíneas na hérnia hiatal com esofagite de refluxo, ou ocorrer por carência de ferro na disfagia sideropênica ou síndrome de Plummer-Vinson. • Alterações da pele: principalmente na face e nas mãos, próprias da esclerodermia, ou do fenômeno de Raynaud nos conduzem ao diagnóstico etiológico de disfagia e pirose. • Hipertrofia das glândulas salivares: frequente no megaesôfago chagásico e em outras esofagopatias obstrutivas. • Voz rouca ou bitonal: compressão do nervo recorrente por neoplasia metastática. Do • Gânglio palpável na fossa supraclavicular esquerda (gânglio de Troisier): em paciente disfágico sugere carcinoma do esôfago ou gástrico, invadindo o esôfago. • Alterações do SNC: causa mais comum da disfagia orofaríngea. • O exame da cavidade bucal e da faringe deve ser feito em todos os casos. A monilíase da mucosa bucofaríngea acompanha-se de monilíase esofágica, que pode ser causa de odinofagia e dor retroestemal. Exames complementares: Radiografia: pesquisa de alterações motoras, peristaltismo esofágico, refluxo gastresofágico e relevo mucoso. Manometria: um conjunto de cateteres é introduzido até o estômago e lentamentretirado, registrando-se, sequencialmente, em diferentes pontos do esôfago, as pressões intraluminais produzidas pela contração muscular (motilidade). Phmetria: melhor método para diagnosticar o refluxo gastresofágico (padrão ouro). O equipamento consiste em um fino cateter com um microeletrodo em sua extremidade, o qual é posicionado 5 em acima do esfíncter inferior. A outra extremidade é conectada a um gravador portátil, que registra continuamente as variações do pH. USG endoscópio/ecoendoscopia: faz diagnóstico e estadiamento das lesões neoplásicas (extensão e profundidade), ocorrência de metástases linfonodais. Diagnóstico diferencial entre uma compressão extrínseca e uma lesão subepitelial; pode sugerir a natureza das lesões subepiteliais, (camada da qual se originam e sua ecotextura); além disso, possibilita a realização de biopsia aspirativa por punção para diagnóstico citopatológico. Esofagoscopia: exame imprescindível no diagnóstico das doenças do esôfago. Faz diagnóstico de lesões superficiais da mucosa, incluindo câncer incipiente, esofagite de refluxo, monilíase e varizes de pequeno calibre. É também o exame de eleição nos casos de hemorragia digestiva alta. Patologias: Doença do refluxo gastresofágico: causas: relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago não associado à deglutição, hipotonia do esfíncter inferior do esôfago, esclerose sistêmica progressiva, aumento da pressão intra-abdominal (gravidez e ascite), hipersecreção e estase gástrica, intubação nasogástrica prolongada, intervenções sobre a transição esofagogástrica, hiperêmese e hérnia por deslizamento. DRGE não tratado = Barret, se não tratado = CA Hérnia hiatal: passagem de parte do estômago para o tórax, por meio do hiato diafragmático. Podem ser de três tipos: por deslizamento (mais comum), paraesofágica e mista. • Por deslizamento: a junção esofagogástrica se desloca para cima do hiato. Pode ser permanente, com fixação da parede gástrica herniada em sua nova topografia, ou Semiologia - @medinspira intermitente, dependendo do decúbito ou do aumento da pressão intra-abdominal. Está frequentemente associada ao anel de Schatzki. • Paraesofágica: a junção esofagogástrica não ascende para o tórax. A bolsa herniária é formada pelo fundo do estômago, que se insinua entre o esôfago abdominal e a borda esquerda do hiato. • Mista: coexistem elementos dos 2 tipos citados. Obs.: a hérnia por deslizamento é o único tipo importante como causa do refluxo gastresofágico. Esofagite de refluxo: os sintomas são pirose, dor torácica, disfagia, odinofagia, eructações, regurgitação, sialose, náuseas, hemorragia crônica e anemia. A pirose e a dor são mais frequentes após as refeições e à noite, com o paciente deitado. A disfagia ocorre principalmente com alimentos sólidos e, na maioria das vezes, resulta de alteraçõesmotoras do esôfago distal; Em geral, é episódica e de leve intensidade. A odinofagia resulta de hipersensibilidade da mucosa esofágica inflamada ou de contrações espasmódicas da musculatura e manifesta-se principalmente após a ingestão de alimentos irritantes da mucosa. A eructação pode acompanhar-se de refluxo com agravamento da pirose. A regurgitação ocorre quase sempre após as refeições ou com mudanças posturais que facilitem o refluxo. A esofagite de refluxo pode apresentar-se em diferentes fases evolutivas: esofagite edematosa, esofagite erosiva, esofagite ulcerada e esofagite complicada. As complicações incluem o anel esofágico inferior, a estenose, a úlcera péptica marginal e a metaplasia colunar (esôfago de Barrett – metaplasia no 1/3 inferior do esôfago causada pela DRGE, é pré maligno). CA de esôfago: 6ª maior causa de morte por câncer, o carcinoma espinocelular e o adenocarcinoma representam 90% das neoplasias malignas esofágicas, mais frequente no sexo masculino e sua incidência aumenta com a idade (> 50 anos). Sintomas: disfagia para sólidos (acentuada redução do lúmen), leve odinofagia, desconforto retroesternal, sensação de corpo estranho no esôfago proximal, dor epigástrica, anorexia, náuseas, perda sanguínea e emagrecimento sem causa aparente. Fatores de risco: uso imoderado de tabaco e bebidas alcoólicas, hábito de ingerir bebidas muito quentes, obesidade, esôfago de Barrett, fatores dietéticos, estase alimentar, aumento da concentração de nitritos, contato permanente com derivados de petróleo e ocorrência de lesões prévias da mucosa esofágica (esofagite péptica, megaesôfago, estenose cáustica e síndrome de Plummer-Vinson). Megaesôfago chagásico e acalasia: os sintomas são a disfagia, odinofagia, dor torácica, regurgitação, sintomas pulmonares, pirose, soluço, eructações, sialose, perda de peso e obstipação intestinal. A odinofagia e a dor espontânea ocorrem principalmente nos tipos hipercinéticos e traduzem a exagerada contratilidade da musculatura esofágica. A dor tem o caráter urente ou em cólica e propaga-se em direção à base do pescoço, mandíbula, irradiando-se para a região interescapulovertebral. Apresenta a singularidade de atenuar-se ou desaparecer completamente com a ingestão de água ou outro líquido. A regurgitação pode ser ativa, durante ou logo após as refeições, ou passiva, conforme o decúbito, quase sempre noturna (indica um estágio evolutivo mais avançado do megaesôfago). Produz com frequência aspiração do material regurgitado com episódios de tosse por irritação traqueobrônquica e surtos de broncopneumonia. Semiologia - @medinspira A obstipação intestinal se deve, quase sempre, à alimentação em quantidade insuficiente para a formação do bolo fecal, pode traduzir a manifestação concomitante de megacólon. Espasmo difuso: distúrbio motor do esôfago. Os principais sintomas são a disfagia e a dor torácica. A disfagia tem a característica de ser intermitente, não progressiva, manifestando-se principalmente com alimentos sólidos, bebidas geladas ou gasosas, e em situações de estresse emocional. A dor é de intensidade variável e ocorre durante as refeições ou à noite, localizada na região esternal, irradiando-se para o pescoço, mandíbula e membros superiores. É frequente a associação a hérnia hiatal, que se admite ser causada pelo encurtamento do esôfago em consequência das contrações da camada muscular longitudinal. Divertículos: são formações saculares externas contendo uma ou mais camadas da parede esofágica. Descrevem-se três tipos de divertículo esofágico: faríngeo ou de Zenker, torácico ou do esôfago médio e epifrênico. O divertículo faríngeo é um típico divertículo de pulsão, que se forma na parede posterior da faringe, mais comumente entre as fibras oblíquas do constritor inferior da faringe e o músculo cricofaríngeo À medida que o divertículo evolui, surge a disfagia, que é progressiva, manifestando-se inicialmente para sólidos e, posteriormente, para líquidos. A deglutição é acompanhada de um ruído que é percebido na base do pescoço (auscultar). O alimento retido no divertículo pode ser regurgitado espontaneamente ou por compressão manual da parede lateral do pescoço. Os divertículos do esôfago torácico podem ser de pulsão, tração ou mistos. Os divertículos do esôfago torácico têm geralmente base alargada, esvaziam -se facilmente e são, em geral, assintomáticos, exceto quando surgem complicações, que são raras, como diverticulite, ulceração, perfuração ou fistulização. Membranas e anéis: merecem referência a membrana esofágica cervical e o anel esofágico inferior (anel de Schatzki). A membrana esofágica cervical ocorre quase sempre em mulheres > 40 anos, forma-se uma membrana mucosa no esôfago cervical, situada 2 a 4 em abaixo do esfíncter superior do esôfago, que pode ser causa de disfagia. A associação da membrana esofágica cervical com anemia sideropênica constitui a síndrome de Plummer-Vinson. O diagnóstico deve ser sempre suspeitado em pacientes do sexo feminino com disfagia no nível do esôfago cervical. O anel esofágico inferior também chamado anel escamosocolunar ou anel de Schatzki, pode ser sintomático ou causar disfagia apenas esporadicamente; com diâmetro inferior a 13 mm, é causa de disfagia para alimentos sólidos e também de odinofagia, o anel é uma resposta do epitélio de transição ao refluxo gastresofágico, sendo necessário interpretá-lo como uma das manifestações da esofagite crônica. Parede e cavidade [abdominal]* Anatomia e fisiologia: Externamente: o abdome compreende a região delimitada, superiormente, pelo apêndice xifoide e pelas arcadas costais até a coluna vertebral, e, inferiormente, pela crista pubiana, pregas inguinais, crista ilíaca e base do sacro. Internamente: a cavidade abdominal é mais ampla, e acompanha, acima, a concavidade das duas cúpulas diafragmáticas, continuando até o soalho pélvico. Descrevem-se no abdome uma parede anterior, duas laterais e outra posterior. A parede anterior limita-se com as laterais por uma linha vertical ligando a espinha ilíaca anterossuperior à arcada costal de cada lado. A linha axilar posterior assinala o limite das paredes laterais com a posterior. Semiologia - @medinspira • Divisão mais empregada: 9 regiões. Desse modo, ficam delimitadas nove regiões, a saber: no plano superior, região epigástrica e hipocôndrios direito e esquerdo; no médio, região mesogástrica ou umbilical e flancos direito e esquerdo; no inferior, região hipogástrica e fossas ilíacas direita e esquerda. Peritônio: é o revestimento mesotelial da cavidade abdominal e das vísceras nela situadas. Compõe-se de dois folhetos: parietal e visceral. O parietal recobre internamente a parede abdominal e o visceral reveste a superfície dos órgãos intra-abdominais, formando a serosa dos mesmos. Mesentério: dupla reflexão do folheto parietal do peritônio, seguindo uma linha que vai do ângulo duodenojejunal (ângulo de Treitz) até o nível da articulação sacroilíaca direita. Entre os dois folhetos correm os ramos da artéria mesentérica superior, veias satélites, vasos linfáticos e nervos. Epíploos/omento: consideram-se o grande e o pequeno epíploo. O grande epíploo ou omento tem a forma de um avental que recobre anteriormente o cólon transverso e o intestino delgado. O pequeno epíploo é formado por dois folhetos viscerais que deixam o estômago pela pequena curvatura gástrica e se dirigem para o fígado, envolvendo esta víscera até o seu encontro com o folheto parietal no ligamento falciforme. Função da parede abdominal: contenção das vísceras abdominais. As vísceras maciças, como o fígado e o baço, tendem a deslocar-se para baixo na posição ortostática e são contidas pelos ligamentos que as prendem à parede abdominal e pela pressão intra- abdominal. As vísceras ocas, com seu conteúdo líquido e gasoso, tendem a expandir-se e são igualmentemantidas dentro do espaço que lhes é reservado. A contenção das vísceras abdominais se deve à resistência oferecida pelos músculos abdominais (reto abdominal, músculos oblíquos externo e interno e músculo transverso do abdome). Os mesos e ligamentos desempenham um papel acessório na contenção visceral. Obs.: O peritônio desempenha importante papel nos processos inflamatórios agudos viscerais, respondendo com a produção, no local da inflamação, de um exsudato rico em fibrina, que determina, em horas, aderência entre vísceras contíguas ou entre estas e o epíploo ou a parede. Dessa maneira, há um bloqueio à expansão da peritonite, que tende a manter-se localizada. Quando esse mecanismo de defesa falha, temos a peritonite difusa ou generalizada. Exame clínico O principal sintoma nas doenças do peritônio e dos diferentes órgãos intra-abdominais é a dor. Além da dor, o paciente geralmente vai à consulta por apresentar aumento de volume do abdome, distensão gasosa ou massa palpável, percebidos por ele próprio. Inspeção estática: forma, cicatriz, abaulamentos, retrações, lesões elementares, pilificação, cicatriz umbilical, se tem circulação colateral, etc. Abdômen: • abdome atípico - normal • abdome globoso – ascite, neoplasias • abdome batráquio (latero-lateral) – obesidade • abdome em avental: cai sobre a pelve – obesidade e ex-obeso. Semiologia - @medinspira Incisão: • Incisão de Kocher – cirurgia coliscectomia • Incisão de Pfannesnstier – cesárea • Laparotomia mediana: infraumbilical, puboumbilical, xifopúbica (circunda o umbigo - do lado esquerdo) • Incisão de Mcburney – apendicite • Incisão de babcock – apendicite, corte pequeno. Queloide e cicatriz hipertrófica: o queloide tem prurido, possui bordas irregulares que ultrapassam o local da cicatriz. Estrias: ruptura de derme. Pilificação: iso ou anisosexual (anormal). Umbigo triste: umbigo caído – fraqueza de parede abdominal Cicatriz umbilical: forma, posição, abaulamento estático, cicatriz, abaulamento dinâmico – pedir para fazer manobra de valssalva (inspeção). Circulação colateral: se existe ou não, e o tipo. Inspeção dinâmica: fazer manobra de Valssalva; avaliar se possui abaulamento. Ausculta: no íleo paralítico, os ruídos desaparecem por completo, o que constitui o chamado silêncio abdominal. Em casos com obstrução intestinal, em suas fases iniciais, podem-se perceber ruídos mais intensos e agudos, com timbre especial, denominado metálico. Antes da palpação. Normal 6-12 RHA/minuto. 4 quadrantes, auscultar1 minuto em cada. • < 5 = RHA diminuídos (RHA – ruídos hidroaéreos) • 10 = RHA aumentados • 0 = RHA ausentes ou silêncio abdominal • Som metálico: obstrução. Aumento dos ruídos, aumento de peristaltismos. Percussão: As vísceras maciças, como o fígado e o baço, produzem som maciço, enquanto as vísceras que contêm ar produzem som timpânico. A obtenção de som timpânico no hipocôndrio direito indica pneumoperitônio ou interposição do cólon entre a parede abdominal e o fígado. O som maciço na topografia do estômago e do cólon indica a presença de conteúdo líquido ou sólido nessas vísceras. A macicez circunscrita (inflamação ou neoplasia). Em presença de ascite, estando o paciente em decúbito dorsal, obtém-se som timpânico, na região mesogástrica, e maciço nas demais regiões. Com a mudança de posição, alteram-se os limites das zonas de timpanismo e macicez. • som maciço Hipocôndrio Direito – fígado; som timpânico no HD: sinal de Jobert (pneumoperitônio) • som timpânico no restante. • som maciço na mulher: fecaloma, gravidez, tumores. • traube: timpânico livre ou vazio, limites: linha hemiclavicular esquerda até linha axilar anterior; 9° ao 11° EIC esquerdo. Som não timpânico (maciço) = traube ocupado. Palpação superficial: Avaliar o estado da parede abdominal, reconhecer as condições físicas das vísceras abdominais e explorar a sensibilidade abdominal. Começa-se a palpação pela avaliação da tensão da parede abdominal. O aumento patológico da tensão abdominal pode ter um significado semiológico importante, quando produzido por um reflexo víscero- motor, que leva a um estado de contração tônica dos músculos parietais, denominado defesa abdominal. A contratura pode ser generalizada ou localizada. A contratura generalizada, conhecida como abdome em tábua, é encontrada nas perfurações das vísceras ocas, sobretudo na úlcera péptica, perfurada em peritônio livre, e nas peritonites agudas difusas. Semiologia - @medinspira O aumento da tensão pode ser independente do tônus muscular e resultar do aumento da pressão intra- abdominal, como na ascite, distensão gasosa de alças intestinais, ou crescimento de órgãos ou neoplasias intra-abdominais. Início: HD sentido ascendente - horário. Sensibilidade (pedir para fechar os olhos, passar algodão ou ponta de caneta), resistência, espessura do tegumento cutâneo (aumentado-obesos ou diminuídos-desidratação), continuidade (reconhecer diástases e hérnias), pulsação, reflexo cutâneo; avaliar ponto álgico no final, se houver. Na peritonite: há uma contração forçada, o abdome vai estar rígido (abdome em tábua). Palpar aorta na região epigástrica. Na hepatomegalia: a capsula de Glinsson se estica, estimulando terminações nervosas, causando dor. Palpação profunda: são palpáveis a borda inferior do fígado, o piloro, o ceco, o cólon transverso e o cólon sigmoide. Alterações anatômicas ou patológicas tornam reconhecíveis órgãos antes inacessíveis à palpação (esplenomegalias). Palpar órgãos, massas, sensibilidade. Palpar com a mão dominante em baixo, palpar pra frente, pra baixo e puxar para trás. Pontos dolorosos: epigástrio, cístico (vesícula), apendicular ou de McBurney e ureterais. • O epigástrico localiza-se na metade da linha xifoumbilical e mostra-se muito sensível na úlcera péptica em atividade. • O cístico situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita, com a borda externa do músculo reto abdominal. • O apendicular localiza-se na união do terço externo, com os dois terços internos da linha que une a espinha ilíaca anterossuperior à cicatriz umbilical. A dor nesse ponto sugere apendicite aguda, especialmente quando há sinais de reação peritoneal, dor no momento da descompressão (sinal de Blumberg). • Os ureterais localizam-se na borda externa dos músculos retos abdominais em dois níveis: na interseção com uma linha horizontal, que passa pela cicatriz umbilical, e outra que liga as duas espinhas ilíacas anterossuperiores. Exames: RX: do tórax (ver pneumoperitônio) e do abdome decúbito e ortostático. Tomografia: graças à alta resolução espacial proporcionada pelo método, é possível analisar a parede abdominal, a forma, o volume e a textura de cada órgão, intra ou extraperitoneal. A cavidade intraperitoneal distingue-se nitidamente do espaço retroperitoneal. Por meio da tomografia computadorizada, é possível estabelecer com precisão a sede de uma neoplasia, suas relações anatômicas e sua densidade, bem como a presença de coleções líquidas e derrames cavitários. Ressonância: padrão-ouro dentre os exames. Demonstra com detalhes a pele, o subcutâneo e suas estruturas fibrosas e vasculares. As diferentes fáscias, os músculos e as aponeuroses são bem demonstrados; ver partes moles, retroperitônio, fígado Ultrassonografia: p/ visualizar hérnia pedir p/ fazer manobra de Valssalva. Laparoscopia: diagnóstica ou terapêutica. Patologias: Ascite: presença de líquido seroso em quantidade aumentada na cavidade abdominal. Oclusão vascular mesentérica: dor súbita, intensa, distensão abdominal, vômitos, choque, diarreia sanguinolenta (geleia de morango). Idoso acima de 60 anos. Causas: fibrilação atrial (pode formar um trombo e ocluir a mesentérica), cardiopatia chagásica crônica, cardiopatia reumática, pode ser secundária a urna infecção intra-abdominal, adoenças hematológicas trombogênicas policitemia vera, ou seguir-se à esplenectomia ou trombose da veia esplênica. Semiologia - @medinspira O suprimento arterial do mesentério e de todo o intestino delgado é feito pela artéria mesentérica superior, que se comporta como artéria terminal. O retorno venoso se faz pela veia mesentérica, tributária do sistema porta. Tanto a oclusão arterial por trombose ou embolia, como a trombose venosa, determinam infarto intestinal, cuja extensão vai depender da localização da oclusão. A trombose arterial localiza-se mais comumente no segmento proximal da artéria mesentérica, comprometendo grande extensão do intestino delgado e cólon direito. • 5 tipos de abdome agudo: perfurativos, inflamatórios, traumáticos, isquêmico e oclusivo/obstrutivo. Massas: analisar a origem (parede abdominal, órgãos e retroperitônio), seu conteúdo (sólido, líquido, misto) e sua natureza (neoplásica, inflamatória, ganglionar, em forma de cisto hérnia ou fecaloma). Uma vez evidenciada a massa abdominal, deve-se buscar a identificação de sua natureza e etiologia. Para tanto, é fundamental a identificação de suas características semiológicas, tais como: • Topografia e extensão • Volume e forma • Protrusão sobre a superfície abdominal • Consistência (cística, firme, dura, lenhosa ou pétrea) • Mobilidade • Sensibilidade (dor - espontânea ou provocada - presente nos processos inflamatórios) • Pulsatilidade (neoplasias vasculares, especialmente do aneurisma da aorta abdominal). • Compressibilidade Ex.: metástases hepáticas, neo hepáticas, neo VB, esplenomegalia, CA gástrico, CA cólon, CA renal, tumor de ovário, polo renal INF, plastrões, fecaloma, NEO ovário, bexigoma, miomatose, tumor pélvico; • Massa no hipocôndrio direito e flanco direito: neoplasias hepáticas primitivas ou metastáticas, ou da vesícula biliar na maior parte dos casos. As neoplasias do ângulo hepático do cólon também podem ser palpáveis no FD. • Massa no epigástrio: neoplasias da parede abdominal ou das vísceras que ali se projetam, como: fígado, estômago, cólon transverso, pâncreas, duodeno. Podem corresponder ainda a massas de origem renal, suprarrenal, além da aorta, dos gânglios linfáticos e outros tecidos do retroperitônio. Um hematoma do músculo reto abdominal pode expressar-se como massa epigástrica, geralmente dolorosa e de instalação súbita. Lipomas na região epigástrica também são palpáveis, protrusão do apêndice xifoide, neoplasias gástricas, neoplasias pancreáticas. Os cistos e pseudocistos pancreáticos associados à pancreatite e ao traumatismo podem exteriorizar-se como massa palpável no epigástrio, geralmente com forma arredondada ou esférica, sem lobulações de tamanhos variáveis, que, por vezes, tomam todo o andar superior do abdome. Os nódulos linfáticos do retroperitônio podem tornar-se palpáveis nas reticuloses, na tuberculose, ou nas doenças malignas, como cadeias nodulares ou massas tumorais. As neoplasias ganglionares caracterizam-se por consistência firme, porém elástica e de forma lobulada. As demais neoplasias retroperitoneais originam -se nos tecidos mesenquimais e nervos simpáticos, têm tamanho e formas variáveis, são indolores e fixas à parede posterior, e têm continuidade com a parede lombar. • Massa no hipocôndrio esquerdo e flanco esquerdo: neoplasia gástrica, do ângulo esplênico do cólon ou ser de origem renal esquerda. Raramente pode ser originária da suprarrenal esquerda. Semiologia - @medinspira • Massa na região mesogástrica: neoplasia gástrica, do cólon transverso, omento e intestino delgado; neoplasias retroperitoneais, as neoplasias do mesentério localizam-se, em geral, na região infraumbilical. O cisto de mesentério apresenta tamanho variado, com mobilidade muito acentuada. O aneurisma da aorta abdominal pode apresentar-se como massa pulsátil expansiva acima do umbigo. Nos casos de neoplasias na cavidade abdominal, pode surgir nódulo neoplásico periumbilical palpável, que pode adquirir características flogísticas e ser confundido com onfalite. • Fossa ilíaca direita e região lombar: projeção congênita do fígado (lobo de Riedel), ou a neoplasias do cólon ascendente, do rim direito ou outras massas de origem retroperitoneal. As neoplasias da loja renal direita projetam-se profundamente nessa região e podem ser levantadas em direção à parede anterior do abdome por palpação bimanual. As massas da fossa ilíaca direita podem representar abscessos ou plastrões apendiculares, ou conter alças ileais aderidas, como na doença de Crohn, nas neoplasias do ceco e também naquelas originadas dos órgãos pélvicos que se estendem até o abdome, como as massas anexiais direitas. • Massa na região lombar e fossa ilíaca esquerda: tumorações originadas no cólon descendente e sigmoide (fecaloma, neoplasia) e, mais profundamente, a neoplasias do rim esquerdo e outros tecidos retroperitoneais. Massas que se originam nos órgãos pélvicos esquerdos podem estender-se a essa área. • Massa na região hipogástrica: distensão da bexiga, às neoplasias uterinas ou anexial, neoplasias do íleo terminal ou do cólon sigmoide. Hérnias: protusão de víscera por um orifício (fraqueza + excesso de pressão na parede abdominal). O diagnóstico de uma hérnia depende essencialmente do exame físico. O paciente deve ser examinado de pé e em decúbito. Certas hérnias inguinais se reduzem com o decúbito e só são percebidas com o paciente de pé. Por vezes, é necessário fazê-lo tossir ou soprar contra o dorso de sua própria mão, para que se possa identificar a herniação. As causas desse enfraquecimento são multifatoriais e variam de acordo com a localização da hérnia. As principais são: Congênitas: não oclusão do anel umbilical; inserção alta dos músculos oblíquo interno e transverso; persistência do conduto peritoniovaginal; história familiar positiva para hérnias (maior produção de colágeno do tipo lV, menos resistente, do que do tipo I), e outras colagenoses (síndromes de Ehlers-Danlos e Marfan, osteogenesis imperfecta, cutis laxa, luxação congênita do quadril) Adquiridas: senilidade (diminuição da renovação do colágeno) e tabagismo (por meio do enfisema metastático, em que há destruição aumentada e produção insuficiente das fibras do tecido conjuntivo, à semelhança do que ocorre no parênquima pulmonar). • hérnia umbilical (ascite, tumor, obesidade, cirrose): podem exteriorizar-se no polo superior, no inferior, ou abaular difusamente a cicatriz umbilical. Nas crianças, deve-se aguardar completarem 4 a 5 anos de idade para indicar o tratamento, que é sempre cirúrgico. Semiologia - @medinspira • hérnia inguinal (superficial ou profundo) manobra de Landiva (hérnia direta ou indireta) • hérnia no epigástrica (linha alba supraumbilical) - ocorrem pela transposição da gordura pré- peritoneal pelos orifícios de passagem de vasos sanguíneos, ou mesmo por falhas na decussação das aponeuroses que formam a linha alba, são bastante dolorosas e, muitas vezes, cursam com queixas dispépticas (não confundir com a diástase). • diástase dos músculos retos abdominais - ocorre o afastamento lateral desses músculos, determinando um alargamento da linha alba, em geral na sua porção epigástrica e umbilical, mais perceptível quando o paciente, estando em decúbito dorsal, flexiona o tronco. • hérnia inciosional – em pacientes operados. • hérnia de litre – conteúdo é o divertículo de Merkel. • hérnia de Amyand – apêndice entra na hérnia inguinal. • hérnia de garengeot – apêndice entra no orifício crural/femoral. • hérnia de Richter – também conhecida como enterocele parcial, é a protrusão com encarceramento ou estrangulamento da borda antimesentérica intestinal por meio de um pequeno defeito da parede abdominal. • hérnia de spiegel (abaulamento) - ocorrem por defeito da parede abdominal através da aponeurose spigeliana, entrea linha semilunar e a borda lateral do músculo reto, logo abaixo da linha arqueada de Douglas e, geralmente, acima dos vasos epigástricos superiores. Tratamento da hérnia umbilical: em crianças aguardar até os 3 anos. Qualquer outra hérnia = cirurgia. • Encarcerada – presa – até 4h, deve-se fazer a redução. É a oclusão do trânsito e o comprometimento vascular da alça intestinal, contida no interior do saco herniário. O encarceramento é mais comum nas hérnias crurais, seguidas, em ordem de frequência, das hérnias inguinais. • Estrangulada – presa e apertada – constricção vascular – cirurgia emergência. Peritonite: inflamação do peritônio, difusa ou localizada. Sinal de Blumberg positivo. • Peritonite aguda: pode ser difusa ou localizada. A penetração de bactérias patogênicas na cavidade peritoneal pode decorrer de um processo inflamatório visceral, como na apendicite, colecistite, ou resultar de perfuração de uma víscera oca, como na úlcera péptica e na doença diverticular da sigmoide. Semiologia - @medinspira Outras causas frequentes são os traumatismos abdominais, os quais produzem lesão do peritônio parietal ou ruptura das vísceras ocas, e a via hematogênica, nas septicemias. Existem duas formas clínicas de peritonite aguda difusa: a peritonite aguda purulenta e a peritonite aguda tóxica ou séptica: Peritonite aguda difusa: dor abdominal intensificada pela palpação. Embora seja generalizada a todo o abdome, a dor é mais acentuada na região correspondente ao foco inicial da infecção. É frequente a distensão abdominal por inibição do peristaltismo, podendo chegar ao ileo paralítico. Na palpação, pode-se encontrar defesa resultante da contratura reflexa dos músculos abdominais. A contratura pode ser localizada em determinada região, ou generalizada a todo o abdome (abdome em tábua). Outro sinal importante de reação peritoneal é o conhecido por sinal de Blumberg (comprime-se lenta e gradualmente a parede abdominal, e, ao se retirar bruscamente a mão, o paciente apresenta dor). A peritonite localizada tende a evoluir para a formação de abscesso. Suas causas mais frequentes são apendicite supurada, colecistite e os processos inflamatórios pélvicos na mulher. Os principais exames complementares que auxiliam no diagnóstico das peritonites agudas são o hemograma, a radiografia simples do abdome e a ultrassonografia. • Peritonite crônica: na maioria das vezes é de etiologia tuberculosa e ocorre como complicação da tuberculose intestinal, tuberculose mesentérica ou das tubas uterinas. É mais frequente em pacientes jovens e apresenta-se sob duas formas clínicas: forma exsudativa ou ascítica e forma plástica ou fibroadesiva. Na peritonite exsudativa, há sempre líquido ascítico em quantidade variável, enquanto na peritonite plástica o exsudato é denso, rico em fibrina, provocando aderências entre as vísceras ou destas com a parede abdominal. As duas formas podem estar associadas, dando origem a formas encistadas ou encapsuladas. A peritonite tuberculosa pode ter início súbito ou insidioso. O sintoma mais constante é a dor abdominal, de intensidade variável, generalizada a todo o abdome ou predominante no quadrante inferior direito. Seguem- se febre, náuseas e vômitos. O ritmo intestinal é variável, podendo haver diarreia ou obstipação intestinal. O exame físico pode revelar a presença de ascite na forma exsudativa ou de massa palpável na forma plástica. O líquido ascítico pode ser citrino-claro, turvo ou hemorrágico. A peritonite bacteriana espontânea é uma condição clínica caracterizada pela presença de ascite com líquido contaminado, que pode ocorrer em pacientes com cirrose ou síndrome nefrótica. [Estômago]* Anatomia e fisiologia: Estômago é uma dilatação sacular do tubo digestivo, interposta entre o esôfago e o duodeno, que está situado na cavidade abdominal, abaixo do diafragma. Semiologia - @medinspira A cavidade gástrica é dotada de dois orifícios: a cárdia, que corresponde à desembocadura do esôfago, e o piloro, que corresponde à comunicação com o duodeno. O estômago ocupa o epigástrio e o hipocôndrio esquerdo. A irrigação arterial do estômago é fornecida por ramos do tronco celíaco. A artéria gástrica esquerda origina-se do tronco celíaco, dirige-se para a esquerda e para cima e irriga a porção superior direita do estômago. A artéria gástrica direita origina-se da artéria hepática, vai para a esquerda, ao longo da pequena curvatura, e irriga a porção inferior direita do estômago. O suprimento sanguíneo do fundo gástrico é fornecido pelas artérias gástricas curtas que se originam da artéria esplênica no nível do hilo do baço. A parte superior da grande curvatura tem a sua irrigação fornecida pela artéria gastroepiploica esquerda, que se origina da artéria esplênica. A parte inferior da grande curvatura é irrigada pela artéria gastroepiploica direita, que se origina da artéria hepática. As veias gástricas direita e esquerda drenam a pequena curvatura do estômago diretamente para a veia porta. As curtas drenam o fundo gástrico, e a gastroepiploica esquerda, a parte superior da grande curvatura, desembocando na veia esplênica. A veia gastroepiploica direita drena a parte inferior da grande curvatura para a mesentérica superior. O estômago recebe a sua inervação simpática de ramos do plexo celíaco, cujas fibras pré-ganglionares têm origem no 6°, 7°. e 8° segmentos torácicos. A inervação parassimpática é fornecida pelos nervos vagos direito e esquerdo. As fibras simpáticas e parassimpáticas fazem sinapses com neurônios intramurais que estão distribuídos ao longo do tubo digestivo, em dois plexos: o mientérico e o submucoso, também chamados de Auerbach e de Meissner, respectivamente. A parede do estômago é composta de quatro camadas de tecido: serosa, muscular, submucosa e mucosa. A muscular é composta de outras três camadas: a longitudinal externa, mais espessa ao longo da grande e da pequena curvatura; a circular média, que é mais espessa no estômago distai, formando o piloro; e a oblíqua interna, que envolve o fundo e se estende pelas superfícies anterior e posterior do estômago. A mucosa gástrica é composta de epitélio colunar simples. Três regiões principais: • Região cárdica: tem glândulas de células mucosas, que contêm grânulos de muco ácido. • Região do fundo e do corpo: tem glândulas com quatro tipos distintos de células: (1) células mucosas, semelhantes às da região cárdica, localizadas nas criptas; (2) células parietais, que secretam ácido e fator intrínseco; (3) células principais, que secretam pepsinogênios; ( 4) células endócrinas, que contêm grânulos nos quais se identificam serotonina e outros peptídios. • Região pilórica: tem glândulas com células mucosas semelhantes às da região cárdica e células endócrinas entre as quais se distinguem as células G, produtoras de gastrina. As células superficiais produzem muco neutro e, provavelmente, bicarbonato Função: o estômago armazena os alimentos ingeridos, promove a fragmentação dos componentes sólidos destes alimentos e transfere para o duodeno, sob um fluxo intermitente. A secreção gástrica contribui para a fragmentação das partículas ingeridas e para eliminar as bactérias ingeridas com os alimentos. A função de armazenamento dos alimentos ingeridos é cumprida pelo estômago proximal (corpo e fundo). À medida que os alimentos são deglutidos, a musculatura lisa do estômago vai relaxando e sua capacidade vai se adequando ao conteúdo, sem que ocorram variações significativas da pressão interna. O estômago distai, durante a fase digestiva, é percorrido intermitentemente por ondas peristálticas de pressão elevada. que, geradas no nível do corpo, se deslocam caudalmente. A amplitude e a velocidade das ondas crescem à medida que elas se aproximam do piloro. Quando uma contração se aproxima do piloro, o volume situado proximalmentea ela é, em parte, propelido para Semiologia - @medinspira o duodeno e, em parte, retropelido para a cavidade gástrica. Esta atividade motora cíclica do estômago distai, que se repete a cada 20 segundos, promove a fragmentação das partículas e a mistura do conteúdo gástrico. Secreção gástrica • Secreção de ácido clorídrico: na ausência de estímulos fisiológicos ou farmacológicos, ela é, na maioria dos indivíduos, inferior a 5 mmol/h, o que corresponde a cerca de 10% da capacidade máxima de produção de ácido pelo estômago. Em resposta à ingestão de alimentos, ocorre aumento da secreção ácida, que se torna, por vários minutos ou algumas horas, próxima da capacidade máxima de secreção. A ativação das células parietais que resulta nesse efeito se dá por três mecanismos principais: estimulação cefálico- vagai (na iminência de ou durante uma refeição), distensão gástrica (desencadeia reflexos vagovagais longos e reflexos intragástricos que estimulam os neurônios pós- ganglionares colinérgicos e a distensão do antro promove a liberação de gastrina) e os efeitos dos alimentos sobre a mucosa gástrica: proteínas e os produtos de sua digestão interagem com receptores da mucosa antral, determinando a liberação de gastrina pelas células G. • Secreção de pepsinogênios: pepsinogênios são proenzimas secretadas pelas células principais das glândulas fúndicas e, em menor escala, pelas células produtoras do muco do estômago. Em meio ácido, transformam-se na enzima proteolítica pepsina. • Secreção de muco: gel viscoso produzido pelas células superficiais da mucosa gástrica e por células produtoras de muco das glândulas do estômago. Está, em grande parte, aderido à mucosa gástrica, supostamente protegendo-a de agravos químicos e mecânicos. • Secreção de bicarbonato: células superficiais da mucosa do estômago secretam íons bicarbonato em quantidade 10 vezes menor do que a secreção de ácido. Os íons bicarbonato secretados são retidos na camada de muco aderente à mucosa e neutralizam a fração de íons hidrogênio que se difunde através da barreira de muco. • Secreção de fator intrínseco: as células parietais das glândulas fúndicas secretam uma proteína, o fator intrínseco, que se liga às moléculas de vitamina B12 da dieta, carreando- as até a mucosa do íleo, onde são absorvidas. Anamnese Dor: sintoma mais frequente. A dor visceral pura do estômago e do bulbo duodenal é percebida na linha mediana do epigástrio poucos centímetros abaixo do apêndice xifoide. Esta é a localização dada pela maioria dos portadores de úlcera péptica., portadores de gastrite aguda e de câncer gástrico. Doenças inflamatórias ou neoplásicas que afetam a face serosa do estômago causam dor contínua e intensa na parte alta do abdome, principalmente epigástrio. Quando uma lesão gástrica se estende a estruturas retroperitoneais, é comum que ela seja percebida na região dorsal do tronco. O alívio da dor epigástrica imediatamente após a ingestão de alimentos é frequentemente relatado por portadores de úlcera péptica, particularmente de úlcera duodenal. Quando ocorre repetidamente, determina a ritmicidade da dor, que é apresentada como característica na descrição clássica da sintomatologia da úlcera duodenal: dor surgindo ou se intensificando nos períodos pós-prandiais tardios e aliviando, total ou parcialmente, nos períodos pós-prandiais precoces. Náuseas e vômitos: frequentemente, estão apenas associadas à dor: portadores de úlcera gástrica ou duodenal e gastrites podem apresentar vômitos simultaneamente com a crise dolorosa sem que isso denote obstrução do trato de saída do estômago. Semiologia - @medinspira Nesse caso, o conteúdo do vômito consiste em um suco gástrico puro ou contendo pequena quantidade de bile; alimentos, quando presentes, são os recentemente ingeridos. Se há no vôm1to grande quantidade de alimentos ingeridos várias horas antes, há forte indicação de estase gástrica. Quantidades elevadas de bile no vômito sugerem obstrução intestinal alta. Quando há sangue (hematêmese), isto denota lesões a montante do ângulo de Treitz. As causas mais comuns são: úlcera péptica, varizes esofágicas, lacerações da transição esofagogástrica pelo esforço do vômito (síndrome de Mallory-Weiss), gastrite aguda e carcinoma do estômago. Náuseas e vômitos frequentemente também têm origem extradigestiva. De fato, podem ser causados por doenças sistêmicas tão diversas como intoxicações exógenas, afecções do sistema nervoso central, infarto do miocárdio, litíase renal, infecções e hipertireoidismo. Obs.: normalmente sangramento de estomago se manifesta como melena. Dispepsia: dor ou desconforto na parte alta do abdome (epigástrio e/ou hipocôndrios), dor epigástrica, que pode ou não estar acompanhada de outros sintomas gastrintestinais. Uma porção elevada de casos de dispepsia não tem causa orgânica reconhecível, sendo rotulada como dispepsia funcional, que se caracteriza por saciedade precoce, plenitude pós-prandial, dor ou queimação epigástrica, se não há doenças orgânicas sistêmicas ou metabólicas que possam explicar a sintomatologia. De acordo com os critérios de Roma 111, o diagnóstico se aplica quando, em um prazo de pelo menos 6 meses, os sintomas ocorreram durante no mínimo 3 meses, de maneira contínua ou não. A dispepsia funcional compreende dois subgrupos: (1) síndrome de desconforto pós-prandial, caracterizada por saciedade precoce e plenitude pós-prandial; (2) síndrome da dor epigástrica, caracterizada por dor e queimação epigástrica. Pirose: dor ou sensação de queimação na região retroesternal. Mais frequentemente na doença do refluxo gastresofágico, em portadores de úlcera péptica e outras doenças do estômago. Pirose funcional ocorre em pacientes com pirose que não apresentam refluxo gastresofágico anormal, nem lesões de mucosa esofágica ou gástrica e que não apresentam resposta terapêutica ao bloqueio enérgico da secreção ácida. Exame físico Inspeção: pode revelar a existência de tumores localizados no epigástrio (neoplasias gástricas). A obstrução do trato de saída do estômago é denunciada pelo peristaltismo gástrico visível, que se caracteriza por elevações da parede abdominal que se desenham sob o rebordo costal esquerdo, as elevações correspondem a vigorosas contrações do antro gástrico. O achado de peristaltismo visível é comum quando a obstrução do trato de saída do estômago é crônica, tendo já ocorrido hipertrofia da musculatura lisa do antro e diminuição da espessura da parede abdominal pelo emagrecimento. Ocasionalmente, o peristaltismo gástrico normal é visível em pacientes caquéticos, com paredes abdominais extremamente finas e hipotônicas. Quando se suspeita de obstrução do trato de saída do estômago, mas não há peristaltismo visível, pode-se tentar provocar o seu aparecimento pedindo-se ao paciente para ingerir certo volume de líquido e percutindo-se o epigástrio. Percussão: não tem valor para o diagnóstico das afecções do estômago. Quando há suspeita de estase gástrica, pode-se tentar provocar o ruído de vascolejo, paciente em jejum prolongado, imprimem-se na região epigástrica abalos com as pontas reunidas do indicador médio e do polegar; na eventualidade de o estômago conter volume líquido, ouve-se, a cada abalo, um ruído semelhante ao causado pela agitação de água em uma bolsa de borracha. Palpação: devem ser praticadas duas modalidades (superficial e profunda). Paciente em decúbito dorsal, a cabeça apoiada em plano ligeiramente superior àquele em que se apoiam os ombros, que devem estar ligeiramente elevados com relação ao restante do Semiologia - @medinspira tronco, braços estirados ao longo do corpo e joelhos levemente fletidos. Na palpação superficial, verifica-se, comparativamente ao ponto correspondente do abdome contralateral, a tensão da parede e a sensibilidade de cada ponto da superfície abdominal. Sehouver detecção de tumoração, pode-se variar o modo de palpar a área correspondente. Já na palpação profunda, as mãos devem estar juntas e repousando sobre a superfície abdominal com os seus eixos paralelos à linha mediana. No início da expiração, fase de máximo relaxamento da parede abdominal, a palpação deve ser aprofundada até que seja percebida a resistência oferecida pelas estruturas retroperitoneais, deslizando as polpas digitais no sentido craniocaudal. Com isso, procura-se passar as polpas digitais sobre as vísceras e eventuais estruturas anormais enquanto estas são comprimidas sobre um plano resistente. A palpação superficial do epigástrio, em indivíduos normais, pode provocar ligeiro desconforto. Já a dor intensa pode decorrer, entre outras causas, de doenças orgânicas do estômago que acometem as camadas muscular e serosa. Quando revela contratura involuntária da parede ou dor particularmente intensa quando se retiram as mãos (dor à descompressão brusca), sinaliza irritação peritoneal, que pode ser causada por perfuração de úlcera péptica ou lesões neoplásicas do estômago. A palpação profunda e deslizante do epigástrio, por vezes, possibilita, quando realizada cuidadosamente, a percepção de um degrau correspondente ao escorregamento das polpas digitais pela parte inferior da grande curvatura. Enseja, em algumas instâncias, a percepção de tumorações pequenas do estômago, não reveladas pela palpação superficial. Torna possível, também, a melhor caracterização das tumorações quanto à forma, dimensões, consistência, mobilidade e aderência a planos profundos. Exames complementares: Estudo secreção ácida: determinação da secreção basal e da capacidade máxima de secreção de ácido pelo estômago auxilia o reconhecimento da acloridria e da hipersecreção patológica de ácido. O primeiro é suspeitado na síndrome de carência de vitamina B12 (anemia perniciosa e/ou síndrome do cordão posterior da medula). Já o segundo deve ser suspeitado em portadores de úlcera péptica. • Dosar fator intrínseco – B12 – anemia perniciosa, glossite, estomatite, faringite, mal estar, fraqueza. • Hipersecreção: gastrinoma (tumor secretor – hiperfunção de células G), úlceras, cirurgias prévias. Cintilografia: estudo do esvaziamento gástrico. As imagens são processadas e as curvas da atividade em função do tempo são extraídas. Este exame pode ser associado à pesquisa de refluxo gastresofágico. • H. pylori: histopatológico; teste respiratório: ingesta de ureia com carbono marcado, liberado como CO2 expiração; antígeno fecal; sorologia. Radiografias contrastadas: são realizadas nos momentos oportunos para documentar eventuais alterações ou aspectos de normalidade. O emprego do exame contrastado convencional do estômago torna possível detectar a maioria das neoplasias e das lesões ulceradas do estômago, mas não as lesões superficiais da mucosa gástrica. Possibilita também o reconhecimento de anormalidades grosseiras do esvaziamento gástrico. A técnica do duplo contraste apresenta maior sensibilidade do que o exame convencional na detecção de úlceras e neoplasias e de lesões superficiais. Endoscopia digestiva alta: possibilita a visualização de toda a superfície interna do estômago e a realização de biopsia para exame histopatológico da lesão. É possível a inspeção também do esôfago e das primeiras porções do duodeno, sendo dotados de canais destinados à passagem de fórceps para biopsia e escova para obtenção de material para citologia, e à instilação e aspiração de líquidos Semiologia - @medinspira O exame endoscópico é mais acurado do que o radiológico para o diagnóstico de quaisquer das doenças orgânicas mais comuns do estômago e duodeno (úlceras pépticas, neoplasias e lesões inflamatórias superficiais). O emprego da endoscopia como método preferencial de exploração do estômago na maior parte das situações em que há suspeita de doença orgânica. • Eficaz • Diagnóstico topográfico • Terapêutica • Diagnóstico histopatológico (biópsia) • Exame invasivo: jejum, sedação. Indicações de endoscopia digestiva alta - dispepsia + • Idade > 55 anos • HF: CA gástrico • Emagrecimento • Hematêmese ou melena • Disfagia progressiva • Odinofagia • Anemia ferropriva de origem indeterminada • Vômitos persistentes • Massa abdominal palpável/linfadenomegalia • Icterícia (tumor que causa obstrução do colédoco) • Uso de AINH. Patologias: Úlcera péptica: resulta sempre da ruptura do balanço entre a agressão representada pela secreção acidopéptica à mucosa e os mecanismos de defesa desta. As principais causas conhecidas dessa ruptura são a infecção pelo H. pylori e os anti-inflamatórios não hormonais. Muitos portadores de úlcera duodenal têm secreção basal e secreção máxima de ácido mais elevadas do que as de indivíduos normais. Pessoas com úlcera gástrica, por outro lado, têm secreção acidopéptica normal ou diminuída. Existe correlação entre tabagismo e úlcera péptica. Dor epigástrica não incapacitante e aliviada pela ingestão de alimentos, que desperta o paciente à noite e ocorre periodicamente, constitui o quadro clínico clássico da úlcera duodenal não complicada. As manifestações da úlcera gástrica são semelhantes às da úlcera duodenal: dor intensa, anorexia e perda de peso mais acentuada. O sangramento é a complicação mais frequente da úlcera péptica e ocorre em 10 a 15% dos pacientes. Perfuração ocorre em 5 a 10% das úlceras duodenais e 2 a 5% das úlceras gástricas. Obstrução irreversível do trato de saída do estômago é uma complicação pouco frequente (pelo processo inflamatório). Pode evoluir para carcinoma. Câncer gástrico: • Predomina no sexo masculino (3:1). • Atinge maiores 40 anos, aumentando gradativamente, 70 anos: pico; • Adenocarcinoma – 90%; • Predisposição: infecção por H. pilory, História Familiar +, ingesta de sódio elevada, tabagismo, alcoolismo, pólipos adenomatosos, baixa condição socioeconômica, ingestão de alimentos com nitrosaminas e nitratos – churrasco; • Assintomático (por longo período); ou sintomas inespecíficos (saciedade precoce, dor epigástrica, vômito, emagrecimento, astenia, anemia) • Massa palpável no epigastro – 1° manifestação; • Linfoadenomegalia supraclavicular – sinal de Virchow; periumbilical – irmã Maria José; • Diagnóstico tardio – estádio IV (incurável/metastático); • O exame radiológico do estômago demonstra a maioria dos carcinomas avançados, mas não detecta 50% dos carcinomas superficiais. A endoscopia, quando complementada pela realização de biopsia, revela 95% dos carcinomas superficiais. • Do ponto de vista morfológico, o carcinoma gástrico pode ser vegetante/polipoide, ulcerado, infiltrante ou misto (Borrman). A forma vegetante ou polipoide projeta-se para Semiologia - @medinspira dentro do lúmen gástrico, produzindo imagens lacunares ou falhas de enchimento na radiografia do estômago. Obs. Pólipos de pedículo larga maior chance de malignidade! Gastrites: inflamação da mucosa gástrica. P/ os endoscopistas é o aparente adelgaçamento da mesma até lesões erosivas extensas. Três grupos de gastrites: erosiva, não erosiva ou crônica e específicas. • Gastrite erosiva: lesões erosivas, exsudativas e hemorrágicas, de gravidade e extensão variáveis. Associada à ingestão de medicamentos, bebidas alcoólicas, anti- inflamatórios e a doenças sistêmicas graves, e é um achado comum no coto gástrico após gastrectomias distais, sendo atribuída, então, a dano causado à mucosa pelos sais biliares e outros constituintes da secreção biliopancreática, que reflui livremente. Sintomas: dispepsia, dor epigástrica, náuseas, vômitos; A hemorragia digestiva é a principal complicação e pode ocorrer em pessoas assintomáticas. • Gastrite não erosiva: condição definida pelo exame histopatológico = inflamação da mucosa gástrica. Classificada pela gravidade histológica do processo (gastrite superficial
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