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Transtornos somatoformes, dissociativos e factícios

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Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
1 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
Transtornos somatoformes 
• A característica principal dos transtornos somatoformes, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é a 
presença de sintomas físicos, que sugerem alguma doença orgânica ou física e não são produzidos 
intencionalmente. 
• Ocorrem associados à busca persistente de assistência médica. 
• Apesar de os médicos nada encontrarem de anormal, as queixas persistem e, quando há alguma alteração orgânica, esta 
normalmente não justifica a queixa. Porém, para que haja diagnóstico de transtorno somatoforme, deve haver, junto às 
queixas, algum sofrimento ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional. 
• A diferença entre os transtornos somatoformes e as doenças psicossomáticas está no fato de estas últimas apresentarem, 
além da queixa, de fato, alguma alteração orgânica constatável clinicamente. 
• A importância clínica dos transtornos somatoformes é totalmente determinada pela sua enorme prevalência, portanto, pela 
assiduidade com que os pacientes se utilizam dos sistemas de saúde. 
Transtorno de somatização 
• O transtorno de somatização é o mais comum, cuja característica principal é a elaboração de múltiplas queixas 
somáticas, que são recorrentes e clinicamente significativas, resultando em algum tratamento médico. 
• No transtorno de somatização, normalmente, há história de dor incaracterística e de difícil explicação médica que 
acomete, sobretudo, a cabeça, as costas, as articulações, as extremidades e o tórax, ou história de comprometimento 
nas funções de órgãos, como em relação às menstruações, ao intercurso sexual, à digestão ou ao funcionamento 
intestinal. 
• As queixas levam a frequentes exames médicos, radiográficos, tomográficos e mesmo a cirurgias exploratórias 
desnecessárias. Como os portadores do transtorno de somatização são previamente histeriformes, em geral, descrevem 
suas queixas em termos dramáticos, eloquentes e excessivos ou, curiosamente, ao contrário, ou seja, completamente 
indiferentes à sugerida gravidade do problema. 
• Frequentemente, ocorre longo histórico de hospitalizações e extensa trajetória médica, muitas vezes em busca de 
tratamento com vários médicos ao mesmo tempo. 
• Para o diagnóstico, deve haver, pelo menos, 2 anos de sintomas múltiplos, sem explicação clínica, recusa pelo paciente 
de que não há explicação física para os sintomas e prejuízo em seu funcionamento social e familiar. 
• O transtorno é mais comum entre mulheres e inicia-se na idade adulta, após os 30 anos. Dependência e abuso de 
sedativos e analgésicos são bastante frequentes 
Transtornos dissociativos 
(conversivos) 
• Segundo a CID-10, os transtornos dissociativos, ou de conversão, caracterizam-se por perda parcial ou completa das 
funções normais de integração da memória, da consciência, da identidade e das sensações imediatas, e do 
controle dos movimentos corpóreos. 
• Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, em particular 
quando a ocorrência se associa a acontecimento traumático. 
• A evolução pode igualmente acontecer para transtornos mais crônicos, particularmente paralisias e anestesias, quando 
o transtorno está ligado a problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis. 
• No passado, esses transtornos eram classificados, entre diversos tipos, como “histeria de conversão”. 
• Admite-se que sejam psicogênicos, uma vez que ocorrem em relação temporal estreita com eventos traumáticos, 
problemas insolúveis e insuportáveis, ou relações interpessoais difíceis. 
• Os sintomas revelam frequentemente a ideia que o sujeito faz de uma doença física. O exame médico e os exames 
complementares não permitem colocar em evidência um transtorno físico (em particular neurológico) conhecido. 
• Os sintomas podem ocorrer em relação temporal estreita com estresse psicológico, aparecendo e desaparecendo 
frequente e bruscamente. 
 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
2 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
• Convém atentar-se à produção dos sintomas, se é consciente ou inconsciente e se há ganho secundário, para 
fazer o correto diagnóstico dos transtornos. 
Amnésia Psicogênica ou Dissociativa 
• Define-se amnésia psicogênica ou dissociativa uma súbita incapacidade para lembrar informações pessoais 
importantes e anteriormente armazenadas na memória. 
• Trata-se de algo muito mais profundo que um esquecimento simples e, para que se possa dar esse diagnóstico, ele deve 
ocorrer na ausência de outro transtorno cerebral concomitante, como traumatismos cranianos e estados pós-
convulsivos. 
• A amnésia psicogênica pode seguir-se a acidentes catastróficos, como guerra, acidentes aéreos ou fatos vivenciais 
traumáticos ou moralmente muito condenáveis, como assaltos e estupros. 
• Há incapacidade de recordar informações pessoais importantes, em geral de natureza traumática ou estressante, 
demasiadamente extensa e delimitada para ser explicada pelo esquecimento normal. 
Fuga psicogênica 
• Nesse tipo de alteração, o distúrbio predominante consiste em afastamento súbito e inesperado de casa ou do local 
de trabalho e a incapacidade de recordar seu passado, portanto é um sintoma superposto à amnésia psicogênica. 
• Há desejo incontido de afastar-se de experiências emocionalmente dolorosas, mas, durante o período em que o paciente 
está foragido, pode comportar-se de modo aparentemente normal ao julgamento dos outros. 
• O principal diagnóstico diferencial é o comportamento do estado crepuscular, que pode acontecer na epilepsia do lobo 
temporal. 
Estupor dissociativo 
• O estupor dissociativo compreende a diminuição importante ou a ausência dos movimentos voluntários e da reatividade 
normal a estímulos ópticos, auditivos e táteis externos, sem que os exames clínicos e os exames complementares mostrem 
evidências de causa física. 
• Além disso, dispõe-se de argumentos em favor de origem psicogênica do transtorno, na medida em que é possível 
evidenciar eventos ou problemas estressantes recentes. 
Convulsões dissociativas 
• Os movimentos observados no curso das convulsões dissociativas podem assemelhar-se, de perto, aos observados 
no curso das crises epilépticas; todavia, a mordedura de língua, os ferimentos por queda e a incontinência urinária são 
raros. Além disso, a consciência está preservada ou substituída por estado de estupor ou transe. 
Anestesias dissociativas 
• Os limites das áreas cutâneas anestesiadas correspondem, frequentemente, às concepções pessoais do paciente, mais 
do que às descrições científicas. 
• Pode haver, igualmente, perda de um tipo de sensibilidade com conservação de outras sensibilidades, não 
correspondendo a nenhuma lesão neurológica conhecida. 
• A perda de sensibilidade pode ser acompanhada de parestesias. 
• As perdas da visão e da audição raramente são totais nos transtornos dissociativos. 
Síndrome de personalidade múltipla 
• O transtorno de personalidade múltipla ou transtorno dissociativo de identidade é outro sintoma que pode estar presente 
no transtorno dissociativo. 
 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
3 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
• Esse quadro caracteriza-se pela existência de duas ou mais personalidades distintas e separadas em uma só pessoa, 
cada uma determinando comportamentos, atitudes e sentimentos próprios. 
• Quando o paciente manifesta determinada personalidade, há amnésia em relação à outra. 
• A transição de uma personalidade para outra é, frequentemente, súbita e dramática. As personalidades assumidas 
podem representar identidades criadassubjetivamente e que atendem a anseios subterrâneos do indivíduo, bem como 
entidades sobrenaturais e possessivas. 
Transtorno de despersonalização e desrealização 
• Muito semelhante à personalidade múltipla, é a forma de histeria denominada despersonalização, caracterizada por 
alteração persistente ou recorrente na percepção de si mesmo, como a experiência de sentir-se separado do 
próprio corpo, de agir mecanicamente ou de estar em um sonho. 
• Em vez de sentir-se “possuído” por outra personalidade, há sensação de irrealidade para com o próprio corpo. 
• Dentre as causas orgânicas que mais apresentam o sintoma da despersonalização, está a epilepsia, que deve ser 
prontamente distinguida do transtorno dissociativo. 
• Normalmente, a despersonalização é acompanhada de grande sensação de ansiedade. A desrealização também pode 
estar presente, vivenciada como um sentimento de que o mundo externo é estranho ou irreal. 
• A pessoa com desrealização pode perceber, também, alteração insólita no tamanho ou na forma dos objetos, 
percebendo-os maiores do que são (macropsia) ou menores (micropsia), assim como podem parecer estranhas ou 
mecânicas as pessoas à sua volta. 
Síndrome de Ganser 
• A síndrome de Ganser caracteriza-se por “respostas aproximativas”: quando se pergunta quanto são 2 + 2, por exemplo, 
a resposta é 5. 
• É acompanhada de vários outros sintomas dissociativos. 
Transtorno Factício 
• Também chamado de síndrome de Munchausen, o transtorno factício é definido pela CID-10 por presença de sintomas 
físicos ou psicológicos, intencionalmente produzidos ou simulados com o fim de assumir o papel de doente. 
• O julgamento de que determinado sintoma é intencionalmente produzido é feito por evidências diretas e pela exclusão de 
outras causas. 
Por exemplo, um indivíduo que se apresenta com hematúria é descoberto com anticoagulantes em seu poder, nega tê-los 
consumido, mas os exames de sangue condizem com a ingestão de anticoagulantes. 
• Cabe notar que a presença de sintomas factícios não exclui a coexistência de sintomas somáticos ou psicológicos 
verdadeiros. 
• No caso de crianças, quando a mãe intencionalmente produz algum sintoma no filho pequeno, visando mantê-lo no papel 
de paciente, o transtorno é chamado transtorno factício por procuração (ou Munchausen por procuração). Os 
transtornos factícios são diferenciados de atos de simulação. 
Nesses últimos casos, o indivíduo também produz os sintomas de modo intencional, porém com um objetivo obviamente 
perceptível quando as circunstâncias ambientais se tornam conhecidas; por exemplo, a produção intencional de sintomas 
para livrar-se de uma prova ou de uma viagem. Da mesma forma, seria um ato de simulação se um indivíduo hospitalizado 
para tratamento detranstorno mental simulasse piora da doença para evitar a transferência para outro hospital menos 
desejável. 
Em contrapartida, no transtorno factício, a motivação é uma necessidade psicológica de assumir o papel de enfermo, 
evidenciada por ausência de incentivos externos para o comportamento. 
• A simulação pode ser considerada adaptativa sob certas circunstâncias, mas, por definição, o diagnóstico de transtorno 
factício sempre indica psicopatologia. 
 
 
 
 
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