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Resenha crítica_segurança jurídica_o processo administrativo tributário e a proteção da confiança

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-Graduação em Direito Tributário
Resenha crítica: 
O Processo Administrativo Tributário como alternativa para resolução de conflitos: princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança 
Com base no artigo: “Segurança Jurídica: o processo administrativo tributário e a proteção da confiança”
Francisco José de Oliveira Silva
Processo Administrativo Tributário 
Fortaleza/CE
2020
Resenha crítica
O PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO COMO ALTERNATIVA PARA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS: PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA
RIBAS, Lídia Maria L.R.; RIBEIRO, Maria de Fátima. Segurança Jurídica: o processo administrativo tributário e a proteção da confiança. In: Argumentum – Revista de Direito, v. 13, Marília/SP, 2012, p. 205-224.
O artigo em apreço teve por objetivo central apresentar o ambiente em que os pressupostos da proteção da confiança e da segurança jurídica, baseados na diminuição do tempo na resolução de conflitos tributários, são necessários para efeitos de redução de litígios em andamento no Poder Judiciário, visando efetividade da segurança jurídica desejada pelo contribuinte. As autoras principiam o artigo afirmando que o Direito é uma ferramenta necessária para a segurança, visto ser um instrumento de organização social e que permite condições objetivas para que se estabeleça maior segurança, característica perene do Direito, nas relações intersubjetivas, garantindo assim os direitos e deveres do Estado e seus governados. Quanto à confiança, o Estado Democrático de Direito presume a existência de aparatos que garantam a todos os cidadãos a confiança nas relações jurídicas. O princípio da segurança jurídica auxilia na promoção dos valores soberanos da sociedade, orientando a promulgação e a boa aplicação das leis e de todas as normas que regulam o ordenamento jurídico. Segundo as autoras, é por meio desse principio que o contribuinte tem condições de antecipar de forma objetiva seus direitos e deveres tributários. O principio da segurança jurídica é tão importante que ele está previsto no preâmbulo da CF/88, bem como é ele quem promove a garantia dos direitos previstos no artigo 5o. desse texto legal, o que lhe assegura o atributo de sobreprincípio, inclusive no âmbito tributário por meio dos princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade. Na concepção do cidadão, a segurança jurídica permite condições que viabilizem para as pessoas o conhecimento prévio e refletido acerca dos efeitos diretos dos seus atos e seus fatos na perspectiva da liberdade reconhecida, emergindo assim a proteção da confiança que, segundo as autoras, é diretriz para que sejam conhecidos e considerados fatos passados, presentes e futuros. Nessa esteira, as autoras afirmam que a segurança jurídica abrange a capacidade do cidadão em entender as normas que deve seguir, assegurando assim a confiança no sistema jurídico. No âmbito tributário, perceber a legalidade somente é possível se o contribuinte for respeitado a partir da harmonia entre o Direito e a sociedade e o respeito à segurança jurídica possibilita que o sistema seja previsível, concedendo aos agentes um caminho para seus atos e estabilidade a esse sistema. Assim, a segurança jurídica está presente nas hipóteses de revisão do lançamento e este deve estar de acordo com a lei que o autoriza/determina, conferindo validade a esse lançamento. Por sua vez, o Processo Administrativo Tributário (PAT), de acordo com as autoras, além de alcançar a justiça fiscal, é uma possibilidade de controle de legalidade dos atos administrativos no Direito Tributário, podendo assegurar ao cidadão a confiança nos lançamentos ali apresentados, sendo esse processo uma forma de assegurar legalidade e legitimidade do processo de constituição do crédito tributário, promovendo a segurança jurídica na sociedade. A proteção da confiança, consoante as autoras também permite que o cidadão planeje seus atos, minimizando portanto os riscos intrínsecos das atividades econômicas. Porém, as autoras ressaltam que o PAT só atingirá seus objetivos se for eivado de fiabilidade, clareza, racionalidade e transparência dos atos do poder do Estado. A partir do lançamento do crédito tributário, o Fisco procura assegurar de forma antecipada a compatibilidade da obrigação abstrata à obrigação pressuposta e, assim, o PAT obsta que a verdade formal (abstração) sobreponha sobre a verdade material (pressuposição), de maneira a assegurar que a prestação tributária efetivamente desempenhada pelo cidadão seja aquela estabelecida na lei. Ao contribuinte é dada a alternativa de recorrer por meio do PAT ou Processo Judicial. Nesse contexto, as autoras concluem que esse contribuinte escolherá o PAT na certeza de que ele é um instrumento célere, lógico, transparente, confiável, legal e de boa-fé, e que lhe garanta os direitos constitucionais, como o da ampla defesa e do contraditório. Portanto, o PAT se revela como um meio de se reduzir as causas junto ao Poder Judiciário. Para as autoras, contudo, existem milhares de litígios que ainda se arrastam pelo Judiciário, visto que as normas tributárias são complexas, permitindo interpretações questionáveis. E, em face de a estrutura do Judiciário ser ineficiente, os litígios não são resolvidos em tempo adequado, deixando assim de dar resposta à efetividade da segurança jurídica esperada pelo contribuinte. 
Em face ao artigo ora analisado, é possível inferir que a sociedade e os operadores econômicos buscam, na efetivação de suas atividades, que as situações sejam previsíveis e para aquelas que não puderem ser previstas, principalmente no âmbito tributário, que haja pelo menos um planejamento buscando minimizar os efeitos dessas ocorrências. Cumpre ressaltar nesse sentido que o princípio da proteção da confiança é um dos valores que permite confiabilidade, segurança e estabilidade ao sistema jurídico como um todo. Nesse sentido, a segurança jurídica, ao possibilitar que as relações jurídicas sejam estabelecidas, protege as necessidades e a estabilidade de forma concreta. Assim, o autor desta resenha concorda com as autoras do artigo em apreço de que existem mecanismos alternativos que buscam a solução das lides, mas que o PAT pode ser considerado como um meio eficaz de resolver os conflitos sem que seja preciso acionar o Poder Judiciário já abarrotado de processos em andamento, com tempo inadequado de resposta ao contribuinte que necessita de uma solução para suas questões tributárias e, concomitantemente, nega a esse contribuinte a segurança jurídica e a confiança, princípios que devem estar necessariamente presentes na seara jurídica.

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