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FUNCIONALIDADE E AVALIAÇÃO FUNCIONAL

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FUNCIONALIDADE E AVALIAÇÃO FUNCIONAL
BPPM III - Bruna
Conceitos básicos
1. DEPENDÊNCIA→ incapacidade da pessoa funcionar sem ajuda, devido a limitações físico-funcionais e/ou cognitivas.
2. INDEPENDÊNCIA → capacidade da pessoa funcionar satisfatoriamente sem ajuda.
3. AUTONOMIA → capacidade de decisão e de comando; exercício do autogoverno. 
Uma pessoa pode ser dependente fisicamente, mas ser autônoma (deficiência física). Uma pessoa pode ser independente fisicamente, mas ter perdido a sua autonomia (Alzheimer).
A relação entre dependência, independência e autonomia é dinâmica, ou seja, muda ao longo da vida. São condições que não se excluem umas às outras, muitas vezes se entrelaçam (pode ser dependente para umas coisas e independente para outras). Ocorre de forma diferente nas diversas fases do desenvolvimento.
Pode haver uma variação da funcionalidade dos indivíduos mais velhos, que vai desde uma vida mais independente até a incapacidade.
A dependência tende a ser maior em idosos com: MAIOR IDADE, BAIXA RENDA, MENOR ESCOLARIDADE, MULHERES, MULTIMORBIDADES/POLIFARMÁCIA, INTERNAÇÕES RECENTES.
4. CAPACIDADE FUNCIONAL → capacidade para realizar Atividades de Vida Diária (AVD) - capacidade que o idoso apresenta para cuidar de si próprio e viver de modo independente.
AVD - Atividades de Vida Diária
Atividades realizadas no dia-a-dia.
DIVIDIDAS EM:
1. BÁSICAS → ABVD
2. INSTRUMENTAIS → AIVD
3. AVANÇADAS → AAVD
Normalmente, as perdas de funções vão de AAVD até ABVD.
ABVD - Atividades Básicas de Vida Diária
Permitem a sobrevivência básica e o bem-estar. Consistem nas tarefas de autocuidado. Ex.: tomar banho, comer, vestir-se, usar o vaso sanitário, transferir-se de um local ao outro, ter continência fecal e urinária. 
AIVD - Atividades Instrumentais de Vida Diária
Apoiam a vida diária dentro de casa e na comunidade. São mais complexas que as ABVD. Ex.: usar o telefone, viajar, fazer compras, cozinhar, trabalho doméstico, etc.
AAVD - Atividades Avançadas de Vida Diária
Não são fundamentais para uma vida independente. Indicam maior capacidade funcional e melhor saúde física e mental.
Atividades cotidianas, voluntárias e individuais. Incluem atividades produtivas, recreativas e sociais. Ex.: trabalhar, frequentar bailes, dirigir, praticar exercícios físicos, tocar instrumento musical, participar de serviços voluntários ou atividades políticas, entre outras.
Não estão incluídos na avaliação funcional do idoso de forma sistematizada, mas podem contribuir para melhor qualidade de vida.
INFLUENCIADAS POR:
Por que avaliar a capacidade funcional dos idosos?
Indicador de saúde → qualidade de vida.
Indicadores que auxiliam no diagnóstico do estado de saúde em si. Medir a evolução do estado de saúde do indivíduo.
A avaliação está prevista na legislação relacionada aos idosos no Brasil.
Na avaliação funcional, é o grau de dependência que determinará o tipo de cuidado que vai ser necessário, como e por quem os mesmos poderão ser realizados. Capacidade para realizar = necessidade de cuidado.
Muito cuidado pode ser excesso de ação e pouco cuidado é negligência.
Como avaliar a funcionalidade dos idosos
Instrumentos de avaliação
Existem diversos instrumentos de avaliação. O ideal é observar se o idoso consegue ou não realizar a atividade.
Deve-se perguntar ao idoso/cuidador o que ele consegue fazer (confirmar informações). Sempre considerar a pontuação mais baixa se estiver na dúvida.
ÍNDICE DE KATZ DE INDEPENDÊNCIA EM AVD
OBJETIVO → avaliar o desempenho nas ABVD.
Possui 6 itens: banho, vestir-se, uso do vaso sanitário, transferência, continência e alimentação.
AVALIAÇÃO:
· 0 = independente em todas as 6 funções
· 1 = independente em 5 funções e dependente em 1
· 2 = independente em 4 funções e dependente em 2
· 3 = independente em 3 funções e dependente em 3
· 4 = independente em 2 funções e dependente em 4
· 5 = independente em 1 funções e dependente em 5
· 6 = dependente em todas as 6 funções
ESCALA DE AIVD DE LAWTON E BRODY
OBJETIVO → avaliar o desempenho nas AIVD.
Possui 7 itens: uso do telefone, viagens, compras, preparo de refeições, trabalho doméstico, uso de medicamentos, manuseio do dinheiro.
AVALIAÇÃO:
· 7 PONTOS = dependência total
· 8-20 PONTOS = dependência parcial
· 21 PONTOS = independência
Atenção para as questões em que o idoso não tem o hábito de fazer a atividade (não é necessariamente dependência).
Como escolher
Fornecem uma avaliação mais geral, são fáceis e rápidos de serem aplicados. Podem ser respondidos pelo cuidador (nesse caso é importante confirmar as informações).
Existem outros instrumentos, porém eles são mais complexos e usados em contexto de ambulatórios de geriatria.
O que fazer com os resultados
· Identificar onde e como o idoso precisa de ajuda;
· Traçar plano de cuidados baseado nos resultados;
· Incluir o idoso (centro do plano de cuidados) e a família no planejamento;
· Algumas atividades são impossíveis de intervir, por isso é importante conversar com o cuidador e idoso sobre isso;
· Algumas atividades, como a incontinência, podem apresentar causas reversíveis, por isso é importante conversar com a equipe de saúde; POSSÍVEIS ORIENTAÇÕES: evitar ingestão de grandes quantidades de líquidos quando não houver disponibilidade de banheiros acessíveis e antes de dormir; evitar alimentos e bebidas com cafeína e álcool; não segurar muito tempo para ir no banheiro;
· A dependência para outras atividades como transferência, uso do vaso e higiene pessoal pode ser amenizada com a instalação de barras de apoio, por exemplo;
· Não confundir dependência com autonomia → orientar o cuidador;
· O cuidado precisa saber em quais atividades o idoso realmente necessita de ajuda, evitando que o idoso peça mais ajuda do que o necessário;
· Conversar com o idoso e cuidador/família sobre a importância de manter o máximo possível as atividades nas quais o idoso é independente/dependente parcial, mesmo que isso demande mais tempo para realizar a atividade;
· A dependência em uma atividade, pode gerar frustação no idoso, que vai fazer cada vez menos atividades e aumentar o grau de dependência.
Mini avaliação nutricional
Os idosos apresentam mudanças em relação às questões nutricionais - obesidade abdominal é frequente, desnutrição (maior me institucionalizados, hospitalizados e na presença de déficit cognitivo), perda de massa muscular, perda de paladar e uso de próteses dentárias, perda de água corporal e da vontade de beber água.
É uma ferramenta de controle e avaliação. Pode ser utilizada para identificar idosos com risco de desnutrição ou que já estão desnutridos. O risco é identificado antes da ocorrência de mudanças de peso ou dos níveis de proteína sérica. 
Pode ser preenchida periodicamente no ambiente comunitário e hospitalar ou em locais de cuidado a longo prazo. Estabelece uma correlação entre morbidade e mortalidade.
INSTRUÇÕES - ANTES DE APLICAR:
· PESO (kg) → buscar remover os sapatos e roupas pesadas; balança calibrada e confiável;
· ALTURA (cm) → meia altura sem sapatos, utilizando um estadiomêtro e, se o paciente estiver acamado, pela altura do joelho ao calcanhar ou semienvergadura; usar altura relatada em última ocasião.
Preencher os itens 1-6 do instrumento. Se o paciente não for capaz de responder uma questão, pedir ao cuidador para responder. Usando o histórico médico do paciente ou seu julgamento profissional, responder questões remanescentes.
AVALIAÇÃO:
· 12-14 = normal
· 8-11 = sob risco de desnutrição
· 0-7 = desnutrido
Em casos de <11 pontos, fazer a avaliação global.
Deve-se somar AVALIAÇÃO GLOBAL + ESCORE DA TRIAGEM + ESCORE TORAL =
· 24-30 = normal
· 17-23,5 = sob risco de desnutrição
· <17 = desnutrição
EM CASO DE RISCO DE DESNUTRIÇÃO: até que um nutricionista esteja disponível, dê ao paciente/cuidador alguns conselhos sobre como melhorar a ingestão nutricional (aumentar a ingestão de alimentos ricos em energia/proteína, o número de refeições por dia, a ingesta de água). Se a dieta não for o suficiente → suplementos.
TUG (Timed up and go test)
Medida composta queenvolve potência, velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico. Avalia a mobilidade funcional em atividades que incluem levantar-se, caminhar, voltar e sentar-se. Quantifica o tempo gasto em um percurso de 3m.
MATERIAIS:
· Cadeira sem braço e com encosto;
· Fita métrica/barbante com comprimento de 3m;
· Cronômetro.
ORIENTAÇÕES: 
· Posicione a cadeira em um local em que seja possível medir 3m a partir dela;
· Posicione a fita/barbante no pé da cadeira e marque a distância (3m);
· Coloque algo para identificar, no chão, onde o idoso deve girar;
· Dê orientações para o idoso e ter certeza que ele entendeu;
· Caso ele queira, pode ser realizada uma tentativa de teste, sem cronometrar o tempo, seguida da tentativa oficial.
O tempo deve ser cronometrado durante toda a tarefa.
O idoso deve utilizar seus sapatos e órteses de costume.
NOTAS DE CORTE:
· Podsiadlo e Richardson (1991) → ≤10s adultos independentes sem alteração de equilíbrio; 10-20s independência para transferências básicas, uma ou duas AVD comprometidas; >20s indicativo de necessidade de intervenção adequada; ≥30s dependência em muitas AVDs.
· Bischoff et al. (2003) → 12s para idosos da comunidade e institucionalizados
· Alexandre et al. (2012) → >12,47s é indicador de risco de quedas.
UTILIZAREMOS 12s → O TESTO EM MAIS DE 12s TEM MAIOR RISCO DE QUEDAS.
É importante avaliar o contexto e como o teste foi avaliado.

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