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Rachel Diniz CARACTERISTICAS O período gestacional é constituído por 40 semanas, sendo heterogêneo em seus aspectos fisiológicos, metabólicos e nutricionais. Primeiro trimestre: caracteriza-se por grandes modificações biológicas devidas a intensa divisão celular que ocorre nesse período. A saúde do embrião vai depender da condição nutricional pré-gestacional da mão, não apenas quanto as suas reservas energéticas, mas também quanto as reservas de vitaminas, minerais e oligoelementos. Pela nova fase hormonal, sofre manifestações de enjoo e vômitos que a submetem a privação alimentar, mas que não remetem a prejuízos para o feto, mesmo que a mãe perca peso além dos limites considerados adequados. Segundo e terceiro trimestre: integram uma fase em que o meio externo vai exercer influência direta na condição nutricional do feto. O ganho de peso adequado, a ingestão de energia e nutrientes, o fator emocional e o estilo de vida serão determinantes para o crescimento e o desenvolvimento normal do feto. A curva de ganho de peso fetal pode ser um instrumento que faz o acompanhamento da gestante. Avalia-se o percentil (P) de peso do feto está dentro dos valores recomendados (entre P10 e P90). Se o valor estiver abaixo ou próximo ao percentil 10, pode-se concluir que está ocorrendo retardo de crescimento intrauterino; e acima do P90, excluída a hipótese de hereditariedade, pode-se pensar em alteração dos níveis de glicemia ou diabetes gestacional. Idade gestacional Tipo de crescimento Velocidade Peso médio do feto 1º trimestre (12 semanas) Hiperplasia Lenta 12º semana 300g 2º trimestre (13 a 27 semanas) Hiperplasia e hipertrofia Acelerada 27º semana 1000g 3º trimestre (acima de 28 semanas) Hipertrofia Máxima 38º semana 3000g Placenta A placenta é um órgão de alta complexidade metabólica. Caracteriza-se como estrutura esponjosa, oval, com diâmetro de 15 a 17cm e pesa aproximadamente 450g na gestação a termo. A principal função desse órgão é transportar oxigênio e nutrientes da mão para o feto a fim de suprir as altas demandas nutricionais deste, e eliminar os produtos originários do metabolismo fetal e produzir substâncias e hormônios necessários ao crescimento e ao desenvolvimento do feto. As células fetais necessitam de energia e insulina. Entretanto, como a insulina materna não atravessa a membrana placentária e nas primeiras 14 semanas gestacionais o pâncreas do feto ainda não consegue produzir sua própria insulina, a placenta produz temporariamente uma proteína que exerce função semelhante à da insulina. PRINCIPAIS HORMÔNIOS E SUAS FUNÇÕES NA GESTAÇÃO Gonadotrofina coriônica humana (HCG): apresenta papel fundamental no início da gravidez enquanto a placenta não é capaz de produzir progesterona e estrógeno em quantidades suficientes para promover a evolução dessa nova condição fisiológica. É detectada no sangue oito dias após a fecundação e em 15 dias se for pesquisada na urina. Progesterona: sua principal ação é relaxar a musculatura lisa do útero, mas acaba interferindo em outros órgãos, como o intestino, diminuindo sua motilidade. Essa ação possibilita maior tempo para absorção dos nutrientes, porém desencadeia o quadro de constipação intestinal. Favorece a deposição de gordura; aumenta a excreção de sódio; reduz a PCO2 arterial e alveolar; interfere no metabolismo do ácido fólico; participa da mamogênese. Estrógeno: sua principal ação é aumentar a elasticidade da parede uterina e do canal cervical. Essa ação é causada pela alteração dos mucopolissacarídeos do tecido conjuntivo tornando-o mais hidroscópico e, portanto, mais elástico. Reduz as proteínas séricas; afeta a função tireoidiana; interfere no metabolismo do ácido fólico; participa da mamogênese. Hormônio lactogênio placentário: antagoniza a ação da insulina pela deposição de glicose no sangue a partir de glicogênio. Tem ação semelhante à do hormônio do crescimento por fazer deposição de proteínas nos tecidos. Inicia o processo de produção de leite (lactogênese) nos alvéolos da glândula mamária. Insulina (pâncreas): as gestantes têm resposta normal a glicose no início da gravidez, mas à medida que o período gestacional avança, torna-se necessária mais insulina para transportar a mesma quantidade de glicose. A gestação é considerada um estado hiperinsulinêmico, pois caracteriza-se por menor sensibilidade a insulina, explicada em parte pela ação dos hormônios antagonistas da insulina, como progesterona, cortisol, prolactina e o hormônio lactogênio placentário. Os níveis glicêmicos em jejum tendem a ser menos elevados na gestante, em compensação aos níveis pós-prandiais que são mais altos, especialmente nas gestantes em que não há aumento adequado da produção de insulina. O aumento de glicose necessária para o feto sobrecarrega o sistema de tal modo que a insulina fica menos eficiente no final da gestação. Tiroxina (tireoide): esse hormônio regula as reações oxidativas envolvidas na produção de energia. Os hormônios progesterona e estrógeno participam de mecanismos homeostáticos que envolvem a tiroxina e o hormônio estimulante da tireoide (TSH). A hiperventilação promovida pela progesterona garante maior suprimento de oxigênio para a produção de energia, sem que seja necessário sobrecarregar a função da tireóide. ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS Durante a gestação ocorrem várias adaptações fisiológicas que afetam o sistema orgânico materno e as vias metabólicas. Por esse motivo, os parâmetros laboratoriais plasmáticos e urinários apresentam-se alterados em relação aos de mulheres não gravidas, principalmente, nos dois últimos trimestres. Os fatores fisiológicos que exercem maior força sobre essas alterações são: Aumento de 50% na expansão do volume plasmático com 20%de aumento de hemoglobina Elevação dos níveis dos hormônios estrogênio e progesterona O impacto dessas modificações fisiológicas recai sobre os níveis de lipídios, colesterol, caroteno, vitamina E e fatores coaguladores sanguíneos. O aumento de 50% no volume plasmático alcança o pico por volta de 28 a 32 semanas de gestação. A quantidade de eritrócitos (células vermelhas) e de hemoglobina aumenta 20% sendo o pico alcançado por ocasião do parto. O débito cardíaco aumenta de 30% para 40% devido a intensa circulação placentária que alcança o montante de 625ml de sangue por minuto nas fases finais da gestação. Ocorrem vários ajustes no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios para assegurar que o feto receba todos os suprimentos necessários ao seu crescimento. Cerca de 50% a 70% das calorias necessárias diariamente ao feto no último trimestre (43kcal/kg/dia) são derivados da glicose; aproximadamente 20% são provenientes dos aminoácidos; e o restante vem do lipídio. Quando os níveis glicêmicos maternos caem e ocorre diminuição da taxa de transferência de glicose para o feto, os ácidos graxos tornam-se a principal fonte de energia. Por esse motivo, no final da gravidez há um maior acúmulo de gordura em forma de triglicerídeos, principalmente nas coxas e na região subescapular, para servir como reserva imediata de energia em períodos de jejum prolongado. As ações da progesterona e do estrogênio aumentam a sensibilidade e a vascularização, respectivamente, dos centros respiratórios, promovendo a hiperventilação para suprir o aumento de 20% das necessidades de O2. Esse quadro pode conferir algum desconforto nasal. No final da gestação, a respiração torácica substitui a abdominal ocorrendo menor movimento do diafragma devido à expansão uterina. Assim o diafragma movimenta-se mais vezes com menor profundidade o que caracteriza na gestante a respiração “ofegante”. Na gestação normal, a função renal sofre alterações como aumento na filtração glomerular e velocidade do sangue pelos rins em consequência da diluição da albumina sérica, para facilitar a eliminação de creatinina, uréia e ácido úrico, produtos de excreção do metabolismoproteico fetal e materno. O impacto das alterações fisiológicas da gestação nas funções gustativas e olfativas pode ser resumido nos seguintes aspectos: as alterações hormonais, principalmente no primeiro trimestre, interferem no paladar e no olfato, com aumento no consumo de sal, pela diminuição da sensibilidade a essa substância; a maior capacidade olfativa é responsável pela hiperêmese, náuseas e vômitos. O aumento de peso no último trimestre de gravidez promove o estimulo do crescimento da massa muscular fetal, a desnutrição durante o período gestacional e no início da vida pós-natal está associada a prejuízos durante toda a infância. A partir do quarto mês de gestação ocorre formação de células adiposas e aumento acentuado até o nascimento. Crianças que nascem a termo e com peso adequado para a idade gestacional possuem mais adipócitos do que aquelas consideradas pequenas para a idade gestacional, e essas apresentam redução de 13% em sua massa magra.
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