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Bromatologia Aula 7: Carboidratos e �bras solúveis Apresentação Nesta aula, focaremos os carboidratos e as �bras, buscando de�ni-los e classi�cá-los. Inicialmente, analisaremos os carboidratos, que, quimicamente, são compostos polihidroxilados com grupamentos aldeídos ou cetonas em seus derivados simples. Como veremos, por serem a principal fonte de energia da ingestão dietética, os carboidratos são considerados a base da nutrição, sendo recomendada a ingestão de mais de 50% desse macronutriente na alimentação. Inicialmente, focaremos os carboidratos, que, quimicamente, são compostos polihidroxilados com grupamentos aldeídos ou cetonas em seus derivados simples. Como veremos, por serem a principal fonte de energia da ingestão dietética, os carboidratos são considerados a base da nutrição, sendo recomendada a ingestão de mais de 50% desse macronutriente na alimentação. Considerando a sua importância, também será foco do nosso estudo a classi�cação dos carboidratos. Na sequência, focaremos as �bras alimentares e o modo como são classi�cadas. Além disso, apresentaremos os padrões de identidade e qualidade de alimentos glicídicos e as legislações vigentes relacionadas a cada um deles. Por �m, contemplaremos as metodologias de análise para açúcares redutores e não redutores, �bras totais, solúveis e insolúveis, análises de mel e farinhas. Objetivo Compreender os conceitos de carboidratos e �bras alimentares; Analisar os padrões de identidade e qualidade dos produtos açucarados, feculentos e farináceos; Reconhecer os métodos analíticos dos carboidratos e �bras; Discutir os métodos de análise de açúcares redutores e não redutores, �bras totais, solúveis e insolúveis, mel e farinha de trigo. Qual é a importância dos carboidratos e das �bras alimentares? (Fonte: Africa Studio / Shutterstock.) Os carboidratos estão amplamente distribuídos na natureza, constituindo cerca de 90% da matéria seca das plantas. Estão presentes também em inúmeros alimentos, podendo ser a eles adicionados ou deles fazer parte como componente natural. Quanto à forma, apresentam diferentes estruturas moleculares, tamanhos e con�gurações, além de variadas propriedades físico-químicas e efeitos �siológicos no corpo humano. Os carboidratos são macronutrientes, constituindo a principal e mais abundante fonte de energia para os seres humanos. No entanto, alguns carboidratos não são fontes de energia, mas de �bras alimentares. As �bras alimentares têm grande importância na nutrição humana, e suas principais ações �siológicas estão relacionadas com: Sua fermentação por bactérias intestinais; Sua capacidade de reter água e moléculas orgânicas; A formação de soluções viscosas; O estímulo à peristalse intestinal. O consumo de �bra alimentar associado a uma dieta balanceada é importante para promover a saúde. O consumo recomendado é de 25 g de �bra por dia. As �bras também possuem propriedades físico-químicas e tecnológicas que permitem seu uso pela indústria alimentícia. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online O que são carboidratos e como se classi�cam? Conceito Carboidratos são compostos orgânicos produzidos pelas plantas por meio da fotossíntese, a partir de CO2, H2O e pela ação dos raios solares, apresentando a seguinte estrutura geral: O)y Os carboidratos estão presentes em alimentos de origem animal e vegetal, sendo uma grande fonte de energia para os seres vivos e predominando nas dietas da maioria dos povos. Cn(H2 Além de ter um grande valor nutritivo, os carboidratos contribuem para melhorar as características físico-químicas e sensoriais dos alimentos. Sendo assim, eles podem sofrer modi�cações para melhorar as propriedades e ampliar as aplicações dos alimentos. Tipos de carboidrato Os carboidratos são classi�cados em função do seu peso molecular e podem ser dos seguintes tipos: Monossacarídeos; Oligossacarídeos; Polissacarídeos. A seguir, veremos cada um desses tipos de carboidrato com mais detalhes. Clique nos botões para ver as informações. Figura 1 - Estrutura da glicose. Monossacarídeos Monossacarídeos Os monossacarídeos são os menores e mais simples carboidratos. A sua fórmula geral é a seguinte: O)]n O número de átomos de carbono presente em um monossacarídeo será sempre igual ao número de átomos de oxigênio. Pode haver de três a seis átomos de carbono em um monossacarídeo, no entanto as hexoses (monossacarídeos com seis átomos de carbono) são mais frequentes. Os monossacarídeos não são hidrolisáveis, pois se apresentam como moléculas únicas, sem ligações glicosídicas, e são considerados açúcares redutores, uma vez que apresentam o grupo hidroxila anomérico, que é extremamente reativo, atuando como um agente redutor em reações de oxirredução. Além disso, possuem alto poder edulcorante, alto índice glicêmico e são solúveis em água. Sofrem ainda reações de escurecimento não enzimático, como caramelização e reação de Maillard. Os monossacarídeos mais comuns são os seguintes: Glicose – amplamente distribuída na natureza; Frutose – predominante em frutas e no mel; Galactose – normalmente ligada à glicose, formando lactose; Manose – encontrada, principalmente, em frutas vermelhas. Na �gura a seguir, podemos observar a estrutura da glicose. [C(H2 Oligossacarídeos Oligossacarídeos Os oligossacarídeos são polímeros contendo de dois a 20 unidades de monossacarídeo (alguns autores a�rmam que esse número vai de dois a 10 apenas). Eles são unidos por ligações glicosídicas e, majoritariamente, são resultantes da hidrólise de polissacarídeos. Os oligossacarídeos mais importantes são os dissacarídeos. Constituídos de dois monossacarídeos, os dissacarídeos possuem a seguinte fórmula geral: O)n Os dissacarídeos mais comuns são: Lactose – resultado da ligação entre glicose e galactose; Sacarose – constituída de glicose e frutose; Maltose – constituída de duas unidades de glicose. CM (H2 Os dissacarídeos são açúcares redutores (exceto a sacarose, que só apresenta tal propriedade quando hidrolisada) e apresentam poder edulcorante e solubilidade em água. Sofrem hidrólise na presença de calor, ácido fraco ou enzima, e são suscetíveis a reações de escurecimento não enzimático. Os oligossacarídeos com mais de duas unidades de monossacarídeo apresentam algumas propriedades diferentes daquelas encontradas nos dissacarídeos: não são redutores e possuem baixo poder edulcorante. São exemplos: Ra�nose (trissacarídeo) ; Estaquiose (tetrassacarídeo); Verbascose (pentassacarídeo). Polissacarídeos Polissacarídeos Os polissacarídeos, também chamados de glicanos, são polímeros constituídos de mais de 20 monossacarídeos. Eles são a forma mais comum de carboidrato presente na natureza. A sua fórmula geral é a seguinte: H O )n Os polissacarídeos não possuem poder redutor nem edulcorante e, em grande maioria, apresentam grau de polimerização superior a 100. De maneira geral, os polissacarídeos não são solúveis em água, mas garantem ao alimento propriedades como coesão, textura e palatabilidade. Os que possuem solubilidade em água são chamados de gomas. Outros são dispersíveis em água, sendo responsáveis por características como viscosidade, capacidade espessante e geli�cante. Vejamos, a seguir, alguns dos polissacarídeos encontrados na natureza: a) Amido: O polissacarídeo mais comumente encontrado na natureza é o amido, constituído apenas de unidades de glicose (homopolímero). O amido é a principal reserva de energia das plantas e possui dois tipos de cadeia: Amilose – linear; Amilopectina – rami�cada. O amido é solúvel em água quente e suas principais propriedades envolvem as capacidades de: Gelatinização; Retrogradação; Dextrinização. Quando passa por modi�cações químicas, físicas ou enzimáticas, é chamado amido modi�cado. Já o amido resistente é caracterizado pela soma do amido e dos produtos de sua degradação que não são digeridos e absorvidos no trato gastrointestinal. b) Celulose: A celulose também é abundante na natureza e possuiapenas unidades de glicose. É insolúvel e possui alta massa molecular, estando presente nas paredes celulares e constituinte estrutural dos vegetais. A hemicelulose é um heteropolissacarídeo (constituído por diferentes monossacarídeos) presente nos vegetais tenros e novos. Algumas de suas frações são solúveis em água, e outras são insolúveis. c) Glicogênio: (C6 10 5 O glicogênio é a principal forma de carboidrato presente nos animais, sendo sua reserva de energia. Encontra-se armazenado nos músculos. d) Pectina: A pectina é um heteropolissacarídeo solúvel muito presente nas polpas de frutas e vegetais. Uma de suas principais propriedades é a capacidade de gelatinização. e) Gomas: As gomas são heteropolissacarídeos solúveis em água, encontradas nos vegetais terrestres ou marítimos, ou de origem microbiana. São utilizadas com função espessante, estabilizante e gelei�cante. As mais comuns são: Arábica Xantana Guar Locusta Carragena Agar Alginato f) Inulina e fruto-oligossacarídeos (FOS): Inulina e fruto-oligossacarídeos (FOS) aparecem, naturalmente, como carboidratos de reserva de muitas plantas. Ambos são solúveis em água e considerados �bras prebióticas, aquelas fermentadas no cólon por bi�dobactérias, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e proporcionando inúmeros benefícios nutricionais e à saúde. O que são �bras alimentares e como se classi�cam? Conceito Fibras alimentares ou �bras dietéticas são de�nidas como o conjunto de polissacarídeos – diferentes do amido – presente na parede celular das plantas. A sua principal característica é a resistência à hidrólise pelas enzimas digestivas do trato gastrointestinal. Em outras palavras, as �bras alimentares resistem à digestão e não são absorvidas pelo organismo. (Fonte: 5PH / Shutterstock.) Esses polissacarídeos formam uma rede tridimensional que pode conter outros compostos, como proteínas, compostos fenólicos e fatores antinutricionais. Oligossacarídeos não digeríveis, como ra�nose e estaquiose, também são classi�cados como �bra dietética. As �bras podem estar presentes nos alimentos de forma natural ou ser adicionadas intencionalmente. As principais fontes de �bra dietética são os cereais, os vegetais e as frutas. Tipos de �bra As �bras são classi�cadas de acordo com a sua solubilidade em água e podem ser dos seguintes tipos: Fibras solúveis; Fibras insolúveis. A seguir, veremos cada um desses tipos de �bra com mais detalhes. Clique nos botões para ver as informações. Fibras solúveis (Fonte: MaxCab / Shutterstock.) Fibras solúveis As �bras solúveis constituem a fração de �bra dietética que é solúvel em água. Essas �bras são fermentadas por bactérias no cólon, produzindo metano, hidrogênio, CO2 e, no caso das �bras prebióticas, ácidos graxos de cadeia curta. Seus efeitos �siológicos estão relacionados à redução do colesterol e da glicemia. São exemplos de �bras solúveis: Pectina; Gomas; Mucilagens; Polissacarídeos de reserva, como inulina e fruto-oligossacarídeos; Hemiceluloses solúveis. Fibras insolúveis Fibras insolúveis A �bras insolúveis são aquelas que não apresentam solubilidade em água e não sofrem fermentação no cólon. Essas �bras atuam �siologicamente estimulando a motilidade intestinal e contribuindo tanto para o aumento do volume do bolo fecal quanto para a aceleração do trânsito colônico. São exemplos de �bras insolúveis: Celulose; Lignina; Algumas hemiceluloses. No quadro a seguir, podemos observar os tipos de �bra, seus componentes e suas principais fontes. Tipo Grupos Componentes Fontes Polissacarídeos não amido Celulose Celulose (25% da fibra de grãos e frutas e 30% em vegetais e oleaginosas) Vegetais (parede celular das plantas), farelos Hemicelulose Arabinogalactanos, β-glicanos, arabinoxilanos, glicuronoxilianos, xiloglicanos, galactomananos Aveia, cevada, vagem, abobrinha, maça com casca, abacaxi, grãos integrais e oleaginosas Gomas e mucilagens Galactomananos, goma guar, goma locusta, goma karaya, goma tragacanto, alginatos, agar, carragenanas e psyllium Extratos de sementes: alfarroba, semente Pectinas Pectina Frutas, hortaliças, batatas, açúcar de beterraba Oligosacarídeos Frutanos Insulina e frutoligossacarídeos (FOS) Chicória, cebola, yacón, alho, banana, tupinambo Carboidratos análogos Amido resistente e maltodexitrina resistentes Amido + produtos da degradação de amido não absorvidos no intestino humano saudável Leguminosas, sementes, batata crua e cozida, banana verde. grãos integrais, polidextrose Lignina Lignina Ligada à hemicelulose na parede celular. Única fibra estrutural não polissacarídeo - polimero de fenilpropano Camada externa de grãos de cereais e aipo Substâncias associadas aos polissacarídeos não amido Compostos fenóicos, proteína de parede celular, oxalatos, filatos, ceras, cutina, suberina Componentes associados à fibra alimentar que confere ação antioxidante a esta fração Cereais integrais, frutas, hortaliças Fibras de origem não vegetal Quitina, quitosana, colágeno e condroitinha Fungos, leveduras e invertebrados Cogumelos, leveduras, casaca de camarão, frutos do mar, invertebrados Quais são os padrões de identidade e qualidade dos alimentos glicídios? Legislação do mel O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel, aprovado por meio da Instrução Normativa do Mapa n° 11, de 20 de outubro de 2000, estabelece a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que devem ser cumpridos pelo mel para consumo humano direto. O regulamento não se aplica ao mel industrial nem ao mel presente em outros alimentos como ingrediente. Os métodos o�ciais adotados para avaliação dos parâmetros físico-químicos são os recomendados pelo Codex Alimentarius. O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel (2000) o de�ne da seguinte forma: "Entende-se por mel o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das �ores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que �cam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias especí�cas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia.” O regulamento ainda estabelece critérios relacionados à classi�cação, à composição, às características sensoriais e físico-químicas, ao controle higiênico, à rotulagem e aos métodos de análise do referido alimento. Legislação de açúcares De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os Padrões de Identidade e Qualidade de alimentos devem priorizar os parâmetros sanitários, visando à qualidade do produto �nal. O órgão aprovou o Regulamento Técnico para Açúcares e Produtos para Adoça por meio da RDC n° 271, de 22 de setembro de 2005, �xando a identidade e as características mínimas de qualidade a serem apresentadas por tais produtos. O RDC n° 271/2005 de�ne açúcar da seguinte forma: "Açúcar: é a sacarose obtida a partir do caldo de cana-de- açúcar (Saccharum of�cinarum L.) ou de beterraba (Beta alba L.). São também considerados açúcares os monossacarídeos e demais dissacarídeos, podendo se apresentar em diversas granulometrias e formas de apresentação.” A rapadura é de�nida como o produto sólido obtido pela concentração do caldo de cana-de-açúcar (Saccharum o�cinarum L.), podendo ser adicionado de outro(s) ingrediente(s), desde que não descaracterize(m) o produto. Também podem ser encontradas no RDC n° 271/2005 as de�nições de açúcar para confeitaria, melado, melaço, adoçante de mesa e açúcar líquido invertido. Entre os requisitos abordados no documento, estão as condições para obtenção, processamento, embalagem, armazenamento, transporte e conservação desses produtos, bem como informações adicionais quanto à sua rotulagem. Legislação de feculentos e farináceos A Instrução Normativa do Mapa n° 8, de 2 de junho de 2005, estabelece o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Farinha de Trigo, de�nindo-a da seguinte forma: "Farinha de trigo: produto elaboradocom grãos de trigo (Triticum aestivum L.) ou outras espécies de trigo do gênero Triticum, ou combinações por meio de trituração ou moagem e outras tecnologias ou processos.” Esse regulamento tem como objetivo de�nir as características referentes à identidade e à qualidade da farinha de trigo, não sendo aplicável a farinhas elaboradas com grãos de trigo da espécie Triticum durum Desf. Já a Instrução Normativa do Mapa n° 52, de 07 de novembro de 2011, aprovou o Regulamento Técnico da Farinha de Mandioca, de�nindo-a da seguinte forma: Quais são os métodos existentes para análise de carboidratos e �bras alimentares em alimentos? Açúcares redutores e não redutores (Fonte: Svetlana Lukienko / Shutterstock). Análise de açúcares redutores e não redutores Açúcares redutores são aqueles que possuem um grupo carbonílico de uma aldose ou cetose livres, podendo oxidar-se na presença de agentes oxidantes, quando em soluções alcalinas. Os carboidratos que apresentam essa propriedade são os monossacarídeos e a maior parte dos dissacarídeos – exceto a sacarose, que é um açúcar não redutor. A determinação quantitativa de açúcares redutores e não redutores em alimentos pode ser realizada por métodos químicos gravimétricos, titulométricos ou espectrofotométricos. Vejamos: Munson-Walker: Método gravimétrico fundamentado na quanti�cação do precipitado de óxido cuproso formado após a redução de íons cobre bivalentes, em meio básico, pelos açúcares redutores. O percentual de açúcares redutores é determinado a partir de uma tabela de conversão especí�ca. Lane-Eynon: Método titulométrico por meio do qual o cobre reativo do reagente de Fehling é reduzido a óxido cuproso. Nesse caso, é necessária a padronização da solução de Fehling com uma solução de glicose. A partir dela, calcula-se o fator de conversão usado como parâmetro nas análises. Somogyi-Nelson: Método espectrofotométrico por meio do qual os açúcares redutores são aquecidos em meio alcalino e transformam-se em enedióis, que reduzem o íon cúprico presente a cuproso. O óxido cuproso formado reduz a reação arsênio-molibídico a óxido de molibdênio, de coloração azul. A intensidade da cor é proporcional à quantidade de açúcares redutores existentes na amostra. O teor de açúcares redutores é calculado por espectrofotometria a 510 nm, utilizando-se uma curva padrão de solução de glicose. Análise de �bras totais, solúveis e insolúveis A determinação analítica do teor de �bras nos alimentos pode ser realizada com base em diferentes métodos. O primeiro método proposto foi o químico-gravimétrico, que estima o valor da �bra bruta e é baseado na medida do resíduo após digestão in vitro com ácido e álcali. Ele foi amplamente utilizado até 1970, sendo considerado obsoleto na atualidade, pois subestima de três a cinco vezes o valor real da �bra alimentar. Considerando a falta de adequação do método químico-gravimétrico, foram desenvolvidos outros métodos para análise da �bra, como os gravimétricos detergentes e os enzimáticos, que são os mais empregados atualmente. Vejamos as suas características: Clique nos botões para ver as informações. Métodos gravimétricos detergentes Métodos gravimétricos detergentes Os métodos gravimétricos detergentes, como o proposto por van Soest, baseiam-se na extração das �bras em solução detergente neutra ou em solução detergente ácida, quanti�cando assim a �bra em detergente neutro (FDN) e a �bra em detergente ácido (FDA). Os procedimentos de análise consistem em digestão, lavagem e �ltração das amostras. São métodos indicados para determinação de �bras insolúveis, como celulose e lignina, mas não determinam �bras solúveis, como pectina e gomas. Outra limitação é o fato de não serem totalmente e�cazes na remoção do amido da matriz alimentícia. Métodos enzimático-gravimétricos Métodos enzimático-gravimétricos Os métodos enzimático-gravimétricos são e�cazes na determinação de �bras totais, �bras solúveis e �bras insolúveis. Baseiam-se na hidrólise de amido e de proteínas pela ação das enzimas sobre a amostra, permitindo quanti�car, gravimetricamente, o resíduo de �bras alimentares solúveis e insolúveis, as quais são separadas por diálise ou �ltração. Dentro dessa categoria estão os métodos propostos por Hellendoorn et al., Asp et al., Prosky et al. e Schweizer et al. Esses métodos são comumente utilizados em análises rotineiras de teor de �bras alimentares, para rotulagem de alimentos, controle de qualidade, pesquisa e elaboração de tabelas de composição de alimentos. Métodos gravimétricos não enzimáticos Figura 2 - Equipamento analisador de fibra bruta/detergente/lignina (Fonte: Analítica - analiticaweb.com.br). . Métodos gravimétricos não enzimáticos Existem ainda métodos gravimétricos não enzimáticos, indicados para determinar o teor de �bras em alimentos com baixo teor de amido. Esses métodos consideram a soma dos monossacarídeos não amiláceos e da lignina. Na �gura a seguir, podemos observar o equipamento utilizado para analisar �bras dos tipos bruta, detergente e lignina. Análise do mel As análises do mel são importantes para avaliar alterações ocorridas no seu processamento ou armazenamento, bem como para detectar fraudes nesses produtos. As adulterações mais comuns envolvem a adição de sacarose, glicose, melado ou açúcar invertido. Mel (Fonte: Africa Studio / Shutterstock). Vejamos, a seguir, as principais análises físico-químicas indicadas para controle de qualidade do mel: Clique nos botões para ver as informações. Determinação de acidez Determinação de acidez O mel, de maneira geral, apresenta um teor de acidez especí�co. No entanto, se aquecido em excesso, forma hidroximetilfurfural (HMF), devido à decomposição de certos açúcares, formando então ácidos que contribuem para o aumento da sua acidez. A acidez é importante na manutenção da estabilidade, pois reduz o risco de desenvolvimento de microrganismos. Não deve, contudo, ser muito elevada, para não afetar as características sensoriais do alimento. O Codex Alimentarius estabelece o teor de acidez máxima de 50 meq/kg para o mel. O teor de acidez do mel pode ser determinado por medida direta do pH, em pHmetro, ou por titulação, utilizando o indicador fenolftaleína. Determinação de fermentos diastásicos Determinação de fermentos diastásicos A atividade diastásica é utilizada para avaliar a qualidade do mel, fornecendo indicações sobre o seu grau de conservação e superaquecimento. O método se baseia no fato de as enzimas diastásicas presentes no mel desnaturarem-se em temperaturas superiores a 45° C. A atividade diastásica pode ser determinada utilizando-se a solução de Lugol. Nesse caso, a coloração azul ou violeta signi�ca ausência, destruição ou pouca atividade das enzimas, e a coloração amarelo pardo indica ação das enzimas, hidrolisando o amido. Outro método indicado é a espectrofotometria, como preconizado pelo Instituto Adolf Lutz. Reação de Fiehe Reação de Fiehe Método qualitativo utilizado para indicar a presença de substâncias produzidas durante o superaquecimento do mel, como HMF, ou a adição de xaropes de açúcar. Baseada em uma reação colorimétrica, a coloração vermelha indica um resultado positivo. Reação de Lugol Reação de Lugol Método qualitativo e colorimétrico que visa pesquisar a presença de amido e dextrinas no mel. Consiste na adição do indicador lugol a uma amostra de mel. A coloração �nal azul ou violeta indica resultado positivo, o que signi�ca que há presença de amido ou dextrinas no produto. Reação de Lund Reação de Lund Método qualitativo que indica a presença de albuminoides no mel. Baseia-se na precipitação dos albuminoides pelo ácido tânico, sendo a reação considerada positiva quando o precipitado variar de 0,6 a 3,0 mL no fundo da proveta, indicando a pureza do mel. Determinação de umidade por refratometria Determinação de umidade por refratometria Um dos parâmetros mais importantes para determinação da qualidade do mel é o seu teor de umidade, que não deveser superior a 20%. A alta umidade é um fator favorável ao desenvolvimento de microrganismos, além de provocar alterações sensoriais e físico-químicas, como mudanças de aroma, sabor, cor, viscosidade e densidade, que interferem na estabilidade do produto. Os métodos mais utilizados para determinação do teor de umidade no mel são os refratométricos: métodos indiretos em que é medido o índice de refração por meio de um aparelho chamado refratômetro. O valor obtido é convertido para o percentual de umidade. Os protocolos mais utilizados são os propostos pela O�cial Analytical Chemists International (AOAC) e pela European Honey Commission (EHC). A última estabelece um pré-tratamento da amostra, que deve ser aquecida até a dissolução completa de seus cristais. A legislação brasileira adota o método proposto pela AOAC. No entanto, estudos mostram que, em amostras de mel cristalizadas, os teores de umidade obtidos por meio desse método podem ser superestimados, sendo sugerida a adoção o�cial do método proposto pela EHC. Detecção e quanti�cação de glúten Detecção e quanti�cação de glúten O glúten é um complexo proteico, formado pelas proteínas glutenina e gliadina, presente em alguns cereais como trigo, centeio e cevada. Alguns indivíduos apresentam alergia ou sensibilidade a essa proteína, o que torna a sua análise de extrema importância. Diferentes técnicas são utilizadas para detectar e quanti�car o glúten em farinhas. As mais comuns são: Elisa (enzyme-linked immunosorbent assay); Cromatogra�a líquida de alta e�ciência (Clae); Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-Page); Reação em cadeia de polimerase (PCR); Western Blotting. A técnica de Elisa é técnica simples, e�ciente e de fácil execução, além de ser a técnica recomendada pelo Codex Alimentarius. O método Elisa-R5 é o mais abrangente e sensível, sendo capaz de identi�car pequenas frações de gliadina ou de glúten nas prolaminas do trigo, da cevada e do centeio. Identi�cação de oxidantes Identi�cação de oxidantes Aditivos alimentares podem ser utilizados em farinhas e produtos de pani�cação com o intuito de melhorar características reológicas da massa, aumentar o volume e prolongar sua vida de prateleira. Esses aditivos podem ainda atuar como conservantes, branqueadores, emulsi�cantes ou agentes oxidantes. No entanto muitos deles apresentam toxicidade e são cancerígenos, sendo o seu uso contraindicado em alimentos. O objetivo da identi�cação de oxidantes nesses produtos é a detecção de compostos como o bromato de potássio, que já foi muito utilizado como melhorador de pães, mas é proibido atualmente. A metodologia do Instituto Adolf Lutz é indicada para análise da presença de agentes oxidantes. Com a adição de solução de iodeto à amostra, a mudança de coloração para violeta indica a presença de oxidantes. Para identi�car bromato de potássio, as amostras positivas para o teste de iodeto são incineradas (obtendo brometo) e, em seguida, é adicionado bissul�to. O surgimento da coloração lilás indica a presença de brometo. Determinação do índice de acidez solúvel em água Determinação do índice de acidez solúvel em água A análise de acidez solúvel em água tem como objetivo determinar o percentual de ácidos orgânicos solúveis encontrados em farinhas e tituláveis com soluções de álcali padrão. O processo de decomposição, seja por hidrólise, oxidação ou fermentação, altera, quase sempre, a concentração dos íons de hidrogênio, e a determinação de acidez pode fornecer um dado valioso para a avaliação da conservação do produto. Trata-se de um método titulométrico, com uso do indicador fenolftaleína e solução de hidróxido de sódio como titulante. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. Fibras são tipos de polissacarídeos amplamente presentes nos vegetais. Em relação a esses compostos, é INCORRETO a�rmar que: a) as fibras alimentares são resistentes à hidrólise. b) a celulose e a lignina são exemplos de fibras insolúveis. c) as fibras solúveis agem reduzindo o colesterol e a glicemia. d) as fibras são boas fontes energéticas, sendo absorvidas pelo organismo. e) as fibras prebióticas são fermentadas por bifidobactérias, produzindo ácidos graxos de cadeia curta. 2. Alguns carboidratos apresentam poder redutor, uma propriedade dos açúcares que participam de reações de oxirredução. Há, contudo, um glicídio que não possui tal propriedade. Esse glicídio se chama: a) glicose b) frutose c) lactose d) sacarose e) galactose 3. Os regulamentos técnicos aprovados pelo Mapa e pela Anvisa a respeito de alimentos glicídicos têm como objetivo: a) definir métodos de análise de alimentos. b) diferenciar os aspectos sensoriais dos alimentos. c) conceituar os alimentos e suas características estruturais. d) designar os procedimentos tecnológicos empegados nos alimentos. e) estabelecer os padrões de qualidade e identidade desses alimentos. 4. São métodos analíticos empregados para determinar a qualidade do mel: a) reação de Lugol e reação de Fiehe. b) acidez solúvel em água e Lane-Eynon. c) fermentos diastásicos e Munson-Walker. d) reação de Lund e identificação de oxidantes. e) Somogyi-Nelson e umidade por refratometria. 5. Inúmeros métodos são utilizados para determinação de �bras em alimentos. O método mais indicado para determinar o teor de �bras totais é o: a) titulométrico b) químico-gravimétrico c) enzimático-gravimétrico d) gravimétrico detergente e) gravimétrico não enzimático Resumo da aula Carboidratos são compostos orgânicos amplamente distribuídos na natureza, estando presentes em uma gama de alimentos de origem animal e vegetal. Constituem a principal e mais abundante fonte de energia dos seres humanos e apresentam variadas propriedades físico-químicas e efeitos �siológicos no organismo. Os carboidratos são classi�cados de acordo com seu peso molecular, podendo ser monossacarídeos (glicose, galactose, manose), oligossacarídeos (sacarose, lactose, maltose, ra�nose, estaquiose) ou polissacarídeos (amido, celulose, hemicelulose, glicogênio, pectina, gomas, inulina, fruto-oligossacarídeos). Alguns carboidratos não são digeríveis, mas apresentam importantes efeitos �siológicos e propriedades tecnológicas, sendo denominados �bras alimentares. As �bras alimentares ou dietéticas constituem um grupo de polissacarídeos não amiláceos e oligossacarídeos não digeríveis, resistentes à hidrólise, não sendo absorvidos pelo organismo. As �bras são classi�cadas de acordo com a sua solubilidade em água, podendo ser solúveis (pectina, gomas, inulina) ou insolúveis (celulose, lignina, algumas hemiceluloses), e apresentam propriedades emulsi�cante, espessante e de formação de gel. A legislação brasileira estabelece padrões de identidade e qualidade para produtos glicídicos, por meio de regulamentos técnicos estabelecidos por órgãos como Anisa e Mapa. Existem Instruções Normativas referentes à qualidade do mel, dos açúcares e produtos para adoçar, e das farinhas de trigo e de mandioca. Fibras e açucares (Fonte: myboys.me / Shutterstock). Quanto aos métodos analíticos empregados para análises qualitativas e quantitativas de produtos glicídicos, podemos citar os seguintes: Métodos para quanti�cação de açúcares redutores e não redutores em alimentos – podem ser gravimétricos, titulométricos ou espectrofotométricos. Métodos para determinação de �bras solúveis, �bras insolúveis e �bras totais em alimentos – são mais empregados os métodos gravimétricos detergentes e os métodos enzimático-gravimétricos – esses últimos são os únicos e�cazes na determinação de �bra total. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Para controle de qualidade do mel, os métodos comumente empregados são: Determinação de acidez. Determinação de fermentos diastásicos. Reação de Lund. Reação de Fiehe. Reação de Lugol. Mel (Fonte: yo-rock / Shutterstock). Determinação de umidade por refratometria – um importante indicador da qualidade do produto. Farinha e panificação (Fonte: AfricaStudio / Shutterstock). Por �m, as principais análises químicas empregadas em farinhas e produtos de pani�cação envolvem: A detecção e quanti�cação de glúten – sendo o método Elisa o mais indicado. A identi�cação de oxidantes – e�caz na detecção de aditivos impróprios para consumo. A determinação do índice de acidez solúvel em água – importante para avaliar o grau de decomposição ou fermentação desses produtos. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências BERNAUD, Fernanda Sarmento Rolla and RODRIGUES, Ticiana C. Fibra alimentar: ingestão adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. In: Arq Bras Endocrinol Metab [online]. 2013, v. 57, n.6, p. 397-405. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 11, de 20 de outubro de 2000. Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/das/dipoa/anexo_intrnorm11.html. Acesso em: 17 jan. 2020. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa 271, de 22 de setembro de 2005. Regulamento técnico para açúcares e produtos de adoçar. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2005/rdc0271_22_09_2005.html. Acesso em: 17 jan. 2020. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 8, de 2 de junho de 2005. Regulamento técnico de identidade e qualidade da farinha de trigo. Disponível em: https://www.normasbrasil.com.br/norma/instrucao- normativa-82005_75598.html. Acesso em: 17 jan. 2020. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 52, de 7 de novembro de 2011 Regulamento javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); g , ç , g técnico para farinha de mandioca. Disponível em: http://www.cidasc.sc.gov.br/classi�cacao/�les/2012/08/INM00000052.pdf. Acesso em: 17 jan. 2020. CANO, C. B; NAGATO, L. A. F; DURAN, M. C. (colab.). Açúcares e produtos correlatos. In: INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. ed. Brasília: Anvisa, 2005. DAMODARAN, S.; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O. R. Química de alimentos de Fennema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. MONOSSACARÍDEO. NEUROtiker, 2007. Disponível em: https://nl.wikipedia.org/wiki/Monosacharide#/media/File:Alpha-D- Glucopyranose.svg. Acesso em: 17 jan. 2020. ORDÓNEZ, J. A. Tecnologia de alimentos: componentes dos alimentos e processos. v. 1. Porto Alegre: Artmed, 2007. RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E. A. G. Química de alimentos. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2007. Próxima aula Lipídios Explore mais Leia os capítulos indicados das obras a seguir: Química de alimentos de Fennema (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2019) – capítulo 3. Química de alimentos (RIBEIRO; SERAVALLI, 2007) – capítulo 2. Após realizar a leitura dos textos, discuta com os seus colegas. Caso tenha alguma dúvida, converse com o seu professor. javascript:void(0); javascript:void(0);
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