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UNIP - Universidade Paulista _ DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos_3

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12/05/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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MÓDULO 3
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 32. REGRAS PERTINENTES ÀS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
 
Sumário: 266. Organização da matéria no Código de Processo Civil. 267. Direito de preferência gerado pela
penhora. 268. Tutela aos privilégios emergentes da penhora. 269. A pe�ção inicial. 270. A documentação da
pe�ção inicial. 271. Outras providências a cargo do credor. 272. Obrigações alterna�vas. 273. Penhora de bens
gravados por penhor, hipoteca, an�crese, alienação fiduciária, usufruto, uso ou habitação. 274. Penhora que
recaia sobre bem cuja promessa de compra e venda esteja registrada. 275. Penhora de bem sujeita ao regime do
direito de super�cie, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de
uso. 275-A. Penhora de direitos reais sobre imóvel alheio: direito de super�cie e direito de laje. 276. Penhora de
quota social ou de ação de sociedade anônima fechada. 277. Medidas acautelatórias. 278. Prevenção contra a
fraude de execução, por meio de registro público. 279. Efeito da averbação. 280. Abuso do direito de averbação.
281. Pe�ção inicial incompleta ou mal instruída. 281-A. Inscrição do nome do executado em cadastro de
inadimplentes. 282. Execução e prescrição. 283. Nulidades no processo de execução. 284. Imperfeição do �tulo
execu�vo. 285. Falta de �tulo execu�vo. 286. Nulidade da execução fiscal. 287. Vício da citação. 288. Verificação
da condição ou ocorrência do termo. 289. A arguição das nulidades. 290. A arrematação de bem gravado com
direito real. 291. Arrematação de bem sujeito à penhora em favor de outro credor. 292. Execução realizável por
vários meios. 293. Peculiaridades da citação execu�va.
266. Organização da matéria no Código de Processo Civil
O Código, assim como o de 1973, regulou separadamente as execuções dos �tulos extrajudiciais tendo em vista
a natureza da prestação a ser ob�da do devedor, classificando-as em:
(a) execução para a entrega de coisa;
(b) execução das obrigações de fazer e não fazer; e
(c) execução por quan�a certa, contra devedor solvente.
O CPC não cuidou da execução por quan�a certa contra devedor insolvente. Entretanto, até que seja editada lei
específica, as execuções em curso ou que venham a ser propostas serão reguladas pelos ar�gos rela�vos à
matéria constantes do CPC de 1973 (CPC, art. 1.052).
Antes, porém, de regular o procedimento e os incidentes de cada espécie de execução, o legislador fixou, em
caráter genérico, alguns preceitos básicos e aplicáveis indis�ntamente a todos os processos execu�vos. Estão
eles con�dos nos arts. 797 a 805 e serão analisados a seguir.
267. Direito de preferência gerado pela penhora
A penhora, ato de constrição judicial, �pico e fundamental da execução por quan�a certa, tem como obje�vo
imediato destacar um ou alguns bens do devedor para sobre eles fazer concentrar e atuar a responsabilidade
patrimonial. A par�r da penhora, portanto, começa-se o procedimento expropriatório por meio do qual o órgão
judicial obterá os recursos necessários ao pagamento forçado do crédito do exequente.
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O art. 797 do Código atual atribui, ainda, à penhora um especial efeito, que é o de conferir ao promovente da
execução “o direito de preferência sobre os bens penhorados”. Erigiu-se a penhora, portanto, em nosso atual
direito processual civil, à posição de autên�co direito real. Por isso mesmo, “recaindo mais de uma penhora
sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu �tulo de preferência” (art. 797, parágrafo único), i.e., o
credor com segunda penhora só exercitará seu direito sobre o saldo que porventura sobrar após a sa�sfação do
credor da primeira penhora. Não haverá concurso de rateio entre eles, mas apenas de preferência (art. 908 e §
2º).
Analisando nosso Direito anterior (Código de 1939), ensinava Lopes da Costa que “na legislação brasileira a
penhora nunca deu origem ao direito de penhor”, fato outrora verificado no direito romano e nas Ordenações
Filipinas. O Código de 1973, no que foi seguido pelo de 2015, no entanto, rompeu com a tradição de nosso
processo execu�vo e filiou-se à corrente romanís�ca revivida modernamente pelo direito alemão. Em nosso
atual processo, portanto, a penhora confere ao exequente uma preferência, colocando-o na situação de um
verdadeiro credor pignora�cio. Adquire ele com a penhora “a mesma posição jurídica que adquiriria com um
direito pignora�cio contratual”.
Essa posição do credor penhorante tem efeitos tanto perante o devedor como perante outros credores,
permi�ndo a extração de duas importantes ilações:
(a) a alienação, pelo devedor, dos bens penhorados é ineficaz em relação ao exequente;
(b) as sucessivas penhoras sobre o mesmo objeto não afetam o direito de preferência dos que anteriormente
constringiram os bens do devedor comum.
Ressalte-se, porém, que a preferência da penhora é plena apenas entre os credores quirografários e enquanto
dure o estado de solvência do devedor. Não afeta nem prejudica em nada os direitos reais e preferências de
direito material cons�tuídos anteriormente à execução e desaparece quando os bens penhorados são
arrecadados no processo de insolvência.
A prelação de um credor hipotecário ou pignora�cio, sobre os bens gravados do devedor, não é a�ngida pela
penhora de terceiro, nem mesmo no caso de insolvência. “O credor privilegiado par�cipará do concurso
universal em sua verdadeira posição, independentemente da penhora, que poderá nem se ter verificado, se a
execução (dele credor com garan�a de direito real) não �ver sido movida.”
O Código de 1973 já foi cri�cado pela adoção do sistema germânico, que seria injusto e contrário à índole do
credor brasileiro, sempre propenso a ensejar uma solução de tolerância, retardando a execução à espera de
melhor oportunidade para a sa�sfação voluntária do devedor. A injus�ça consis�ria, às vezes, em assegurar
preferência a credores mais novos, porém mais espertos, em face de credores an�gos, porém tolerantes com o
devedor.
Deve-se, no entanto, concluir que a crí�ca não procede. Tanto havia no sistema anterior, de 1939, como há no
atual meios eficientes de assegurar a par condicio creditorum. O que fez o Código de 1973, seguido pelo de
2015, foi dar uma estrutura mais racional ao processo de execução, separando em procedimentos específicos a
situação do devedor solvente e a do insolvente.
Enquanto o processo de insolvência tem caráter universal, afetando todo o patrimônio do devedor e procurando
garan�r a par condicio creditorum, “a execução singular é movida essencialmente pelo interesse individual do
credor exequente”.
Se o caso é de simples inadimplemento, a execução é do interesse individual do credor e não há jus�fica�va
para que outros credores, sem preferência, venham embaraçar-lhe o exercício do direito de realizar seu crédito
sobre o patrimônio do devedor. Outros bens exis�rão para sa�sfazer os demais créditos, pois, sendo solvente, o
a�vo será superior ao passivo.
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Se, por outro lado, o caso for de devedor insolvente, a preferência da primeira penhora nenhum prejuízo
acarretará ao conjunto dos credores do devedor comum, pois haverá sempre possibilidade do socorro ao
concurso universal (CPC/1973, art. 751, III, man�do pelo art. 1.052 do CPC), em que a referida preferência não
prevalece, de acordo com a expressa ressalva do art. 797.
Note-se, por outro lado, que o caráter singular da execução não impede que outros credores eventualmente
tenham alguma par�cipação nela, como, por exemplo, ocorre nos casos em que a penhora a�nge bem
hipotecado a terceiro e este credor é convocado para exercitar seudireito de preferência (art. 799, I).
Assim, na execução singular com mul�plicidade de interessados a ordem de preferência no resultado da
excussão dos bens penhorados ao devedor solvente, será a seguinte:
(a) em primeiro lugar, serão atendidos os credores privilegiados segundo o direito material, cuja preferência, a
nosso ver, “independe da penhora”; há, contudo, tendência jurisprudencial e doutrinária a entender que
também o credor privilegiado, uma vez in�mado da penhora, terá de ajuizar a execução de seu crédito para
habilitar-se ao concurso de preferências previsto no art. 908.
(b) entre os quirografários e, após a sa�sfação dos privilegiados, cada credor conservará sua preferência,
observada a ordem com que as penhoras foram realizadas (art. 797, parágrafo único).
 
268. Tutela aos privilégios emergentes da penhora
O Código de Processo Civil dispensa aos privilégios da penhora, adquiridos nos termos do art. 797, tutela
equivalente à dos direitos reais de garan�a. Assim:
(a) assegura ao exequente, a par�r da penhora, preferência no pagamento a ser realizado com o produto da
alienação judicial sobre todos os demais credores que estejam em posição inferior na gradação das penhoras; e
(b) garante ao exequente com penhora averbada no Registro Público o direito a in�mação relacionada com
penhoras supervenientes sobre o mesmo bem, a ser realizada antes da adjudicação ou alienação promovidas
por outro credor (CPC, art. 889, V), tal como se passa com os credores que contam com garan�a real.
Tudo se passa, portanto, exatamente como na tutela processual aos credores �tulares de garan�a real.
 
269. A pe�ção inicial
A execução é um processo e se subordina ao princípio geral da provocação da parte interessada. Não existe
execução ex officio no processo civil. O credor deverá sempre requerer a execução para estabelecer a relação
processual (�tulo execu�vo extrajudicial), ou para prosseguir nos atos de cumprimento da sentença, dentro da
própria relação em que ela foi proferida (�tulo execu�vo judicial).
A execução será iniciada, destarte, por meio de uma pe�ção inicial que, além de preencher os requisitos do art.
319, deverá indicar (art. 798, II, do CPC):
(a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
(b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; e
(c) os bens susce�veis de penhora, sempre que possível.
270. A documentação da pe�ção inicial
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I – Título execu�vo extrajudicial
Como não há execução sem �tulo, o ingresso do credor em juízo para realizar obrigação constante de �tulo não
judicial só é possível quando a pe�ção inicial es�ver acompanhada do competente �tulo execu�vo extrajudicial
(CPC, art. 798, I, “a”).
Se o caso, entretanto, for de �tulo execu�vo judicial (sentença), é claro que o credor não o juntará à pe�ção,
porquanto a execução forçada correrá nos próprios autos em que se prolatou a decisão exequenda. Bastará,
naturalmente, fazer referência ao decisório (�tulo) que já se encontra nos autos (sobre o procedimento especial
de cumprimento da sentença, v. os itens nos 9 a 21). Assim, como já visto, simplesmente não há mais pe�ção
inicial nos casos de cumprimento da sentença (mero incidente processual do processo de conhecimento).
II – Prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo
Na hipótese do art. 514 – sentença de condenação condicional ou a termo – ou de qualquer �tulo execu�vo
extrajudicial sob condição ou a termo, o exequente, além de exibir o �tulo, deverá instruir seu pedido execu�vo
com a prova da verificação da condição ou do vencimento da dívida (art. 798, I, “c”).
A exigência decorre do princípio de que só o �tulo de obrigação certa, líquida e exigível pode dar lugar à
execução (art. 783). E sem a prova da verificação da condição ou da ocorrência do termo não se pode falar em
exigibilidade da dívida, nem muito menos em inadimplemento do devedor, que é pressuposto primário da
execução (art. 786).
III – Demonstra�vo do débito atualizado
Tratando-se de execução por quan�a certa, o credor deverá instruir sua pretensão com demonstra�vo do débito
atualizado até a data da propositura da ação (art. 798, I, “b”). Esse demonstra�vo tanto pode ser incluído no
texto da própria inicial como em documento a ela apensado. Dita providência, outrossim, será observada em
execução de �tulo seja extrajudicial, seja judicial, posto que se aboliu a liquidação por cálculo do contador para
a úl�ma espécie (Lei nº 8.898, de 29.06.1994, à época do CPC/1973).
O demonstra�vo do débito, nos termos do parágrafo único do art. 798 do CPC, deverá conter: (i) o índice de
correção monetária adotado; (ii) a taxa de juros aplicada; (iii) os termos inicial e final de incidência do índice de
correção monetária e da taxa de juros u�lizados; (iv) a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; e
(v) a especificação de desconto obrigatório realizado. Como se vê, o demonstra�vo deverá ser claro e detalhado,
de modo a possibilitar ao executado e ao juiz apurarem a correção do valor executado.
IV – Prova de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde
Há casos em que a prestação a que tem direito o credor fica, pela própria lei ou pela sentença, subordinada a
uma contraprestação em favor do devedor, como, por exemplo, se se condena à res�tuição do imóvel,
resguardando o direito de retenção do possuidor de boa-fé por benfeitorias.
Outras vezes, a contraprestação é uma decorrência do contrato existente entre as partes, dada a sua natureza
sinalagmá�ca, de maneira que “nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro” (Código Civil, art. 476). Na permuta, por exemplo, nenhum dos dois permutantes pode
exigir que o outro lhe entregue o bem negociado sem antes oferecer o próprio objeto. Da mesma forma, quem
comprou um objeto não pode reclamar a sua entrega sem antes provar que pagou o preço, ou que o depositou,
por recusa do vendedor em recebê-lo.
Em ambos os casos, o �tulo execu�vo tem sua eficácia condicionada à comprovação, pelo credor, do
cumprimento da contraprestação que lhe cabe (art. 787).
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Essa prova há de ser apresentada com a inicial, como condição de procedibilidade (art. 798, I, “d”). Sua falta, não
suprida em quinze dias, dá lugar a indeferimento da pe�ção do credor, por inépcia (art. 801). Se, não obstante, a
execução �ver início, o executado poderá libertar-se do processo mediante embargos de excesso de execução,
nos termos do art. 917, III, §§ 2º e 3º (v., retro, no 505).
271. Outras providências a cargo do credor
Ao ajuizar a execução, o credor, além de exibir o �tulo execu�vo, terá em alguns casos, de tomar algumas
providências processuais, em função de certas par�cularidades, seja do próprio �tulo, seja dos bens a excu�r.
Essas providências são enumeradas pelos arts. 799 e 800 do CPC e, a seguir, examinaremos cada uma delas.
272. Obrigações alterna�vas
Quando o �tulo execu�vo con�ver obrigação alterna�va, o credor ao propor a execução deverá, na própria
pe�ção inicial, exercer a opção pela prestação que lhe convier (CPC, arts. 800, § 2º, e 798, II, “a”).
A alterna�vidade pode decorrer de cláusula contratual (exemplo: obrigação de entregar uma coisa ou pagar uma
multa), ou de imposição da sentença condenatória (como cumprir o contrato ou indenizar perdas e danos). Em
qualquer dos casos, a execução da sentença condenatória ou do �tulo negocial deverá ser feita mediante opção
liminar do credor por uma das alterna�vas admissíveis.
Quando, segundo o �tulo, a escolha couber ao executado, a sua citação será para exercer a opção e realizar a
prestaçãoeleita nos dez dias seguintes, se outro prazo não lhe foi determinado em lei, no contrato ou na
sentença (art. 800, caput). Se o devedor não fizer a opção no prazo constante da citação, o direito de escolha
ficará transferido para o credor (art. 800, § 1º). Porém, se o credor fizer a escolha, sem respeitar o direito de
opção do devedor, a execução nascerá viciada e poderá ser ex�nta por nulidade, uma vez que não estará
respeitando as condições do próprio �tulo execu�vo.
273. Penhora de bens gravados por penhor, hipoteca, an�crese, alienação fiduciária, usufruto, uso ou
habitação
Recaindo a penhora sobre bens gravados por penhor, hipoteca, an�crese, alienação fiduciária, usufruto, uso ou
habitação o exequente deverá promover a in�mação do terceiro, �tular dos referidos direitos reais (CPC, art.
799, I e II).
Essa in�mação tem dupla função:
(1ª) enseja oportunidade ao �tular do direito real para resguardar seus privilégios durante a execução; e
(2ª) outorga plena eficácia à alienação judicial do bem penhorado, que, sem a ciência do privilegiado, será ato
ineficaz perante ele (art. 804, caput e §§ 3º e 6º).
274. Penhora que recaia sobre bem cuja promessa de compra e venda esteja registrada
A promessa de compra e venda, em que não se pactuou arrependimento, devidamente registrada no Cartório
de Registro de Imóveis do bem cons�tui direito real à aquisição do imóvel ao promitente comprador, nos termos
do art. 1.417 do Código Civil.
Daí por que o promitente comprador deverá ser in�mado, quando a penhora recair sobre o bem objeto da
promessa (CPC, art. 799, III). A alienação judicial do bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão
registrada será ineficaz perante o promitente comprador ou cessionário, se não ocorrer a in�mação (art. 804, §
1º).
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Por outro lado, se se penhorar o direito aquisi�vo derivado da promessa de compra e venda, o promitente
vendedor deverá ser in�mado (art. 799, IV). Essa in�mação cons�tui requisito de eficácia da alienação judicial
do direito aquisi�vo sobre a coisa objeto de promessa de venda ou promessa de cessão, sem a qual será ineficaz
perante o promitente vendedor, promitente cedente ou proprietário fiduciário (art. 804, § 3º).
275. Penhora de bem sujeita ao regime do direito de super�cie, enfiteuse, concessão de uso especial para fins
de moradia ou concessão de direito real de uso
Recaindo a penhora sobre imóvel sujeito ao regime do direito de super�cie, enfiteuse, concessão de uso
especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, o exequente deverá promover a in�mação do
terceiro, �tular dos referidos direitos reais (CPC, art. 799, V). Da mesma forma, quando a penhora recair sobre o
direito do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário, o proprietário do terreno deverá ser no�ficado (art.
799, VI).
Tal como ocorre com o bem sobre o qual recaem outros direitos reais, essa in�mação é essencial para a eficácia
da alienação judicial, sob pena de se tornar ineficaz em relação àquele interessado não in�mado (art. 804, §§ 2º,
4º e 5º).
275-A. Penhora de direitos reais sobre imóvel alheio: direito de super�cie e direito de laje
A maior parte dos direitos reais sobre imóvel alheio não representa bem penhorável, pela razão de não
corresponder a direitos alienáveis; e o que é inalienável o é, ipso facto, segundo a regra geral do art. 833, I, do
CPC. Nessa seara entram, entre outros, as servidões, o usufruto, o uso e a habitação.
Há, porém, aqueles que, embora limitados, são disponíveis, como o direito de super�cie e o direito real de
aquisição do promitente comprador. Nessa categoria inclui-se um novo direito real imobiliário: o direito de laje,
ins�tuído pela Lei nº 13.465/2017, que o inseriu no rol do art. 1.225 do Código Civil.
Cons�tui-se tal direito real imobiliário quando o proprietário de uma construção-base cede a super�cie superior
ou inferior de sua construção a fim de que o �tular da laje mantenha unidade dis�nta daquela originalmente
construída sobre o solo (CC, art. 1.510-A, incluído pela Lei nº 13.465). Reconhece-se a esse direito real a
natureza de unidade imobiliária autônoma (art. 1.510-A, § 1º) cons�tuída em matrícula própria no Registro de
Imóveis, conferindo a lei ao respec�vo �tular o poder de usar, gozar e dispor da laje (art. 1.510-A, § 3º). Trata-se,
portanto, de direito real imobiliário disponível e, consequentemente, penhorável.
Ressalva-se, naturalmente, da penhorabilidade o caso de ser a laje ocupada com moradia do seu proprietário,
ou de enquadramento em alguma outra hipótese de impenhorabilidade especial prevista na relação do art. 833
do CPC.
A penhorabilidade do direito de super�cie tem igual fundamento, visto que se trata, também, de bem
legalmente transmissível, por morte ou negócio inter vivos (CC, art. 1.372).
Seja, porém, a alienação da laje ou da super�cie deverá sempre respeitar a preferência assegurada aos �tulares
das unidades superpostas e da construção-base da laje (CC, art. 1.510-D), ou do proprietário-cedente da
super�cie (CC, art. 1.373). É em razão dessa preferência que, recaindo a penhora sobre tais direitos reais, terá o
exequente de requerer a in�mação do �tular da construção-base e do �tular das lajes anteriores, se for o caso
de superposição (CPC, art. 799, X, incluído pela Lei nº 13.465/2017); ou do proprietário-cedente da super�cie
(CPC, art. 799, V).
Sob outro enfoque, a penhora poderá recair não sobre a laje, mas sobre a construção-base, caso em que será
obrigatória a in�mação do �tular ou �tulares do direito de laje (CPC, art. 799, XI). De qualquer maneira, é muito
importante a promoção dessas in�mações em tempo hábil para assegurar o exercício da preferência por ocasião
da alienação judicial, em qualquer de suas formas. Isto porque, ocorrendo a expropriação sem tal cautela, o ato
alienatório será ineficaz perante o �tular da preferência, o qual ficará autorizado a exercê-la no prazo
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decadencial de cento e oitenta dias, contado da data de alienação (CC, art. 1.510-D, § 1º). A contagem far-se-á
em dias corridos, e não em dias úteis, uma vez que se trata de prazo de direito material, e não de direito
processual (CPC, art. 219, parágrafo único).
 
276. Penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada
Caso terceiro alheio à sociedade penhore suas quotas sociais ou ações, a respec�va pessoa jurídica deverá ser
in�mada (CPC, art. 799, VII). Assim que for cien�ficada da constrição, a sociedade deverá informar aos sócios a
ocorrência da penhora, assegurando-se a estes a preferência na adjudicação ou alienação das quotas sociais ou
ações (art. 876, § 7º).
A jurisprudência do STJ, à época do Código de 1973, firmou-se no sen�do de que “deve ser facultado à
sociedade, na qualidade de terceira interessada, remir a execução, remir o bem ou conceder-se a ela e aos
demais sócios a preferência na aquisição das cotas, a tanto por tanto (CPC, arts. 1.117, 1.118 e 1.119) [refere-se
o acórdão ao CPC de 1973], assegurado ao credor, não ocorrendo solução sa�sfatória, o direito de requerer a
dissolução total ou parcial da sociedade”.
A propósito do tema, o art. 861 do CPC prevê que, caso os sócios não se interessem pela preferência na
aquisição das quotas ou ações penhoradas, a sociedade poderá:
(a) liquidar contabilmente o valor das quotas ou ações e depositar em juízo o quantum apurado em dinheiro,
sobre o qual sub-rogará a penhora; ou
(b) adquirir as próprias quotas ou ações; ou, ainda,
(c) deixar que as quotas ou ações sejam levadas a leilão judicial.
277. Medidas acautelatórias
O inciso VIII do art. 799 do CPC concede ao exequente a faculdade de “pleitear, se for o caso, medidas urgentes”.
Trata-se de uma simples reafirmação do poder geral de cautela adotadoamplamente no art. 297, caput, do CPC
(tutela provisória).
É o caso, por exemplo, de arresto de bens móveis, quando o devedor está ausente e sua citação pode demorar,
com risco de desaparecimento fraudulento da garan�a, ou de depósito de bens abandonados e em risco de
deterioração, e outras situações análogas.
Essa faculdade o credor poderá exercitar na própria pe�ção inicial, ou em pe�ção avulsa, e independerá de
abertura de um processo separado. As medidas, in casu, são simples incidentes da execução e visam a assegurar
a prá�ca dos atos execu�vos do processo em andamento.
A propósito do tema de medidas acautelatórias admi�das liminarmente na execução por quan�a certa, o STJ
decidiu ser possível o arresto on-line sobre saldo do executado em conta bancária, antes da citação do devedor,
desde que a medida seja necessária para garan�r a futura penhora, a ser realizada, por conversão, após a
competente citação, nos moldes do art. 854.
278. Prevenção contra a fraude de execução, por meio de registro público
Anteriormente à Lei nº 11.382, de 06.12.2006, que alterou o CPC/1973, havia previsão de registro da penhora,
para divulgá-la erga omnes, e tornar inoponível a alegação de boa-fé por parte de quem quer que fosse o seu
futuro adquirente (CPC/1973, art. 659, § 4º). Previa-se a fraude de execução apenas depois da penhora e tão
somente em relação ao objeto da constrição judicial. O art. 615-A, inserido no CPC/1973 pela Lei nº
11.382/2006, ampliou muito o uso do registro público nesse campo.
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O CPC previu, em seu art. 799, IX, a possibilidade de o exequente proceder à averbação em registro público do
ato de propositura da execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de terceiros. E o
exercício dessa faculdade foi disciplinado pelo art. 828.
Não é mais necessário aguardar o aperfeiçoamento da penhora. Desde a propositura da ação de execução, fato
que se dá com o simples protocolo da pe�ção inicial (CPC, art. 312), já fica autorizado o exequente a obter
cer�dão de que a execução foi admi�da pelo juiz, para averbação no registro público. Da cer�dão deverá
constar a iden�ficação das partes e do valor da causa.
Não é, pois, apenas a penhora que se registra, é também a própria execução que pode ser averbada no registro
de qualquer bem penhorável do executado (imóvel, veículo, ações, cotas sociais etc.). Cabe ao exequente
escolher onde averbar a execução, podendo ocorrer várias averbações de uma só execução, mas sempre à
margem do registro de algum bem que possa sofrer eventual penhora ou arresto.
A medida é cumprida pelo exequente, que, para tanto, não necessita de mandado judicial. Efetuada a medida,
incumbe-lhe comunicar ao juízo da execução a averbação, ou averbações efe�vadas, no prazo de dez dias (CPC,
art. 828, § 1º).
A medida, que tem forte eficácia cautelar, é provisória, pois, uma vez aperfeiçoada a penhora, as averbações dos
bens não constritos serão canceladas pelo exequente, no prazo de dez dias. Apenas subsis�rá aquela
correspondente ao bem que afinal foi penhorado (§ 2º).
Se o exequente não providenciar o cancelamento no prazo legal, o juiz poderá determiná-lo de o�cio ou a
requerimento (§ 3º).
279. Efeito da averbação
Os bens afetados pela averbação não poderão ser livremente alienados pelo devedor. Não que ele perca o poder
de dispor, mas porque sua alienação pode frustrar a execução proposta. Trata-se de ins�tuir um mecanismo de
ineficácia rela�va. A eventual alienação será válida entre as partes do negócio, mas não poderá ser oposta à
execução, por configurar hipótese de fraude à execução (art. 792 do CPC), nos termos do art. 828, § 4º. Não
obstante a alienação, subsis�rá a responsabilidade sobre o bem, mesmo tendo sido transferido para o
patrimônio de terceiro.
Naturalmente, essa presunção legal de fraude de execução, antes de aperfeiçoada a penhora, não é absoluta e
não opera quando o executado con�nue a dispor de bens para normalmente garan�r o juízo execu�vo. Mas se a
execução ficar desguarnecida a fraude é legalmente presumida, independentemente da boa ou má-fé do
adquirente, graças ao sistema de publicidade da averbação, no registro público, da simples existência de
execução contra o alienante.
Em outros termos, a averbação torna a força da execução ajuizada oponível erga omnes no tocante aos bens
objeto da medida registral, de sorte que, sendo alienados, permanecerão, mesmo no patrimônio do adquirente,
sujeitos à penhora, sem que se possa cogitar de boa-fé do terceiro para impedi-la.
280. Abuso do direito de averbação
Após a distribuição do feito execu�vo está o credor legalmente autorizado a se acautelar contra as alienações
fraudulentas mediante averbação em registro público. Não há, de antemão, uma delimitação sobre que bens
pode incidir a medida. Caberá ao credor escolher onde será feita a averbação. Como todo direito, o de averbar a
execução há de ser exercido sem abusos e desvios, respeitando as necessidades de segurança para a execução
proposta.
O uso desarrazoado e desproporcional das averbações pode, eventualmente, causar ao executado prejuízos
injustos e desnecessários. Por exemplo: se já existe bem sobre o qual o credor exerce direito de retenção ou
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garan�a real, seria, em princípio, abusiva a averbação sobre outros bens do executado, a não ser que a garan�a
disponível seja manifestamente insuficiente para cobrir todo o crédito aforado.
Para esses casos de exercício do direito de averbação do art. 828, vigora a sanção prevista em seu § 5º, ou seja:
“O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações” dos bens não
penhorados “indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados”. Não se pode,
evidentemente, impor essa sanção apenas porque o bem averbado ou não cancelado é de valor superior ao do
crédito exequendo. O que a lei pune é a “averbação manifestamente indevida”. É o ato que de maneira alguma
encontraria jus�fica�va no caso concreto e que fora pra�cado por puro intuito de prejudicar o devedor, ou por
mero capricho.
281. Pe�ção inicial incompleta ou mal instruída
Na execução forçada, o início da a�vidade jurisdicional, como em qualquer ação, é provocado pela pe�ção
inicial, cujos requisitos se acham indicados no art. 319 do CPC, com os acréscimos eventuais dos arts. 798 e 799.
Além disso, deve ser obrigatoriamente instruída com os documentos apontados pelo art. 798, I.
A omissão de algum requisito da pe�ção torna-a incompleta e a ausência de documento indispensável faz que
ela esteja mal instruída. Na sistemá�ca do Código, o juiz não pode indeferir liminarmente a pe�ção inicial, nem
por defeito de forma, nem por falta de documentos fundamentais. O legislador, por medida de economia
processual, determina que seja acolhida a pe�ção, mesmo deficiente, concedendo-se ao exequente o prazo de
quinze dias para suprir a falha. Só depois de ultrapassado esse prazo, sem as necessárias providências do
interessado, é que o juiz poderá indeferir a pe�ção inepta (art. 801). É claro que a diligência pressupõe defeito
sanável. Se se trata de falha irremediável, não há o juiz de ordenar seu suprimento. A pe�ção terá de ser, desde
logo, indeferida quando faltar condição da ação (pense-se na inicial apoiada em documento que defini�vamente
não é �tulo execu�vo, ou na execução proposta por quem não é o credor nem seu subs�tuto processual).
A circunstância de ter sido embargada a execução não impede o juiz de cumprir a regra do art. 801, devendo,
porém, após regularização do defeito, reabrir a oportunidade ao exequente para se pronunciar sobre o
aditamento dos embargos.
281-A. Inscrição do nome do executado em cadastro de inadimplentes
Além da averbação da propositura daexecução em registro público (CPC, art. 799, IX), o exequente pode
pleitear do juiz que determine a inclusão do devedor em cadastro de inadimplentes (art. 782, § 3º).
Será cancelada dita inscrição imediatamente quando: (i) for efetuado o pagamento da dívida exequenda; (ii) a
execução for garan�da (penhora, caução, depósito etc.); (iii) a execução for ex�nta por qualquer outro mo�vo
(art. 782, § 4º). É encargo do exequente a promoção do cancelamento, já que o registro par�u de inicia�va sua.
O lançamento do nome do executado em registro de serviço de proteção ao crédito cabe tanto nas execuções
de �tulos extrajudiciais como no cumprimento defini�vo de sentença (art. 782, § 5º). Exclui-se, portanto, a
execução provisória do �tulo judicial.
282. Execução e prescrição
Para o autor a execução está proposta desde o despacho da inicial, ou mesmo a par�r do protocolo, onde
houver mais de uma vara (CPC, art. 312). Contra o réu, porém, a propositura só estará completa quando
cumprida a diligência da citação.
Um dos efeitos da propositura da execução é a interrupção da prescrição (art. 802). Para tanto, porém, não
basta a distribuição da inicial. Mister se faz que seja deferida pelo juiz e que a citação se realize em observância
ao § 2º do art. 240. Se isto ocorrer, entender-se-á que a interrupção ocorreu no dia do despacho do pedido do
credor.
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O prazo fixado em lei para que o exequente viabilize a citação é de dez dias (art. 240, § 2º), dentro do qual a
diligência a seu cargo deverá ser promovida, para que a interrupção da prescrição se considere operada na data
da propositura da execução. Na verdade, pode-se afirmar que é a citação válida que tem o poder de interromper
a prescrição (art. 240, § 1º); seus efeitos é que retroagem à data da propositura da ação, desde que o
chamamento do devedor a juízo se dê no prazo legal (art. 802, parágrafo único).
Ultrapassados, todavia, os limites temporais do art. 240, sem que o executado seja citado, não ocorrerá a
interrupção da prescrição pela propositura da execução (art. 240, § 2º), i.e., não haverá retroação dos efeitos da
citação.
Se, porém, o atraso da citação não decorrer de omissão da parte, mas de deficiências do serviço judiciário, não
se poderá aplicar a regra do § 2º do art. 240, visto que “viabilizar a citação” não é o mesmo que realizá-la. A
parte “viabiliza” a citação cumprindo as exigências processuais que lhe tocam, como fornecendo o endereço do
citando, depositando o montante das despesas da diligência etc. Já o cumprimento efe�vo da ordem judicial é
ato que lhe escapa, por completo, do poder jurídico de que dispõe no processo. Assim, “a parte não será
prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário” (art. 240, § 3º).
Muito se tem controver�do na doutrina sobre qual seria o prazo prescricional após a sentença condenatória, ou
seja, sobre o prazo de prescrição da execução. A jurisprudência, hoje, no entanto, é pacífica: “prescreve a
execução no mesmo prazo de prescrição da ação” (STF, Súmula nº 150).
Outra questão importante é a da impossibilidade em regra de prescrição intercorrente, i.e., durante a marcha do
processo, cuja citação foi causa da respec�va interrupção. Isto porque, para o Código Civil, a fluência do prazo
prescricional só se restabelece a par�r “do úl�mo ato do processo” (art. 202, parágrafo único, do Código Civil).
A regra vale, porém, apenas para os feitos de andamento normal, pois, se o credor abandona a ação
condenatória ou a execu�va por um lapso superior ao prazo prescricional, já então sua inércia terá força para
combalir o direito de ação dando lugar à consumação da prescrição. Com o novo Código, o cabimento da
prescrição intercorrente consta de norma expressa (art. 921, § 4º), similar àquela que já vigorava para os
execu�vos fiscais (Lei nº 6.830/1980, art. 40, § 4º), cuja incidência se dá sobre processo que permanece
suspenso por um ano sem que o executado seja citado ou sem que sejam localizados bens a penhorar (CPC, art.
921, § 2º).
283. Nulidades no processo de execução
O processo de execução está sujeito ao regime comum das nulidades previstas no processo de conhecimento
(CPC, arts. 276 a 283). O art. 803, no entanto, cuida de destacar alguns vícios que são �picos ou mais relevantes
na execução forçada, porque se referem a nulidades que nascem da inobservância das condições específicas da
ação de execução, ou seja, daqueles pressupostos sem os quais o credor não se legi�ma a manejar o processo
execu�vo.
Assim, dispõe o referido ar�go que é nula a execução:
(a) se o �tulo execu�vo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível (inciso I);
(b) se o executado não for regularmente citado (inciso II);
(c) se for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o termo (inciso III).
Examinaremos, a seguir, cada um desses vícios do processo de execução, em par�cular.
284. Imperfeição do �tulo execu�vo
No processo de execução propriamente dito não há julgamento de qualquer natureza, mas apenas atos judiciais
de realização de uma obrigação. A eventual defesa do devedor se faz em outro processo, os embargos, esse sim
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contraditório e de conhecimento.
Não basta, por isso, que o credor seja portador de um �tulo execu�vo (uma sentença ou uma escritura pública,
por exemplo). Tem ele, para ser admi�do a executar, de exibir �tulo que represente obrigação certa, líquida e
exigível (CPC, art. 783). E, se não o faz, sua pe�ção deve ser indeferida por inépcia (art. 801). Pode, no entanto,
acontecer que, por descuido, o juiz dê seguimento à execução com base em �tulo ilíquido ou inexigível. Se tal
ocorrer, todo o processo será nulo de pleno direito e a nulidade poderá ser declarada em qualquer fase de seu
curso, tanto a requerimento da parte como ex officio (Código Civil, art. 168 e parágrafo único).
O conceito de certeza, liquidez e exigibilidade já ficou demonstrado no tópico sobre os requisitos do �tulo
execu�vo.
285. Falta de �tulo execu�vo
Mais grave do que a incerteza, a iliquidez ou a inexigibilidade é a própria ausência do �tulo execu�vo. É evidente
que nenhum credor pode iniciar execução sem �tulo execu�vo. Mas, se, por descuido do órgão judicial, foi
despachada uma pe�ção inicial sem esse pressuposto básico da execução, é claro que será nulo todo o
processado (CPC, art. 917, I). O mesmo pode ser dito da desconformidade entre o �tulo execu�vo e o pedido do
credor, como quando o �tulo é de quan�a certa e pede-se coisa certa, é de fazer e reclama-se entrega de coisa.
Propor execução sem base no conteúdo do �tulo é o mesmo que propô-la sem �tulo. A inicial é inepta e deve
ser liminarmente indeferida. Se isto não for feito, o processo estará nulo.
Se, porém, a desconformidade for apenas de quan�dade, como a do credor de “cem” que pede “duzentos”, não
será o caso de indeferir a inicial, nem anular o processo. Deverá o juiz apenas ajustar o pedido à força do �tulo,
reduzindo a execução ao quantum sancionado pelo documento do credor.
O fato de já ter sido arguido o defeito ou a falta do original do �tulo execu�vo em embargos do devedor não
impede a aplicação do art. 801, de sorte que o exequente poderá, mesmo assim, sanar a falha no prazo legal de
dez dias.
286. Nulidade da execução fiscal
A execução fiscal rege-se por princípios comuns à execução por quan�a certa. O �tulo execu�vo da Fazenda
Pública, no entanto, apresenta uma par�cularidade que o dis�ngue de todos os demais �tulos execu�vos
extrajudiciais: é o único formado, unilateralmente, pelo credor, sem o reconhecimento do devedor.
Daí a influência que sobre sua validade exerce o procedimento administra�vo de formação, de modo que não
apenas a regularidade do �tulo, mas de todo o históricode sua criação, é indispensável para sua eficácia.
Destarte, a regularidade do procedimento administra�vo é pressuposto básico da execução fiscal, de modo que
a nulidade da inscrição repercute em todo o processo execu�vo, contagiando-o de vício de origem.
Com efeito, é inques�onável o privilégio outorgado à Fazenda Pública de criar por si mesma os próprios �tulos
execu�vos, dispensando-se a aceitação pelo devedor.
Isto decorre do fato de que a obrigação do contribuinte não é de natureza contratual, mas sim é um dever legal
que nasce de situações predefinidas em lei e das quais não lhe é dado esquivar-se.
Inexis�ndo, porém, o aceite do devedor na criação do �tulo, toda sua legi�midade se concentra na perfeição
formal da inscrição, que, por sua vez, se fundamenta na regularidade do procedimento tributário-administra�vo
(Código Tributário Nacional, arts. 202, parágrafo único, e 201).
A cer�dão de dívida a�va é o �tulo que vai abrir à Fazenda Pública a via execu�va. Sendo produto direto da
inscrição e do procedimento que a precedeu, sofre reflexos imediatos de todo e qualquer defeito que se tenha
registrado nesses atos básicos.
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Assim, representando a cer�dão o �tulo execu�vo da Fazenda Pública, sua nulidade, ou a nulidade de seu
antecedente, comunica-se a todo o processo judicial de execução, pela razão inconteste de que o �tulo
execu�vo é o pressuposto indeclinável e insubs�tuível da relação processual execu�va.
287. Vício da citação
A citação válida é indispensável para o completo estabelecimento da relação processual, seja no processo de
cognição, seja no de execução (CPC, art. 240). À sua falta, não se pode realizar a prestação jurisdicional
reclamada pelo promovente e qualquer decisão proferida pelo juiz não obriga o demandado. É nulo, portanto, o
processo que tenha andamento sem o chamamento regular do executado ou devedor para a causa (art. 803, II).
Não apenas a ausência da citação dá lugar à nulidade do processo. Também a citação irregular, i.e., a que não
observa os requisitos e solenidades estabelecidos em lei, igualmente anula o processo.
Assim, será nula, por exemplo, a citação pessoal do réu mentalmente incapaz ou enfermo, quando
impossibilitado de recebê-la (CPC art. 245), a do menor púbere sem a necessária assistência, e a do procurador
sem poderes especiais (art. 242). Nula, ainda, será a citação feita sem despacho judicial (arts. 154, II), a
promovida fora do horário estabelecido pelo Código ou em dia não ú�l (art. 212); ou quando o mandado não
con�ver os requisitos do art. 250, bem como quando oficial não observar o rito do art. 251. Tratando-se de
citação pelo correio, haverá nulidade quando não se u�lizar o registro postal com aviso de recepção (art. 248, §§
1º e 2º) ou quando o o�cio do escrivão não for acompanhado de cópia da pe�ção inicial despachada pelo juiz
(art. 248, caput), e ainda quando a correspondência for entregue a outrem que não o citado (art. 248, §§ 1º e
2º).
Cumpre, porém, ressaltar que a nulidade decorrente da citação é suprível pelo comparecimento espontâneo do
demandado em juízo, observado o que dispõe o § 1º do art. 239.
Quando o �tulo execu�vo é judicial, a falta ou nulidade da citação tanto pode ser detectada no primi�vo
processo de conhecimento (arts. 525, § 1º, I, e 535, I) como no superveniente procedimento de cumprimento da
sentença, no qual a in�mação execu�va faz as vezes da citação (art. 513, § 2º). Num e noutro caso, o processo
execu�vo será afetado por invalidade.
O que jus�fica a nulidade do processo por falta de citação é a quebra da garan�a fundamental do devido
processo legal e do contraditório (CF, art. 5º, LIV e LV). Processo sem citação do devedor é processo nulo ipso
iure. Portanto, e pelo mesmo princípio, quando a execução a�ngir bem de terceiro responsável (como sócio ou
adquirente em fraude de execução), também haverá nulidade do processo se a expropriação execu�va se
ul�mar sem a in�mação do terceiro proprietário do bem. Na linguagem forense usa-se o nome de exceção de
pré-execu�vidade, ou objeção de pré-execu�vidade, para a arguição de nulidade do processo execu�vo
mediante pe�ção avulsa, fora dos embargos do devedor.
288. Verificação da condição ou ocorrência do termo
A condenação exequenda pode ser condicional ou a termo (CPC, art. 514). E se isto acontecer tem o credor de
instruir a sua pe�ção execu�va com “a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo” (art. 798, I,
“c”). Se não o faz, a pe�ção é inepta e deve ser indeferida (art. 801), pois falta ao credor uma condição de
procedibilidade.
Admi�ndo-se, porém, o andamento da execução em desobediência ao requisito ques�onado, abre-se
oportunidade ao executado de optar entre duas medidas processuais:
(a) opor embargos de excesso de execução (arts. 535, V, e 917, § 2º, V); ou
(b) pedir simplesmente a declaração de nulidade do processo, com base no art. 803, III, o que, sem dúvida, será
mais prá�co, por dispensar a penhora e a formação da relação processual incidente dos embargos.
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A regra do art. 514 menciona a hipótese de influência do termo e da condição apenas no caso de sentença. Mas
é claro que a sujeição do credor à observância do termo ou condição se aplica, também, ao �tulo extrajudicial,
segundo a regra geral de que toda execução tem de fundar-se em obrigação certa, líquida e exigível (art. 783). É
que sem a comprovação de que a condição se realizou ou que o termo já foi a�ngido, não há ainda dívida
exigível. A nulidade poderá a�ngir, portanto, a execução, nos termos do art. 803, I, se o credor não proceder
conforme determina o art. 798, I, “c”, juntando aos autos a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o
termo, a que se sujeita o crédito exequendo.
 
289. A arguição das nulidades
A nulidade é vício fundamental e, assim, priva o processo de toda e qualquer eficácia. Sua declaração, no curso
da execução, não se exige forma ou procedimento especial. A todo momento, o juiz poderá declarar a nulidade
do feito tanto a requerimento da parte como ex officio, independentemente de embargos à execução (CPC, art.
803, parágrafo único). Fala-se, na hipótese, em exceção de pré-execu�vidade ou mais precisamente em objeção
de não execu�vidade, já que a matéria envolvida é daquelas que o juiz pode conhecer independentemente de
provocação da parte.
Não é preciso, portanto, que o devedor u�lize dos embargos à execução. Poderá arguir a nulidade em simples
pe�ção, nos próprios autos da execução. Quando, porém, depender de mais de�do exame de provas, que
reclamam contraditório, só por meio de embargos será possível a arguição de nulidade. É o caso, por exemplo,
de vícios ligados ao negócio subjacente aos �tulos cambiários, que reclamam, quase sempre, complexas
inves�gações só realizáveis dentro do amplo contraditório dos embargos.
Após o encerramento do processo, é preciso dis�nguir entre os atos que foram ou não objeto de apreciação em
embargos. Para os primeiros, exis�rá a coisa julgada, de sorte que o ataque somente se dará por meio de ação
rescisória (CPC, art. 966). Para os demais, será bastante o manejo de ação comum de nulidade, uma vez que os
atos execu�vos em geral não são objeto de sentença (CPC, art. 966, § 4º). Quanto às pessoas que foram
alcançadas pela execução sem terem sido citadas ou in�madas regularmente, terão elas sempre a seu dispor a
ação ordinária de nulidade, visto que não poderiam, de forma alguma, suportar as consequências de uma
relação processual de que não par�ciparam.
290. A arrematação de bem gravado com direito real
O bem enfitêu�co ou gravado por penhor, hipoteca, an�crese, alienação fiduciária, usufruto, uso, habitação,
direito real de uso, direito real de uso especial para fins de moradia, direitode super�cie ou direito de aquisição
do imóvel não se torna inalienável só pela existência do gravame. Por isso, poderá ser penhorado em execução
promovida por terceiro que não o �tular do direito real. Mas esse direito confere a seu �tular, além da sequela,
uma preferência que a lei procura resguardar, dispondo que a alienação judicial dos bens ques�onados será
ineficaz em relação ao senhorio direto, enfiteuta ou ao credor pignora�cio, hipotecário, an�cré�co,
usufrutuário, concessionário, superficiário, promitente comprador, promitente vendedor ou proprietário do
imóvel sobre o qual tenha sido ins�tuído o direito de super�cie que não foi in�mado da designação da hasta
pública (CPC, art. 804 e seus parágrafos).
A in�mação deve ser feita logo após a penhora, mas não se fixa momento exato para sua realização. Apenas não
poderá deixar de respeitar a antecedência mínima de cinco dias da alienação judicial, conforme se depreende
do art. 889, III a VII.
O art. 804, naturalmente, só tem aplicação quando se tratar de credor estranho ao gravame, como um
quirografário ou o �tular da segunda hipoteca. Sendo o exequente o próprio credor hipotecário ou pignora�cio,
é claro que não terá de ser in�mado pessoalmente para a hasta pública, por já se achar representado nos autos
por seu advogado.
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O estranho à execução, no entanto, será in�mado pessoalmente ou por seu procurador com poderes especiais,
por meio de mandado judicial que o cien�ficará da penhora, da avaliação, da data, local e horário da
arrematação dos bens gravados.
A omissão da cautela, todavia, não redunda em nulidade da alienação, nem prejudica o direito real existente. A
disposição será apenas ineficaz perante o credor ou o �tular do direito real. O bem passará ao poder do
arrematante conservando o vínculo real em favor do terceiro não in�mado.
O arrematante adquirirá o domínio, mas o bem con�nuará sujeito a ser executado pelo credor hipotecário ou
pignora�cio para sa�sfação de seu crédito, porque contra ele a arrematação apresentar-se-á inoperante, “não
obstante válida entre o executado e o arrematante”.
Já, porém, havendo a regular in�mação, a alienação judicial ex�ngue o gravame hipotecário ou pignora�cio, que
ficará sub-rogado no preço, passando o bem livre e desembaraçado ao arrematante.
Com relação ao usufruto, à enfiteuse, ao uso, à habitação, à concessão de direito real de uso e à concessão de
direito real especial para fins de moradia não há desaparecimento do gravame, mesmo que o �tular do direito
real tenha sido in�mado da hasta pública. A in�mação visa apenas a evitar futuros percalços para o arrematante
em face do direito de preferência que assiste principalmente ao senhorio direto.
O direito de super�cie se ex�ngue com a arrematação, tendo o superficiário ou o proprietário do imóvel, direito
de preferência na aquisição, conforme o caso (Código Civil, art. 1.373).
Deve-se observar, finalmente, que só no caso de insolvência do devedor é que será indiscu�vel o direito de
penhorar os bens hipotecados, apenhados ou gravados de an�crese, pois o Código confere ao credor com
garan�a real a faculdade de embargos de terceiro “para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garan�a” (art. 674, § 2º, IV). Tais embargos, no entanto, serão havidos por improcedentes quando o embargado
provar a insolvência do devedor (art. 680, I). A insolvência a que se refere o Código, nesse passo, não é a que
decorre de declaração judicial na forma do art. 761 do CPC/1973, mas sim a de sen�do prá�co correspondente à
inexistência de outros bens do devedor para garan�r a execução, conforme a clássica lição de Pontes de
Miranda. Ademais, mesmo havendo configuração do estado de insolvência, o credor pode preferir a execução
singular, para evitar os percalços do concurso universal, que sempre depende de requerimento e cuja
instauração não é obrigatória. Embargada a penhora em tal caso, poderá o credor provar a situação deficitária
do devedor, levando o credor hipotecário a decair de sua pretensão, sem que haja necessidade de abrir o
processo universal da insolvência. Bastará, em muitos casos, apenas provar a inexistência de outros bens livres
do devedor (v., adiante, o nº 539).
291. Arrematação de bem sujeito à penhora em favor de outro credor
A in�mação prevista no art. 889, III a VII, do CPC, a ser efetuada antes da alienação, em relação aos �tulares de
direitos reais, sobre o bem penhorado, inclui, também, qualquer outro credor que tenha penhora cumula�va
sobre o mesmo objeto, ainda que quirografário.
Aumentou-se, dessa forma, a equiparação dos direitos e preferências oriundos da penhora àqueles produzidos
pelos direitos reais de garan�a, já que o tratamento processual execu�vo foi uniformizado. O dever de
in�mação, todavia, não abrange todo e qualquer credor com penhora, pois o art. 889, V, torna a diligência
obrigatória apenas quando se trate de penhora anteriormente averbada no registro público.
Com relação aos bens cujo gravame não esteja averbado, o juiz da arrematação ou alienação só fica sujeito ao
dever de in�mar o credor de outro processo quando a penhora houver sido comunicada pelo interessado a fim
de que a conexão de constrições judiciais se oficialize perante o juízo em que a expropriação irá se consumar.
Uma vez que seja do conhecimento do juízo a intercorrência de penhoras sobre o mesmo bem em processos
diferentes, não se poderá dar a alienação judicial sem que todos os credores com penhora sobre ele tenham
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sido in�mados com a antecedência mínima de cinco dias (art. 889).
292. Execução realizável por vários meios
O art. 805 do CPC dispõe que, “quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado”.
É fácil compreender o espírito do legislador, sempre preocupado em resguardar o devedor de vexames e
sacri�cios desnecessários. Essa orientação pode ser entrevista quando se outorga ao executado o direito de
nomear bens à penhora, quando se estabelece a impenhorabilidade de certos bens, quando se veda a penhora
inú�l etc.
Por isso, “se a finalidade é esta de obter o Poder Judiciário, à custa do executado, o bem devido ao exequente, é
intui�vo que, quando por vários meios execu�vos puder executar a sentença, id est, quando por vários modos
puder conseguir para o exequente o bem que lhe for devido, o juiz deve mandar que a execução se faça pelo
menos dispendioso”.
O disposi�vo comentado, todavia, não alcança o rito execu�vo nem o conteúdo da prestação a que tem direito o
credor. Seu campo de incidência restringe-se aos atos de execução, ficando de fora as espécies de execução. A
preocupação do legislador, in casu, é quanto ao modus faciendi apenas, como ocorreria, in exemplis, quando,
entre os vários bens penhoráveis, o órgão execu�vo se deparasse com um automóvel de passeio e um veículo de
trabalho. Sendo ambos de valor suficiente para garan�r a execução, o juiz, à luz do art. 805, deveria ordenar a
penhora do primeiro, porque a privação da posse do úl�mo naturalmente seria mais gravosa para o devedor.
Entende-se, também, como excessivamente onerosa a execução que o credor desdobra em vários processos, um
para cada garan�a prevista no �tulo (por exemplo: um para a hipoteca, outro para o fiador e outro para a
alienação fiduciária). O mesmo se passa com a penhora do capital de giro do empresário, quando se dispõem de
outros bens menos gravosos para a segurança do juízo.
A penhora, em desrespeito à menor onerosidade para o devedor, enseja a este a medida de subs�tuição da
penhora prevista no art. 847, caput, que se pra�ca como incidente da execução provocado por simples pe�ção.
Deve a subs�tuição do bem constrito ser pleiteada noprazo dez dias após a in�mação da penhora, e que haverá
de se basear nos requisitos que o disposi�vo enuncia, ou seja: (i) a troca não deverá trazer prejuízo algum ao
exequente; e (ii) deverá proporcionar uma execução menos onerosa para o devedor. A solução dar-se-á por
decisão interlocutória atacável por agravo.
Se ainda não houve a penhora, nada impede que o direito do executado a um gravame menos oneroso seja,
desde logo, exercido por meio de uma pe�ção de nomeação de bens à penhora, que o juiz apreciará e decidirá
antes da efe�vação da medida constri�va.
O parágrafo único do art. 805 impõe ao executado que alega ser a medida execu�va mais gravosa, o dever de
indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos. Se não o fizer, serão man�dos os atos execu�vos já
determinados. Ou seja, se é certo que a execução deve ser efe�vada do modo menos gravoso ao executado, não
se pode, entretanto, olvidar que a finalidade desse �po de processo é a sa�sfação integral do credor que, de
modo algum, pode ficar prejudicado. Dessa sorte, se o executado não lograr indicar outro meio igualmente
eficaz para adimplir sua obrigação, não se aplicará o princípio da menor onerosidade.
293. Peculiaridades da citação execu�va
Diversamente do que se passa no processo de conhecimento, em que o réu é citado para se defender, a citação
realizada no limiar do processo de execução é uma ordem para que o devedor cumpra a prestação devida
(entregue a coisa, faça o que corresponde à obrigação de fazer ou não fazer, pague a quan�a devida), sob pena
de sofrer a intervenção estatal em seu patrimônio (ato execu�vo) necessária à sa�sfação forçada do direito do
credor (CPC, arts. 806, 815 e 829).
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Os embargos do devedor são eventuais e admissíveis no prazo de quinze dias contado, em cada caso, de acordo
com a forma com que a citação foi realizada (por correio, mandado, precatória etc.) (art. 915). Independem de
segurança do juízo, por penhora, depósito ou caução (art. 914). A citação não é para esse incidente, que decorre
de inicia�va apenas do devedor e tem natureza de verdadeira ação incidental cogni�va, e não de fase do
procedimento execu�vo.
Ao despachar a inicial, especialmente nos casos de execução por quan�a certa, o juiz deverá ter em vista que o
pagamento a que se acha obrigado o executado tem de compreender o principal da dívida, atualizado
monetariamente, mais os acessórios decorrentes da mora e gastos do ajuizamento do feito (custas e honorários
advoca�cios). Deverá, pois, arbitrar os honorários que se incluirão no valor do débito, caso o devedor se
disponha a realizar o pagamento no prazo constante do mandado (art. 827, caput). Esse arbitramento é
provisório e valerá apenas para a hipótese de adimplemento imediato. Se ocorrerem embargos, nova
oportunidade terá o juiz para fixar, já então defini�vamente, os honorários da sucumbência.
O arbitramento inicial torna-se defini�vo também quando a execução prossegue sem oposição de embargos
pelo executado. Entretanto, mesmo sem os embargos, o juiz poderá, ao final do processo execu�vo, majorar os
honorários, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente (art. 827, § 2º, in fine).
Ocorrendo, porém, o pagamento integral do débito executado no prazo de três dias, assinalado pela citação, a
verba honorária será reduzida pela metade (art. 827, § 1º). Por outro lado, esse valor pode ser majorado para
até vinte por cento, quando os embargos à execução forem rejeitados (§ 2º, primeira parte).
Convém lembrar que a execução forçada é, por si só, causa jus�ficadora da verba honorária, nos casos de �tulo
execu�vo extrajudicial, pouco importando haja ou não embargos do devedor (art. 85, § 1º). Daí por que não
deve a citação execu�va ser cumprida sem explicitação da verba arbitrada para o cumprimento da obrigação
ajuizada.
Após a implantação da sistemá�ca de “cumprimento da sentença”, sem ação execu�va, e como simples
incidente do processo em que se obteve a condenação, chegou-se a cogitar do não cabimento de novos
honorários sucumbenciais na fase execu�va. Outra, porém, foi a posição adotada pelo STJ, e acolhida pelo CPC
que, no art. 85, § 1º, deixou expresso serem devidos honorários advoca�cios no cumprimento de sentença,
provisório ou defini�vo.
EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA
§ 33. PROCEDIMENTO PRÓPRIO PARA A EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE ENTREGA DE COISA
Sumário: 294. Conceito. 295. Evolução da tutela rela�va à entrega de coisa certa. 296. Procedimento. 297.
Cominação de multa diária. 298. Regime dos embargos do executado. 299. Alienação da coisa devida. 300.
Execução da obrigação subs�tu�va. 301. Execução de coisa sujeita a direito de retenção. 302. Embargos de
retenção. 303. Execução para entrega de coisa incerta. 304. Medidas de coerção e apoio.
294. Conceito
A execução para a entrega de coisa corresponde às obrigações de dar em geral. Compreende, pois, prestações
que costumam ser classificadas em dar, prestar e res�tuir. Diz-se que a prestação é de dar quando incumbe ao
devedor entregar o que não é seu, embora es�vesse agindo como dono; de prestar, quando a entrega é de coisa
feita pelo devedor, após a respec�va conclusão; e de res�tuir, quando o devedor tem a obrigação de devolver ao
credor algo que recebeu deste para posse ou detenção temporária.
Em qualquer caso, será indiferente a natureza do direito a efe�var, que tanto pode ser real como pessoal. Por
exemplo, no feito – contra o alienante (possuidor direto) – baseado numa escritura pública de aquisição de
imóvel, com cons�tuto possessório, devidamente assentada no Registro Imobiliário, o adquirente (possuidor
indireto) que reclama a posse direta do bem re�do injustamente pelo primeiro, tem-se uma execução lastreada
em direito real. Já no caso de o comprador da coisa móvel que o vendedor não lhe entregou, a execução do
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contrato referir-se-á a um direito pessoal, já que o domínio só será adquirido pelo credor após a tradição. Ambas
as hipóteses, no entanto, ensejarão oportunidade ao exercício da execução para entrega de coisa.
Ocorre, porém, que a coisa a ser entregue pode não estar completamente individuada. Se es�ver, fala-se em
entrega de coisa certa. Do contrário, a entrega será de coisa incerta. O novo Código separou essas duas
situações em seções dis�ntas, a entrega de coisa certa (arts. 806 a 810) e a de coisa incerta (arts. 811 a 813), já
que, no úl�mo caso, deve-se passar, preliminarmente, por uma fase de individualização das coisas indicadas no
�tulo execu�vo apenas pelo gênero e quan�dade.
295. Evolução da tutela rela�va à entrega de coisa certa
A área de abrangência da execução forçada para entrega de coisa certa passou, nos úl�mos tempos, por
marcantes modificações legais, sucessivamente adotadas, ao mesmo tempo em que o respec�vo procedimento,
antes único, se adaptou ao propósito da busca da maior u�lidade e eficácia, graças ao recurso de opções
modernas recomendadas pela técnica das tutelas diferenciadas.
Tal como a definia o art. 621 do Código de 1973, em sua redação primi�va, a execução para entrega de coisa
certa �nha cabimento contra “quem for condenado a entregar coisa certa”. Assim, inicialmente naquele Código,
só era admissível essa modalidade de execução forçada nos casos de �tulos execu�vos judiciais.
A Lei nº 8.953, de 13.12.1994, no entanto, modificou o texto do art. 621, eliminando a referência que outrora
limitava esse �po de execução às sentenças condenatórias. De tal sorte, passou a ser cabível a execução de
obrigação de dar coisa certa ou incerta tanto com base em (i) �tulo judicial como (ii) extrajudicial.
Mais tarde, a Lei nº 10.444, de 07.05.2002, separou as execuções de �tulos judiciais e extrajudiciais. Apenas
para estas des�nou o regime daac�o iudica� (i.e., da ação execu�va autônoma), nos moldes dos arts. 621 a 631
do Código de 1973. Para as sentenças condenatórias a entrega de coisa, passou a ser adotado o regime da
execu�o per officium iudicis. Ou seja, passou-se ao cumprimento de sentença, no lugar da ação de execução em
sucessivo processo, adotando-se o sistema da sentença execu�va lato sensu, como já anteriormente se passava
com as ações de despejo e com as possessórias, nas quais cognição e execução se realizam numa só relação
processual.
A par�r de então, ao julgamento do pleito, seguia-se a expedição do mandado de entrega da coisa perseguida
pelo autor, sem necessidade da abertura de execução em processo autônomo, como se via no art. 461-A, § 2º,
do Código de 1973, com a redação da Lei nº 10.444, de 07.05.2002.
O novo Código de Processo Civil manteve a dis�nção entre os dois regimes (�tulo judicial e extrajudicial).
Des�nou, assim, um capítulo próprio para tratar do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de
obrigação entregar coisa (já examinado no capítulo 15, retro) e outro para a execução de obrigação de entrega
de coisa constante de �tulo execu�vo extrajudicial. Em qualquer das duas modalidades de execução, porém, o
objeto é a coisa certa, isto é, coisa especificada ou individualizada, que pode ser: (i) imóvel (casas, terrenos,
fazendas etc.); ou (ii) móvel (uma joia, um automóvel etc.). Sendo incerta (determinada apenas pelo gênero), a
coisa deverá, como visto anteriormente, sofrer especialização, observado o regramento próprio a ser examinado
mais adiante.
296. Procedimento
A ação execu�va autônoma (apoiada em �tulo extrajudicial) inicia-se sempre por provocação do interessado,
mediante pe�ção inicial.
Deferida a pe�ção, o devedor será citado para, em quinze dias, sa�sfazer a obrigação, entregando a coisa
prevista no �tulo execu�vo (art. 806).
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Enquanto o Código anterior previa a expedição de dois mandados – um para a citação do devedor a entregar a
coisa, e outro de apreensão caso a entrega voluntária não ocorresse –, o novo Código simplifica o procedimento,
determinando que um só mandado compreenda as duas diligências. De posse dele, o oficial procederá à citação
e aguardará o transcurso dos quinze dias previstos no art. 806, caput. Se a entrega ou depósito se efe�vou,
completa estará a diligência a seu cargo; caso contrário, prosseguirá na busca do objeto da execução, sem
depender de novo mandado. É assim que se deve interpretar o “cumprimento imediato” do mandado execu�vo,
de que fala o § 2º do art. 806.
Como o mandado de citação não retorna aos autos senão depois de ultrapassado o prazo de cumprimento
pessoal da obrigação pelo executado, a contagem dos prazos de cumprimento da prestação devida e o de
embargos à execução, se dará de forma diversa: (i) o de entrega voluntária (ato pessoal do executado) terá como
ponto de par�da o próprio ato de citação pra�cado pelo oficial de jus�ça; (ii) já o prazo para oferecimento de
embargos pelo executado, por ser ato que depende da intermediação de representante judicial, começará a
fluir, segundo a regra geral do Código, da data da juntada aos autos no mandado de citação (art. 915 c/c art.
231) e será de quinze dias úteis (art. 219), independentemente da segurança do juízo (art. 914).
Cumprida a citação, poderão ocorrer quatro situações dis�ntas, a saber:
(a) Entrega da coisa
O devedor, acatando o pedido do credor, entrega-lhe a coisa devida. Lavrar-se-á, então, o competente termo nos
autos, dando-se por finda a execução (art. 807). Se houver sujeição, também, ao pagamento de frutos e
ressarcimento de perdas e danos, o processo prosseguirá sob a forma de execução por quan�a certa.
Naturalmente, se o quantum for ilíquido, ter-se-á que proceder à prévia liquidação (arts. 509 a 512), medida
que, entretanto, só seria viável, em regra, quando se tratasse de execução de �tulo judicial. Havendo iliquidez
em �tulo extrajudicial, a questão não se resolve, de ordinário, em incidente da execução. Tem de ser subme�da
à solução em processo de conhecimento, pelas vias ordinárias. No caso, todavia, de �tulo extrajudicial líquido
quanto à coisa devida, e cuja execução específica se frustra por ato do devedor, o Código abre uma exceção e
permite a liquidação de seu valor e dos prejuízos sofridos pelo credor em simples incidente, nos moldes dos
arts. 509 a 512, tal como se faria ordinariamente com as sentenças ilíquidas (art. 809, § 2º).
(b) Inércia do devedor
O executado deixa escoar o prazo de quinze dias sem entregar a coisa ou depositá-la em juízo. Agora, no lugar
de ser expedido novo mandado em favor do credor, deverá o oficial de jus�ça, para que haja o “cumprimento
imediato” da ordem de entrega, aguardar o prazo assinalado para o cumprimento voluntário da obrigação e,
então, providenciar, desde logo, a imissão na posse ou a busca e apreensão, conforme o caso (art. 806, § 2º).
(c) Depósito da coisa
Dentro do prazo de quinze dias do recebimento do mandado citatório, o devedor, em lugar de entregar a coisa
ao exequente, poderá depositá-la em juízo. Com essa providência, ficará habilitado a pleitear efeito suspensivo
para seus embargos, se atendidas as exigências do art. 919, § 1º. O depósito não influi, em nada, na contagem
do prazo de embargos, que, como já esclarecido, começa com a juntada do mandado de citação e não da
segurança do juízo. A principal função do depósito é impedir que o exequente seja imediatamente imi�do na
posse do bem exequendo, colocando-o sob custódia judicial até que se julguem os embargos do executado.
Uma vez, porém, que nem sempre os embargos terão efeito suspensivo, para que o executado possa, de fato,
impedir o exequente de se apoderar, de plano, do objeto da execução, terá, além de depositá-lo em juízo, de
obter o deferimento da eficácia suspensiva a que alude o art. 919, § 1º.
(d) Embargos à execução
Juntado o mandado citatório aos autos, o executado terá quinze dias para se defender por meio de embargos
(art. 915). Ditos embargos não terão, em regra, efeito suspensivo (art. 919), de sorte que a imissão na posse ou
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a busca e apreensão conservarão o seu fei�o de defini�vidade. Poderá o executado, contudo, pleitear efeito
suspensivo, se demonstrar os requisitos para concessão de tutela provisória (art. 919, § 1º), considerando que a
execução já está segura.
Para tanto, o embargante:
(i) na hipótese de tutela de urgência, deverá trazer elementos que evidenciem a probabilidade do direito que
alega e demonstrar o perigo de dano ou o risco ao resultado ú�l do processo (art. 300); ou,
(ii) tratando-se de tutela da evidência, deverá valer-se de alegações de fato que possam ser comprovadas
apenas documentalmente e apoiar-se em tese firmada em julgamento de casos repe��vos ou em súmula
vinculante; ou, ainda, instruir a pe�ção inicial com prova documental suficiente dos fatos cons�tu�vos de seu
direito, a que o embargado não tenha oposto prova capaz de gerar dúvida razoável (art. 311, IV).
A imissão e a apreensão, diante do efeito suspensivo dos embargos, tornam-se provisórias, ficando a solução
defini�va da execução na dependência da decisão do incidente. Se são julgados improcedentes, a posse do
credor passará a defini�va; caso contrário, devolver-se-á a coisa ao executado.
297. Cominação de multa diária
Da citação execu�va poderá constar a cominação de multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação de
entrega de coisa (art. 806, § 1º, primeira parte). Essa penalidade já pode ter sido prevista no �tulo execu�vo.
Mas, mesmo que não exista tal previsão, a lei dá ao juiz poder para fixá-la no despacho da inicial da execução.
De qualquer forma, o valor a constar do mandado execu�vo é o que o juiz fixar, aindaque o �tulo extrajudicial
preveja outro. A multa, in casu, é meio de coerção, e não forma de indenizar prejuízo do credor. A sanção é de
ordem pública e não pode ficar sob o controle exclusivo da parte. O juiz não deve, portanto, omi�r-se na sua
dosagem e na sua aplicação.
É por ser um instrumento da a�vidade jurisdicional execu�va que a lei confere ao juiz o poder de rever, a
qualquer tempo, o valor da multa já fixada, tanto para ampliá-lo como para reduzi-lo, caso se torne insuficiente
ou excessivo, diante das peculiaridades do processo (art. 806, § 1º, 2ª parte).
Ainda dentro da mesma perspec�va, pode o juiz deixar de aplicar a multa de coerção, ou revogá-la, se es�ver
evidente a impossibilidade de o devedor cumprir a obrigação de entrega de coisa na sua modalidade específica.
Para compelir o obrigado a pagar o equivalente econômico, não prevê a lei o emprego da astreinte.
Se, porém, o devedor criou a impossibilidade intencionalmente ou se esta ocorreu por causa do retardamento,
terá lugar a cumulação das perdas e danos com a multa cominada, até o momento em que a prestação
originária se inviabilizou. É que o art. 500, que também se aplica às obrigações de entrega de coisa, dispõe que a
indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa.
298. Regime dos embargos do executado
A defesa contra as execuções autônomas deve ser, em regra, manejada na via dos embargos do executado, tema
analisado no capítulo 52. Cabe aqui, contudo, examinar os efeitos em que a defesa apresentada pelo executado-
embargante é recebida.
Originalmente, o Código de 1973 determinava que o executado depositasse a coisa em juízo, para que pudesse
oferecer seus embargos à execução (CPC/1973, art. 622). O exequente, então, não poderia levantá-la antes do
julgamento da defesa (CPC/1973, art. 623). A regra, no entanto, jus�ficava-se pela disposição geral con�da na
redação inicial do art. 739, § 1º, do Código anterior, a qual conferia sempre efeito suspensivo aos embargos à
execução.
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Todavia, a Lei nº 11.382, de 06.12.2006, trouxe nova sistemá�ca em sen�do contrário, ao dispor que, como
regra geral, os embargos do executado não teriam efeito suspensivo (CPC/1973, art. 739-A, caput). A coisa
depositada para segurança do juízo, a par�r de então, só não poderia ser levantada quando o devedor
conseguisse o excepcional efeito suspensivo para seus embargos (art. 739-A, § 1º).
O novo Código sequer trata do depósito da coisa, considerando que a eventual oposição de embargos, tal qual
acontecia após as úl�mas reformas do Código anterior, dispensa a garan�a do juízo (art. 919). Isso não quer
dizer, porém, que o executado não possa mais fazer o depósito da coisa a ser entregue. Pode ser que o devedor
tenha sim interesse no depósito, como forma de se promover, com a própria coisa, a garan�a do juízo. Afinal, tal
garan�a permanece como requisito para obtenção de efeito suspensivo aos embargos do executado (art. 919, §
1º).
Dessa forma, havendo a concessão de efeito suspensivo aos embargos, a coisa permanecerá depositada até o
julgamento da defesa oferecida pelo executado. Do contrário, terá o credor a faculdade de levantar, desde logo,
a coisa depositada pelo devedor.
299. Alienação da coisa devida
Mesmo quando houver alienação da coisa devida a terceiro, se o ato de disposição ocorreu após a propositura
da execução, con�nuará ela alcançável pela constrição judicial (art. 808). O caso é de fraude de execução, de
maneira que a transferência do bem (embora válida) apresenta-se ineficaz perante o credor (arts. 790, I, e 792,
III). Consultar, ainda, o item nº 228, retro.
Nessa hipótese, se aprouver ao credor, o mandado execu�vo será expedido contra o adquirente (art. 808). Este,
se quiser defender sua posse ou domínio, só poderá fazê-lo após depósito da coisa li�giosa (art. 808, in fine).
Não sendo devedor, o adquirente terá de defender-se por meio de “embargos de terceiro”, como deixa certo o
art. 792, § 4º.
A responsabilidade execu�va do adquirente é, todavia, limitada exclusivamente à entrega da coisa. Se o bem,
por qualquer razão, não mais es�ver em seu poder, não terá o adquirente a obrigação de indenizar o credor pelo
equivalente. A obrigação pelo equivalente é tão somente do devedor.
O credor, é bom notar, não está obrigado a buscar a coisa devida em poder de terceiros. Pode preferir executar o
devedor pelo valor da coisa, mais perdas e danos decorrentes da alienação (art. 809).
300. Execução da obrigação subs�tu�va
O fim específico da execução por coisa certa é a procura do bem devido no patrimônio do devedor, ou de
terceiro, para entregá-lo in natura ao credor.
Pode, no entanto, ocorrer que o devedor se recuse a entregar a coisa, ou que tenha ela se deteriorado ou haja
sido alienada. Se a coisa ainda existe e pode ser materialmente localizada, assiste ao credor o direito de buscá-la
e apreendê-la, seja no patrimônio do devedor (art. 806, § 2º), seja no do terceiro adquirente, se a alienação se
deu em fraude de execução (art. 808).
Mas, como já anotamos, não está o credor jungido à obrigação de perseguir a coisa sonegada. De maneira que,
tanto na destruição como na alienação, fica-lhe aberta a oportunidade de optar pela execução da “obrigação
subsidiária” ou “subs�tu�va”, por meio da qual poderá, como no tópico anterior, reclamar quan�a equivalente
ao valor da coisa, além das perdas e danos (art. 809). Transforma-se, por essa opção, a execução para entrega de
coisa certa em execução por quan�a certa.
Se a sentença condenatória con�ver o valor da coisa, prevalecerá ele para a execução da “obrigação subsidiária”.
Caso contrário, o credor far-lhe-á a es�ma�va, que se não for aceita pela parte contrária causará o
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encaminhamento dos interessados ao processo de liquidação, segundo o rito aplicável às sentenças genéricas
(art. 809, § 2º).
O valor da coisa será apurado por arbitramento (art. 809, § 1º) e o das perdas e danos pelo procedimento que se
mostrar adequado ao caso (arts. 509 a 512). Quando se tratar de valor determinado pelo próprio �tulo
exequendo ou quando for o caso de mercadorias cotadas em bolsa, caberá ao credor instruir seu pedido de
conversão em execução por quan�a certa com a competente memória de cálculo, que deverá compreender o
valor atual da obrigação, isto é, o principal e todos os seus acessórios e acréscimos. Para essas simples
operações aritmé�cas, a par�r de dados certos, não haverá necessidade de liquidação por arbitramento e,
muito menos, por procedimento comum (liquidação por ar�gos) (art. 509, § 2º). Se o devedor discordar do
cálculo, impugná-lo-á em embargos.
Liquidada a obrigação, por qualquer das formas referidas, in�mar-se-á o devedor para pagamento em três dias
(art. 829), prosseguindo-se de conformidade com o procedimento da execução por quan�a certa. Não há
necessidade de nova citação, porque, nessa altura, o procedimento execu�vo já se acha em andamento e a
conversão é apenas um incidente processual.
Embora a conversão em execução por quan�a certa tenha sido definida em decisão judicial, a execução
con�nuará sendo de �tulo extrajudicial, pelo que o procedimento seguirá o prazo de pagamento e o meio de
defesa previstos nos arts. 829 e 914, respec�vamente. Não se pode u�lizar, após a conversão, a impugnação ao
cumprimento de decisão judicial, porque isto cercearia a defesa do executado que é a mais ampla possível,
permi�ndo arguição de “qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de
conhecimento” (art. 917, VI).
Assim, liquidado o quantum correspondente a coisa devida e não encontrada, o executado terá o prazo de três
dias para pagá-lo (art. 829), sob pena de penhora, e o prazo de quinze dias para opor embargos à execução por
quan�a

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