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Patrícia Miranda- MEDICINA 
Problema 1 intermediária 
 
1. DISCORRER SOBRE AS CONSULTAS DE PUERICULTURA 
 
• HABILIDADES BÁSICAS DO PEDIATRA 
 
- A PEDIATRIA SO SÉCULO XXI: A NOVA PUERICULTURA 
O desenvolvimento tecnológico, a melhoria dos índices socioeconômicos associada à aquisição 
de hábitos pouco saudáveis, a transformação ambiental, a modificação do vínculo afetivo e das 
estruturas familiares (pais separados, guarda compartilhada, famílias homoafetivas, 
monoparentais, entre outras), a terceirização da criança, o modelo educacional vigente, o 
consumismo e o imediatismo exagerados, o crescimento urbano acelerado e a falta de 
perspectivas favoráveis estão produzindo uma rápida mudança nutricional e de 
comportamento, expondo as crianças e os adolescentes a um maior risco de doenças crônicas, 
como obesidade, hipertensão arterial, diabete, asma e depressão, além do aumento da 
violência, acidentes e drogadição, determinou o surgimento de um novo padrão de 
morbimortalidade, que compromete seriamente a saúde pública e reflete essencialmente a 
precariedade do desenvolvimento infantil e a desigualdade social. Um recente levantamento da 
Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, entre 2000 e 2012, cerca de 74% das mortes 
entre 30 e 70 anos de idade ocorreram por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), com 
alta prevalência de doenças cardiovasculares (31%), câncer (17%), condições nutricionais, 
maternas e perinatais (13%). 
As DCNT têm sua gênese na infância, fato que aumenta a responsabilidade do pediatra; um dos 
primeiros pesquisadores a estudar a relação entre a qualidade de vida do bebê, desde a 
concepção até a vida adulta, foi o epidemiologista britânico David Barker, professor de 
cardiologia da Universidade de Southampton (Reino Unido). Ele mostrou que a importância dos 
primeiros 1.000 dias de vida para a saúde de uma criança não é uma panaceia de marketing, 
como se costuma dizer; está claro que é uma janela crítica de tempo e oportunidade que pode 
ter um impacto mensurável e duradouro sobre o crescimento e o desenvolvimento da criança, 
que irá moldar o futuro desde a vida intrauterina. No passado, acreditava-se que as 
características genéticas eram fixas e imutáveis, entretanto, a partir dos estudos de Barker, 
embasando teoricamente a “hipótese de programação fetal” na gênese de doenças crônicas do 
adulto, novas teorias e pesquisas surgiram. Com o mapeamento do genoma e as pesquisas 
relacionadas às questões de nutrição e metabolismo (desnutrição, obesidade, dislipidemias), 
comprova-se a influência da alimentação materna e da exposição precoce a fatores ambientais 
na vida da criança a suscetibilidades para doenças na vida adulta, com riscos de transmissão 
genética para as gerações subsequentes. De acordo com o conceito das origens 
desenvolvimentistas da saúde e da doença (programming), a indução, a deleção e o prejuízo no 
desenvolvimento de uma estrutura somática permanente, bem como o ajuste de um sistema 
fisiológico por estímulo ou agressão que ocorre em um período suscetível (fases precoces da 
vida), teriam consequências de longo prazo sobre funções fisiológicas. A epigenética comprova 
a interferência alimentar em períodos críticos no desenvolvimento e na expressão gênica, que 
podem causar a alterações fenotípicas. Deste modo, cresce em relevância o ambiente onde a 
criança está se desenvolvendo desde a gestação, um período da vida crítico durante o qual a 
criança está em um intenso desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. O estresse 
tóxico causado por adversidades significativas, frequentes ou prolongadas sofridas na 1ª 
infância, como pobreza extrema, abuso ou negligência, pode debilitar o desenvolvimento 
cerebral e provocar alteração na aprendizagem, distúrbios comportamentais e prejuízos 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
significativos da saúde física e mental, aumentando o risco de doenças crônicas nas fases 
posteriores da vida, como alcoolismo, depressão, doenças cardíacas e diabete. Ou seja, muitas 
doenças do adulto têm origem na infância e traduzem distúrbios do desenvolvimento 
neurobiopsicomotor e social do ser em período de formação. Nas últimas décadas, várias 
pesquisas mostraram os efeitos da desnutrição sobre o desenvolvimento neuropsicomotor das 
crianças. Sabe-se que vários fatores alteram esse desenvolvimento, entre eles os genéticos, o 
meio ambiente, o nível socioeconômico e a presença de comorbidades, mas seguramente a 
nutrição ocupa papel indispensável nesse desenvolvimento neurológico dacriança. 
Existem várias teorias para justificar a relação entre a desnutrição e déficit cognitivo na infância 
e uma delas aponta para lesões irreversíveis no cérebro em razão de uma dieta inadequada 
tanto quantitativa quanto qualitativamente. 
Diante de todas essas mudanças, a responsabilidade do pediatra cresce e impõe- se o 
desenvolvimento de novas habilidades para enfrentar esses desafios. 
-HABILIDADES DO PEDIATRA PARA A PEDIATRIA DO SÉCULO XXI 
A puericultura tem como base a consulta médica periódica e sistemática, cujo foco é a prevenção 
e a educação em saúde, sendo fundamental o vínculo do pediatra com a criança e a família. O 
atendimento ambulatorial de puericultura é destinado à criança saudável, para a prevenção, e 
não para o tratamento de doenças. A puericultura inclui as ações a serem realizadas nos 
atendimentos agendados em conformidade com o calendário. Nessas consultas, o pediatra tem 
que estar habilitado a avaliar e monitorar: 
• estado nutricional da criança pelos indicadores clínicos definidos pelo Ministério da Saúde; 
• história alimentar; 
• curva de crescimento pelos parâmetros antropométricos adotados pelo Ministério da Saúde; 
• estado vacinal segundo o calendário oficial de vacinas do Ministério da Saúde; 
• desenvolvimento neuropsicomotor; 
• desempenho escolar e cuidados dispensados pela escola; 
• padrão de atividades físicas diárias conforme parâmetros recomendados pelo Ministério da 
Saúde; 
• capacidade visual; 
• condições do meio ambiente conforme roteiro do Ministério da Saúde; cuidados domiciliares 
dispensados à criança; 
• desenvolvimento da sexualidade; 
• sono, quantitativa e qualitativamente; 
• função auditiva; 
• saúde bucal; 
• exposição à mídia. 
 
 
 
PEDIATRA: MUITO MAIS QUE UM MÉDICO- UM LÍDER E UM EDUCADOR 
 
Em 1990, o professor Morris Green dirigiu um projeto conhecido como Bright Futures, uma 
iniciativa do US Bureau of Maternal and Child Health apoiado pela American Academy of 
Pediatrics utilizando a logística da Georgetown University, dedicada ao princípio de que toda 
criança merece ser saudável, e que a saúde ideal envolve uma relação de confiança entre o 
pediatra, a criança, a família e a comunidade como parceiros na prática de saúde. O Bright 
Futures indica que a puericultura se baseia em uma “conexão vertical” dentro dos serviços de 
saúde, envolvendo todos os profissionais de saúde e pessoal auxiliar, associada a uma “conexão 
horizontal” com os programas comunitários de creches, escolas, associações de bairro, igrejas e 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
serviços de saúde pública. Toma como base que a consulta de puericultura busque o diagnóstico 
adequado da saúde da criança dentro de seu microambiente, ou seja, todo paciente tem que 
ser visto dentro do contexto de sua família e comunidade. Entretanto, a grande diversidade no 
mundo atual constitui um obstáculo e um desafio a essa tarefa: o pediatra encontra as mais 
variadas condições familiares; crianças terceirizadas, sem regras e limites, sem exemplos e 
líderes, além de pressões negativas do meio ambiente, uma mídia sem limites e sem respeito à 
criança, transbordando consumismo, práticas alimentares pouco saudáveis com facilidades ao 
sedentarismo e ao pouco pensar. Diante desse cenário, insere-se a figura do pediatra, que 
precisa se atualizar para aprimorar suas habilidades em comunicação, vinculadas à sua empatia 
e ao dom recebido para essa missão, se quiser ser ouvido e respeitado.Consultas mais 
producentes costumam ser aquelas baseadas nas questões levantadas pela família ou pelo 
paciente, analisadas, enquadradas em contextos e diretrizes baseadas em evidências científicas, 
e finalmente uma resposta deve ser dada de modo coloquial, clara e aberta a dúvidas e 
observações; assim, propõe-se o “rastreamento clínico na puericultura”. 
 
ANAMNESE 
 
Começar uma consulta com “e aí, tudo bem?” ou “o que está acontecendo com o Joãozinho?” 
não é um bom começo, segundo estudos realizados pela iniciativa Bright Futures. É mais 
produtivo e provocador começar a consulta com “perguntas gatilho” ou perguntas facilitadoras, 
como: 
1. Quais são suas preocupações hoje? 
2. Desde nossa última consulta, quais as novidades que o Joãozinho apresentou? 
3. Ocorreu alguma mudança importante na família desde a nossa última consulta? 
4. Do que vocês mais gostam no Joãozinho? 
5. O que no Joãozinho mais incomoda você? 
6. Qual seria, em sua opinião, a alimentação ideal para o Joãozinho? 
7. E o que ele come diariamente? 
8. Qual seria uma solução, ao seu ver, para esse problema do Joãozinho? 
Existem “perguntas gatilho” mais diretas: 
1. Vocês acham que é normal uma criança ir dormir após as 22 horas? 
2. Em sua opinião, qual seria o local ideal para o Joãozinho dormir? 
3. Onde ele dorme atualmente? 
4. Você tem medo que ele sofra um acidente doméstico? 
5. Quais cuidados você já tomou para prevenção de acidentes? 
Devem ser feitas perguntas facilitadoras para introduzir as questões mais pertinentes a cada 
faixa etária, como: 
• nutrição; 
• evacuação e diurese; 
• padrão de sono e comportamento; 
• adaptação e rendimento escolar; 
• comportamento de risco, contato com álcool, tabaco e outras 
drogas. Recentemente, um grupo de trabalho inspirado no Bright Futures formulou estratégias 
práticas para facilitar a interação entre médicos, pacientes e famílias nas consultas de 
puericultura: 
• chamar as pessoas pelos seus nomes, demonstrar empatia; 
• não usar jargão médico; 
• valorizar as preocupações do paciente e da família; 
• dar informações claras, treinar habilidades verbais e não verbais de ouvir as pessoas; 
• criar uma parceria efetiva com a família, reconhecendo capacidades e dividindo as tarefas com 
os pais e outros membros da família; 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
• aprimorar o uso de momentos próprios para ações educativas (p.ex., informação associada ao 
exame físico); 
 • prestar ajuda objetiva no uso de recursos externos (p.ex., indicar escolas com métodos de 
ensino diferenciados, contatar especialistas, indicar produtos seguros); 
• personalizar a orientação preventiva e gerenciar o tempo de forma eficaz (revisão do 
prontuário antes da consulta, uso de formulários na sala de espera, treinamento dos auxiliares 
para dirimir dúvidas menores). Uma novidade com bons resultados que está chegando ao Brasil 
é o atendimento de puericultura em grupo, introduzido e recomendado há mais de 20 anos em 
outros países, principalmente no Reino Unido. Nesse novo modelo, um grupo de mães com 
filhos na mesma idade é convidado para um encontro mensal ou bimestral com o pediatra, como 
uma terapia em grupo. Há evidências de que as famílias gostariam de obter mais informações 
sobre a saúde da criança do que os pediatras costumam dar, elas preferem receber material 
escrito e, mais recentemente, pela internet e outras mídias sociais. É de bom tom o pediatra 
indicar mídias confiáveis para o público leigo; atualmente, as sociedades e academias médicas 
de especialidades estão disponibilizando materiais de excelente qualidade em uma linguagem 
coloquial 
 
HABILIDADES BÁSICAS DO PEDIATRA 
 
- Comunicação 
Em pediatria, a comunicação é extremamente importante, porque, muitas vezes, os pais chegam 
à consulta com muita ansiedade, decorrente de fantasias de culpa e sensação de terem 
negligenciado os cuidados com o filho. A palavra-chave é escutar (escutar = compreender). A 
característica essencial do pediatra é a empatia (= sintonia = sentir o que o outro está sentindo 
e antecipar suas necessidades), mas sem perda de limites, isto é, o médico deve manter a 
posição que lhe dá a força almejada pela família. É nesse momento que o pediatra deve usar 
toda a sua habilidade de comunicação, conseguindo, na maior parte das vezes, antes mesmo de 
iniciar o exame da criança, transformar todo o ambiente da consulta. No primeiro contato, deve-
se perguntar o nome da criança e dos pais. Evitar sempre dirigir-se aos pais com expressões 
impessoais, como “mãe/mãezinha” ou “pai/paizinho”. Isso tende a despersonalizá-los e colocá-
los em situação de inferioridade. Com crianças maiores, perguntar como gostam de ser 
chamadas ou se têm um apelido, tratando-as da forma à qual estejam habituadas. Dar especial 
atenção a esses aspectos quando se tratar de adolescentes pode facilitar muito a relação 
médico-paciente. A orientação de como será o exame é indispensável para a criança maior, que 
já entende e, muitas vezes, fica ansiosa antes de sua realização. Aos pais de lactentes e pré-
escolares, que ocasionalmente choram durante o exame, deve-se explicar que o choro é um 
sinal da existência de um bom vínculo mãe-filho. 
-Anamnese: Deve-se realizar a anamnese abrangente de forma organizada, focada no contexto 
clínico, psíquico, social e cultural. Os antecedentes familiares são fundamentais diante do 
comprovado aumento de risco para certas doenças, como alguns tipos de câncer, dislipidemias 
(p.ex., hipertrigliceridemia familiar), hipertensão arterial, diabete, osteoporose, doenças da 
tireoide, entre outras. Também são importantes os antecedentes pessoais, incluindo a vida 
gestacional, como suplementação de ômega 3, vitamina D, ferro e ácido fólico durante a 
gestação; o nascimento, incluindo o tipo de parto, peso ao nascer, idade gestacional, Apgar, 
icterícia, internação; tempo de aleitamento materno, idade da introdução de fórmulas; marco 
da entrada em creches e escolinhas; e doenças, medicamentos, suplementação vitamínico-
mineral e intercorrências anteriores. 
- Exame físico: Deve ser completo, realizado com o lactente sem roupa, a criança com roupas 
íntimas e o adolescente sempre na presença dos pais. A medida rotineira da pressão arterial 
está indicada a partir dos 3 anos de idade. 
- Monitorização do crescimento: Deve ser feita utilizando as curvas de crescimento da carteira 
Nascional de Saúde 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
- Desenvolvimento: Devem- se conferir os marcos do desenvolvimento 
- Comportamento : Devem-se verificar se o paciente é agressivo, passivo, depressivo, hiperativo, 
e tal comportamento deve constar em ficha. 
-Avaliação da audição: Deve-se realizar triagem universal de recém-nascidos e prevenção 
contra ruídos e barulhos. 
- Avaliação da audição: Deve-se realizar triagem universal de recém-nascidos e prevenção 
contra ruídos e barulhos. 
-Avaliação da visão: O teste de triagem para ambliopia e estrabismo é recomendado para todas 
as crianças normais, pelo menos uma vez a partir dos 3 anos de idade. É recomendável realizar 
testes de alinhamento ocular (Hirschberg e cobertura) durante o 1º ano de vida e repeti-los 
anualmente até a idade escolar. A partir dos 3 anos, está indicada a triagem da acuidade visual, 
usando-se tabelas de letras ou figuras. 
- Avaliação da dentição: O único procedimento preventivo de saúde bucal que tem 
embasamento científico sólido é a suplementação oral de flúor. Está recomendada a 
suplementação de flúor, por via oral, dos 6 meses até os 16 anos, de acordo com o grau de 
fluoretação da água ingerida. Em comunidades cuja água tenha menos de 0,3 ppm, a dose de 
flúor é de 0,25 mg/dia para crianças de 6 meses a 3 anos, 0,5 mg/dia para crianças de 3 a 6 anos, 
e 1 mg/ dia para crianças de 6 a 16 anos. O encaminhamento ao dentista deve ser feito entre 1 
e 3 anos de idade. 
-triagem metabólica neonatal: Deve-se conferir se foi realizada; se foi, deve-se recomendar e 
valorizar os resultados, explicando que são doenças raras, mas quando diagnosticadasprecocemente, mudam uma vida. 
- imunização: É importante valorizar a Caderneta Nacional de Saúde conferindo imunizações, 
recomendando e principalmente explicando a utilidade de cada vacina. 
 -exames laboratoriais: Alguns são protocolares, como a hematimetria com ferritina e o 
protoparasitológico no 1º ano de vida; outros são eventuais segundo conhecimento do risco dos 
antecedentes, por exemplo: em dislipêmicos, incluir, a partir dos 3 anos de idade, perfil lipídico 
e glicemia; nos afrodescendentes, incluir controle semestral da pressão arterial; em obesos e 
usuários de corticosteroides, como os atópicos, solicitar a dosagem da 25-OH-vitamina D. De 
modo geral, é preciso conhecer muito bem osantecedentes familiares e pessoais e os riscos 
relativos a determinadas doenças para iniciar precocemente a prevenção. 
 
 
A PRIMEIRA CONSULTA DO RECÉM-NASCIDO 
A possibilidade de acompanhar famílias ao logo do tempo mantém os profissionais da atenção 
básica em uma situação privilegiada no reconhecimento de situações que necessitam ser bem 
entendidas e acompanhadas. 
 
Nos serviços de atenção básica, os profissionais que realizam o pré-natal frequentemente são 
os que seguirão acompanhando a família durante a puericultura da criança. Sendo assim, o 
vínculo entre a equipe de saúde e a família do recém-nascido para o acompanhamento da 
criança deve preferencialmente se iniciar pelo menos desde o pré-natal. 
A ÉPOCA IDEAL PARA A PRIMEIRA CONSULTA. 
A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida, que 
constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do 
aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, para verificar a realização 
da triagem neonatal (teste do pezinho) e para estabelecer ou reforçar a rede de apoio a família. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Como a primeira consulta da criança pode ser programada pela equipe, é possível adaptar a 
agenda para o referido momento, adequado o tempo de consulta ás suas necessidades 
inerentes. Por exemplo: o procedimento de reservar dos horários de consultas normais para a 
primeira consulta do RN garantiria mais tempo do profissional de saúde. 
CONTEÚDO DA CONSULTA 
• Anamnese: a partir da anamnese, procura-se avaliar principalmente as condições do 
nascimento da criança (tipo de parto, local de parto, peso ao nascer idade gestacional, 
índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e 
nos tratamentos realizados). 
• Exame físico completo: Um exame físico completo deve ser realizado na primeira 
consulta de puericultura. É consenso que o exame físico e seus achados devem ser 
descritos e compartilhados com os pais, como forma de facilitar-lhes a percepção das 
necessidades do bebê. 
 
Tópicos do exame Ações especificas 
PESO, COMPRIMENTO E PERÍMETRO 
CEFÁLICO 
Avalie o peso em relação ao peso ideal ao 
nascer. Considerando normal tanto uma 
perda de peso de até 10% ao nascer quanto 
sua recuperação até o 15º dia de vida. O 
perímetro cefálico com medidas acima ou 
abaixo de dois desvio padrão pode estar 
relacionado a doenças neurológicas, como 
microcefalia ou hidrocefalia. 
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E 
PSICOATIVO 
Observe e avalie o relacionamento da mãe/ 
cuidador e dos familiares com o bebê: como 
respondem às suas manifestações, como 
interagem com o bebê e se lhe proporcionam 
situações variadas de estímulo 
 
ESTADO GERAL Avalie a postura normal do RN, o padrão 
respiratório, o estado geral de vigilância, 
identificação de sinais de desidratação e 
hipoglicemia. 
 
FACE Pesquise alguma assimetria, mal formação, 
deformidade ou aparência sindrômica 
PELE Observe a presença de edema, palidez, 
cianose, icterícia. 
CRÂNIO Exame das fontanelas: ela não deve estar 
fechada no momento do nascimento. 
OLHOS Reflexo fotomotor, teste do reflexo vermelho. 
ORELHAS E AUDIÇÃO Triagem auditiva 
NARIZ Avalie a forma e a possível presença de 
secreção (sifilis) 
BOCA Alterações morfológicas podem apresentar 
dificuldade para a pega durante a 
amamentação 
PESCOÇO Avalie a simetria facial a posição viciosa da 
cabeça. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
TÓRAX Avalie a assimetria, pois ela sugere 
malformações cardíacas, pulmonares, de 
coluna ou arcabouço costal. 
ABDOMEM Observe a respiração, que é basicamente 
abdominal e deve estar entre 40mrm e 
60mrm. 
GENITÁLIA Apalpe bolsa escrotal para identificar a 
presença dos testículos. Caso não forem 
palpáveis é uma situação comum, pois eles 
descem até os 3 meses de vida. 
Observar se os pequenos lábios e o clitoris 
estão proeminentes. 
ÂNUS E RETO Verifique a permeabilidade anal, bem como a 
posição do orifício e a presença de fissuras. 
SISTEMA OSTEOARTICULAR Examine os membros inferiores e superiores, 
para avaliar sua resistência a extensão, a 
flexão dos membros, a possibilidade de 
flacidez excessiva e a suposta presença de 
paralisia. 
COLUNA VERTEBRAL Examine toda a coluna, em especial a área 
lombo-sacral, percorrendo a linha médial 
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Observe reflexos arcaicos: sucção, preensão 
palmo-plantar e moro, que são atividades 
próprias do recém-nascido a termo, sadio. 
 
- DADOS ANTROPOMETRICOS 
A monitorização do crescimento de forma rotineira é amplamente aceita por profissionais de 
saúde e é um componente da consulta para a criança no mundo inteiro. Os registros do peso, 
da estatura e do comprimento, bem como do perímetro cefálico da criança, aferidos nos gráficos 
de crescimento, são recomendáveis para todas as consultas, para crianças de risco ou não, até 
os 2 anos de idade. Entre os 2 e os 10 anos de idade, deve-se aferir o peso e a altura e plotá-los 
no gráfico nas consultas realizadas. A altura para a idade é o melhor indicador de crescimento 
da criança e, no Brasil, representa o deficit antropométrico mais importante. O índice de massa 
corporal (IMC) teve seu uso validado em crianças como bom marcador de adiposidade e 
sobrepeso, além do fato de que seu valor na infância pode ser preditivo do IMC da vida adulta. 
Recomenda-se a plotagem de peso, estatura/comprimento nas curvas de IMC por idade e 
gênero desde o nascimento. 
 
- RASTREAMENTO PARA DISPLASIA EVOLUTIVA DO QUADRIL 
Não há consenso na literatura sobre a efetividade da redução de desfechos clínicos com o 
rastreamento para displasia evolutiva do quadril. Mesmo assim, os protocolos recomendam a 
sua realização pois o diagnóstico precoce (anterior aos 3 a 6 meses de idade) é importante na 
escolha de tratamentos menos invasivos e com menores riscos de complicações. 
Identificam-se três fatores de risco para luxação congênita do quadril: gênero feminino, crianças 
com história familiar de displasia congênita do quadril e parto com apresentação pélvica. 
Meninos sem risco ou com história familiar de subluxação do quadril têm o menor risco de ter 
displasia evolutiva do quadril. Meninas sem risco e meninos nascidos de apresentação pélvica 
têm risco intermediário. Já meninas com história familiar de subluxação do quadril e nascidas 
de apresentação pélvica têm o mais alto risco para displasia do quadril. 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Se houver a opção por realizar o rastreamento, deve-se proceder às manobras de Barlow 
(provocativa do deslocamento) e Ortolani (sua redução) nas primeiras consultas (15 dias, 30 dias 
e 2 meses), testando um membro de cada vez, conforme mostra a figura 1, apresentada a seguir: 
 
A observação da limitação da abdução dos quadris e o encurtamento de um dos membros 
inferiores devem ser os exames de rastreamento nas consultas após os 3 meses de idade, ou 
seja, nas consultas dos 4, 6, 9 e 12 meses. Quando a criança começa a deambular, a partir da 
consulta dos 12 ou dos 18 meses, a observação da marcha da criança é o exame de escolha. Os 
testes de Trendelenburg positivo,* marcha anserina** e hiperlordose lombar possibilitam o 
diagnóstico. 
 
 
• AVALIAÇÃO E ORIENTAÇÃO 
 
- AVALIE A PRESENÇADE SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE À SAÚDE DO REC-
EM-NASCIDO 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Criança residente em área de risco, baixo peso ao nascer, prematuridade, asfixia grave 
ou apgar menor que 7, mãe com menos de 18 anos de idade. 
 
Outras situações reconhecidas de vulnerabilidade: o aleitamento materno ausente ou 
não exclusivo, gestação gemelar, malformações congênita, mais que três filhos 
morando juntos, ausência de pré-natal, problemas familiares e socioeconômicos que 
interfira na saúde da criança, problemas físicos da criança que interfira na sua saúde, 
não realização de vacinas, identificação de atraso no desenvolvimento. 
 
- AVALIE E ORIENTE OS PAIS SOBRE OS SINAIS DE PERIGO NA CRINAÇA COM MENOS DE 
2 MESES E SOBRE A NECESSIDADE DE PROCURAR ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA 
 
 - PROMOVA E APOIE O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E AUXILIE A FORMAÇÃO 
OU O FORTALECIMENTO DO VÍNCULO ENTRE OS PAIS E O BEBÊ. 
 
A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida, 
apresenta menor morbidade. Por isso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde 
Estimule amamentação, orientando a livre demanda e não prescreva suplementação 
desnecessária com outros leites. 
A formação ou o fortalecimento do vínculo entre os pais e o bebê é importante também 
para auxiliar os pais na percepção das necessidades do bebê e para estimulá-los a prover 
os cuidados necessários a ele. 
 
- ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE OS CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO 
 
Algumas orientações são importantes e devem ser fornecidas aos pais, como por 
exemplo: 
- A lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê deve ser 
orientada em todas as visitas de puericultura, como objetivo de evitar de evitar a 
propagação de micro-organismos causadores de doenças respiratórias. 
- Orientar a família de modo a não permitir que as pessoas fumem dentro de casa ou 
que aquelas que acabaram de fumar peguem o bebê no colo 
- Oriente- os a respeito do banho e cuidados como coto umbilical, que deve cair nas 
primeiras duas semanas. Para isso o coto deve ser mantido limpo e seco. Orientar sobre 
a troca de fraldas, a prevenção de assaduras, os hábitos de sono e os diferentes tipos de 
choro. 
- Oriente a respeito da posição supina (de barriga pra cima) para dormir e a sua relação 
de proteção contra morte súbita de lactante. Caso se pratique o coleito (quando o bebê 
dorme com os pais) alerte-os para os casos em que certos comportamentos do pais (uso 
de bebidas alcoolicas, cigarros, drogas ilícitas e licitas) podem acarretar maior risco de 
morte para o bebê, além de lesões não intencionais. 
- Existem também boas evidências para o aconselhamento antecipado referente ao 
choro noturno e aos diferentes significados do choro: sono, fome, desconforto, dor... 
 
- PREVENÇÃO DE ACIDENTES: 
deve-se cuidar da temperatura do banho e não se deve deixar a criança sozinha na banheira, 
mesmo que com pouca água. Oriente a família a manter as grades do berço em boa distância, 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Oriente a família a utilizar cobertas leves e travesseiro firme para evitar a sufocação do bebê. Se 
estiver frio, é preferível agasalhá-lo com maior quantidade de roupas do que cobri-lo com muitas 
cobertas. Oriente os cuidadores a não aquecer o leite materno, a fórmula infantil ou outros 
líquidos em forno de micro-ondas, devido ao risco de escaldamento. Transporte do bebê em 
automóvel deve ser feito sempre no banco traseiro, em cadeirinha especial para lactente, com 
cinto de segurança e com a criança posicionada na cadeirinha apropriada de costas para o 
motorista. A criança não deve ser deixada perto de animais, mesmo os animais de casa, pois eles 
podem ter reações imprevisíveis 
 
- ORIENTAÇÕES PARA O CALENDÁRIO DE IMUNIZAÇÕES 
É importante verificar se o recém-nascido recebeu a 1a dose da vacina contra hepatite B e da 
BCG na maternidade e se será necessário indicar a aplicação dessas vacinas na unidade de saúde. 
 
- COMBINE O CALENDÁRIO DE CONSULTAS 
O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (na 1ª 
semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º 
ano de vida (no 18º e no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, consultas anuais, próximas ao 
mês do aniversário. Essas faixas etárias são selecionadas porque representam momentos de 
oferta de imunizações e de orientações de promoção de saúde e prevenção de doenças. As 
crianças que necessitem de maior atenção devem ser vistas com maior frequência. Este 
calendário de consultas representa um consenso em relação à bibliografia consultada. 
 
 
2. ELUCIDAR A FISIOPATOLOGIA DA CÓLICA NEONATAL 
A cólica infantil é uma condição clínica frequente na infância e queixa recorrente nas primeiras 
consultas de puericultura. Sua ocorrência independe dos seguintes fatores: sexo da criança, 
peso ao nascimento, situação socioeconômica. Porém sua ocorrência depende do nível de 
escolaridade materna, do tipo de parto e da oferta de leite materno. Porém pode estar 
relacionada com os fatores gastrointestinais, é também conhecida como síndrome do excesso 
de choro. 
O conceito da literatura comumente utilizando para definição da cólica infantil é o estabelecido 
por Wessel, baseado na presença dos paroxismos de irritabilidade, agitação e choro. Quando o 
choro se faz presente, este se inicia geralmente ao entardecer, com duração igual ou mais de 3 
horas por dia, com ocorrência deste choro por 3 dias da semana ou mais, e que se estende por 
um período de no mínimo três semanas. 
O inicio da cólica ocorre na segunda semana após o nascimento e persiste até a sexta semana, 
ou até o terceiro mês de vida, sendo prevalente em aproximadamente 10% a 30% dos lactantes. 
Contudo, há falta de evidências cientificas que definam etiologia e patogenia da cólica com 
clareza, sendo assim, não existe um tratamento especifico, mas se sabe que quando a criança 
alcança a idade de 4-6 meses, o problemas resolve-se espontaneamente. 
Sobre a etiologia o que se sabe é que está relacionada à imaturidade fisiológica, tendo múltiplos 
fatores da sua causa, podendo ser divididos em fatores gastrointestinais e não gastrointestinais. 
Os fatores mais mencionados pela literatura forma: (1) disfunção gastrointestinal; (2) 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
imaturidade do sistema gastrointestinal que gera acumulo de gases e consequente distensão 
abdominal e dor, (3) má absorção alimentar, (4) dismotilidade gastrointestinal, (5) 
hipermotilidade gastrointestinal, (6) insuficiência de enzimas fisiológicas no sistema intestinal, 
(7) hiperperistalse do colon, (8) refluxo gastroesofágico, (9) desequilíbrio hormonal intestinal, 
(10)dificuldades de relacionamentos entre pais e filhos, (11) desregulação no SNC e autônomo. 
Em adição, um estudo mostrou que as crianças que não são alimentadas no seio materno 
apresentam maios incidência de cólica infantil da que recebem leite materno. 
O leite materno tem um efeito inibidor da cólica e do choro, devido a liberação de melatonina, 
hormônio com propriedades miorrelaxantes ao sistema gastrointestinal. Ele gera aumento do 
esvaziamento gástrico, aumento do peristaltismo do instestino delgado e diminuição no tempo 
do trânsito intestinal. Em contraponto, aponta-se que o leite materno contém o fator de necrose 
tumoral alfa (TNF-alfa) que desregula a produção de melatonina e os níveis de serotonina do 
bebê, desencadeando a cólica no lactente. 
Para o diagnostico da cólica, os pais se baseiam na presença do choro do filho, sendo que este 
é estridente, inconsolável, incessante, intenso e está acompanhado de contratura das pernas e 
do corpo, rubor da face, fanzir de sobrancelhas, caretas, sudorese e a agitação em que o filho se 
encontra. A presença do choro da criança causa na mãe e na família preocupações e nervosismo, 
e por não conhecer a causa certa do como cessar esse choro sentimentosde impotência, 
desespero e pena da criança surgem, ao vivenciarem esta situação. 
Apesar dos tratamentos não terem sua eficácia comprovada cientificamente, os pais lançam-se 
nos contínuos processos de experimenta-los e verificar seus efeitos. Sendo assim, algumas 
intervenções são adotadas no manejo da cólica infantil no intuito de amenizar a dor e o choro. 
Dentre elas destacam-se: (1) acumputura que resulta na redução do choro, melhora na 
qualidade do sono e na agitação do bebê, (2) massagem, por ser um método de fácil 
aplicabilidade e de estímulo na formação de vínculo com mãe e filho e a aromoterapia que 
assim como a massagem diminuem a ansiedade da criança, aliviam a dor e relaxam a 
musculatura, (3) sacarose oral por liberar opioides endógenos que proporcionam um efeito 
analgésico (4) introdução de chá de ervas, (5) os medicamentos anticolinérgicos, (6) 
medicamentos alopáticos muitas vezes ofertados à criança sem a prescrição médica, (7) 
diferentes maneiras de segurar o bebê, como os bruços, por exemplo, concomitantemente com 
a realização de diversos tipos de balanço e aconchego, (8) colocar a barriga do bebê em contato 
com a barriga da mãe e/ou algum membro da família, (9) exercícios com as pernas, (10)uso do 
calor na barriga com o pano quente, (11) uso de probióticos na diminuição do tempo de choro. 
Em adição, um estudo mostra que a realização de uma dieta hipoalergênica e a restrição 
alimentar da mãe que amamenta trazem repercussões positivas e eficazes no surgimento da 
cólica, e essa técnica é colocada em prática por algumas mães. Porém, um estudo afirma que 
quando a mãe restringe alimentos como o leite de vaca e seus derivados, estes não surtem 
efeitos positivos, mostrando que não existe nenhuma influência de a mãe ingeri-los com a 
ocorrência da cólica. 
Quando nenhuma dessas intervenções mencionadas acima surte efeitos positivos no manejo da 
cólica, os pais e familiares recorrem a informações em livros e na internet e testam diferentes 
maneiras de alimentação e mediação na busca de solucionar a cólica infantil. 
Sendo assim, a cólica infantil traz repercurssões para a dinâmica familiar, como problemas na 
relação e interação entre pais e filhos, conflitos na relação conjugal, maus tratos à criança, 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
negligência, interferências no cuidado a outros filhos, além de isolamento de convívio familiar e 
social. 
 
 
 
 
Próximo problema 
1.Elucidar a composição e a importância do aleitamento materno 
IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO 
Já está devidamente comprovada, por estudos, por estudos científicos, a superioridade do leite 
materno sobre os leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento 
materno 
- EVITA MORTES INFANTIS: graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que 
protegem contra infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se 
que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em 
todo o mundo, por causas preveníveis. Segundo estudo de avaliação de risco, no mundo em 
desenvolvimento 
poderiam ser salvas 1,47 milhões de vidas por ano se a recomendação de aleitamento materno 
exclusivo por seis meses e complementado por dois anos ou mais fosse cumprida. Atribui-se ao 
aleitamento subótimo, conforme classificação da OMS (Tabela 1), 55% das mortes por doença 
diarreica e 53% das causadas por infecção do trato respiratório inferior em crianças dos 0 aos 
6 meses, 20% e 18% dos 7 aos 12 meses, respectivamente, e 20% de todas as causas de morte 
no segundo ano de vida (LAUER, 2006). Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto 
que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de 5 anos. No Brasil, em 
14 municípios da Grande São Paulo, a estimativa média de impacto da amamentação sobre o 
Coeficiente de Mortalidade Infantil foi de 9,3%, com variações entre os municípios de 3,6% a 
13%. 
A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, 
a mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não 
amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém ainda é o dobro no segundo 
ano de vida. 
É importante ressaltar que, enquanto a proteção contra mortes por diarréia diminui com a 
idade, a proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros 
dois anos de vida. A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível 
socioeconômico. 
Enquanto para os bebês de mães com maior escolaridade o risco de morrerem no primeiro ano 
de vida era 3,5 vezes maior em crianças não amamentadas, quando comparadas com as 
amamentadas, para as crianças de mães com menor escolaridade, esse risco era 7,6 vezes maior. 
Mas mesmo nos países mais desenvolvidos o aleitamento materno previne mortes infantis. Nos 
Estados Unidos, por exemplo, calcula-se que 
o aleitamento materno poderia evitar, a cada ano, 720 mortes de crianças menores de um ano. 
 
- EVITA DIARREIAS: Há fortes evidências de que o leite materno protege contra diarreia, 
principalmente em crianças mais pobres. É importante destacar que essa proteção pode 
diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco de 
diarreia nos primeiros seis meses. Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce 
influência na gravidade dessa doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior 
de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com as amamentadas. 
 
-EVITA INFECÇÃO RESPIRATÓRIA: A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi 
demonstrada em vários estudos realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. 
Assim como ocorre com a diarreia, a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos 
primeiros seis meses. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção 
respiratória. O aleitamento materno também previne otites. 
 
- DIMINUI O RISCO DE ALERGIAS: Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros 
meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de 
outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes. A exposição a pequenas doses de 
leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por 
isso é importante evitar o uso desnecessário de formulas infantis. 
 
- DIMINUI O RISCO DE HIPERTENSÃO, COLESTEROL ALTO E DIABETES: Há evidências sugerindo 
que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. Individuos amamentados 
apresentam pressões sistólicas e diastólicas mais baixas, níveis menores de colesterol total e 
risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. 
Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher 
que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano 
de lactação. Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que 
amamentam. A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um 
importante determinante do Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu 
aparecimento em 50%. Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90% das 
crianças até três meses não recebessem leite de vaca 
 
- REDUZ A CHANCE DE OBESIDADE: A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre 
obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou 
menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. Na 
revisão da OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, os 
indivíduos amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar 
sobrepeso/obesidade. É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração 
do aleitamentomaterno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, 
menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/ obesidade. 
 
-MELHOR NUTRIÇÃO: Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes 
essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais 
bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de 
suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses, e continua 
sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, 
gorduras e vitaminas. 
 
-EFEITO POSITIVO NA INTELIGÊNCIA: Há evidências de que o aleitamento materno contribui para 
um melhor desenvolvimento Cognitivo. A maioria dos estudos conclui que as crianças 
amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto quando comparadas com as não 
amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Os mecanismos envolvidos na 
possível associação entre aleitamento materno e melhor desenvolvimento cognitivo ainda não 
são totalmente conhecidos. Alguns defendem a presença de substâncias no leite materno que 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
otimizam o desenvolvimento cerebral; outros acreditam que fatores comportamentais ligados 
ao ato de amamentar e à escolha do modo como alimentar a criança são os responsáveis. 
 
-MELHOR DESENVOLVIMENTO DACAVIDADE BUCAL: O exercício que a criança faz para retirar o 
leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, 
propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento 
correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. 
Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o 
assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a 
passagem do ar, prejudicando a respiração nasal. 
Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, 
podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da 
fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora- oral. 
 
- PROTEÇÃO CONTRA O CÂNCER DE MAMA: 
 
- PROMOÇÃO DO VÍNCULO AFETIVO ENTRE MÃE E FILHO: Acredita-se que a amamentação traga 
benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma amamentação prazerosa, os olhos nos 
olhos e o contato contínuo entre mãe e filho certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, 
oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança 
e de autoconfiança e de realização na mulher. Amamentação é uma forma muito especial de 
comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade de a criança aprender muito cedo a se 
comunicar com afeto e confiança. 
 
PRODUÇÃO DE LEITE MATERNO 
 
As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que são glândulas 
túbulo-alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Esses, por sua vez, são formados 
por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células mioepiteliais e, entre os lobos 
mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, tecido nervoso e tecido 
linfático. 
O leite produzido é armazenado nos alvéolos e nos ductos. Os ductos mamários não se dilatam 
para formar os seis lactíferos, como se acreditava até pouco tempo atrás. O que ocorre é que 
durante as mamadas, enquanto o reflexo de ejeção do leite está ativo, os ductos sob a aréola se 
enchem de leite e se dilatam. 
A mama, na gravidez, é preparada para a amamentação (lactogênese fase I) sob a ação de 
diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos 
ductos lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também 
estão envolvidos na aceleração do crescimento mamário, tais como lactogênio placentário, 
prolactina e gonadotrofina coriônica. Na primeira metade da gestação, há crescimento e 
proliferação dos ductos e formação dos lóbulos. Na segunda metade, a atividade secretora se 
acelera e os ácinos e alvéolos ficam distendidos com o acúmulo do colostro. A secreção láctea 
inicia após 16 semanas de gravidez. Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há 
uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com consequente 
liberação de prolactina pela hipófise anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do 
leite. Há também a liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela hipófise 
posterior, que tem a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, 
expulsando o leite neles contido. 
A produção do leite logo após o nascimento da criança é controlada principalmente por 
hormônios e a “descida do leite”, que costuma ocorrer até o terceiro ou quarto dia pós-parto, 
ocorre mesmo se a criança não sugar o seio. Após a “descida do leite”, inicia-se a fase III da 
lactogênese, também denominada galactopoiese. Essa fase, que se mantém por toda a lactação, 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
depende principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. Quando, por qualquer 
motivo, o esvaziamento das mamas é prejudicado, pode haver diminuição na produção do leite, 
por inibição mecânica e química. O leite contém os chamados “peptídeos supressores da 
lactação”, que são substâncias que inibem a produção do leite. A sua remoção contínua com o 
esvaziamento da mama garante a reposição total do leite removido. Outro mecanismo local que 
regula a produção do leite, ainda não totalmente conhecido, envolve os receptores de prolactina 
na membrana basal do alvéolo. À medida que o leite se acumula nos alvéolos, a forma das 
células alveolares fica distorcida e a prolactina não consegue se ligar aos seus receptores, 
criando assim um efeito inibidor da síntese de leite. 
Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, sob estímulo da 
prolactina. A ocitocina, liberada principalmente pelo estímulo provocado pela sucção da criança, 
também é disponibilizada em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e 
choro da criança, e a fatores de ordem emocional, como motivação, autoconfiança e 
tranqüilidade. Por outro lado, a dor, o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a 
insegurança e a falta de autoconfiança podem inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a 
saída do leite da mama. Nos primeiros dias após o parto, a secreção de leite é pequena, e vai 
aumentando gradativamente: cerca de 40-50 mL no primeiro dia, 300-400 mL no terceiro dia, 
500-800 mL no quinto dia, em média. 
Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança mama e 
da frequência com que mama. Quanto mais volume de leite e mais vezes a criança mamar, maior 
será a produção de leite. Uma nutriz que amamenta exclusivamente produz, em média, 800 mL 
por dia. Em geral, uma nutriz é capaz de produzir mais leite do que a quantidade necessária para 
o seu bebê. 
 
COMPOSIÇÃO 
 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
Apesar de a alimentação variar enormemente entre as pessoas, o leite materno, 
surpreendentemente, apresenta composição semelhante para todas as mulheres que 
amamentam do mundo. Apenas as com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na sua 
qualidade e quantidade. Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém 
mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do 
sétimo ao décimo dia pós-parto. O leite de mães de recém-nascidos prematuros é diferente do 
de mães de bebês a termo. Veja na Tabela 2 as diferenças entre colostro e leite maduro, entre 
o leite de mães de prematuros e de bebês a termo e entre o leite materno e o leite de vaca. Esse 
tem muito mais proteínas que o leite humano e essas proteínas são diferentes das do leite 
materno. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, 
de difícil digestão para a espécie humana. 
 
 
 
A concentraçãode gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do 
final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a 
criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. 
O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra 
infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes 
nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos 
entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com 
os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens 
prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no leite materno diminui ao 
longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então. 
Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e 
IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. Esse favorece 
o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, 
dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e 
Escherichia coli. 
Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente destruídos pelo 
calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de 62,5o C 
por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru.

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