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Farmacologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Intoxicação por Organofosforados e Carbamatos O Carbamato e os Organofosforados são drogas anticolinesterásicas que ativam o sistema parassimpático de maneira indireta por bloquear a enzima acetilcolinesterase. Essas drogas são comumente utilizadas na confecção do Chumbinho (utilizado para eliminação de roedores como ratos). Nesse composto há diversas substâncias tóxicas como anticoagulantes, fluoracetato e rodenticidas). Apesar de proibido, o Chumbinho ainda é acessado facilmente podendo chegar até os animais domésticos. Os Carbamatos e Organofosforados também podem ser usados como antiparasitários na Medicina Veterinária sendo comercializados em farmácias e casas agropecuárias. Algumas dessas drogas devem ser diluídas em água e muitos proprietários diluem errado tornando o medicamento extremamente concentrado podendo causar intoxicação nos animais devido sua lipossolubilidade. Essas drogas são altamente lipossolúveis e absorvíveis pelo tecido em que entrarem em contato como a pele, trato digestório e trato respiratório. A distribuição é extensa ocorrendo alteração nos mais variados tecidos por atravessar a barreira hematoencefálica e placentária. A biotransformação é hepática e a eliminação é renal ou fecal e por meio do leite em fêmeas lactantes. Os grupos dos carbamatos e organofosforados são anticolinesterásicos, ou seja, inibem a ação da acetilcolinesterase havendo permanência da Acetilcolina na fenda sináptica. Com isso haverá ação mais intensa e prolongada nas sinapses colinérgicas estimulando os receptores pós- sinápticos muscarínicos e nicotínicos. Fisiologicamente, a acetilcolinesterase possui dois sítios de ligação: sítio aniônico e sítio esterásico. Para que ocorra a degradação da acetilcolina, ela precisa se ligar nos dois sítios da enzima para que seja quebrada em duas moléculas: colina e ácido acético. Numa intoxicação, os carbamatos também se ligarão aos dois sítios ativos da enzima. Essa ligação é chamada de Carmamilação. Os organofosforados, por sua vez, se ligam ao sítio aniônico enquanto o esterásico fica livre, porém, devido a fosforilação realizada pelo organofosforado no sítio aniônico, há Farmacologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO fosforilação, alterando completamente a conformação da enzima, fazendo com que perca sua função enzimática. são reversíveis e se ligam aos dois sítios da acetilcolinesterase. Ligação fraca e chamada de Carbamilação. O retorno da atividade normal da acetilcolinesterase pode demorar até 60horas dependendo da idade, dose, toxicidade ou espécie. ligam-se à serina do sítio esterásico. Essa ligação é estável e há fosforilação do sítio ativo conferindo a ligação o caráter irreversível. Nos receptores muscarínicos, encontrados nas vísceras haverá super estimulação das glândulas exócrinas. Consequentemente, o paciente apresentará sialorreia, lacrimejamento. Os olhos apresentarão miose e ptose palpebral. No trato gastrointestinal, veremos sinais de náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia devido o aumento de peristaltismo, além de incontinência fecal. No trato respiratório haverá hipersecreção brônquica, broncoconstrição, dispneia e cianose devido a falta de oxigênio. As funções cardiovasculares estarão inibidas então haverá bradicardia e hipotensão. Na bexiga haverá aumento de contração de musculatura lisa havendo incontinência urinária. Já os receptores nicotínicos, presentes nos gânglios parassimpáticos e junção neuromuscular veremos sinais de fasciculação, fraqueza muscular generalizada, paralisia e tremores. A nível de sistema nervoso central, tanto com receptores muscarínicos como nicotínicos observaremos sonolência, letargia, fadiga, confusão, mental, ataxia, convulsões e depressão. O diagnóstico se dá pelo histórico e avaliação clínica. Também veremos as manifestações clínicas e, caso o animal venha a óbito é possível a realização de necrópsia para avaliação. O diagnóstico também pode ser visualizado pela resposta ao tratamento aplicado e pela dosagem de acetilcolinesterase (se tiver menos de 50% de acetilcolinesterase livre conclui-se que há intoxicação). Farmacologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Devemos administrar um antagonista muscarínico impedindo a continuidade de sinais clínicos. É um antagonista competitivo de acetilcolina. A meia vida da Atropina é de 4 horas. Com sua administração haverá leve excitação e aumento da frequência cardíaca (dose dependente). No trato gastrointestinal, por ser um antiespasmódico haverá diminuição do tônus muscular, amplitude e frequência de contração de intestino delgado e grosso. Haverá relaxamento de musculatura dos brônquios e de sistema urinário e no olho haverá midríase. É importante tomar cuidado com intoxicação por Atropina que causará midríase constante, excitação e agitação psicomotora, a frequência cardíaca sobe muito causando taquiarritmias e há também ressecamento de mucosa oral. UTILIZADO SOMENTE EM INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS. Seu uso deve ser iniciado precocemente (nas 6 primeiras horas após o contato). São verdadeiros antídotos reativadores de colinesterase e auxilia na melhora da atividade motora. A Atropina deve ser administrada antes e quando os sinais clínicos cessarem administrar Pralidoxima. Caso a Pralidoxima seja administrada em intoxicação por Carbamato, haverá aumento da toxicidade podendo levar ao óbito do animal. O animal deve ser colocado em inalação de oxigênio a 100%, além da fluidoterapia para restaurar o equilíbrio hidroeletrolítico. Caso a intoxicação seja na pele, podemos orientar o tutor a jogar água corrente no animal eliminando os resquícios dos agentes químicos. É importante destacar que não se pode esfregar o animal nestes casos para que não haja abertura dos poros e nem molhar o animal com água muito quente pelo mesmo motivo. O vômito pode ser provocado para facilitar e eliminação logo quando o animal consumiu a droga. O esvaziamento gástrico também pode ser realizado caso o animal tenha consumido a droga recentemente. O carvão ativado também é uma opção por agir se ligando a moléculas soltas do veneno impedindo sua absorção. A administração de um catártico não é indicada para que não haja maior sofrimento do paciente. Em casos de convulsões, deve ser administrado Diazepan que, além de ser anticonvulsivante, ajuda no relaxamento da musculatura. A Morfina, Barbitúricos e Fenotiazínicos são contraindicados por causar depressão de sistema cardiovascular e respiratório Farmacologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO havendo piora do quadro. Além disso, pode haver arritmias graves e alteração da acetilcolinesterase.
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