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Cicatrização das Feridas Cirurgia Geral e suas Especialidades - Aula 01/ 03/ 2021 Ferida: A ferida cutânea é uma solução (quebra) de continuidade dos tecidos, causada por agentes térmicos, químicos ou bacterianos. Também há a ferida cirúrgica, a qual tem como causa uma ação iatrogênica (algo causado pelo médico, sendo um erro ou não) durante diérese cirúrgica. O processo de cicatrização é comum em todas as feridas, independente do agente que a causou. Além disso, é um mecanismo sistêmico e dinâmico e consiste em um coordenada cascata de eventos nos níveis celulares, moleculares e bioquímicos. Anatomia: Tegumento Cutâneo: 1 - Epiderme: É a parte mais superficial; Possui cinco estratos: Córneo, Lúcido, Granuloso, Espinhoso e Basal. 2 - Derme: Possui duas divisões: Papilar e Reticular. 3 - Subcutâneo: Tem como função diminuir o impacto, ser um coxim de proteção. Além de, fazer homeostase de temperatura e reter energia. Também relacionado com a regeneração tecidual. 4 - Aponeurose: É um sistema retentor, a qual liga o sistema muscular com o sistema tegumentar. 5 - Musculatura. 6 - Anexos da pele: Folículo piloso, glândula sebácea, glândulas sudoríparas, poros, músculo eretor do pelo, corpúsculos de meissner (táteis), corpúsculo de Passini, inervação glandular. Tipos de Ferida: Contusão: Uma ferida frequentemente causada por uma pancada. Pode se formar um hematoma ou uma equimose. Escoriação: É uma lesão simples, que ocorre na camada mais superficial da pele, como por exemplo, uma perna ralada. Não ocorre perda ou destruição do tecido, no geral, acontece um sangramento pequeno. Perfurante: São lesões ocasionadas por materiais perfurantes, como, agulha, prego e espinhos. Cortante: Lesão causada por um material cortante, a qual Avulsão (arrancamento): Quando houver um avulsamento da estrutura, ou seja, um arrancamento, uma separação das estruturas. Possui bordos bem definidos. Laceração: Essa é uma lesão muito grave causada por um traumatismo, as estruturas continuam no lugar. Possui ... Corto-Contusa: Ocorre uma contusão, a qual promove uma abertura do tecido. Possui bordos irregulares e contundidos. Perfuro-Cortante (FAB - Ferimento por Arma Branca): Além de haver um corte, ocorre uma penetração. Geralmente causadas por arma branca. Perfuro-Contusa (FAF - Ferimento por Arma de Fogo): A qual causa uma contusão com tamanha força mecânica, que causa um impacto capaz de perfurar a estrutura de revestimento. Tipos de Cicatrização: O tipo de cicatrização depende da quantidade de tecido lesado ou danificado e da presença ou não de infecção. Primeira intenção: Existe uma lesão, uma abertura do tecido tegumentar, com uma perda mínima de tecido, ausência de infecção e mínimo edema. Faz-se uma re-aproximação dos bordos, através de uma sutura na intenção de que ocorra uma maior facilidade de cicatrização. Como exemplo, uma cicatriz cirúrgica. Segunda intenção: Não à intervenção médica. Neste tipo, haverá uma união de bordo por não haver … ou por ter ocorrido uma perda excessiva de tecido, podendo ter presença de infecção ou não. As feridas ficam abertas e se fecham por meio de contração e epitelização. Terceira intenção: Ocorre por dois processos, inicialmente por segunda intenção e posteriormente por primeira intenção com uma ação médica através de uma sutura, para melhorar a qualidade final da cicatriz e as condições locais. Isto ocorre principalmente quando se tem a presença de infecção na ferida, a qual deve primeiramente ser tratada para posteriormente ser suturada. A condição tróficas dos tecidos é diferente em cada tipo de intenção. Como por exemplo, as lesões de segunda intenção tendem a deixar mais sequelas que aquelas realizadas em primeira e terceira intenção. Fisiologia: A cicatrização é caracterizada pela deposição de tecido conjuntivo na área lesada. O processo de cicatrização envolve a migração organizada de células inflamatórias e o recrutamento de células endoteliais para que ocorra a angiogênese. Essas células liberam fatores de crescimento e citocinas, que coordenam e mantêm a cicatrização de feridas. As feridas agudas passam por estágios de cicatrização de feridas (inflamação, epitelização, fibroplasia e maturação) como uma via linear, com início e fim claros. Já as feridas crônicas são interrompidas em um dos estágios de cicatrização, geralmente em estágio inflamatório, e não progridem mais. Nessas situações, a fisiologia normal da via linear é transformada na fisiopatologia de um ciclo crônico, sem um ponto final claro de cicatrização. Distúrbios da cicatrização: Inibição Cicatricial: - Deiscência: Ocorre quando os bordos são aproximados, porém, por algum fator essa sutura se abre. Diferentemente da separação de ferida, a deiscência ocorre em um determinado período, quando já se tem uma ação de união dos tecidos, entre o 4° e 7° dia. - Separação de ferida: Ocorre em um período menor que a deiscência. Pode acontecer por uma falha na sutura ou no momento de transferir o paciente para a maca. - Cronicidade: Não ocorre uma cicatrização. Pode ocorrer por diversos fatores, intrínsecos ou extrínsecos, os quais inibem que o tecido cicatrize. Fatores Sistêmicos: Infecção; Corpo Estranho; Neoplasia; Irradiação; Pressão; Edema; Insuficiência Arterial; Insuficiência Venosa; Tabagismo; Idade; Diabetes; Medicamentos; Obesidade; Stress; Nutrição e genética; Imunidade. Fatores Locais: Técnica imprópria; Infecção; Corpo estranho; Neoplasia; Irradiação; Pressão; Edema; Insuficiência arterial; Insuficiência venosa. Exacerbação Cicatricial: - Hipertrofia: A cicatriz se apresenta aumentada, mas não ultrapassa as bordas da lesão. - Quelóide: A cicatriz se apresenta muito aumentada e ultrapassa as bordas da incisão. - Contratura: Cicatriz se forma de maneira que os movimentos do paciente se tornam limitados. Processo de Cicatrização: Eventos Moleculares e Celulares - do Coágulo, à Re-epitelização e Maturação. Trauma Tecidual: Fases da Cicatrização Tecidual: 1 - Fase Inflamatória: - Hemostasia (Trombocítica): A primeira etapa da cicatrização logo após haver a lesão é a hemostasia. Ocorre uma vasoconstrição de pequenos vasos da ferida objetivando uma leve hemostasia de 5 a 10 minutos. Haverá uma agregação plaquetária em vasos separados e esses fragmentos celulares acionam a cascata de coagulação, liberando fatores de crescimento e citocinas essenciais. Forma-se então uma matriz de fibrina, a qual estabiliza a ferida. Quando as lesões são grandes pode ser necessário que se façam procedimentos como, ligaduras. - Inflamação: Essa fase se completa dentro de 4 dias, exceto em casos em que a lesão apresenta infecção ou outros fatores associados que prejudiquem a ferida. Há o aumento da permeabilidade vascular e o recrutamento celular. Além de, haver a remoção de bactérias. Neste contexto, ocorrem alguns eventos, como a maturação de leucócitos mononucleares em macrófagos, degranulação mastocitária, formação de edema, sinais flogísticos, quimiotaxia com posterior digestão leucocitária de bactérias, detritos e tecido necrótico. Nas feridas crônicas, o processo de cicatrização é interrompido nessa etapa. * Vasodilatação Inflamatória: * Quimiotaxia: É o movimento de pequenos organismos e células únicas em resposta a sinais químicos no ambiente circundante. 2 - Fase Proliferativa: - Epitelização: Nesta fase haverá proliferação de células basais e a migração de células epiteliais que ocorrem na ponte de fibrina dentro de um coágulo. A camada superficial do epitélio formada cria uma barreira contra corpos estranhos. Uma vez que a camada basal da região da ferida estiver intacta, as células epiteliais vão migrar em uma direção superior e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias. Já se estamembrana for lesada, as células epiteliais das borda da ferida começam a se proliferar, visando restabelecer uma nova barreira. - Fibroplasia: Essa fase consiste na proliferação de fibroblastos, acúmulo de substância fundamental e produção de colágeno. Os fibroblastos são transformados a partir de células mesenquimais, costumam permanecer na ferida por 24 horas e predominar no 10° dias pós-operatório. Os fibroblastos se ligam a matriz de fibrina e produzem glicoproteínas e mucopolissacarídeos, que formam a substância fundamental. Além dessas células sintetizarem colágeno, que se diferenciam em miofibroblastos, o qual tem a capacidade de contração e leva a redução do tamanho da cicatriz. Nos casos em que ocorre fibrose patológica, os miofibroblastos persistem e são responsáveis por formar cicatrizes exuberantes, podendo resultar em contratura ou quelóide. A epitelização e a fibroplasia juntas são denominadas como fase proliferativa. Nesta fase, além dos demais processos, ocorre também a formação do tecido de granulação. 3 - Fase de Remodelação: - Maturação: No estágio de maturação ocorre a reticulação e o remodelamento de colágeno (matriz extracelular), contração da ferida (miofibroblastos) e repigmentação. Inicialmente o colágeno produzido é mais fino que o colágeno presente na pele normal. Com o passar do tempo, o colágeno inicial (tipo III) é reabsorvido e um colágeno mais espesso (tipo I) é produzido. Sinalização Celular: É um processo no qual as células se comunicam entre si ou emitem sinais para ela mesma. São produzidas moléculas sinalizadoras, as quais vão se ligar a células-alvo. Tipos de SInalização Molecular: - Efeito Autócrino: Uma célula sinalizadora produz uma molécula sinalizadora, a qual é liberada na corrente sanguínea e a sua célula-alvo é a mesma que a produziu. - Efeito Parácrino: Uma célula sinalizadora produz uma molécula sinalizadora, para uma célula-alvo que está próxima a ela. Neste processo, a molécula entra a célula-alvo por difusão. - Efeito Endócrino: Nesse processo as células sinalizadoras, produzem hormônios que são lançados na corrente sanguínea pra que cheguem até a célula-alvo. Elementos Moleculares: Fatores de Crescimento (GF): Elementos Celulares: Tipos de Reparação: Cicatrização Regeneração Feridas Crônicas: Podem ser secundárias a lesões agudas ou por ruptura de pele previamente íntegra. Pacientes com DM possuem alto risco de terem lesões repetitivas agudas e crônicas. Essas lesões, geralmente estão associadas a deficiências fisiológicas que retardam ou impedem a cicatrização. As feridas abertas largas e crônicas são potenciais áreas para o desenvolvimento de CEC (carcinoma escamocelular), sendo importante o manejo e cuidado frequente destas.
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