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Rachel Diniz GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA Os riscos associados a gravidez na adolescência, tais como prematuridade, baixo peso ao nascer, anemia, distúrbio hipertensivo especifico da gestação e complicações do parto (desproporção cefalopélvica) foram durante muitos anos atribuídos a imaturidade biológica da adolescente. Atualmente, acredita-se que fatores desfavoráveis como anemia, deficiências nutricionais, tabagismo, escolaridade, instabilidade emocional, marital e familiar são os fatores determinantes das principais complicações da gestação na adolescência. Entretanto, as adolescentes com menos de 15 anos e idade ginecológica (intervalo entre a menarca e a gestação) menor que 2 anos apresentam prognóstico desfavorável independentemente dos fatores de risco associados, devido ao seu próprio crescimento e a sua imaturidade biológica. Nessas garotas, apesar do crescimento linear já estar desacelerado, ainda está ocorrendo importante crescimento dos ossos não longos, principalmente o osso pélvico. Há referência na literatura que a idade ginecológica adequada é aquela maior de 5 anos, indicando, portanto, completa maturidade biológica, mesmo que a idade cronológica seja menor que 19 anos. O estado nutricional é um dos fatores modificáveis mais importantes para a saúde da gestante e de seu concepto. GESTANTE COM MAIS DE 35 ANOS Gestações em mulheres de mais 35 anos foram associadas com maiores riscos de complicações, tais como aborto espontâneo no primeiro trimestre (devido a descolamento placentário), hipertensão crônica, distúrbio hipertensivo especifico da gravidez, diabetes gestacional e placenta prévia. Do ponto de vista epidemiológico, as mulheres mais velhas são aquelas que apresentam maior paridade, a qual está associada a maior desgaste metabólico. Acima de 40 anos os riscos de anomalias genéticas são mais frequentes, principalmente a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down). Como fator de risco idade não pode ser modificado, é importante eliminar qualquer outro que possa potencializar os efeitos adversos, tais como baixo peso, obesidade, deficiência de micronutrientes, tabagismo e uso de bebidas alcoólicas. BAIXO PESO Em mulheres desnutridas ou com ganho de peso insuficiente durante a gravidez, expansão do volume plasmático é menor, levando a diminuição no fluxo placentário e, portanto, menor transporte de nutrientes e O2 para o feto. Esse quadro reflete no menor peso e no tamanho da placenta, além de menor conteúdo de ácido desoxirribonucleico (DNA). Dessa forma, o baixo peso ao nascer é uma das principais consequências da desnutrição materna e indica retardamento no crescimento intrauterino (RCIU). O impacto desse quadro na saúde da criança envolve prejuízos no desenvolvimento neurológico do feto, deficiência imunológica, sequelas no crescimento pós- natal, além de outros acometimentos, como na produção de enzimas e nas funções de órgãos como rim, pulmão e fígado. Estudos de cunho epidemiológico realizado na Califórnia (EUA) verificou que mulheres que ganharam menos peso durante a gestação (<10kg) apresentaram risco maior de ter filhos com defeito do tubo neural (DTN). SOBREPESO OU OBESIDADE O ganho de peso excessivo durante o período gestacional e iniciar esse período com sobrepeso ou obesidade são fatores de risco importantes para complicações clínicas, principalmente no final da gestação, como diabetes e hipertensão, os quais são duas a seis vezes mais prevalentes em mulheres com excesso de peso. A obesidade materna pode desencadear um sistema de cascata em que os níveis de glicose aumentados estimulam a produção de insulina pelo feto, o que resulta em aumento indesejado da lipogênese fetal e excessivo depósito de gordura, resultando em um bebê obeso que é considerado risco. A taxa de mortalidade em bebês com mais de 4kg é maior, quando comparada com bebês pesando entre 3 e 4kg. A obesidade durante a gestação parece estar associada, também, ao nascimento de crianças com defeito do tubo neural, independentemente da condição de ácido fólico materna. TABAGISMO O impacto do tabagismo durante a gestação afeta o crescimento fetal (retardamento no crescimento intrautrino – RCIU) e aumenta o risco de prematuridade e mortalidade perinatal. O tabagismo promove constrição de vasos, o que reduz o fluxo sanguíneo na placenta e prejuízos no transporte de nutrientes. Defende-se a ideia, também, de que o RCIU observado em gestantes que fumam deve-se a menor ingestão de alimentos e energia que acomete essas mulheres. Foi demonstrado que fumantes requerem ingestão três vezes maior de ácido fólico do que não fumantes para manter a mesma concentração de folato sérico e duas vezes mais vitamina C. Essas considerações são relevantes na assistência a mulheres que não conseguem parar de fumar durante o período gestacional. O parar de fumar completamente na gestação pode ser um fator estresse e ansiedade que prejudicaria a condição emocional da mãe. ÁLCOOL Não é aconselhado o uso de bebidas alcoólicas durante a gestação, pois já foi demonstrado associação entre essa prática (quando intensa) e consequências deletérias para o bebê que afetam os olhos, nariz, coração e sistema nervoso central, acompanhadas de retardo de crescimento e mental. Esse quadro é conhecido como síndrome alcoólica fetal. Entretanto o consumo de uma taça de vinho em presença da alimentação não exerce efeitos prejudiciais ao feto.
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