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Dermatites Papulares e Eritematodescamativas Psoríase Doença crônica hiperproliferativa inflamatória da pele, relativamente comum; Prevalência: 2% da população; acomete igualmente ambos os sexos e em qualquer idade (inclusive crianças; principal incidência com 20-30 anos, segundo pico entre 50-60 anos); Fatores de risco: predisposição genética, com herança multigênica (1 progenitor (+) = 8% de chance; 2 progenitores (++) = 40% de chance). o Correlação: forma cutânea vulgar (mais comum) com os antígenos HLA-Cw6, B13 e B17; formas artropática e pustulosa com HLA-B27 (marcador genético das espondiloartropatias soronegativas). Fatores desencadeantes: estresse emocional; alguns medicamentos, como betabloqueadores, antimaláricos, sais de lítio, indometacina e inibidores da ECA; infecções, como a estreptococcia por S. pyogenes (psoríase gutata) e a infecção pelo HIV (psoríase generalizada); e fatores físicos, como trauma cutâneo e outras dermatites, provocando o fenômeno de Koebner. o Exposição solar = efeito de melhora das lesões. Patogenia: desconhecida, embora seja uma doença imunomediada; atividade inflamatória da derme papilar (justificando o eritema) e hiperproliferação da epiderme (espessamento e descamação); o Epiderme ciclo celular dos queratinócitos = encurtado; o Queratinócitos x células de Langhans x linfócitos T = fundamentais para a doença; o Mediação da doença = linfócito T TNF-alfa = importante citocina da patogênese; Histopatologia: paraceratose (núcleo nas células da camada córnea); ausência da camada granulosa; acantose (espessamento da camada espinhosa); atrofia das áreas suprapapilares; papilomatose (projeção das papilas dérmicas sobre a epiderme); infiltrado inflamatório misto na derme papilar; acúmulo de neutrófilos dentro do estrato córneo (microabscesso de Munro) e formando coleções na epiderme (pústula espongiforme de Kogoj psoríase pustulosa). Manifestações clínicas: placas eritematoescamosas bem delimitadas (envoltas por pele normal) de tamanhos variados (lesões típicas); escamas grandes e prateadas (escamas psoriasiformes); assintomáticas (maioria) ou com prurido e sensação de queimação, especialmente nas lesões palmoplantares e intertriginosas. o Algumas lesões apresentam um halo hipocrômico ao redor das lesões conhecido como halo de Woronoff. o Sinal de Auspitz (sinal do orvalho sanguíneo) = característico; utilizado no diagnóstico clínico. Surgimento de gotas de sangue da lesão depois de alguns segundos após a curetagem metódica de Brocq 1º) destacamento da escama (sinal da vela); 2º) aparecimento de membrana opaca translúcida (membrana de Duncan). o Fenômeno de Koebner = característico da psoríase e do líquen plano. Surgimento de uma lesão típica em áreas de trauma cutâneo (cicatrizes) de vários tipos, irritantes químicos e outras dermatites. Tipos de Psoríase: o Psoríase vulgar / em placas (forma crônica estacionária; + COMUM, + BENIGNA): locais mais frequentes são couro cabeludo (placas bem delimitadas e bordos nos limites do escalpo e na região retroauricular), face extensora dos cotovelos e flexora dos joelhos, região lombossacral e periumbilical no tronco, pavilhão auricular e dorso das mãos. Segue curso crônico e flutuante (30% dos casos = períodos de remissão seguidos por exacerbação, de intervalo variável e imprevisível). o Psoríase vulgar GENERALIZADA: placas maiores e em diversas áreas, incluindo couro cabeludo, tronco e membros; o Psoríase vulgar GIRATA: placas confluentes e circinadas; o Psoríase vulgar ANULAR: placas com clareamento central e semelhantes a mapas geográficos; o Psoríase invertida: placas com pouca ou nenhuma descamação, localizadas nas Fenômeno de Koebner Sinal de Auspitz regiões intertriginosas (axilas, região inguinal, genitália, pescoço); costumam ser pruriginosas. o Psoríase ungueal (35-50%): geralmente acompanhada de lesões cutâneas, embora possam ser isolados; principais alterações: depressões puntiformes (pitting); manchas amarelas abaixo da lâmina ungueal; descolamento da lâmina ungueal; fissuras longitudinais; ceratose subungueal; onicodistrofia grave; perda ungueal (anoníquia; formas pustulosas); ocorre em uma, poucas ou todas as unhas. o Psoríase pustulosa generalizada / pustulosa de von Zumbusch: forma hiperaguda e episódica, com SINAIS E SINTOMAS SISTÊMICOS; principal fator desencadeante = suspensão abrupta de corticosteroides sistêmicos ou farmacodermia exantematosa; tem início súbito, com febre alta, mal-estar, fraqueza, leucocitose neutrofílica, aumento do VHS e hipocalcemia. A erupção pustulosa vem após a febre, em surtos que duram vários dias. Há casos de fatalidade. As pústulas são múltiplas, pequenas (2-3 mm), com halo eritematoso distribuídas simetricamente pelo tronco e extremidades proximais; as placas tendem à confluência, gerando grandes áreas de eritema contendo as pústulas; o Psoríase pustulosa na gravidez (impetigo herpetiforme); Pitting Coloração amarelada o Psoríase pustulosa localizada: 2 formas: psoríase pustulosa palmoplantar; e acrodermatite contínua de Hallopeau (pústulas nos quirodáctilos e artelhos). o Psoríase eritrodérmica: forma generalizada com eritema e descamação por QUASE TODO o tegumento corporal, com alterações termorregulação, hemodinâmica e equilíbrio hidrossalino; diagnóstico diferencial farmacodermias, dermatite atópica, micose fungoide com síndrome de Sézary (causas de eritrodermia difusa); o Psoríase guttata: benigna de início abrupto, com lesões arredondadas pequenas (0,5-1,5 cm) esparsas, predominando no tronco superior e extremidades proximais; prevalece em crianças ou adultos jovens dias após uma ESTREPTOCOCCIA DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR; o ARTRITE PSORIÁSICA (5-20% dos pacientes com psoríase): artropatia crônica inflamatória soronegativa (fator reumatoide negativo), relacionada ao HLA-B27 (espondilite e sacroileíte) e HLA- B37 e B38 (artrite periférica); Diagnóstico: clínico (sinal de Auspitz) OU biópsia (confirmação); Tratamento: NÃO EXISTE TRATAMENTO DEFINITIVO (apenas controle clínico); avaliar o paciente (tipo da psoríase e extensão da doença cutânea e articular); o Tratamento tópico: formas localizadas (leve a moderada); corticoides (ex.: betametasona 0,05%), coaltar (alcatrão; 2-5% em vaselina ou óxido de zinco 20%), antralina (ditranol; 0,1- 0,5% + ácido salicílico 1-2%, aplicado 1x/dia ou 1-3% em veículo aquoso, aplicar por 20- 30min e retirar, 1x/dia (terapia de contato curto)), calcipotriol (análogo da vitamina D; 0,005% 1x/dia), tazaroteno (retinoide; em gel 0,1%). Tratamento facial = tacrolimus ou pimecrolimus como alternativa ou para poupar os corticoides. o Fototerapia: doença moderada a grave ou refratária às medidas tópicas (terapia tópica = adjuvante e alívio sintomático); aplicação da radiação ultravioleta nas lesões psoriásicas; 2 métodos: PUVA (Psoraleno + UVA) doses progressivas (2-3x/semana) de UVA após 2h da ingestão do Metoxipsoraleno (MOP; substância fotossensibilizante) inibe a síntese do DNA da lesão, determinando regressão progressiva. Tem efeitos colaterais imediatos leves, mas pode aumentar o risco de envelhecimento cutâneo e carcinoma espinocelular da pele. Método de Goeckerman (coaltar + UVB) pomada de coaltar aplicada em todas as lesões e doses diárias de UVB; eficácia semelhante à PUVA. o Terapia sistêmica: pacientes refratários ou com contraindicação à fototerapia e graves e extensos (particularmente, a psoríase eritrodérmica e forma pustulosa generalizada, bem como na forma artropática). Acitretina (derivado do ácido transretinoico) psoríase pustulosa generalizada (AÇÃO RÁPIDA); pode combinar com PUVA (RePUVA); Metotrexate agente citotóxicoinibidor da síntese de DNA por antagonismo da diidrofolato redutase; DOSE CUMULATIVA SEMPRE CALCULADA (prevenir: grave hepatotoxicidade = cirrose hepática; leucopenia; mucosite; intolerância gastrointestinal); Ciclosporina (imunossupressor da produção de IL-2 pelos linfócitos T) FUNÇÃO RENAL deve ser MONITORIZADA (suspender droga se creatinina aumentar mais de 50%); Biológicos proteínas ligantes derivadas de células vivas que objetivam bloquear moléculas/citocinas (TNF-alfa) da ativação inflamatória mediadoras da resposta Th1; Apremilast agente oral inibidor de fosfodiesterase tipo 4, capaz de reduzir citocinas envolvidas na patogênese da psoríase. OBSERVAÇÃO: Corticosteroide sistêmico: pode levar ao rebote da psoríase se não usado adequadamente; em geral é EVITADO.
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