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FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA MÓDULO: SISTEMA RESPIRATÓRIO COMPONENTE: FISIOLOGIA MONITOR: MARCELO VICTOR FERREIRA GURGEL PRINCÍPIOS FÍSICOS DAS TROCAS GASOSAS, DIFUSÃO DE OXIGÊNIO E DIÓXIDO DE CARBONO ATRAVÉS DA MEMBRANA RESPIRATÓRIA Depois da ventilação alveolar, a próxima etapa no processo respiratório é a difusão de oxigênio dos alvéolos para o sangue pulmonar e do CO2 na direção oposta. BASE MOLECULAR DA DIFUSÃO Todos os gases envolvidos na fisiologia respiratória são moléculas simples, portanto, passíveis de sofrerem difusão. A energia envolvia no processo de difusão vem do movimento cinético das próprias moléculas. A difusão efetiva de um gás ocorre da área de alta concentração para a área de baixa concentração desse gás. PRESSÕES PARCIAIS É a pressão que cada gás exerce individualmente em uma mistura. A pressão é diretamente proporcional a concentração das moléculas de um determinado gás. As pressões parciais de gases individuais em uma mistura são designadas pelos símbolos Po2, Pco2, Pn2, e assim por diante. PRESSÃO DOS GASES DISSOLVIDOS NA ÁGUA E TECIDOS O gás dissolvido no líquido exerce pressão parcial da mesma maneira que o gás na fase gasosa. Essa pressão é determinada não só por sua concentração como também pelo seu coeficiente de solubilidade. Essa relação é expressa pela lei de Henry: “Pressão parcial = Concentração do gás / Coeficiente de solubilidade”. O CO2 é 20 vezes mais solúvel que o O2. PRESSÃO DE VAPOR DA ÁGUA A pressão parcial exercida pelas moléculas de água para escapar da superfície para a fase gasosa é denominada pressão de vapor da água. Depende da temperatura da água (temperatura corporal=47mmhg). Quando ar não umidificado é inspirado água imediatamente evapora das superfícies das vias aéreas para umidificar o ar. QUANTIFICANDO A INTENSIDADE DE DIFUSÃO NOS LÍQUIDOS Além da diferença de pressão, outros fatores afetam a difusão gasosa em um líquido, são eles: solubilidade do gás no líquido; área de corte transversal do líquido; a distância pela qual o gás precisa se difundir; o peso molecular do gás; a temperatura do líquido. A área de corte, a temperatura e a solubilidade tem proporção direta com a taxa de difusão. FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL A distância e o peso molecular tem proporção inversa. DIFUSÃO DOS GASES ATRAVÉS DOS TECIDOS Os gases de importância respiratória são todos muito solúveis nos lipídios e consequentemente nas membranas celulares. A principal limitação ao movimento dos gases nos tecidos é a intensidade com que os gases conseguem se difundir pela água tecidual. AS COMPOSIÇÕES DO AR ALVEOLAR E DO AR ATMOSFÉRICO O ar alveolar não tem a mesma composição do ar atmosférico. Ele é substituído apenas parcialmente pelo ar atmosférico. O oxigênio é constantemente absorvido pelo sangue pulmonar do ar alveolar. O dióxido de carbono se difunde constantemente do ar pulmonar para os alvéolos. O ar atmosférico seco é rapidamente umidificado nas vias respiratórias. INTENSIDADE COM QUE O AR É RENOVADO O volume do ar alveolar substituído por ar atmosférico novo a cada respiração é apenas um sétimo do total. Logo, são necessárias múltiplas respirações para ocorrer a troca da maior parte do ar alveolar. Com a ventilação alveolar normal cerca de metade do gás é removida em 17 segundos. A lenta substituição do ar alveolar é de suma importância para evitar mudanças repentinas nas concentrações dos gases (e do PH tecidual) quando a respiração é interrompida temporariamente. CONCENTRAÇÃO DE OXIGÊNIO E PRESSÃO PARCIAL DOS ALVÉOLOS A concentração de oxigênio nos alvéolos é controlada pela intensidade de absorção de oxigênio pelo sangue e pela intensidade de entrada de novo oxigênio nos pulmões pelo processo ventilatório. Um aumento acentuado na ventilação alveolar nunca consegue aumentar a Po2 alveolar acima de 149 mmHg (com a pessoa respirando ar no nível da pressão do mar), pois trata-se da Po2 máxima no ar umidificado para a pressão a nível do mar. CONCENTRAÇÃO DE CO2 NOS ALVÉOLOS A Pco2 alveolar aumenta diretamente na proporção da excreção de dióxido de carbono pelo corpo. Diminui na proporção inversa da ventilação alveolar. COMBINAÇÃO DO AR EXPIRADO A composição geral do ar expirado é determinada pela quantidade de ar expirado do espaço morto e pela quantidade de ar alveolar. A primeira porção é o ar do espaço morto, geralmente umidificado. Aos poucos será substituído por ar alveolar até que no fim da expiração todo ar seja de origem alveolar. UNIDADE RESPIRATÓRIA Também denominada lóbulo respiratório, é composta por bronquíolo respiratório, ductos alveolares, átrios e alvéolos. As paredes alveolares são extremamente finas e, entre os alvéolos, existe malha quase sólida de capilares interconectados. Devido a extensão do plexo capilar, o fluxo sanguíneo na parede alveolar é descrito como lâmina de fluxo sanguíneo. As membranas de todas as porções terminais dos pulmões participam da troca gasosa, sendo conhecidas coletivamente como membrana respiratória. MEMBRANA RESPIRATÓRIA FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL Se divide em camadas: Camada de líquido revestindo o alvéolo e contendo surfactante. Epitélio alveolar. Membrana basal epitelial. Espaço intersticial. Membrana basal capilar. Membrana endotelial capilar. A área superficial total da membrana respiratória, no adulto normal, é aproximadamente 70 metros quadrados. A quantidade total de sangue nos capilares dos pulmões a qualquer momento é entre 60 e 140 milímetros. Logo, fica fácil entender a rapidez da troca respiratória do O2 e do CO2. FATORES QUE AFETAM A INTENSIDADE DA DIFUSÃO GASOSA ATRAVÉS DA MEMBRANA RESPIRATÓRIA. Espessura da membrana. Área superficial da membrana Coeficiente de difusão do gás na substância da membrana. Diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana. Difusão é inversamente proporcional a espessura. Espessura pode aumentar ocasionalmente em um edema, ou em evento fibroso dos pulmões. Difusão é diretamente proporcional a área superficial. Pode ser reduzida pela retirada parcial ou total de um pulmão, e também pós enfisema. O coeficiente de difusão depende da solubilidade do gás na membrana e, inversamente, da raiz quadrada do peso molecular. A diferença de pressão é a diferença entre a pressão parcial do gás nos alvéolos e a pressão parcial do gás no sangue dos capilares pulmonares. A diferença entre essas duas pressões é a medida da tendência efetiva das moléculas em se moverem através da membrana. CAPACIDADE DE DIFUSÃO DA MEMBRANA RESPIRATÓRIA É o volume de gás que se difundirá através da membrana a cada minuto para a diferença de pressão parcial de 1 mmHg. No homem adulto médio, a capacidade de difusão do oxigênio sob condições de repouso é em média 21mL/min/mmHg. Durante exercício vigoroso, pode aumentar até cerca de 65mL/min/mmHg. Esse aumento é causado por diversos fatores, como: a abertura de capilares adormecidos ou dilatação extra dos capilares já abertos; a melhor equiparação entre a ventilação dos alvéolos e a perfusão dos capilares alveolares, denominada proporção ventilação perfusão. A capacidade de difusão do CO2 nunca foi medida, porém, como o coeficiente de difusão do dióxido de carbono é pouco mais de 20 vezes o do oxigênio, se espera algo entre 400-450mL/min/mmHg em repouso e entre 1200-1300mL/min/mmHg durante o exercício. EFEITO DA PROPORÇÃO VENTILAÇÃO PERFUSÃO NA CONCENTRAÇÃO DE GÁS ALVEOLAR Mesmo nas condições normais e especialmente em doenças pulmonares, algumas áreas dos pulmões são bem ventiladas masnão recebem quase nenhum fluxo sanguíneo, enquanto outras contam com bom fluxo mas pouca ventilação. Em ambas situações existe comprometimento da troca gasosa. O conceito quantitativo que analisa essa relação se chamada proporção ventilação perfusão. Em termos quantitativos é expressa como Va/Q. Sendo Va medida de ventilação e Q medida da perfusão. FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL Quando Va/Q for igual a zero indicará ausência de ventilação alveolar, logo, o ar nos alvéolos entra em equilíbrio com o oxigênio e o dióxido de carbono no sangue Quando Va/Q tender ao infinito indica que não está ocorrendo fluxo sanguíneo capilar, logo, o ar alveolar fica quase igual ao ar inspirado umidificado. Quando a proporção for normal a Po2 do ar alveolar será de 104mmHg em média, e a de Pco2 de 40mmHg em média. ESPAÇO MORTO FISIOLÓGICO Quando em alguns alvéolos a ventilação for grande mas o fluxo de sangue for baixo diz-se que a ventilação desses alvéolos está sendo desperdiçada. A soma desse desperdício com a ventilação de áreas do espaço morto anatômico é denominada espaço morto fisiológico.
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