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INTRODUÇÃO Todos os anestésicos clinicamente eficazes são vasodilatores. O grau de vasodilatação varia de significativo (procaína) a mínima (prilocaína e mepivacaína), também pode variar de acordo com o local de injeção e a resposta individual do indivíduo. Após injeção do anestésicos nos tecidos, os vasos sanguíneos da área dilatam-se, resultando em um aumento da perfusão no local e levando às seguintes reações: Aumento da taxa de absorção do anestésicos pelo sistema cardiovascular, que por sua vez remove do local de infiltração. Maiores níveis plasmáticos do anestésico local, com consequente aumento do risco de toxicidade. Diminuição da profundidade e da duração da anestesia devido à difusão mais rápida da solução mais rápida da solução anestésica para fora do local de injeção. Aumento do sangramento no local do tratamento devido ao aumento da perfusão. VASOCONSTRITORES Os vasoconstritores são fármacos que contraem os vasos sanguíneos e portanto controlam a perfusão tecidual. Eles são adicionados aos anestésico para equilibrar as ações vasodilatadoras dos anestésicos. São adições importantes aos anestésicos pelas seguintes razões: 1.Por meio da constrição de vasos sanguíneos, os vasoconstritores diminuem o fluxo sanguíneo (perfusão) para o local de administração do anestésico. 2.Absorção do anestésico para o sistema cardiovascular torna-se + lenta, resultando em níveis sanguíneos menores do ant. 3.Níveis sanguíneos do anestésico são reduzidos, diminuindo assim o risco de toxicidade. 4.Maiores quantidades de anestésico local penetram no nervo, onde permanecem por períodos mais longos aumentando a duração de ação da maioria. 5.Os vasoconstritores diminuem o sangramento no local da administrados, portanto são úteis quando é previsto sangramento elevado. Farmacologia dos Vasoconstritores Os vasoconstritores comumente utilizados em conjunto com os anestésicos são quimicamente idênticos ou semelhantes aos mediadores do sistema nervoso SIMPÁTICO adrenalina e noradrenalina. As ações dos vasoconstritores que se assemelham a resposta dos nervos adrenérgicos à estimulação, são classificados como agentes simpaticomiméticos. Os fármacos simpaticomiméticos podem ser classificados de acordo com sua estrutura química e seu modo de ação. ESTRUTURA QUÍMICA Classificação pela estrutura química está relacionada à presença ou a ausência de um núcleo CATECOL. Os fármacos simpaticomiméticos quem tem radicais hidroxila (OH) na 3ª e 4ª posição do anel aromático são denominados catecóis. Se eles contêm um grupo amina (NH2) ligado a cadeia lateral alifática são designados catecolaminas. Adrenalina, noradrenalina e a dopamina são as catecolaminas naturais do sistema nervoso simpático. Isoproterenol e levonordefrina são catecolaminas sintéticas. Os vasoconstritores que não possuem grupos OH na 3ª e 4ª posições da molécula aromática não são catecóis, mas são aminas, pois apresentam NH2 ligado a cadeira lateral alifática. Catecolaminas Não catecolaminas Adrenalina Anfetaminha Noradrenalina Metanfetamina Levonordefrina Efedrina Isoprotenerol Mefentermina Dopamina Hidroxianfetamina Metaraminol Metoxamina Fenilefrina MODOS DE AÇÃO 3 categorias de aminas simpaticomiméticas: Fármacos de ação direta (ação direta nos receptores adrenérgicos). Fármacos de ação indireta (liberação de noradrenalina das terminações nervosas adrenérgicas). Ação mista (direta e indireta). RECEPTORES ADRENÉRGICOS São encontrados na maioria dos tecidos do corpo. 2 tipos de receptores: alfa e beta com base nas ações inibitória ou excitatórias das catecolaminas no músculo liso. Ativação dos receptores alfa por um agente simpaticomiméticos geralmente produz uma resposta que inclui a contração do músculo liso dos vasos sanguíneos (vasoconstrição). Receptores alfa 1 excitatórios pós- sinápticos e alfa 2 são inibidores pós- sinápticos. Ativação dos receptores beta produz o relaxamento do músculo liso (vasodilatação e broncodilatação) e a estimulação cardíaca (aumento da frequência cardíaca e da força de contração) Beta 1 são encontrados no coração e no intestino delgado e são responsáveis pela estimulação cardíaca e lipólise. Beta 2 são encontrados nos brônquios, leitos vasculares e útero, produzindo vasodilatação e broncodilatação. LIBERAÇÃO DE CATECOLAMINAS Outros fármacos simpaticomiméticos, agem diretamente causando a liberação das catecolamina adrenalina de locais de armazenamento nas terminações nervosas adrenérgicas. FARMACOLOGIA DE AGENTES ESPECÍFICOS: ADRENALINA Sal ácido e é altamente solúvel. Bissulfito de sódio comumente adicionado para retardar sua deteriorização. Origem: sintética e natural Modo de ação: atua diretamente nos receptores alfa e beta adrenérgicos, efeitos beta predominam. Miocárdio: estimula os receptores beta 1 do miocárdio. Efeito inotrópico (força de contração) positivo e efeito cronotrópico (frequência de contração) positivo. O débito e a frequência cardíaca aumentam. Células marca-passo: estimula os receptores beta 1 e aumenta a irritabilidade das células marca-passo, levando a um aumento de disrritmias. Taquicardias e as contrações ventriculares prematuras são comuns. Artérias coronárias: dilatação dessas aterias, aumentando o fluxo sanguíneo. Pressão arterial: pressão sistólica aumentada e a diastólica diminuída. Maior sensibilidade a adrenalina nos receptores beta 2 do que no alfa receptores que nutrem os músculos esqueléticos. Pressão diastólica aumenta com doses maiores de adrenalina. Bianca Abreu Dinâmica cardiovascular: aumento pressão sistólica e diastólica; aumento débito cardíaco; aumento do volume sistólica; aumento da frequência cardíaca; aumento da força de contração; aumento do consumo miocárdico de contração. Vasculatura: ação primária nas arteríolas e esfíncteres pré-capilares. Vasos sanguíneos que nutrem pele, mucosas e rins contem receptores alfa. A adrenalina produz vasoconstrição. Hemostasia: a injeção diretamente no local da cirurgia produz concentrações teciduais elevadas, estimulação predominante dos receptores alfa e hemostasia. Com a diminuição dos níveis teciduais, sua ação primária é revertida para vasodilatação devido a predominância das ações sobre os receptores beta 2. Sistema respiratório: potente dilatador (efeito beta 2) do músculo liso dos bronquíolos. Importante para tratamento de episódios asmáticos agudos. Sistema nervoso central: doses normais não é um estimulante potente do SNC. Metabolismo: aumenta o consumo de oxigênio em todos os tecidos. Por meio de uma ação beta estimula a glicogenólise no fígado e no músculo esquelético, elevando os níveis sanguíneos de glicose. Final da ação e eliminação: finalizada primariamente pela sua recaptação pelos nervos adrenérgico. A que escapa é rapidamente inativada no sangue pelas enzimas catecol-O-metiltransferase (COMT) e monoamina oxidase (MAO), as quais estão presentes no fígado. Apenas pequenas quantidades são excretadas de forma inalterada na urina. Efeitos colaterais e superdosagem: aumento do temor e ansiedade, tensão, agitação, cefaleia, tontura, palidez, fraqueza, tremor, dificuldade de respirar e palpitação. Aplicações clínicas: Tratamento das reações alérgicas agudas. Tratamento de episódios asmáticos agudos (broncoespasmo). Tratamento da parada cardíaca. Vasoconstritor para hemostasia Vasoconstritorpara anestésicos, para diminuir a absorção para o sistema cardiovascular e aumentar a profundidade e duração da anestesia. Para produzir midríase. American Heart Association: “as concentrações típicas de vasoconstritores contidas nos anestésicos locais não são contraindicações para pacientes com doenças cardiovascular, desde que seja realizada aspiração prévia, a injeção do anestésicos local seja lenta e seja administrada a menor dose eficaz”. Em pacientes com comprometimento cardiovascular parece prudente evitar ou limitar o uso de vasoconstritor. Isso inclui pacientes ASA 3 mal compensados e todos os pacientes ASA 4. Hemostasia: concentração de 1:50.000 é mais eficaz nesse aspecto do que soluções menos concentradas. NORADRENALINA (LEVARTERENOL) Origem: forma sintética e natural. Noradrenalina é sintetizada e armazenada em terminações adrenérgicas pós- ganglionares. Mecanismo de ação: quase exclusivamente sobre os receptores alfa. Também estimula as ações beta no coração (90%). Miocárdio: ação inotrópica positiva no miocárdio através da estimulação beta 1. Células marca-passo: estimula as células marca-passo e aumenta sua irritabilidade, levando à maior incidência de disritmias cardíacas (ação BETA 1). Artérias coronárias: produz aumento no fluxo sanguíneo nas artérias coronárias por meio de um efeito vasodilatador. Frequência cardíaca: produz REDUÇÃO da frequência causada por ação reflexa dos barroceptores carotídeo e aórtico e do nervo vago após um aumento acentuado das pressões sistólica e diastólica. Pressão arterial: há aumento das pressões sistólica e diastólica, principalmente sistólica. Efeito produzido por meio de ações alfa estimulantes, que levam a uma vasoconstrição periférica e ao concomitante aumento da resistência vascular periférica. Dinâmica cardiovascular: aumento da pressão sistólica e dia; diminuição da frequência cardíaca; débito cardíaco inalterado ou ligeiramente diminuído; aumento do volume sistólico; aumento da resistência periférica total. Vasculatura: através da estimulação alfa, a noradrenalina produz vasoconstrição dos vasos sanguíneos cutâneos. Isso leva a um aumento da resistência periférica total e aumento das pressões sistólica e diastólica. Sistema respiratório: NÃO relaxa a musculatura lisa brônquica, como a adrenalina. Não é clinicamente eficaz contra o broncoespasmo. Ela reduz um pouco a resistência das vias aéreas. Sistema nervoso central: como a adrenalina NÃO exibe ações estimulantes sobre o SNC em doses usuais. Metabolismo: aumenta a taxa metabólica basal. A noradrenalina produz uma elevação da glicemia da mesma maneira que a adrenalina, porém em menor grau. Término de ação e eliminação: finalizada através da sua receptação nos terminais nervosos adrenérgicos e de sua oxidação pela MAO. A noradrenalina exógena é inativada pela COMT. Efeitos colaterais e superdosagem: normalmente envolvem a estimulação do SNC. A injeção extravascular nos tecidos pode produzir NECROSE e descamação tecidual, principalmente no palato duro. Aplicações clínicas: utilizada como vaso em anestésicos locais e para tratamento de HIPOTENSÃO. Disponibilidade na odontologia: nos Estados Unidos não está mais disponível. Doses máximas: possui aproximadamente 25% da potência de um vasopressor como a adrenalina e portanto utilizada na concentração de 1:30.000. LEVONORDEFRINA Nome comercial: neo-cobefrina Origem: vasoconstritor sintético. Mecanismo de ação: parece atuar por meio de estimulação direta do receptor alfa (75%) com alguma atividade beta (25%), mas em menor grau que a adrenalina. Ela tem 15% da potência vasopressora da adrenalina. Ações sistêmicas: produz menor estimulação cardíaca e do SNC que a adrenalina. Miocárdio: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau. Células marca-passo: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau. Frequência cardíaca: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau. Vasculatura: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau. Sistema respiratório: produz alguma broncodilatação, mas em menor grau que a adrenalina. SNC: mesma da adrenalina, mas em menor grau. Metabolismo: mesma ação da adrenalina, mas em menor grau. Término de ação e eliminação: eliminada através de ações da COMT e da MAO. Efeitos colaterais e superdosagem: mesmo da adrenalina, mas em menor grau. Aplicações clínicas: usada como vasoconstritor em anestésicos locais. Disponibilidade: com a mepivacaína a 1:20.000. CLORIDRATO DE FENILEFRINA Estrutura química: bastante solúvel em água. É o vasoconstritor mais estável e mais fraco empregado na odontologia. Origem: amina simpáticomimética sintética. Mecanismo de ação: estimulação direta do receptor alfa (95%). Embora o efeito seja menor que o da adrenalina, sua duração é maior. 5% da potência da adrenalina. Miocárdio: pouco efeito cronotrópico ou inotrópico sobre o coração. Células marca-passo: há pouco efeito. Artérias coronárias: aumento do fluxo sanguíneo causado por dilatação. Pressão arterial: ação alfa produz aumento nas pressões sistólica e diastólica. Frequência cardíaca: bradicardia é produzida por ações reflexas dos barroceptores carotídeo-aórticos e do nervo vago. Dinâmica cardiovascular: aumento das pressões sistólica e diastólica; bradicardia reflexa; ligeira redução do débito cardíaca reflexa; vasoconstrição potente (contração da maioria dos leitos vasculares, aumento significativo da resistência periférica), mas sem congestão venosa acentuada. Sistema respiratório: os brônquios são dilatados, mas em menor grau do que com o uso de adrenalina. SNC: há um efeito mínimo. Metabolismo: observa-se algum aumento da taxa metabólica. Término de ação e eliminação: sofre hidroxilação em adrenalina, seguida de oxidação em metanefrina e depois é eliminada da mesma maneira que a adrenalina. Efeitos colaterais e superdosagem: efeitos mínimos sobre o SNC. Foram observadas cefaleia e disritmias ventriculares após a superdosagem. Aplicações clínicas: vasoconstritor em anestésicos locais, para tratamento da hipotensão, como descongestionante nasal e em soluções oftálmicas para produzir midríase. Disponibilidade em odontologia: era utilizada com a procaína a 4% em concentração de 1:2.500 (não é mais disponível). Doses máximas: considera-se que a fenilefrina seja 20x menos potente que a adrenalina. É um excelente vasoconstritor, com poucos efeitos colaterais significativos. FELIPRESSINA Nome comercial: octapressin Origem: análogo sintético do hormônio antidiurético VASOPRESSINA. Ela é uma amina não simpaticomimética. Mecanismo de ação: age como estimulante da musculatura lisa vascular. Suas ações parecem ser mais acentuadas na MICROCIRCULAÇÃO VENOSA do que na arteriolar. Miocárdio: não há efeitos diretos. Células marca-passo: é NÃO disritmogênica, ao contrário das aminas simpaticomiméticas (ex: adrenalina e noradrenalina). Artérias coronárias: em altas doses, a constrição dos vasos sanguíneos cutâneos induzida pela felipressina pode produzir palidez facial. SNC: não apresenta efeito na transmissão adrenérgica, portanto, PODE ser administrada com segurança a pacientes com hipertireoidismo e aqueles recebem inibidores da MAO ou antidepressivos tricíclicos. Útero: apresenta ações antidiuréticas e ocitóticas, as últimas contraindicada seu uso a paciente grávidas. Efeitos colaterais e superdosagem: ampla margem de segurança; incidência de reações sistêmicas é mínima. Aplicações clínicas: utilizada como vasoconstritor em anestésicos locais para diminuir sua absorção e aumentar a duração de sua ação. Disponibilidade em odontologia: prilocaína a 3%. Doses máximas: não são recomendadas quando é necessária hemostasia, devido ao seu efeito predominante na circulação venosa.
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