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O pulmão recebe sangue por duas vias: circulação pulmonar e circulação brônquica. Tem um pequeno fluxo sanguíneo sob alta pressão. As artérias brônquicas têm origem da aorta e das intercostais e suprem a traqueia e a árvore brônquica (até o nível dos bronquíolos terminais). A maior parte do retorno venoso é pelas veias brônquicas, que depois drenam para o sistema ázigo. A outra parte é feita pelas veias broncopulmonares que se juntam a rede capilar e drenam para o átrio esquerdo. Tem grande fluxo sanguíneo sob baixa pressão (o contrário da circulação brônquica), que é lentificado (isso permite a hematose). É aquele circuito que já conhecemos: o sangue venoso adentra o coração pelo átrio direito e daí VD → artérias pulmonares → rede capilar do pulmão → veias pulmonares → AE Ela tem vasos mais finos → tem menor resistência ao fluxo sanguíneo São mais compressíveis e distensíveis → oferecem menor pressão intravascular Pode ser estimada pela lei de Poiseulle: ela é a diferença entre a pressão da artéria pulmonar e a pressão atrial esquerda, dividida pelo fluxo sanguíneo (débito cardíaco). RVP = Pap – Pae / débito cardíaco Ela é pequena, por 3 coisas: → Pouco músculo liso → Baixas pressões intravasculares → Distensibilidade do vaso alta Ela é muito afetada por efeitos extravasculares (postura, pressões, volume pulmonar etc.): Pressão transmural → ela é inversamente proporcional a pressão. Pq? Uma alta pressão transmural indica uma maior concentração de O2, isso dilata os vasos e consequentemente a RVP diminui. Volume pulmonar → existem vasos extra alveolares e intra alveolares, que reagem diferentemente a alteração do volume pulmonar. Por exemplo, em uma inspiração (aumento do VP e dilatação dos alvéolos), esses vasos se comportam assim: → Intra-alveolares: os alvéolos se dilatam, e isso alonga os vasos e diminui seu raio → aumento da RVP → Extra-alveolares: o aumento da pressão transpulmonar faz com que os vasos se distendam (raio aumenta) → diminuição da RVP Capacidade Residual Funcional → RVP baixa Volumes mais altos ou mais baixos → aumenta Ventilação mecânica → nesse caso, a pressão intrapleural e alveolar são positivas durante a inspiração. Por isso, a pressão e a resistência dos dois tipos de vaso está alta o tempo todo. Ela é bem distribuída, ou seja, cada um dos 3 componentes (artérias, capilares e veias pulmonares) tem mais ou menos 33% da resistência. Para contextualizar: o débito e a pressão no ventrículo esquerdo são altos para que ocorra uma distribuição correta do fluxo. Já o débito ventricular direito não é redistribuído. Pq? Meio que não precisa, já que ele vai entregar o sangue para alvéolos que estão realizando o mesmo papel (no caso da circulação sistêmica, são vários tipos de tecidos fazendo diferentes funções) e pela baixa quantidade de músculo liso. Ou seja, a pressão do VE é maior que a do VD. Recrutamento: em repouso, nem todos os álveos e capilares pulmonares estão perfundidos. Com o aumento do débito, a pressão na artéria pulmonar aumenta e isso recruta novos capilares pulmonares. Isso gera alterações: • Reduz a RVP • Aumenta a área superficial para trocas gasosas (podendo, por ex, reduzir o espaço morto) Com a diminuição do débito, pode ocorrer desrecrutamento. Distensibilidade: os vasos se distendem, aumentando seus raios e diminuindo a resistência, quando a pressão de perfusão aumenta. Existe uma diferença de pressão, quando em ortostase, entre o ápice e a base do pulmão. Nesse caso, a base está com uma pressão 23mmHg maior que o ápice. Dessa forma, o fluxo sanguíneo na base está bem maior. Além disso, por conta da gravidade, o ar se concentra no ápice do pulmão. Entretanto, mesmo o ápice sendo mais ventilado, seu ar é menos renovado, porque seus alvéolos estão muito dilatados e isso dificulta a eliminação de ar. Essa diferença de pressão cria as 3 zonas de West: • Zona 1 → pouco fluxo sanguíneo; alta pressão do ar alveolar. Va/Q = ∞ → não dependente • Zona 2 → fluxo sanguíneo intermitente, porque durante a sístole, a pressão do fluxo ganha força o suficiente para sobrepor a pressão alveolar, permitindo a passagem de sangue. • Zona 3 → contínuo fluxo sanguíneo; pressão do ar alveolar menor. Va/Q = 0 → dependente A resistência é diretamente proporcional ao comprimento e inversamente proporcional ao raio. Em condições normais, as pessoas só têm as zonas 2 e 3, sendo que em 2 condições só tem a zona 3: 1. Quando deitados: todo o pulmão fica ao nível do coração, não existindo diferença de pressão 2. Durante um exercício intenso: aumenta o fluxo sanguíneo A zona 3 tem maior ventilação E maior perfusão. Ela é uma vasoconstrição local, só na região que há hipóxia. Essa vasoconstrição não depende do SNC e de nervos. Outros fatores (ex: mastócitos) liberam substâncias no parênquima pulmonar, atuando sobre a musculatura lisa pulmonar. Promovem uma entrada de cálcio nas células, gerando contração. Mas por que isso acontece? Porque se a região está com hipóxia (baixa PO2 local), o sangue venoso que chegar nela não vai sofrer trocas gasosas. Com isso, esse sangue venoso vai se juntar ao oxigenado, indo em direção a circulação sistêmica, reduzindo a PO2 global. Assim, a vasoconstrição gera um aumento local da RVP, que desvia o sangue para áreas que façam troca gasosa. Como ela pode falhar? Ela não é muito vigorosa porque não existe muito músculo liso na vasculatura pulmonar. Em situações pontuais, ela pode ser positiva, mas casos de hipóxia crônica aumentam a carga de trabalho do VD, com alta pressão hidrostática e da artéria pulmonar, legando a um edema pulmonar e hipertrofia do VD. Ele é um acúmulo extravascular de líquido no pulmão, que ocorre no interstício e alvéolos. Quando ocupa esse último, a difusão de gases é afetada. Fatores que tem relação com o edema: Permeabilidade Pressão hidrostática capilar → seu aumento pode causar edema (acontece por ex. na ICC esquerda, infarto de VE etc.) Pressão hidrostática intersticial → sua diminuição pode causar edemas (acontece por ex. na evacuação rápida de líquidos ou redução do pneumotórax) Pressão oncótica capilar → quanto menor, mais suscetível ao edema Pressão oncótica intersticial → quanto maior, mais suscetível ao edema Insuficiência linfática É expresso pela equação: Va / Q Va = ventilação alveolar Q = fluxo sanguíneo Podemos encontrar 3 “valores” para essa equação: → Sem ventilação / com fluxo (Va/Q = 0) → Com ventilação / sem fluxo (Va/Q = ∞) → Com ventilação / com fluxo (Va/Q = ok) Uma V/Q normal varia entre 0,8 a 1,2. Agora, vamos ver o que cada uma dessas regiões significa... Va/Q = 0 Isso ocorre quando o ar presente no interior dos alvéolos acaba entrando em equilíbrio com o ar que está no sangue. Como não existe diferença de pressão, eles não migram e não ocorre troca gasosa. O fluxo sanguíneo está normal, mas não tem ventilação dos alvéolos. Pode levar a uma hipercapnia (aumento dos níveis de CO2) Va/Q = ∞ A ventilação está normal, mas não existe fluxo sanguíneo pelos alvéolos e, sem ele, não tem como o O2 entrar e o CO2 sair. Por isso, o ar alveolar quase são sofre alteração e permanece parecido com o ar atmosférico. Isso pode levar a uma hipoxemia. Va/Q = proporcional Isso não quer dizer que a ventilação e o fluxo estão ideais, apenas que estão proporcionais. É verdadeiro!
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