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0.MA.COC.Fisiologia_do_esporte_e_do_exercicio

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FISIOLOGIA DO ESPORTE E 
EXERCÍCIO 
Tânia de Carvalho Spada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ............................................. 3 
2 BIOENERGÉTICA .................................................................................... 13 
3 SISTEMA NEUROMUSCULAR ................................................................. 25 
4 SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO ......................................................... 37 
5 SISTEMA ENDÓCRINO E EXERCÍCIO ....................................................... 52 
6 CONDICIONAMENTO FÍSICO: ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DO EXERCÍCIO 
E TESTES DE APTIDÃO FÍSICA .................................................................... 67 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
Fisiologia é a ciência que estuda as funções do corpo, explicando os fatores físicos e 
químicos que são responsáveis pela origem e manutenção da vida. 
Já a fisiologia do exercício é um dos campos da fisiologia que estuda os efeitos agudos 
e crônicos provocados pelo exercício físico no organismo. 
O estresse provocado pelo esforço físico faz com que o organismo se adapte a esse 
esforço e gere respostas agudas e crônicas. 
Neste bloco, você aprenderá conceitos básicos sobre fisiologia do exercício, 
adaptações do organismo ao exercício físico, sistemas de controle corporal como o 
processo de termorregulação, e reações adversas do exercício. 
1.1 Metabolismo e sistemas de controle corporal 
1.1.1 Metabolismo 
O metabolismo se refere às transformações químicas e físicas que ocorrem no 
organismo. Esses processos de transformação podem ser divididos em: 
 Catabolismo: o organismo faz a degradação das macromoléculas para obter 
energia. É a fase de desconstrução metabólica. 
 Anabolismo: o organismo sintetiza uma substância complexa a partir de outra 
substância simples. É a fase de construção metabólica. 
 
 
 
 
4 
 
 
 
1.1.2 Homeostase 
Em condições de repouso, o organismo se encontra em homeostase, ou seja, com 
ambiente interno relativamente normal e equilibrado. Com o objetivo de manter a 
homeostase, o corpo possui sistemas de controle para regular as variáveis fisiológicas 
como temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca, glicemia, concentração de 
CO2 sanguínea etc. 
1.1.3 Estado estável (Steady State) 
Ocorre quando alguma variável se encontra em um nível estável e imutável durante o 
exercício, por exemplo, quando a frequência cardíaca aumenta gradualmente de 
acordo com a intensidade do exercício até atingir uma frequência estável (atingindo 
um estado estável), porém diferente do repouso. Esse aumento da frequência ocorre 
para suprir a demanda exigida pelo exercício físico (POWERS; HOWLEY, 2017). 
1.1.4 Sistemas de controle corporal 
As variáveis fisiológicas podem ser reguladas por mecanismos de retroalimentação 
chamados de feedback negativo e feedback positivo (POWERS; HOWLEY, 2017). 
 Feedback negativo: é o mecanismo que controla a homeostase da maioria dos 
sistemas corporais. É denominado negativo, pois a resposta do sistema de 
controle é oposta em relação ao estímulo. Por exemplo: na regulação da 
 
 
 
5 
 
concentração de CO2 no líquido extracelular pelo sistema respiratório, após o 
aumento desses níveis acima do normal, um receptor envia informação ao 
centro de controle respiratório, o que aumenta seu ritmo e consequentemente 
aumenta a remoção do CO2 até chegar ao nível normal, restabelecendo a 
homeostase (POWERS; HOWLEY, 2017). 
 
 
 
 
 Feedback positivo: os mecanismos de controle por feedback positivo reforçam 
o estímulo inicial, e é usado o termo feedback positivo, porque a resposta 
ocorre na mesma direção do estímulo. Por exemplo: intensificação das 
contrações uterinas durante o parto. Quando a cabeça do bebê se desloca ao 
longo do canal de parto, aumenta a pressão no colo do útero estimulando os 
receptores sensoriais. Como resposta, ocorre a liberação do hormônio 
ocitocina que promove o aumento das contrações (POWERS; HOWLEY, 2017). 
 
 
 
 
 
 
Aumento da pressão 
no colo do útero 
 
Liberação de ocitocina e 
aumento das contrações 
Intensificação das 
contrações 
 
Aumento da 
concentração de CO2 
Aumento da 
concentração de 
CO2 
 
Aumento da ventilação 
pulmonar 
 
Redução da concentração 
de CO2 
Aumento da 
concentração de 
CO2 
 
 
 
 
6 
 
1.2 Termorregulação 
Para a manutenção das funções metabólicas, a temperatura interna do corpo humano 
deve ser constante e próxima de 37 °C. A temperatura superior a 45 °C pode destruir a 
estrutura proteica das enzimas, fazendo com que a célula se torne incapaz de produzir 
energia. Sem energia, a célula morre, e consequentemente, o organismo morre. Por 
outro lado, quando a temperatura é inferior a 34 °C, o metabolismo e a função 
cardíaca diminuem, o que pode levar à morte (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Durante o exercício, o músculo esquelético produz calor aumentando a temperatura 
corporal gradativamente, e após certo tempo, ela atinge um nível novo e estável 
(estado estável). Para evitar o superaquecimento, o corpo dispõe de mecanismos que 
atuam por meio de feedback negativo (POWERS; HOWLEY, 2017). 
1.2.1 Processo de regulação da temperatura corporal 
1. Os termorreceptores centrais e periféricos localizados em diversas partes do corpo 
captam os estímulos térmicos. 
2. O hipotálamo, que é o centro de controle de regulação da temperatura, recebe 
uma mensagem dos termorreceptores informando que a temperatura está acima 
do normal. 
3. O centro de controle responde a esse estímulo direcionando uma resposta de 
promoção de perda de calor. 
4. Essa resposta para perda de calor pode ocorrer por vasodilatação cutânea e 
sudorese. 
5. A temperatura corporal é normalizada e o centro de controle é inativado. 
Da mesma forma, quando a temperatura atinge valores abaixo do normal 
(hipotermia), os sensores de temperatura enviam essa informação ao centro de 
controle (hipotálamo), que responde impedindo a perda de calor corporal, que pode 
ocorrer por meio da vasoconstrição cutânea ou piloereção (arrepio dos pelos) 
(POWERS; HOWLEY, 2017, BRAZ, 2005). 
 
 
 
 
7 
 
 
SAIBA MAIS 
AUTORIDADE FITNESS. Até que ponto o seu corpo aguenta treinar no calor? 
Autoridade Fitness, 20 mar. 2018. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=oeeFkrywBhw>. Acesso em: ago. 2018. 
1.2.1.1 Respostas termorregulatórias ao calor: 
 Vasodilatação: é a resposta vasomotora referente à dilatação dos vasos 
sanguíneos, o que maximiza a perda de calor. 
 Sudorese: perda de suor pelas glândulas sudoríparas, provocando a redução da 
temperatura superficial do corpo. O suor é um ultrafiltrado do plasma, 
composto basicamente de água e outros compostos (como sódio e ureia). A 
presença ou não desses compostos vai depender da intensidade da sudorese, 
https://www.youtube.com/watch?v=oeeFkrywBhw
 
 
 
8 
 
do estado de hidratação e de outros fatores. Um atleta pode perder até meio 
litro de suor por hora (BRAZ, 2005). 
 
1.2.1.2 Respostas termorregulatórias ao frio: 
 Vasoconstrição: é a resposta vasomotora referente à contração dos vasos 
sanguíneos, o que minimiza a perda de calor. 
 Piloereção: é a contração dos músculos dos folículos pilosos que se contraem 
com o frio (arrepiando os pelos) formando uma camada de ar que servirá como 
um isolante térmico. Porém, é um mecanismo com pouco efeito nos seres 
humanos. Funciona melhor com mamíferos com maior quantidade de pelos. 
 Calafrio: os músculos esqueléticos se contraem de forma involuntária 
provocando tremores. Essas contrações produzem calor. 
 
1.3 Respostas e adaptações ao exercício físico 
Para a manutenção da própria sobrevivência, o ser humanotem a capacidade de se 
adaptar em diferentes condições, como acontece durante o treinamento físico. A 
prática de exercícios faz com que os sistemas biológicos se adaptem a cargas maiores 
que aquelas do dia a dia, aprimorando, assim, seu condicionamento físico (RASO; 
GREVE; POLITO, 2013). 
O exercício físico provoca a quebra da homeostase, ou seja, a quebra do equilíbrio 
interno do corpo. Para o organismo se adaptar a esse desequilíbrio, os parâmetros 
bioquímicos, fisiológicos e biomecânicos se alteram para se adequar a essa nova 
demanda. Se a prática de exercícios for constante, essas alterações tendem a 
permanecer enquanto essa rotina for mantida (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Essas alterações fisiológicas ocorrem como resposta ao exercício físico por meio da 
adaptação do organismo ao esforço. Essas adaptações fisiológicas do exercício físico 
podem ser agudas ou crônicas. 
 
 
 
 
9 
 
1.3.1 Resposta aguda 
É a resposta do organismo após uma sessão de exercício, e pode ser subdividida em 
imediata ou tardia (KURA; TOURINHO FILHO, 2004). 
 Resposta aguda imediata: ocorre minutos após o término do exercício, como 
as elevações da frequência cardíaca, da pressão arterial e da temperatura 
corporal (KURA; TOURINHO FILHO, 2004). 
 Resposta aguda tardia: ocorre geralmente entre 24 e 48 horas, até 72 horas 
após uma sessão de exercícios, como reduções nos níveis tensionais e aumento 
da sensibilidade à insulina (KURA; TOURINHO FILHO, 2004). 
1.3.2 Resposta crônica 
Trata-se de resposta do organismo em longo prazo às sessões repetidas de exercício, 
como bradicardia de repouso, hipertrofia muscular, elevação da potência aeróbica e 
aumento da densidade mineral óssea (POWERS; HOWLEY, 2017). 
1.3.2.1 Respostas fisiológicas adversas 
Em condições adequadas (como clima ameno, hidratação e nutrição adequadas, 
intensidade ideal de treinamento), as adaptações, ou seja, os resultados obtidos pelos 
exercícios, serão satisfatórias e não irão expor o praticante a riscos. 
Porém, os exercícios intensos, de longa duração e realizados em condições 
inadequadas podem causar respostas fisiológicas deletérias. 
Geralmente, as respostas adversas ocorrem em praticantes com baixo 
condicionamento físico, em sedentários que estão iniciando um programa de 
exercícios, ou até em praticantes experientes que são expostos a esforços acima de 
suas condições físicas. 
1.3.2.2 Hipertermia induzida por exercício 
Quando o exercício é intenso, prolongado e realizado em ambientes quentes, pode 
resultar em uma ampla carga de calor, podendo causar hipertermia. 
 
 
 
10 
 
Hipertermia é o aumento da temperatura corporal central acima de 40 °C induzido por 
calor, e pode ocorrer de duas formas: 
 Hipertermia clássica: é desencadeada pela exposição prolongada a 
ambientes quentes e pela falha dos mecanismos termorreguladores 
(TARINI, 2006). 
 Hipertermia induzida por esforço físico: é desencadeada pelo aumento da 
temperatura interna causada pela atividade prolongada da musculatura, e 
prática de exercícios em ambientes quentes e com umidade elevada 
(TARINI, 2006). 
 
A hipertermia pode causar ansiedade, confusão mental, perda de coordenação 
motora, alucinações, agitação, e até coma. Pode comprometer diversos órgãos e 
tecidos, causar injúria renal aguda, insuficiência hepática e respiratória, lesão cerebral 
e intestinal, hemorragia gastrointestinal etc. (TARINI, 2006). 
1.3.2.3 Exaustão 
Pode se manifestar durante a prática de exercícios no calor devido à queda do volume 
plasmático, ocasionado pela sudorese excessiva. Essa queda no volume plasmático faz 
com que o sangue fique estagnado nos vasos periféricos, reduzindo de forma drástica 
o volume sanguíneo central. A temperatura corporal pode chegar a 38 °C, e pode 
causar queda da pressão arterial, dor de cabeça, tontura e fraqueza (TARINI, 2006). 
1.3.2.4 Cãibra 
As cãibras são espasmos musculares involuntários e dolorosos que podem ocorrer 
durante ou após o exercício intenso realizado no calor e por tempo prolongado, e 
podem preceder a exaustão. A perda excessiva de suor pode causar um desequilíbrio 
eletrolítico, induzindo à cãibra (TARINI, 2006). 
 
 
 
 
 
11 
 
1.3.2.5 Desidratação 
A desidratação é a perda significativa de líquidos pelo corpo, e pode ocorrer após 
exercício prolongado e em ambientes quentes, devido à má ingestão de líquidos e pela 
transpiração excessiva. Pode causar fadiga, dor de cabeça, tonturas, cãibras, sede, 
desconforto geral, pele avermelhada, vômitos, náuseas, calafrios, queda de 
desempenho e falta de ar (TARINI, 2006). 
1.3.2.6 Hipoglicemia 
A hipoglicemia é a queda da taxa de açúcar (glicose) no sangue, e pode causar 
sensação de tremor, fraqueza, fome, suor frio, confusão mental, agressividade, e em 
casos mais graves, desmaio e até coma. 
O exercício intenso ou prolongado pode reduzir a taxa de açúcar no sangue. No início 
do exercício, a principal fonte de energia é o glicogênio muscular. Ao longo do 
exercício, os níveis de glicogênio muscular vão diminuindo, fazendo com que a glicose 
sanguínea seja utilizada como combustível (MINUCCI, 2014). 
Conclusão 
Vimos neste bloco que a fisiologia do exercício é um ramo da fisiologia que estuda os 
efeitos agudos e crônicos provocados pelo exercício físico no organismo. 
Em situação de repouso, nosso organismo e nossas variáveis fisiológicas, como 
temperatura, glicemia e frequência cardíaca, se encontram em um estado de 
equilíbrio: a homeostase. Para manter esse equilíbrio, o corpo possui sistemas de 
controle que regulam as variáveis fisiológicas por mecanismos de retroalimentação 
chamados de feedback negativo e feedback positivo. 
O estresse gerado pelo exercício físico provoca a quebra do equilíbrio interno fazendo 
com que o organismo se adapte a esse esforço. Em geral, essas adaptações são 
positivas, provocando uma melhora do condicionamento físico e da saúde, porém, a 
prática de exercícios intensos em condições adversas, como calor, umidade, má 
nutrição e má hidratação, pode causar reações adversas à saúde. 
 
 
 
12 
 
 
REFERÊNCIAS 
AUTORIDADE FITNESS. Até que ponto o seu corpo aguenta treinar no calor? 
Autoridade Fitness, 20 mar. 2018. Disponível em: <https://bit.ly/2ZaG6VH >. Acesso 
em: ago. 2019. 
BRAZ, J. R. C. Fisiologia da termorregulação normal. Revista Neurociências (supl. 
versão eletrônica), v. 13, n. 3, jul./set., 2005. Disponível em: <https://bit.ly/2NfuJt5>. 
Acesso em: 10 abr. 2019. 
KURA, G. G.; TOURINHO FILHO, H. Adaptações agudas e crônicas dos exercícios 
resistidos no sistema cardiovascular. Rev. Paul. Educ. Fís. São Paulo, v. 18, p. 21-31, 
ago. 2004. Disponível em: <https://bit.ly/2Zev7KW>. Acesso em: 10 abr. 2019. 
MINICUCCI, W. Hipoglicemia. Sociedade Brasileira de Diabetes, 8 maio 2014. 
Disponível em: <https://bit.ly/2HfTf9J>. Acesso em: 13 maio 2019. 
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao 
condicionamento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole, 2017. 
RASO, V.; GREVE, J. M. D; POLITO, M. D. Pollock: fisiologia clínica do exercício. Barueri: 
Manole, 2013. 
TARINI, V. A. F. et. al. Calor, exercício físico e hipertermia: epidemiologia, 
etiopatogenia, complicações, fatores de risco, intervenções e prevenção. Revista 
Neurociências, v. 14, n. 3, p. 144-152, jul./set., 2006. Disponível em: 
<https://bit.ly/2Hbcu47>. Acesso em: 10 abr. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
2 BIOENERGÉTICA 
O corpo humano necessita de energia para manter suas funções em repouso ou 
realizando alguma atividade. Essa energia é obtida por meio de nutrientes alimentares 
(gorduras, carboidratos e proteínas), e o processo que converte alimento em energia é 
denominado bioenergética (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
Há três vias metabólicas, ou seja, caminhos específicos para a geração de energia, e o 
organismo escolhe alternativamente uma dessas vias de acordo com a demanda 
energética.No início do movimento, o músculo utiliza a energia imediata armazenada 
(ATP-CP); segundos após, aumenta a utilização de energia fornecida pela via glicolítica 
(anaeróbica láctica); com a manutenção da atividade será utilizada cada vez mais a 
energia provinda do metabolismo aeróbico. Há atividades que utilizam uma única via 
metabólica, porém, a maioria das atividades utiliza mais de um sistema de energia 
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Neste bloco, você aprenderá sobre os três sistemas energéticos; entenderá a relação 
de cada um desses sistemas com os diferentes tipos, intensidades e duração do 
exercício. 
2.1 Sistema ATP-CP (anaeróbico aláctico) 
O sistema ATP-CP fornece energia por meio de compostos armazenados dentro da 
célula muscular. 
A quantidade de ATP disponível nas células é limitada, e conforme sua utilização 
ocorre, ela é ressintetizada mantendo um equilíbrio entre sua utilização e 
ressintetização. Quando a demanda de energia aumenta, ocorre a queda de ATP, 
rompendo esse equilíbrio. Assim, se faz necessária a degradação de outros 
componentes com energia armazenada em suas ligações para produzir ATP (McARDLE; 
KATCH; KATCH, 2018). 
 
 
 
 
14 
 
ATP (adenosina trifosfato) 
 
A ATP é uma molécula formada pela adenosina mais 3 fosfatos. Representa uma fonte 
imediata de energia para a contração muscular funcionando como uma moeda de 
troca dessa energia. Ela pode ser produzida sem a utilização de oxigênio (metabolismo 
anaeróbico) ou com a utilização de oxigênio (metabolismo aeróbico). A energia da ATP 
é liberada quando ocorre a quebra dessa molécula em ADP e Pi, pela enzima ATPase 
liberando energia para as ações musculares (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
2.1.1 PCr (Fosfocreatina ou creatina fosfato) 
A fosfocreatina, ou creatina fosfato, é uma molécula de creatina fosforilada (creatina + 
fosfato) com grande energia armazenada. Quando ocorre sua divisão, a energia 
liberada é utilizada para a formação de 1 ATP. 
 
 
 
15 
 
Assim como a ATP, a fosfocreatina tem uma cadeia de fosfato de alta energia, e é 
também armazenada no músculo. Ela é quebrada em Pi (fosfato inorgânico) e creatina 
pela enzima creatina quinase (CK) doando um Pi para o ADP (adenosina difosfato). 
Assim, forma-se uma molécula de 1 ATP (energia) (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 
2016, McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
2.1.2 Geração de energia para a ação muscular 
O sistema ATP-CP representa uma fonte anaeróbica de energia imediata para a 
contração muscular. É uma via energética para exercícios de alta intensidade e curta 
duração, como aquelas atividades físicas que requerem muita energia por segundo, 
por exemplo, tiros de corrida e levantamento de peso, pois fornece energia por um 
período curto de tempo (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
Sistema ATP-CP 
 
O nível de ATP se mantém constante nos primeiros segundos de uma atividade 
muscular intensa como o tiro de corrida. Já as concentrações de CPr declinam 
rapidamente para a ressíntese do ATP gasto. Na exaustão, os níveis de ATP e CP são 
muito baixos e insuficientes para suprir a demanda de energia necessária para as ações 
musculares (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
 
 
16 
 
2.2 Sistema glicolítico (anaeróbico láctico) 
O sistema glicolítico gera ATP por meio da degradação da glicólise, um processo de 10 
etapas que ocorre no citoplasma celular, quebrando a glicose em duas moléculas de 
piruvato (ácido pirúvico), e resulta na produção de duas moléculas de ATP (KRAEMER; 
FLECK; DESCHENES, 2016). 
Esse processo energético é suficiente para as atividades físicas com um esforço 
máximo por até cerca de 90 segundos sem a utilização de oxigênio (McARDLE; KATCH; 
KATCH, 2018). 
Glicólise 
 
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2018, p. 144). 
 
 
 
 
17 
 
O processo de glicólise gera 4 moléculas de ATP, mas utiliza 2 moléculas no início do 
processo. Sendo assim, o saldo final é de duas moléculas de ATP. Esse processo 
também forma duas moléculas de piruvato (ou ácido pirúvico), e cada qual com dois 
hidrogênios adicionais forma uma nova molécula, o ácido láctico, que por sua vez, se 
dissocia formando o lactato (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
O lactato sanguíneo acumulado durante a atividade física é oxidado pelas fibras 
musculares com alta capacidade oxidativa. Quando a oxidação do lactato é igual à sua 
produção, o nível sanguíneo de lactato permanece estável. Quando a intensidade do 
exercício aumenta, a produção e o acúmulo de lactato aceleram, pois as células 
musculares não conseguem oxidar o lactato com a mesma taxa de sua produção. 
 
Saldo da glicólise 
 2 ATP 
 2 NADH (molécula carregadora de energia que irá transferir sua energia na última 
fase da produção energética aeróbica). 
 
2.3 Via aeróbica (oxidativa) 
A via aeróbica gera ATP com a utilização de oxigênio, sendo utilizada quando a 
atividade física ultrapassa alguns minutos de duração. A glicólise libera cerca de 5% da 
 
 
 
18 
 
energia contida em sua molécula, e o restante de energia é obtida quando o piruvato 
formado na glicólise é transformado em acetilcoenzima A (acetil-CoA) e entra no ciclo 
de Krebs (ciclo do ácido cítrico). O piruvato só é transformado em acetil-CoA na 
presença de oxigênio (O2); se não houver O2 na célula, o piruvato é convertido em 
ácido láctico (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
2.3.1 Ciclo de Krebs 
Na presença de O2, o piruvato provindo da glicólise vai para dentro da mitocôndria. 
Quando isso ocorre, ele perde 1 carbono (descarboxilação) liberando gás carbônico 
(CO2) e formando outro componente (o acetil, com 2 carbonos). Essa descarboxilação 
libera energia formando 1 NADH. O CO2 produzido pela descarboxilação é eliminado 
pela expiração. Posteriormente, o acetil se junta com a coenzima A formando a 
molécula acetilcoenzima A (acetil-CoA) (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). Conheça o 
processo mais detalhadamente: 
1. A acetil-CoA contendo 2 carbonos se junta com o oxaloacetato contendo 4 
carbonos, formando o citrato com 6 carbonos, e entra no ciclo de Krebs. 
2. O ácido cítrico perde 1 carbono que é liberado na forma de CO2, se 
transformando no ácido cetoglutárico com 5 carbonos; a descarboxilação, ou 
seja, essa perda de 1 carbono, libera energia formando 1 NADH. 
3. Ocorre a descarboxilação do ácido cetoglutárico liberando CO2 e formando o 
ácido succínico com 4 carbonos. Nessa etapa, com a liberação de energia 
forma-se 1 ATP e 1 NADH. 
4. O ácido succínico se transforma em malato formando dois FADH2 (molécula 
carregadora de energia). 
5. O malato perde hidrogênio se transformando em ácido oxaloacetato, liberando 
energia, e formando mais 1 NADH. 
A partir do oxaloacetato formado, na presença de outra molécula de acetil-CoA, eles se 
unem e o ciclo recomeça (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
19 
 
Saldo energético do ciclo de Krebs 
 3 NADH x 2 = 6 NADH 
 1 ATP x 2 = 2 
 1 FADH2 x 2 = 2 FADH2 
Para cada acetil-CoA que entra no ciclo de Krebs, são formados 3 NADH, 1 ATP e 1 
FADH2. Porém, como a quebra da glicose (glicólise) produz 2 piruvatos, que associados 
ao acetil formam 2 moléculas de acetil-CoA, ocorrem dois ciclos de Krebs, um para 
cada molécula de acetil-CoA. Portanto, os valores são duplicados e o saldo final será de 
6 NADH, 2 ATP e 2 FADH2 (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Ciclo de Krebs 
 
Fonte: Kraemer, Fleck e Deschenes (2016). 
 
 
 
20 
 
Resumo do ciclo de Krebs 
O oxaloacetato que é produzido pela última reação do ciclo de Krebs se combina com a 
acetil-CoA, formando o citrato que entra no ciclo de Krebs. Em seguida, o citrato passa 
por várias reações resultando na formação de 2 moléculas de CO2 e 1 de ATP. Durante 
o ciclo, ocorre a combinação de elétrons de hidrogênio com as moléculas carreadoras 
de hidrogênio NAD+ e FAD formando NADH e FADH2 (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 
2016). 
 
2.3.2 Cadeia transportadora de elétrons (cadeia respiratória) 
A cadeia transportadorade elétrons ou cadeia respiratória é a última fase para 
extração de energia. Os elétrons (energia) contidos no produto gerado na glicólise (2 
NADH), na formação de Acetil-CoA (2 NADH), e no ciclo de Krebs (6 NADH e 2 FADH2) 
serão liberadas para formar ATP. 
Esse processo ocorre na membrana interna da mitocôndria (nas cristas mitocondriais), 
pela ação de proteínas (citocromos) presentes nessa membrana. Segue o processo 
mais detalhado: 
1. Ocorre a liberação de hidrogênio e elétrons de NADH e FADH2. 
2. Esses elétrons passam pelas proteínas da membrana, para serem transferidos 
para a molécula de O2 provinda da respiração. 
3. Essa energia liberada é utilizada para bombear íons de hidrogênio para fora da 
matriz mitocondrial. 
4. Esse hidrogênio ao voltar para a matriz mitocondrial passa por um complexo 
proteico (ATPsintase), produzindo ATP. 
2.3.2.1 Saldo da cadeia transportadora de elétrons 
Estima-se que um NADH tenha energia suficiente para formar 2,5 ATP e um FADH2 1,5 
molécula de ATP. 
 
 
 
21 
 
 2 NADH (resultado da glicólise) = 5 ATP 
 2 NADH (resultado da formação de acetil-CoA) = 5 ATP 
 6 NADH (resultado do ciclo de Krebs) = 15 ATP 
 1 FADH2 (resultado do ciclo de Krebs) = 3 ATP 
 
Saldo final da formação de ATP 
 Glicólise – 2 ATP 
 Ciclo de Krebs – 2 ATP 
 Cadeia transportadora de elétrons – 28 ATP 
 Total – 32 ATP 
 
2.3.3 Consumo de oxigênio durante o exercício 
O consumo de oxigênio aumenta rapidamente durante os primeiros minutos de 
atividade física, alcança um platô (estado estável), continuando estável durante a 
duração da atividade. Esse estado estável, ou steady-state, representa o equilíbrio 
entre o gasto de energia muscular e a produção de ATP. Nesse estado, não há acúmulo 
significativo de lactato, pois o lactato produzido é oxidado ou transformado em glicose 
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
2.3.4 Limiar de lactato (limiar anaeróbico) 
O limiar de lactato representa a intensidade do exercício na qual o acúmulo de lactato 
no sangue se acumula. Ocorre quando a produção de lactato ultrapassa a velocidade 
de remoção causando um acúmulo que vai se acentuando cada vez mais. 
Pessoas não treinadas podem alcançar o limiar de lactato em aproximadamente 50% a 
60% do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), e pessoas treinadas em 
aproximadamente 65% a 80% do VO2máx (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
22 
 
2.3.5 Utilização das vias aeróbicas e anaeróbicas 
O uso de determinada via de fornecimento de energia, seja de forma anaeróbica ou 
aeróbica, varia de acordo com a intensidade e duração da atividade. Atividades de 
maior duração utilizam maior porcentagem de energia provinda do metabolismo 
aeróbico. Logo, atividades de curta duração utilizam principalmente energia provinda 
do metabolismo anaeróbico. 
As fontes aeróbicas e anaeróbicas de ATP não fornecem a energia de maneira isolada, 
mas sim de maneira integrada. Todas as fontes suprem parte da ATP a todo o 
momento (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
Percentual da utilização das vias aeróbicas e anaeróbicas ao longo do exercício 
 
Fonte: Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 38). 
 
2.3.5.1 Metabolismo anaeróbico 
Em grande parte, representa o maior fornecimento de ATP para realizar as atividades 
físicas de alta intensidade e curta duração. Atividades como levantamento de peso, 
arremesso de peso e salto em altura utilizam predominantemente energia provinda do 
sistema ATP-CP. 
Em atividades de alta intensidade, a partir de 3 segundos de duração, começa a 
utilização de maior percentual de ATP provindo da via glicolítica (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
 
 
 
 
23 
 
2.3.5.2 Metabolismo aeróbico 
Fornece grande parte da ATP utilizada em atividades de baixa intensidade e longa 
duração. Sua demanda aumenta após minutos do início da atividade física. 
Conclusão 
Vimos neste bloco que para realizarmos as funções do nosso corpo e a contração 
muscular, utilizamos a energia armazenada em ligações químicas, e a moeda de troca 
dessa energia é ATP. Essa energia vem dos nutrientes alimentares, e o nosso 
organismo transforma esses nutrientes em energia por meio de três vias metabólicas: 
ATP-CP, Via Glicolítica e Via Aeróbica. O organismo escolhe uma dessas vias de acordo 
com a demanda energética. No início do movimento, o músculo utiliza a energia 
imediata armazenada (ATP-CP); segundos após, aumenta a utilização de energia 
fornecida pela via glicolítica (anaeróbica lática); e com a manutenção da atividade será 
utilizada cada vez mais a energia provinda do metabolismo aeróbico. 
O sistema ATP-CP é uma fonte anaeróbica de energia imediata para a contração 
muscular e sua energia é liberada pela quebra da ATP em ADP. A via glicolítica fornece 
2 ATP resultantes do processo da degradação da glicose, e o sistema aeróbico fornece 
o total de 32 ATP após a glicólise, ciclo de Krebs e cadeia de transporte de elétrons. 
Atividades físicas de alta intensidade e curta duração utilizam predominantemente 
energia provinda do sistema ATP-CP. Em atividades de alta intensidade, a partir de 3 
segundos de duração, começa a utilização de maior percentual de ATP provindo da via 
glicolítica, e quando a atividade ultrapassa alguns minutos, aumenta a utilização do 
metabolismo aeróbico. Mas lembre-se de que nenhuma das vias metabólicas trabalha 
sozinha. A maioria das atividades físicas utiliza mais de uma via metabólica em 
proporções diferentes. 
 
 
 
 
 
 
24 
 
REFERÊNCIAS 
KRAEMER, W. J.;FLECK, S. J.; DESCHENES, M. R. Fisiologia do exercício: teoria e prática. 
2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
McARDLE, D. W.; KATCH, I. F.; KATCH, L. V. Fisiologia do exercício ‒ Nutrição, energia e 
desempenho humano. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
3 SISTEMA NEUROMUSCULAR 
O sistema neuromuscular se refere à conexão dos sistemas nervoso e muscular. É 
formado por músculos e tendões e sua função principal é realizar o movimento. 
Também tem como função produzir calor e dar sustentação ao corpo. 
O sistema nervoso formado pelo encéfalo, medula e nervos, tem como função receber 
e processar informações e produzir uma resposta. Ele é que manda impulsos nervosos 
para a realização do movimento. 
Neste bloco, você compreenderá a relação desses sistemas, aprenderá como ocorre a 
ação muscular e a produção de força, conhecerá a diferença entre os tipos de fibra 
muscular e as adaptações provocadas nesses sistemas pelo treinamento físico. 
3.1 Fisiologia do músculo esquelético 
 
Os músculos estriados esqueléticos têm como função principal o movimento. Também 
dão sustentação ao corpo e produzem calor para a termorregulação. Eles se conectam 
aos ossos por meio dos tendões, que são tecidos conjuntivos. Quando ocorre a 
contração muscular, os músculos que estão conectados aos ossos os deslocam, 
provocando o movimento (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
 
26 
 
 
3.1.1 Estrutura muscular 
O músculo é formado por feixes de fibras musculares (fascículo). Essas fibras 
musculares (células musculares) são formadas por miofibrilas, que por sua vez são 
compostas por filamentos de actina e miosina (proteínas contráteis). Essas proteínas 
contráteis formam o sarcômero, a unidade contrátil muscular (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
Sarcômero 
 
 
Além da miosina e da actina, outras proteínas atuam na contração muscular, como a 
troponina e a tropomiosina. A tropomiosina cobre os canais de ligação da actina 
inibindo sua interação com a miosina; e a troponina, que é um complexo de três 
proteínas, induz o deslizamento das miofibrilas (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
 
 
27 
 
Essas estruturas musculares estão envoltas por tecido conjuntivo: o epimísio, que 
envolve todo o músculo; o perimísio, que envolve os fascículos; e o endomísio, que 
envolve as fibras musculares (KRAEMER; FLECK;DESCHENES, 2016). 
 
Fonte: Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 80). 
3.1.2 Contração muscular 
A contração muscular é o encurtamento do sarcômero resultante do deslizamento dos 
filamentos de actina e miosina uns sobre os outros. A contração ocorre pelas seguintes 
etapas (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016): 
1. Chega o impulso elétrico na junção neuromuscular. 
2. Ocorre a liberação de cálcio. 
3. O cálcio liberado se liga à troponina, provocando o desvio da posição da 
tropomiosina e exposição dos sítios ativos da actina. 
4. As cabeças da miosina se conectem aos sítios ativos da actina. 
5. Ocorre o movimento giratório da cabeça da miosina, promovendo o 
encurtamento do sarcômero. 
 
 
 
28 
 
6. Quando param os impulsos nervosos, cessa também a liberação de cálcio. Sem 
cálcio para se ligar à troponina, a tropomiosina bloqueia os sítios ativos da 
actina, interrompendo a contração muscular. 
 
SAIBA MAIS 
Para entender a contração muscular, acesse o link a seguir e ative a legenda em 
português: 
 
MCGRAW-HILL ANIMATIONS. Muscle Contraction Process. McGraw-Hill Animations, 9 
jun. 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ousflrOzQHc>. Acesso 
em: ago. 2019. 
 
3.1.3 Tipos de fibras musculares 
O músculo esquelético é composto por diferentes tipos de fibras. Cada uma delas têm 
capacidades de geração de força diferente. Os tipos de fibras musculares são 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016): 
 Tipo I ou fibras de contração lenta: são as fibras com maior quantidade de 
mitocôndrias e mioglobina (carreador de oxigênio). Por essa razão, têm maior 
capacidade para o metabolismo aeróbico. Essas fibras são resistentes à fadiga e 
têm uma alta capacidade de contração por longo período de tempo; portanto, 
são mais adequadas aos exercícios de longa duração (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
 Tipo II ou fibras de contração rápida: as fibras do tipo II têm menor quantidade 
de mitocôndrias e menor irrigação sanguínea; portanto, têm maior tendência à 
fadiga rápida. Essas fibras têm maior capacidade de produção de força com 
maior velocidade de contração e relaxam de maneira rápida. São subdivididas 
em (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016): 
o Tipo IIa: essas fibras também são chamadas de fibras intermediárias ou 
fibras glicolíticas oxidativas rápidas. Têm resistência intermediária à 
fadiga e apresentam uma mistura de características das fibras dos tipos 
I e IIx (POWERS; HOWLEY, 2017). 
https://www.youtube.com/watch?v=ousflrOzQHc
 
 
 
29 
 
o Tipo IIx: essas fibras também são chamadas de fibras de contração 
rápida ou fibras glicolíticas rápidas. Têm um menor número de 
mitocôndrias; portanto, têm menor capacidade de metabolismo 
aeróbico e menor resistência à fadiga. 
 
3.1.4 Produção de força 
O músculo produz força por meio de sua ativação. Essa ativação pode ocorrer das 
seguintes formas (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016): 
 Concêntrica: ocorre o encurtamento do músculo e a força produzida excede a 
força imposta pela resistência (carga). 
 Excêntrica: ocorre quando o músculo está exercendo sua força máxima, mas 
não o suficiente para vencer a resistência, e o músculo se alonga durante a 
contração. A força produzida é menor que a resistência oferecida. 
 Isométrica: na ação muscular isométrica, as cabeças de actina se conectam e 
desconectam no mesmo sítio do filamento de actina ativo ou próximo a ele 
sem que ocorra movimento visível. Mesmo assim, há geração de força, pois há 
uma tentativa do músculo se contrair. A força produzida é igual à resistência 
que se opõe ao seu movimento. 
 
3.2 Função do sistema nervoso na geração de movimento 
O sistema nervoso é dividido em central e periférico. A parte central é responsável 
pelo processamento de informações recebidas de outros sistemas e dos órgãos dos 
sentidos, e pela produção de resposta. O sistema periférico é composto basicamente 
por nervos, e é responsável pela condução dessas informações por meio de impulsos 
nervosos. 
O sistema nervoso trabalha em conjunto com os outros sistemas corporais, pois é 
responsável pelo seu funcionamento. A junção do sistema nervoso com o sistema 
muscular é chamada de neuromuscular. 
 
 
 
 
 
30 
 
3.2.1 Córtex motor 
A camada externa do cérebro é chamada córtex cerebral que desempenha diversas 
funções no organismo. O controle do movimento é feito por uma porção do córtex 
chamada de córtex motor que prepara e manda a informação para a execução do 
movimento (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
O córtex motor controla o movimento, determina sua velocidade e intensidade por 
meio de impulsos nervosos enviados ao músculo pelos nervos (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
Córtex motor 
 
3.2.2 Unidade motora 
Unidade motora é composta por um neurônio motor alfa e pelas fibras musculares 
inervadas por esse neurônio. As informações são recebidas pelos dendritos do 
neurônio motor e transmitidas pelos seus axônios para a junção neuromuscular. Cada 
fibra muscular recebe impulso nervoso de apenas um neurônio motor, que por sua 
 
 
 
31 
 
vez, devido às suas numerosas ramificações, pode inervar diversas fibras musculares. 
Para executar um determinado movimento, são recrutadas diversas unidades motoras, 
e de músculos diferentes (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018, KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
3.2.2.1 Junção neuromuscular 
A junção neuromuscular é a união entre a parte terminal de um axônio com a fibra 
muscular aonde chegará o estímulo para a contração muscular (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
Unidade motora e junção neuromuscular 
 
 
 
 
32 
 
3.3 Adaptações do sistema neuromuscular ao treinamento físico 
O ganho de força obtido no início de um programa de treinamento será provocado 
inicialmente pelas adaptações neurais, e posteriormente com o passar do treinamento 
esse ganho de força ocorrerá também pelo aumento de massa muscular. Com as 
adaptações neurais, o desempenho físico melhora e a ativação muscular e o 
recrutamento das unidades motoras se tornam mais eficientes (POWERS; HOWLEY, 
2017). 
3.3.1 Adaptação muscular ao treinamento aeróbico 
As fibras recrutadas durante a contração muscular irão se adaptar ao exercício. Em 
uma atividade de resistência aeróbica, as unidades motoras com fibras do tipo I serão 
recrutadas primeiro e com o aumento da intensidade do exercício ocorre o 
recrutamento das unidades motoras do tipo II (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Devido à característica das fibras musculares do tipo I, pela grande quantidade de 
mitocôndrias e alto suprimento sanguíneo, as unidades motoras com essas fibras são 
mais adequadas para a realização de exercícios de resistência aeróbica, porém as 
unidades motoras contendo as fibras tipo II também sofrerão a adaptação ao 
treinamento aeróbico. Com o treinamento, as fibras do tipo II melhoram sua 
capacidade aeróbica, porém não podem se igualar à capacidade aeróbica das fibras do 
tipo I (POWERS; HOWLEY, 2017). 
As adaptações que ocorrem nas fibras musculares após o treinamento aeróbico são: 
1. Aumento do número de capilares (vasos que trocam líquidos, oxigênio, CO2, 
nutrientes) por fibra muscular. Com o aumento da demanda de oxigênio 
muscular, o número de capilares aumenta para levar mais oxigênio para o 
músculo e suprir essa demanda. Esse aumento é mais expressivo nas fibras do 
tipo I. 
2. Aumenta o tamanho e o número de mitocôndrias nas fibras musculares, 
aumentando a capacidade para o metabolismo aeróbico. 
 
 
 
33 
 
3.3.2 Adaptação muscular ao treinamento resistido 
A adaptação muscular causada pelo exercício resistido (exercício de força) gera 
aumento do tamanho do músculo devido ao aumento do tamanho das fibras 
musculares, denominado hipertrofia, ou pelo aumento do número de fibras 
musculares, a hiperplasia (POWERS; HOWLEY, 2017). 
 
Hipertrofia e hiperplasia 
 
 
3.3.2.1 Hipertrofia muscular 
Hipertrofia é o aumento da secção transversa do músculo devidoao aumento do 
tamanho de suas fibras musculares após a realização de exercícios de força (POWERS; 
HOWLEY, 2017). 
O treinamento faz com que ocorra um aumento das proteínas actina e miosina nas 
miofibrilas. Essas miofibrilas recém-formadas são adicionadas às fibras existentes, 
aumentando assim o tamanho da fibra (POWERS; HOWLEY, 2017). 
 
 
 
34 
 
Os mionúcleos (núcleos localizados na fibra muscular) também participam do processo 
de hipertrofia. Um único mionúcleo consegue manejar um volume limitado de 
proteínas musculares. Assim, para que haja o acréscimo das proteínas musculares à 
miofibrila, e consequente hipertrofia, o número de mionúcleos também é aumentado. 
Após dano tecidual provocado pelo exercício, as células-satélites, que são fontes 
desses mionúcleos, são ativadas, contribuindo para o aumento da quantidade de 
mionúcleos. Com maior número de mionúcleos, haverá maior acréscimo de proteínas 
musculares, resultando no aumento da fibra muscular (POWERS; HOWLEY, 2017). 
As fibras musculares se hipertrofiam de formas diferentes. As fibras do tipo II 
apresentam maior grau de hipertrofia após o treinamento de força que as fibras do 
tipo I (POWERS; HOWLEY, 2017). 
3.3.2.2. Hiperplasia muscular 
Hiperplasia é o aumento do número de fibras musculares e pode ser um possível 
mecanismo para auxiliar o aumento do tamanho do músculo. 
Ainda é muito discutido o aumento do músculo devido à hiperplasia. Há algumas 
evidências de que a hiperplasia possa ocorrer após o treinamento de resistência 
muscular. Pode ser que a hiperplasia ocorra somente após treinamento de resistência 
muscular de alta intensidade, e que as fibras do tipo II respondam inicialmente a essa 
adaptação (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Mesmo que a hiperplasia aconteça, a sua participação no aumento do tamanho do 
músculo será pequena (entre 5% e 10%), e a hipertrofia será o mecanismo com maior 
participação no aumento muscular (POWERS; HOWLEY, 2017). 
3.3.2.3 Adaptação da junção neuromuscular 
A junção neuromuscular também passa por adaptações provocadas pelo treinamento. 
A prática regular de exercícios pode aumentar significativamente os componentes pré-
sinápticos (terminais nervosos) e pós-sinápticos (placa motora da fibra muscular) 
presentes na junção neuromuscular. Essa adaptação gerada na junção neuromuscular 
 
 
 
35 
 
torna a comunicação entre nervo e músculo mais eficiente, e menos prolongada, 
causando menor fadiga (POWERS; HOWLEY, 2017). 
Ambos os treinamentos de força ou de resistência aeróbica promovem a adaptação da 
junção neuromuscular, porém, os exercícios aeróbicos promovem maior adaptação, 
pois a atividade neuromuscular é maior durante o treinamento de resistência aeróbica, 
por ser uma atividade contínua, diferentemente do treinamento de força que ocorre 
de maneira intermitente (POWERS; HOWLEY, 2017). 
3.3.2.4 Dor muscular tardia 
A dor muscular após a prática de exercícios ocorre pela lesão provocada pelo estresse 
mecânico nos músculos e nos tendões. São microlesões que ocorrem nas fibras 
musculares, alterando o alinhamento do sarcômero, desencadeando uma resposta 
imunológica com a liberação de histaminas e prostaglandinas (agentes envolvidos na 
regulação das respostas imunes) e edema, que provocam a sensação de dor. 
A dor muscular tardia está relacionada com a contração muscular excêntrica e pode 
aparecer entre 24 e 48 horas após a realização de exercícios. Geralmente, ocorre em 
pessoas destreinadas ou até mesmo em pessoas treinadas após a prática de exercícios 
intensos ou após realizarem uma rotina de exercícios diferente da habitual. 
Há o mito de que a dor muscular tardia é causada pelo acúmulo de lactato, porém, não 
há evidências que comprovem essa hipótese. 
 
Conclusão 
Aprendemos neste bloco que o sistema neuromuscular se refere à conexão dos 
sistemas nervoso e muscular, e que o movimento acontece por ações musculares, as 
contrações, que são ordenadas e controladas pelo sistema nervoso. Nossos músculos 
são compostos por células musculares, as fibras musculares, que contêm proteínas 
que deslizam umas sobre as outras, provocando o encurtamento muscular (a 
contração). 
 
 
 
36 
 
Temos diferentes tipos de fibras musculares: as fibras do tipo I de contração lenta, e 
do tipo II de contração rápida. As fibras do tipo I têm maior resistência à fadiga, e são 
mais adequadas aos exercícios aeróbicos; e as fibras do tipo II produzem maior força e 
fadigam com facilidade, sendo mais indicadas para os exercícios intensos de curta 
duração. 
O treinamento físico causará adaptação ao sistema neuromuscular, como o aumento 
de força e hipertrofia muscular, melhora da capacidade aeróbica muscular e melhora 
da comunicação entre nervo e músculo. 
REFERÊNCIAS 
KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J.; DESCHENES, M. R. Fisiologia do exercício: teoria e 
prática. 2. d. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao 
condicionamento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole, 2017. 
McARDLE, D. W.; KATCH, I. F.; KATCH, L. V. Fisiologia do exercício ‒ Nutrição, energia e 
desempenho humano. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
4 SISTEMA CARDIORRESPIRATÓRIO 
Neste bloco, vamos estudar o sistema cardiorrespiratório, que é a junção dos sistemas 
circulatório e respiratório. O sistema circulatório é responsável pelo transporte de 
substâncias para serem utilizadas ou eliminadas pelo nosso corpo. Já o sistema 
respiratório é responsável principalmente pela troca gasosa. Esses dois sistemas estão 
ligados, pois o sistema circulatório transporta os gases a serem trocados pelo sistema 
respiratório. 
Vamos conhecer as respostas agudas do exercício no sistema cardiorrespiratório, ou 
seja, as adaptações que acontecem no organismo quando estamos praticando 
exercício, além das respostas crônicas àquelas adaptações que ocorrem após um 
período regular de prática de exercícios. 
4.1 Sistema circulatório e exercício 
O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e sangue, e tem 
como funções o transporte de substâncias necessárias para o funcionamento do 
organismo como nutrientes, oxigênio (O2) e hormônios, e também a remoção dos 
resíduos metabólicos celulares para serem eliminados, como por exemplo, o gás 
carbônico (CO2). 
O coração é um órgão muscular que bombeia o sangue para todo o corpo e se localiza 
no interior da cavidade torácica, entre os pulmões, com seu ápice voltado para o lado 
esquerdo. 
O coração tem quatro câmaras que são: átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito 
e ventrículo esquerdo. A metade esquerda do coração recebe o sangue rico em O2 
vindo dos pulmões e o envia para todo o organismo, e a metade direita recebe o 
sangue rico em CO2 que percorreu todo o organismo e o envia aos pulmões. 
O coração também tem duas válvulas que fazem com que o sangue siga em uma única 
direção, sempre dos átrios para os ventrículos. Essas válvulas são: 
 
 
 
38 
 
• tricúspide: comunica o átrio direito com o ventrículo direito; 
• bicúspide ou mitral: comunica o átrio esquerdo com o ventrículo esquerdo. 
 Válvulas cardíacas 
 
4.1.1 Ciclo cardíaco 
O ciclo cardíaco se refere às contrações e relaxamentos feitos pelo músculo cardíaco, e 
apresenta duas fases: a sístole, que é a fase de contração do ciclo cardíaco; e a 
diástole, que é a fase de relaxamento do ciclo cardíaco. 
Quando uma câmara (átrio ou ventrículo) se contrai, bombeia o sangue, e quando 
relaxa, essa câmara é preenchida por sangue para a próxima fase sistólica (contração) 
do ciclo cardíaco (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
 
 
 
39 
 
Ciclo cardíaco 
 
4.1.2 Controle nervoso do coração 
O coração possui um sistema intrínseco de controle nervoso, que controla a contração 
das câmaras para que o sangue se mova na direção correta. O músculocardíaco 
(miocárdio) é inervado por um tecido nervoso especializado, capaz de iniciar o próprio 
impulso para a contração. O controle para que as contrações ocorram em intervalos de 
tempo pode ser feito pelo próprio coração. Essa capacidade de controle é chamada de 
automatismo cardíaco. 
O tecido nervoso especializado localizado na porção superior do átrio direito se 
denomina nó sinoatrial (nó SA), que funciona como o marca-passo da contração 
cardíaca (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). O impulso elétrico do átrio para o 
ventrículo é conduzido pelo nó atrioventricular (nó AV). 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
Nós sinoatrial e atrioventricular 
 
Fonte: Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 156). 
O coração também possui um controle extrínseco, que é responsável pelo ajuste da 
frequência cardíaca. Esse controle é feito pelos sistemas simpático e parassimpático. 
 Estimulação simpática: as fibras nervosas simpáticas liberam norepinefrina 
(mediador químico) que chega aos nós SA e AV aumentando sua atividade. O 
aumento da atividade dos nós SA e AV aumentam a frequência cardíaca e a 
força de contração do miocárdio, resultando no aumento do volume de sangue 
bombeado pelo coração em cada contração (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 
2016). 
 Estimulação parassimpática: as fibras nervosas parassimpáticas que inervam os 
nós SA e AV liberam acetilcolina, diminuindo a atividade desses nós, e 
consequentemente diminuindo a frequência cardíaca (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
 
 
 
 
41 
 
4.1.3 Circulação sanguínea 
O sangue é um tecido líquido que leva e remove substâncias do corpo. A 
movimentação do sangue pelo organismo é denominada circulação sanguínea. Ela 
pode ser dividida em pulmonar e periférica. 
Circulação sanguínea 
 
 
 Circulação pulmonar ou pequena circulação: transporta sangue do coração 
para os pulmões para oxigená-lo, e transporta o sangue oxigenado de volta 
para o coração para ser bombeado para o restante do corpo. 
 
 
 
 
 
 
Circulação 
pulmonar 
Circulação sistêmica 
 
 
 
42 
 
Circulação pulmonar 
 
 Circulação sistêmica ou grande circulação: transporta o sangue oxigenado que 
acabou de retornar dos pulmões a todas as células do corpo, levando o 
oxigênio que será utilizado no metabolismo celular, e transporta esse sangue 
de volta, trazendo o CO2 resultante do metabolismo. 
 
4.1.4 Panturrilha, o segundo coração 
A panturrilha é formada por um conjunto de músculos que bombeiam o sangue de 
volta ao coração, contribuindo para o retorno venoso. Quando o músculo da 
panturrilha contrai, comprime as veias, facilitando o fluxo do sangue de volta ao 
coração. Quando relaxa as válvulas das veias, evita que o sangue flua de volta na 
direção contrária ao coração (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
43 
 
 
4.1.5 Débito cardíaco 
É o volume de sangue bombeado por minuto pelo coração e pode ser determinado 
pela frequência cardíaca e pelo volume de ejeção, que é o volume de sangue 
bombeado pela contração dos ventrículos (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
O volume diastólico final (VDF) é o volume de sangue nos ventrículos no final da 
diástole. 
O volume sistólico final (VSF) é o volume de sangue que permanece nos ventrículos ao 
final da fase sistólica, ou de contração dos ventrículos (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 
2016). 
4.1.6 Respostas agudas do sistema circulatório ao exercício físico 
Kraemer, Fleck e Deschenes (2016) descreveram várias adaptações que ocorrem no 
organismo durante a prática de exercícios: 
1. Aumenta o fluxo sanguíneo para os músculos ativos, que receberá boa parte do 
débito cardíaco. 
2. Aumenta o fornecimento de O2 e nutrientes necessários para o metabolismo 
celular. 
3. Aumenta a remoção dos produtos gerados pelo metabolismo como o CO2. 
4. Ocorre a vasodilatação para aumentar o fluxo de sangue para o músculo ativo e 
vasoconstrição para diminuir o fluxo sanguíneo para o tecido inativo. 
 
 
 
44 
 
5. Aumenta a frequência cardíaca, o volume de ejeção, aumentando o débito 
cardíaco. 
6. O débito cardíaco elevado aumenta a pressão arterial. 
7. Ocorre a vasodilatação dentro do músculo ativo, diminuindo a pressão arterial. 
8. Ocorre a vasoconstrição dos músculos inativos fazendo com que a pressão 
arterial seja mantida. 
 
Nos exercícios isométricos, apesar de estáticos, ocorre também o aumento da 
frequência cardíaca e pequeno aumento do débito cardíaco, porém aumenta a 
resistência vascular periférica, aumentando significativamente a pressão arterial. Essa 
elevação exacerbada da pressão arterial em exercícios isométricos ocorre porque a 
contração muscular mantida promove obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, 
promovendo um acúmulo de metabólitos produzidos durante a contração, e ativa 
quimiorreceptores musculares que promovem aumento significativo da atividade 
simpática (BRUM et al., 2004). 
 
4.2 Sistema respiratório e exercício 
A principal função do sistema respiratório é garantir as trocas gasosas do organismo 
com o meio ambiente. É formado por órgãos que preparam e conduzem o ar e 
realizam a troca gasosa. Algumas estruturas do sistema respiratório funcionam 
principalmente como condutoras de ar. O ar entra pelo nariz, passa pela cavidade 
nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos (ramificações dos brônquios) 
até chegar aos alvéolos (estruturas com capilares sanguíneos) onde ocorrerá a troca 
gasosa. 
4.2.1 Ventilação pulmonar 
A ventilação pulmonar se refere ao volume de ar que entra (inspiração) e sai dos 
pulmões (expiração). O número de inspirações por minuto é denominada frequência 
respiratória, que fica em torno de 12 inspirações por minuto em uma respiração 
tranquila em repouso (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
 
 
45 
 
Inspiração e expiração 
 
 Inspiração: é a entrada de ar nos pulmões. Os músculos diafragma e 
intercostais se contraem, e as costelas se elevam, promovendo o aumento da 
caixa torácica. 
 Expiração: é a saída de ar dos pulmões. Os músculos diafragma e intercostais 
se relaxam e ocorre a depressão das costelas, diminuindo a caixa torácica. 
4.2.2 Troca gasosa 
A hematose é a troca gasosa de CO2 e O2, e ocorre nos alvéolos pulmonares. O CO2 
chega aos alvéolos para ser eliminado pela expiração, e o O2 provindo da inspiração 
chega aos alvéolos, e passa para a corrente sanguínea para ser transportado para as 
células. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
Troca gasosa 
 
 
1. Nos alvéolos pulmonares, o O2 difunde-se nos capilares e penetra nas 
hemácias. 
2. Nas hemácias, o O2 se combina com a hemoglobina, e é transportado para 
todas as partes do corpo, onde é utilizado na produção de energia. 
3. Ao realizar a respiração celular, as células produzem CO2, que passa para os 
capilares sanguíneos. 
 
 
 
47 
 
4. O sangue rico em CO2 chega aos capilares sanguíneos nos alvéolos por meio de 
difusão, e é eliminado pela expiração. 
 
4.2.3 Mioglobina 
A mioglobina é uma proteína que transporta O2 da membrana da fibra muscular para a 
mitocôndria. É encontrada no miocárdio e nas fibras musculares, em maiores 
quantidades nas fibras de contração lenta, em pequenas quantidades nas fibras 
intermediárias e em quantidades limitadas nas fibras de contração rápida. 
4.2.4 Capacidade e volume respiratório 
A cada ciclo respiratório, certo volume de ar entra e sai das vias respiratórias durante a 
inspiração e a expiração. O volume de ar se refere ao movimento de gases para dentro 
e para fora dos pulmões e pode ser determinado por meio de teste de espirométrico 
(medida de gases expirados e inspirados), importante para medir a função respiratória 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
A capacidade e volume respiratório podem ser descritos das seguintes formas 
(POWERS e HOWLEY, 2017): 
 Volume Corrente (VC): é o volume de ar inspirado e expirado a cada ciclo 
respiratório normal. 
 Volume de Reserva Inspiratório (VRI): é o maiorvolume de ar que pode ser 
inspirado ao final de uma inspiração máxima. 
 Volume de Reserva Expiratório (VRE): é o maior volume de ar que pode ser 
expirado após uma expiração máxima. 
 Volume Residual (VR): é o volume de ar que permanece nos pulmões após 
uma expiração profunda, permitindo a continuação da troca gasosa. 
 Capacidade Vital (CV): quantidade máxima de gás que pode ser expirada após 
uma inspiração máxima. 
 
 
 
48 
 
 Capacidade Inspiratória (CI): quantidade máxima de ar que pode ser inalada 
após uma expiração normal. 
 Capacidade Residual Funcional (CRF): quantidade de ar que permanece nos 
pulmões após uma expiração normal. 
 Capacidade Pulmonar Total (CPT) (VC + VR): quantidade máxima de ar nos 
pulmões ao final de uma inspiração máxima. 
4.2.5 Respostas agudas do sistema circulatório ao exercício físico 
Segundo Kraemer, Fleck e Deschenes (2016), as adaptações que ocorrem no sistema 
respiratório durante a prática de exercícios são: 
1. Há o aumento da frequência respiratória. 
2. Aumenta a troca gasosa nos alvéolos e no tecido muscular para atender às 
maiores demandas de aporte de O2 e de remoção de CO2. 
3. Aumenta a ventilação pulmonar para elevar a troca gasosa. 
4. Aumenta o fluxo sanguíneo nos capilares dos alvéolos e dos tecidos para 
aumentar a troca gasosa. 
4.2.6 Volume máximo de oxigênio (VO2máx) 
O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) corresponde à capacidade do organismo em 
transportar e metabolizar o O2 durante o esforço máximo. 
O VO2máx é utilizado para medir o nível de condicionamento físico e para prescrever 
exercícios para o condicionamento cardiorrespiratório. O método direto de medir o 
VO2máx é por meio de um teste ergoespirométrico (coleta e análise de gases 
expirados) realizados em um laboratório, mas há métodos indiretos por meio de testes 
de esforço progressivo máximo ou submáximo realizados em esteira, cicloergômetro, 
step etc. (HEYWARD, 2013). 
 
 
 
 
49 
 
4.3 Adaptações dos sistemas cardiovascular e respiratório ao treinamento físico 
São adaptações crônicas causadas pelo exercício, ou seja, as transformações que 
ocorrem no organismo após a prática regular de exercícios. 
4.3.1 Frequência cardíaca 
Após treinamento de resistência, ocorre o aumento do VDF ventricular em repouso e 
durante o exercício, fazendo com que aumente o volume de ejeção, permitindo uma 
frequência cardíaca menor observada comumente em pessoas treinadas (KRAEMER; 
FLECK; DESCHENES, 2016). 
Conheça a frequência cardíaca típica em jovens treinados e destreinados (POWERS; 
HOWLEY, 2017): 
 Homens destreinados: 72 batimentos por minuto (bpm). 
 Mulheres destreinadas: 75 bpm. 
 Homens treinados: 50 bpm. 
 Mulheres treinadas: 55 bpm. 
4.3.2 Pressão arterial 
A prática regular de exercícios aeróbicos ou resistidos promove a redução da pressão 
arterial em indivíduos hipertensos em repouso e durante exercícios submáximos 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
4.3.3 Volume de ejeção, o débito cardíaco e o transporte de oxigênio 
O treinamento aeróbico provoca o aumento da quantidade de hemácias (glóbulos 
vermelhos), e aumento mais evidente do volume plasmático. O aumento do volume 
plasmático induz o aumento do volume diastólico final, aumentando o volume de 
ejeção, o débito cardíaco e o transporte de oxigênio tanto em repouso quanto em 
atividades com cargas máximas e submáximas (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
 
50 
 
4.3.4 VO2máx 
O treinamento promove um aumento médio de 15% a 20% do VO2máx, podendo 
alcançar até um aumento de 50% do VO2máx após exercícios intensos em indivíduos 
normais sedentários. Porém, os maiores aumentos no VO2máx ocorrem em indivíduos 
com uma predisposição genética, que é responsável por cerca de 50% do valor de 
VO2máx de uma pessoa (POWERS; HOWLEY, 2017). 
O VO2máx é produto do débito cardíaco e da diferença arteriovenosa (representa a 
extração, ou remoção do oxigênio do sangue); portanto, as alterações de VO2máx 
induzidas pelo treinamento provavelmente são decorrentes do aumento do débito 
cardíaco ou do aumento da diferença arteriovenosa, ou da combinação de ambos. 
Conclusão 
Vimos neste bloco que o sistema cardiorrespiratório é a junção dos sistemas 
circulatório e respiratório, e vimos aspectos básicos da fisiologia de cada um desses 
sistemas. 
O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e sangue, e tem 
como funções o transporte de substâncias necessárias para as células e a remoção dos 
resíduos metabólicos celulares. Durante o exercício, ocorrem algumas alterações no 
funcionamento normal do sistema circulatório como aumento do fluxo sanguíneo para 
os músculos ativos, aumento do fornecimento de O2 e nutrientes para o metabolismo 
celular, aumento da remoção de metabólitos, aumento da frequência cardíaca, 
aumento do volume de ejeção e do débito cardíaco. 
O sistema respiratório tem como principal função as trocas gasosas do organismo com 
o meio ambiente, é formado por órgãos que preparam e conduzem o ar até os 
pulmões onde ocorrerá a troca gasosa. Durante o exercício, ocorre o aumento da 
frequência respiratória, da troca gasosa, da ventilação pulmonar e do fluxo sanguíneo 
nos capilares dos alvéolos e dos tecidos para aumentar a troca gasosa. 
Com a prática regular de exercícios, ocorrem transformações crônicas no sistema 
cardiorrespiratório como a redução da frequência cardíaca e da pressão arterial, 
 
 
 
51 
 
aumento do volume de ejeção, aumento do débito cardíaco e do transporte de 
oxigênio tanto em repouso quanto durante os exercícios, e aumento do VO2máx. Essas 
adaptações tornam o organismo mais resistente ao esforço e mais eficiente. Isso é o 
condicionamento cardiorrespiratório. 
 
REFERÊNCIAS 
BRUM, P. C. et al. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema 
cardiovascular. Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.21-31, ago. 2004. 
HEYWARDS, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício. 6. ed. Porto Alegre, 2013. 
KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J.; DESCHENES, M. R. Fisiologia do exercício: teoria e 
prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
McARDLE, D. W.; KATCH, I. F.; KATCH, L. V. Fisiologia do exercício ‒ Nutrição, energia e 
desempenho humano. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao 
condicionamento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole, 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
5 SISTEMA ENDÓCRINO E EXERCÍCIO 
Neste bloco, vamos estudar o sistema endócrino que é responsável pela regulação e 
ativação de diversas funções fisiológicas. 
O sistema endócrino é composto por glândulas secretoras de hormônios, que atuam 
como mensageiros levando a informação para desencadear uma ação. 
Os hormônios são transportados pelo sangue até a célula-alvo, cada tipo de hormônio 
exerce funções diferentes e são divididos em três tipos: esteroides, peptídicos e 
aminoácidos modificados (aminas). 
A quebra de homeostase decorrente do exercício desencadeia diversas ações 
hormonais para reestabelecer o equilíbrio. Essas ações podem ser agudas ou causar 
adaptações crônicas. Vamos conhecer as respostas agudas e crônicas do exercício no 
sistema endócrino, e entender a relação de diferentes tipos de treinamento com 
determinadas adaptações. 
5.1 Hormônios e exercício 
O sistema endócrino transmite mensagens que influenciam as respostas e as 
adaptações fisiológicas do corpo, juntamente com o sistema nervoso, controla diversas 
funções do organismo por meio de informações enviadas pelo sangue, que são os 
hormônios. O sistema endócrino é formado por glândulas que secretam hormônios 
que vão atuar e desencadear ações em determinados órgãos. 
As respostas agudas e crônicas do exercício assim como a recuperação do estresse e o 
reparo tecidual são reguladas por hormônios (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
5.1.1 Tipos de hormôniosOs hormônios são divididos em três tipos, de acordo com suas estruturas químicas 
específicas que determinam sua interação com as células-alvo (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016): 
 
 
 
53 
 
 Esteroides: são derivados do colesterol, interagem com os elementos 
regulatórios do DNA, promovendo a síntese de proteínas. 
 Peptídicos: podem conter centenas de aminoácidos, enviam seus sinais 
indiretamente via sistemas secundários de sinalização intracelular. 
 Aminoácidos modificados (ou aminas): contêm nitrogênio e a forma geral de 
uma amina. As mais estudadas na fisiologia do exercício são as catecolaminas, 
derivadas do aminoácido tirosina. 
 
5.1.2 Hormônios e suas funções 
Nosso organismo produz uma grande quantidade de hormônios com diferentes 
funções. Alguns deles têm maior destaque na regulação dos processos fisiológicos 
durante o exercício. 
a. Hormônio do crescimento (GH) 
O GH é um hormônio polipeptídico com 19 aminoácidos, sintetizado e secretado pela 
glândula hipófise. Tem como principais funções fisiológicas a síntese proteica no 
músculo e no osso, e o metabolismo de gordura (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
O controle de sua liberação é feito por dois hormônios. Sua liberação é regulada pelo 
hormônio liberador de GH, secretado pelo hipotálamo; e sua inibição é regulada pela 
somatostatina, um hormônio peptídico secretado pelo hipotálamo. A secreção de GH 
ocorre de forma pulsátil ao longo do dia, mas as maiores liberações ocorrem durante o 
sono (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
b. Peptídios pró-opiomelanocortina (POMC) 
O peptídio pró-opiomelanocortina (POMC) é um polipeptídeo formado por ligações de 
aminoácidos e serve de precursor para diversos outros peptídeos. A partir do POMC 
formam-se outros peptídios como (KRAEMER, FLECK e DESCHENES, 2016): 
 
 
 
54 
 
 Betaendorfina: atua como neurotransmissor, ou seja, transmite sinais no 
sistema nervoso, regula a analgesia e a resposta ao estresse. 
 Adrencorticotrofina (ACTH): é produzida na adeno-hipófise e atua na glândula 
suprarrenal estimulando a produção de cortisol. 
c. Testosterona 
A testosterona é um hormônio esteroide produzido nos testículos (homens) e nos 
ovários (mulheres), tem função anabólica e nos homens é responsável pelo 
desenvolvimento das características masculinas durante a puberdade (KRAEMER; 
FLECK; DESCHENES, 2016). 
As mulheres também têm testosterona, mas em níveis inferiores aos homens, com 
concentrações 10 a 30 vezes menores (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
A testosterona tem efeitos diretos sobre o ganho de massa muscular, tem ação 
indireta sobre o conteúdo proteico das fibras musculares promovendo a liberação do 
GH, induzindo a síntese e liberação de IGF pelo fígado (McARDLE; KATCH; KATCH, 
2018). 
d. Fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) 
Os fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) são peptídios contendo seis 
proteínas de ligação, e possuem função anabólica no músculo e no osso. São 
secretados por diferentes células. As principais formas desses hormônios são IGF-I e 
IGF-II. O IGF-I regula alguns dos efeitos do GH (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
e. Hormônios suprarrenais 
As glândulas suprarrenais estão localizadas acima de cada um dos rins, e secretam 
hormônios que influenciam o desempenho de alto nível e a recuperação do estresse 
do exercício (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
A glândula suprarrenal é dividida em córtex e medula suprarrenal, que secretam 
hormônios com funções diferentes. A medula da glândula é estimulada pelo sistema 
 
 
 
55 
 
nervoso para executar uma resposta rápida, e o córtex da glândula suprarrenal é 
estimulado por hormônios estimulantes do grupo das aminas (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
A medula da glândula suprarrenal produz os seguintes hormônios (McARDLE; KATCH; 
KATCH, 2018): 
 Epinefrina: atua no metabolismo energético e estimula a glicogenólise e a 
lipólise. 
 Norepinefrina: atua como neurotransmissor simpático, e estimula a lipólise. 
O córtex da glândula suprarrenal produz os seguintes hormônios esteroides 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016): 
 Cortisol: regula o metabolismo da glicose por estimular processos que ajudam 
a aumentar e manter as concentrações normais de glicose no sangue; também 
estimula a liberação de aminoácidos para o uso na glicogênese. 
 Aldosterona: ajuda a regular o equilíbrio de água e eletrólitos, atuando nos 
túbulos e nos dutos coletores renais. Sua secreção é estimulada pela 
angiotensina II e pelas concentrações de potássio locais, sinalizando para o rim 
para reter sódio e secretar potássio. Essas mudanças nas concentrações de 
eletrólitos resultam no aumento da retenção de água e consequentemente um 
maior volume de sangue, aumentando, assim, a pressão arterial. 
f. Hormônio antidiutérico (ADH) 
O hormônio antidiutérico ou arginina-vasopressina tem como função principal a 
regulação da água corporal, influencia a excreção de água pelos rins, estimula a 
reabsorção de água nos túbulos renais (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
g. Hormônios pancreáticos 
O pâncreas secreta diferentes tipos de hormônios peptídicos que serão responsáveis 
pelo controle da glicose sanguínea (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016): 
 
 
 
56 
 
 Glucagon: é secretado pelas células-alfa, e sua função é aumentar as 
concentrações de glicose no sangue quando elas estão baixas. 
 Insulina: é secretada pelas células-beta e sua função é diminuir as 
concentrações de glicose no sangue quando elas estão altas. 
 Somatostatina: é secretada pelas células-delta e sua função é inibir a 
liberação de insulina e glucagon. A somatostatina também é secretada 
pelo hipotálamo. 
h. Hormônio tireoestimulante (TSH) 
O hormônio tireoestimulante é um polipeptídio da família de peptídios (POMC). É 
secretado pela hipófise e estimula a glândula tireoide a secretar os hormônios tiroxina 
(T4) e tri-iodotironina (T3), que são vitais para a função fisiológica normal. Sua 
secreção é regulada pelo hormônio liberador de tireotrofina (TRH) que é liberado pelo 
hipotálamo, e a somatostatina inibe sua secreção (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 
2016). 
i. Hormônios tireoidianos 
Os hormônios tireoidianos, secretados pela tireoide, são essenciais para o controle de 
diversas funções fisiológicas. Esses hormônios são do grupo das aminas e necessitam 
de iodo para serem sintetizados (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
Os hormônios tireoidianos são: 
 Tiroxina (T4): é secretado em maior quantidade do que o T3. Regula o 
metabolismo e ajuda a desencadear mudanças no sistema cardiovascular, 
aumentando o débito cardíaco e a frequência respiratória (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016, CANALI; KRUEL, 2001). 
 Tri-iodotironina (T3): é secretado em menor quantidade, mas atua mais 
rapidamente que o T4. Também regula o metabolismo e pode acelerar o 
crescimento facilitando a síntese e secreção do GH (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
 
 
 
57 
 
 Calcitocina (CT): diminui a concentração de cálcio no sangue (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
Os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3) atuam em todos os tecidos. Entre 
suas funções estão: aumento da síntese proteica, aumento do tamanho e do número 
de mitocôndrias, aumento da atividade contrátil do coração, maior absorção de glicose 
pelas células e estímulo da ossificação endocondral (CANALI; KRUEL, 2001). 
Altas concentrações desses hormônios resultam em hipertireoidismo tornando o 
metabolismo acelerado. Essa condição causa perda rápida de peso e outros sintomas. 
Quando as concentrações desses hormônios são baixas, causam hipotireoidismo, e o 
metabolismo se torna lento, podendo causar aumento de peso. 
j. Hormônios paratireoidianos (PTH) 
As glândulas paratireoides secretam os hormônios paratireoidianos (PTH), ou 
paratormônios. Eles estimulam o aumento das concentrações de cálcio no sangue. 
O PTH atua em três alvos paraaumentar as concentrações de cálcio: nos ossos, 
estimulando a liberação de cálcio; nos rins, aumentando a reabsorção de cálcio; e nos 
intestinos, aumentando a absorção de cálcio (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
SAIBA MAIS 
NERDOLOGIA. Doping/Nerdologia. Nerdologia, 12 fev. 2015. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=QN8nP0w_Hvo>. Acesso em: ago. 2019. 
 
5.1.3 Sistemas de retroalimentação 
Os sistemas de retroalimentação controlam as secreções hormonais, regulando a 
concentração plasmática desse hormônio (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). Há 
basicamente dois sistemas de retroalimentação: 
 Retroalimentação negativa: o hormônio secretado por determinada glândula 
estimula essa mesma glândula a reduzir sua secreção. É o mecanismo primário 
https://www.youtube.com/watch?v=QN8nP0w_Hvo
 
 
 
58 
 
da regulação da homeostase. É o sistema de retroalimentação predominante 
no organismo. 
 Retroalimentação positiva: o hormônio secretado por determinada glândula 
estimula essa mesma glândula a aumentar sua secreção ou a função fisiológica 
estimulada pelo hormônio. Ocorre em menor quantidade no organismo. 
 
 Retroalimentação negativa 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.1.4 Receptores hormonais 
As células-alvo, nas quais determinado hormônio irá atuar, possuem receptores 
hormonais na membrana ou no citoplasma. Os receptores hormonais são proteínas 
que se ligam aos hormônios específicos que devem atuar em sua célula. A ligação do 
THS 
Estimula a secreção de 
T3 e T4 
 T3 e T4 
Retroalimentação 
Inibição da secreção de TSH, 
reduzindo a secreção de T3 e T4 
 
 
 
59 
 
hormônio com o seu receptor é a primeira etapa que desencadeia a ação hormonal 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
Quando ocorre a ligação de um hormônio com seu receptor específico, altera a 
permeabilidade da membrana plasmática da célula-alvo a uma determinada 
substância química, ou modifica a capacidade da célula-alvo em fabricar substâncias 
intracelulares, principalmente as proteínas, afetando assim as funções celulares 
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
Receptor hormonal 
 
 
5.2 Respostas hormonais agudas provocadas pelo exercício 
Os hormônios atuam para a manutenção da homeostase que é quebrada pelo 
exercício modificando os padrões das ações hormonais a fim de reestabelecer a esse o 
estado de equilíbrio. 
5.2.1 Hormônio do crescimento GH 
O exercício é um potente estimulador para a liberação de GH, promove o aumento na 
amplitude do pulso e da quantidade de GH secretado em cada pulso, e prolonga a ação 
do GH sobre as células-alvo (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
 
 
 
 
60 
 
5.2.2 Peptídios pró-opiomelanocortina (POMC) 
O exercício estimula a liberação de betaendorfina e adrencorticotrofina na circulação. 
Aumentos mais expressivos foram observados em exercícios de maior demanda 
metabólica, que pode ocorrer devido à necessidade de analgesia e de controle 
metabólico de glicose (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
5.2.3 Testosterona 
Os exercícios aeróbicos e resistidos em determinadas intensidades aumentam as 
concentrações sanguíneas de testosterona em homens e em mulheres, porém com 
menores elevações nas mulheres (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
O aumento da testosterona ocorre de 15 a 20 minutos após exercício resistido e 
aeróbico moderado (McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Os exercícios aeróbicos de baixa intensidade podem não alterar as concentrações de 
testosterona, e em exercícios aeróbicos extremos como maratonas e ultramaratonas, 
o nível de testosterona pode até diminuir significativamente (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
5.2.4 Epinefrina e norepinefrina 
Os hormônios epinefrina e norepinefrina fazem parte do mecanismo de resposta ao 
estresse, e o aumento da secreção pode ocorrer segundos após um estressor 
significativo, como é o caso do exercício físico (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
Os níveis plasmáticos de norepinefrina aumentam progressivamente com intensidade 
acima de 50% do VO2máx. Os níveis de epinefrina também aumentam, mas em 
concentrações não significativas, e não se modificam em intensidades menores a 75% 
VO2máx (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
As elevações desses hormônios podem estar relacionadas a uma maior ativação do 
sistema nervoso simpático para atender a demanda imposta pelo esforço (KRAEMER; 
FLECK; DESCHENES, 2016, McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
 
 
61 
 
Estudos recentes sugerem que a epinefrina auxilia na produção de força por meio de 
sua ligação aos receptores beta-adrenérgicos encontrados no retículo sarcoplasmático, 
promovendo uma liberação mais rápida de cálcio, acelerando a liberação dos sítios 
ativos da actina, o que resulta em uma contração muscular mais rápida (McARDLE; 
KATCH; KATCH, 2018). 
5.2.5 Cortisol 
As concentrações de cortisol aumentam com o exercício aeróbico com intensidade 
acima de 70% do VO2máx; também aumentam após exercícios resistidos com 
intensidade e volume adequados. O aumento do cortisol após o exercício ocorre por 
duas razões: conservação dos estoques limitados de glicogênio muscular e redução da 
magnitude da resposta inflamatória devido ao dano muscular (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016). 
Exercícios extremos, com períodos curtos de repouso e alta intensidade, aumentam os 
valores de cortisol muito acima do basal. Se a concentração de repouso do cortisol não 
retorna às faixas normais, a capacidade de recuperação do indivíduo é prejudicada. 
Por isso, é importante os dias de recuperação nos programas de treinamento 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016). 
 
5.2.6 Aldosterona 
Durante o exercício com o aumento da intensidade do esforço, aumenta a demanda de 
água e eletrólitos, e para suprir essa demanda ocorre o aumento da secreção de 
aldosterona, hormônio regulador de água e eletrólitos. A resposta para a liberação de 
aldosterona é lenta, portanto, seu aumento é observado após 45 minutos de atividade, 
e seus principais efeitos ocorrem durante a recuperação (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016, McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
 
 
 
 
 
62 
 
5.2.7 Hormônio antidiurético (ADH) 
O exercício aumenta significativamente a secreção desse hormônio, principalmente 
em dias quentes e em situações de baixa hidratação. A maior secreção de ADH é 
estimulada pela transpiração, pois a perda de água pelo suor faz com que aumente a 
concentração de ADH para a conservação da água corporal (McARDLE; KATCH; KATCH, 
2018). 
5.2.8 Insulina 
Ocorre a diminuição das concentrações de insulina sanguínea com o exercício. Essa 
diminuição é proporcional à intensidade do exercício (CANALI; KRUEL, 2001). 
A redução da glicemia e da insulina decorrente do exercício de longa duração promove 
o aumento no catabolismo de gorduras e redução do catabolismo de glicose 
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
Normalmente, a insulina ajuda a reduzir a quantidade de glicose no sangue, fazendo 
com que a glicose penetre nas células. Na resistência à insulina, as células não 
respondem normalmente à insulina, e a glicose não consegue penetrar nas células, 
acumulando-se no sangue. O exercício promove efeito imediato aumentando a 
sensibilidade das células musculares à insulina, e melhora a entrada da glicose 
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2018). 
 
5.2.9 Glucagon 
Os níveis de glucagon podem aumentar já nos primeiros 15 minutos de exercício, e 
quanto maior a duração da atividade, maior será a liberação de glucagon (CANALI; 
KRUEL, 2001). 
 
5.2.10 Hormônio tireoestimulante (TSH) 
O exercício promove o aumento da secreção de TSH, estimulando a liberação dos 
hormônios tireoidianos T3 e T4. Esse aumento ocorre provavelmente para aumentar o 
metabolismo corporal e atender as necessidades impostas pelo esforço físico 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2018, CANALI; KRUEL, 2001). 
 
 
 
63 
 
5.2.11 Hormônios paratireoidianos (PTH) 
As concentrações sanguíneas de PTH aumentam com exercícios de alta intensidade.

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