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1 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ Te�ia X-Barra Noção de sintagma: Um sintagma é uma unidade sintática construída hierarquicamente. - Não é possível prever o número máximo de sintagmas existentes. - A sintaxe delimita o sintagma a partir de seu núcleo. - O núcleo determina as funções que se estabelecem dentro de um sintagma. Exemplo: “Casa do Pedro.” ➔ “casa” é o núcleo desse sintagma. Se “casa” é um nome, o sintagma é um sintagma nominal. Ordem de constituintes no português: SVO Categorias lexicais: VP (Sintagma Verbal) NP (Sintagma nominal) AP (Sintagma adjetival) PP (Sintagma preposicional) INTRODUÇÃO A teoria gerativa busca explicar a linguagem por meios não meramente linguísticos, utilizando também sistemas arbóreos que explicam as relações dos itens na sentença- árvores sintáticas. A Teoria X-Barra explicita a estruturação do sintagma, sua natureza, as relações que se estabelecem dentro dele e o modo como os sintagmas se hierarquizam para formar a sentença. - Esse modelo é adotado para qualquer língua, dando conta também das variações de todas as línguas. - A Teoria X-Barra estabelece que todos os sintagmas são formados pelo núcleo, pelo complemento do núcleo, pelas projeções intermediárias, pelo especificador e pela projeção máxima. - Todas as ramificações da árvore são binárias. 2 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ ESTRUTURA DAS ÁRVORES SINTÁTICAS O “X” significa que o modelo serve para todos os sintagmas, ou seja, pode ser VP, V’, V // NP, N’,N etc. O núcleo (X) de um sintagma lexical pode ser um verbo, nome, adjetivo ou preposição. A projeção intermediária (X’) domina o núcleo e seu complemento. Havendo mais de um complemento, haverá mais de uma projeção intermediária. O especificador (Spec) combina-se com a projeção intermediária (X’) mais alta e abriga o argumento externo. A projeção máxima (XP) contém todos os itens do sintagma. Pode haver a adjunção de uma projeção máxima acima de outra para abrigar adjuntos. 3 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ SINTAGMA DETERMINANTE (DP) Sintagma que se refere a uma categoria funcional. Determina o nome. Todo sintagma determinante deve ser seguido de item nominal. O DP envolve os dois. Exemplo 1: [DPO [NPmenino]] comeu [DPo [NPbolo]]. Exemplo 2: [DPTodo [NPmundo]] comeu [DPvários [NPdoces]]. Tipos de sintagmas determinantes: - Artigos: o, a, os, as, um, uma, uns... - Pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso... - Pronomes demonstrativos: este, esta, esse, aquele... - Quantificadores: todo, cada, vários... - Interrogativos: que [N], qual [N]... Obs 1: O triângulo em NP significa que a árvore não foi aberta e o NP está lá apenas para demonstração do DP. 4 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ Obs 2: Em casos de contração, como em “na mesa” (em + a mesa), o determinante é apenas o “a”, que será representado na árvore separadamente da preposição “em”. ☄ Alguns autores defendem que alguns advérbios podem entrar como spec de DP, como em “[Só os mineiros] comem pão de queijo.” SINTAGMA NOMINAL (NP) É envolvido pelo DP Tipos de sintagmas nominais: - Substantivos - Pronomes pessoais Nomes nus: Itens nominais que não são precedidos por um determinante. [Meninos] gostam de [futebol]. [Porcos] são [animais]. 5 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ Mesmo no caso de nomes nus, o DP aparece representado na árvore sintática, mas sem núcleo (D) especificado. Quando após um determinante há um pronome possessivo, como em “[DPO [NPmeu livro]] caiu.”, o pronome possessivo vai para a posição de spec. NPs podem ter argumentos internos, principalmente aqueles que partilham radical com verbos. Exemplo: Ele presenciou [DPa [NPdemolição [PPd[DPo [NPprédio]]]]]. Demolição partilha o mesmo radical do verbo demolir, como construção e construir, e esses nomes partilham argumentos. Logo, “do prédio” é argumento interno. 6 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ NPs podem ter adjuntos Exemplo: DP[A [NPdemolição [PPd[DPo [NPprédio]]] [PPpel[DPa [NPdemolidora.]]]]] ARGUMENTO ADJUNTO Argumento entra em complemento, adjunto entra em outra projeção máxima. Exemplo 2: A demolição do prédio pela demolidora no centro da cidade às 3 da tarde. NOME ARG. ADJ.1 ADJ.2 ADJ.3 Quantos N’? 1 Quantos NPs? 4 Por que? 1 X’ por argumento Zero adjuntos: 1 projeção máxima 1 adjunto: 2 projeções máximas 3 adjuntos: 4 projeções máximas 7 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ ☄ Há casos em que o nome não partilha radical com verbos, como “a demolição pela demolidora”. Nesses casos, o NP não tem argumento, só adjunto. Exemplo: DP[O [NPprofessor [APbonito] [PPde linguística]]] se chama Jean. “Bonito” e “de linguística”são apenas adjuntos de professor. SINTAGMA ADJETIVAL (AP) Abarca o adjetivo. Lembrando que o adjetivo é sempre adjunto do nome. Exemplo: DP[O [NPprofessor [APbonito] se chama Jean. 8 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ Adjetivos podem ter argumentos. Lembrando que estes entram como complementos. Exemplos: AP[Capaz [PPde dirigir carros.]] AP[Indiferente [PPaos protestos da multidão.]] AP[Convencido [PPde que está certo. ] SINTAGMA PREPOSICIONAL (PP) Tem como núcleo uma preposição e sempre terá complemento. Possibilidades de complementos: Pedro gosta PP[de [DP[NPgatos]]]. João pegou o livro [PPn[DPa [NPestante]]]. Luciana gosta [PPde [IPcomer]]. Eles fazem isso [PPpara [CPque eles tenham dinheiro]]. 9 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ SINTAGMA VERBAL (VP) Tem como núcleo o verbo. Exemplo: [DP[NPPedro]][VPcomeu [DP[NPpastel.]]] Se na sentença houver um complemento que o verbo não exige, isso é um adjunto. Exemplo: João comprou um livro na livraria. 1 V’ para cada complemento (argumento interno) nenhum adjunto: 1 VP 1 adjunto: 2 VPs... SINTAGMA FLEXIONAL (IP) A sentença requer uma flexão para se constituir como independente. As sentenças sem flexão precisam estar encaixadas em determinados contextos. Exemplo: O menino chegar (agramatical) x O menino chegou (gramatical) Ela está esperando o menino chegar (gramatical) O núcleo do sintagma flexional é a flexão - É o núcleo funcional de uma oração independente (Orações finitas) (Exemplo: Ela está esperando) 10 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ - Carrega traços de informação de tempo, aspecto, modo e concordância - Os traços desse núcleo podem ser ou não realizados morfologicamente - C-seleciona um VP como complemento. As orações podem ser classificadas em 3 tipos: Orações finitas (ou flexionadas) : [+T, +AGR]. - Possuem informações tanto de tempo quanto de concordância. Exemplo: As crianças amam chocolate - São as orações independentes Orações infinitivas: [-T, -AGR]. - Não possuem informações de tempo nem de concordância. Exemplo: Eles querem chegar cedo. Orações infinitivas flexionadas: [-T, +AGR].- Possuem informações de tempo mas não de concordância. Exemplo: Isto é para nós fazermos. MONTANDO A ÁRVORE SINTÁTICA Exemplo: A menina beijou o menino. Inicialmente, o radical beij- será expresso em V. Depois ele vai subir para I flexionado (beijou) mas é necessário deixar um traço em V (ti ) Para que a árvore continue refletindo a ordem dos itens da sentença, é necessário mover também o sujeito. Atenção: A ordem do movimento é sempre verbo e depois sujeito (ti e tj ) 11 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ SINTAGMA COMPLEMENTIZADOR (CP) A sentença ou a oração pode ser a projeção de um núcleo complementizador (C), que define o tipo de sentença ou oração (declarativa, interrogativa). Ele não aparece em todas as orações, apenas em alguns casos específicos. No português, os complementizadores são que e se. Ele é necessariamente seguido de IP finito (C-seleciona IP finito). Exemplos:Ela disse [CPque [IPJoão gostou do bolo]]. ➔ Complementizador declarativo Ela perguntou [CPse [IPJoão gostou do bolo.]] ➔Complementizador interrogativo Atenção: Cuidado com casos em que “que” e “se” não atuam como complementizadores. Exemplos: Ele se machucou (pronome reflexivo)//Que livro você comprou? (determinante) Exemplo: [IP[DPA [NPmenina]] [VPviu [CPque [IP[DPo [NPrapaz]][ VPchegou.]]]]] 12 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ INTERROGATIVAS E CP O especificador de CP pode abrigar uma palavra-qu (wh-question) em sentenças interrogativas. Em outras palavras, a palavra-qu (wh-question) deixa um traço (t) em sua posição de origem, movendo-se para Spec de CP. Exemplos (onde cada um foi gerado): Quandoi a menina viu o rapaz ti? ADJUNTO Quemi a menina viu ti? COMPLEMENTO Quemi ti viu o rapaz? SUJEITO 13 Sintaxe - Teoria X-Barra Beatriz Portella - Fonoaudiologia UFRJ RELATIVAS E CP O especificador de CP pode abrigar um pronome relativo em orações relativas. O pronome relativo desempenha uma função sintática na oração em que ocorre e é movido da posição em que é gerado para a posição de Spec de CP. O rapaz que viu a menina chegou. ADJUNTO DO NOME
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