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Fundamentos da Pedagogia Social

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Fundamentos da Pedagogia Social
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V
1.
1
2/223
Fundamentos da Pedagogia Social
Autoria: Rita de Cássia Moreno Barbosa
Como citar este documento: BARBOSA, Rita de Cássia Moreno. Fundamentos da Pedagogia Social. Va-
linhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola 05
Unidade 2: Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas 32
Unidade 3: Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis 60
Unidade 4: O Educador e o Pedagogo Social 87
2/223
Unidade 5: Lideranças na Educação Social 119
Unidade 6: Pedagogia Social e Identidades do Educador Social 145
Unidade 7: Responsabilidade Social e Relações Intersetoriais 172
Unidade 8: Função das Instituições Sociais e Educacionais na Sociedade Contemporânea 197
3/223
Apresentação da Disciplina
Esta disciplina tem como pressuposto apre-
sentar os principais fundamentos da Pe-
dagogia Social, demonstrando seu caráter 
científico e autônomo em relação a outras 
ciências. Veremos que, ainda que inter-re-
lacionada com outras áreas do conheci-
mento, tais como: a Sociologia, a Psicolo-
gia, a Pedagogia e a Assistência Social, por 
exemplo, ela se diferencia não apenas pelos 
seus objetivos, mas pela perspectiva pela 
qual reflete e interfere sobre seu objeto de 
estudo. A população marginalizada econô-
mica e socialmente é seu principal foco de 
trabalho, mas não é o único. A partir de uma 
incursão histórica, abordaremos de que for-
ma a Pedagogia Social vem se estruturando 
enquanto teoria social, bem como quais são 
seus desafios, impasses e perspectivas em 
construção.
O objetivo dessa reflexão teórica é dar um 
panorama da amplitude de atuação do 
Educador Social e do Pedagogo Social e 
abastecer esses profissionais de um reper-
tório teórico e metodológico para que eles 
estejam preparados para intervirem crítica 
e responsavelmente em diversas realida-
des sociais, culturais, políticas e pedagógi-
cas. Para tanto, serão tratados dentro dessa 
disciplina perspectivas educacionais e ge-
renciais para que o profissional seja capaz 
de ocupar todos os níveis organizacionais – 
dentro de espaços formais ou não formais 
de educação. Este estudo se configura em 
um importante passo para a profissionali-
zação da área e para o reconhecimento da 
legitimidade de atuação dos atores sociais 
que, há tempos, já trabalham com esses pú-
blicos marginalizados.
4/223
A partir de autores considerados referência 
no assunto, apresentaremos a realidade tal 
qual está colocada, na perspectiva de que 
esse conhecimento possa munir e garantir 
a profissionalização dos atores da área para 
que uma nova realidade possa emergir. Edu-
cação integral, integradora e libertadora é o 
objetivo final da Pedagogia Social.
5/223
Unidade 1
Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola
Objetivos
1. Apresentar o contexto histórico que 
fundamentou a teoria da Pedagogia 
Social enquanto ciência;
2. Discorrer sobre as origens de uma Pe-
dagogia Social no Brasil;
3. Apresentar os principais conceitos da 
Pedagogia Social, bem como seus ob-
jetivos e seu objeto de estudo.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola6/223
Introdução 
Nesta unidade discutiremos os princípios 
fundamentais da Pedagogia Social enquan-
to uma área do conhecimento independen-
te. Iniciaremos fazendo uma breve revisão 
histórica a respeito da sua origem como ci-
ência, tanto no Brasil como em outras partes 
do mundo. Trataremos sobre as bases teó-
ricas e práticas sobre as quais ela tem sido 
fundamentada e sobre as dificuldades de 
se falar sobre uma ciência em construção, 
pois suas definições ainda estão em deba-
te. Por fim, buscaremos encontrar, dentre o 
referencial teórico dos principais autores do 
tema, algumas concordâncias e dissonân-
cias acerca de seu objeto de estudo e seus 
objetivos empíricos. 
Ao longo desta discussão teórica, você en-
contrará alguns materiais complementares 
que servirão para enriquecer seu conheci-
mento sobre o tema e trazer outras pers-
pectivas sobre a Pedagogia Social. A boa 
compreensão desta aula será fundamental 
para melhor desenvolvermos os assuntos 
abordados nos próximos conteúdos da dis-
ciplina. Portanto, certifique-se de que esses 
conceitos tenham ficado bem esclarecidos 
e, caso necessário, retome a leitura de algu-
mas partes que precisam ser reforçadas. Os 
exercícios propostos pela unidade também 
favorecerão para esse propósito. 
Para iniciarmos as discussões, sugiro que 
você assista a essa entrevista dada por um 
dos autores mais importantes da Pedagogia 
Social no Brasil na contemporaneidade, o 
Prof.º Dr. Roberto da Silva. 
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola7/223
1. Fundamentação e desenvolvimento da pedagogia social
É difícil precisar exatamente quando nasceu a Pedagogia Social. Estima-se que sua origem esteja 
associada ao período pós 2ª Revolução Industrial (final do século XIX), impulsionada pela neces-
sidade de atuar junto aos grupos marginalizados como consequência do grande impacto econô-
mico e social sofrido por boa parte da população europeia. O alemão Paul Natorp (1854 – 1924) 
Link
A entrevista possui 3 partes curtas, de cerca de 15 minutos cada, mas é bem interessante para nos dar a 
dimensão do que a Pedagogia Social tem como principal objetivo na atualidade.
Parte 1: ENTREVISTA com Roberto da Silva. [s.i]: Youtube, 2014. Son., color. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=YOyrHcov82Y>. Acesso em: 31 jul. 2017. Parte 1
Parte 2: ENTREVISTA com Roberto da Silva. [s.i]: Youtube, 2014. Son., color. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=ZZurlhBdssI>. Acesso em: 31 jul. 2017. Parte 2
Parte 3 : ENTREVISTA com Roberto da Silva. [s.i]: Youtube, 2014. Son., color. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=zU0zMy9TaXI&t=613s>. Acesso em: 31 jul. 2017. Parte 3
https://www.youtube.com/watch?v=YOyrHcov82Y
https://www.youtube.com/watch?v=YOyrHcov82Y
https://www.youtube.com/watch?v=ZZurlhBdssI
https://www.youtube.com/watch?v=ZZurlhBdssI
https://www.youtube.com/watch?v=zU0zMy9TaXI&t=613s
https://www.youtube.com/watch?v=zU0zMy9TaXI&t=613s
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola8/223
é considerado o primeiro autor responsável 
pela sistematização das produções acadê-
micas e pela defesa de sua fundamentação 
teórica enquanto ciência independente, já 
no início do século XX.
As instabilidades que sucederam a 1ª e a 
2ª Guerra Mundial reforçaram ainda mais 
a necessidade de existência de uma ciência 
social mais intervencionista, ou seja, uma 
ciência que contribuísse enfaticamente (e 
não apenas no discurso) na ressocialização 
dos milhares de excluídos. Desde então, a 
Pedagogia Social vem sendo articulada te-
oricamente e apropriada enquanto práti-
ca de maneiras bem diferentes ao redor do 
mundo.
Link
Neste artigo disponibilizado abaixo você pode-
rá se inteirar mais profundamente sobre a forma 
como outros países, principalmente europeus, se 
apropriaram teórica e empiricamente da Pedago-
gia Social. 
PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira e MACHA-
DO, Érico Ribas. A Pedagogia Social na Educação: 
análise de perspectivas de formação e atuação 
dos educadores sociais no Brasil. In: II CONGRES-
SO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 2., 
2008, São Paulo. Disponível em: <http://www.
proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MS-
C0000000092008000100005&script=sci_
arttext>. Acesso em: 27 ago. 2017
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola9/223
No Brasil,ainda que não tenhamos tido 
grandes guerras – pelo menos não em nos-
so território – a exclusão social também se 
fez sentir. As políticas públicas não deram 
conta de sanar as crescentes demandas so-
ciais que acabaram sendo assumidas pela 
sociedade civil. Através de ONGs, funda-
ções e outras modalidades de organização, 
tais como movimentos sociais e comunitá-
rios, a sociedade passou a se envolver e in-
tervir ativamente em setores específicos. 
Portanto, a insuficiência (e ineficiência) do 
governo em atender carências e exigências 
de parte da população criou um vácuo de 
atuação e permitiu que esses novos atores 
sociais tomassem para si a responsabilida-
de total ou parcial de atendimento de ques-
tões sociais negligenciadas pelo Estado. 
Todo esse cenário aqui apresentado contri-
buiu para a emergência do que convencio-
namos chamar de Pedagogia Social.
2. Raízes de uma pedagogia so-
cial no brasil
Até este momento, tratamos sobre as con-
dições históricas e sociais que contribuí-
ram para o nascimento de uma ciência de-
nominada Pedagogia Social. Para melhor 
compreendermos o seu conceito, sugiro 
que façamos, agora, uma incursão sobre a 
forma como a Educação e a Pedagogia fo-
ram estruturadas no Brasil. Essa retomada 
é importante para que possa elucidar com o 
que essa ciência dialoga e a que se propõe. 
Esses objetivos vão ficando mais claros ao 
longo do texto. Vamos lá?!
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola10/223
2.1 A Educação como Direito 
Universal: Educação X Escolar-
ização 
O discurso da Educação enquanto Direi-
to Humano Fundamental é muito recente 
em nossa história. Sabemos que por muito 
tempo, o direito à educação estava restrito 
a determinados grupos sociais na perspec-
tiva de dar continuidade a valores culturais e 
conhecimentos históricos que garantissem 
a manutenção do status quo. Essa perspec-
tiva restritiva da educação foi se alargando 
ao longo dos anos, até ganhar constitucio-
nalidade na Legislação Federal de 1988 e na 
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996. 
Entretanto, o que essas legislações garan-
tem (ao menos no discurso) é o direito à es-
colarização e não à educação (SILVA; SILVA; 
LOPES, 2012). Percebam: o que era restrito 
a determinadas camadas sociais era o direi-
to de frequentar espaços específicos, onde 
determinados conhecimentos eram ensi-
nados. Esses conhecimentos, como bem 
sabemos, eram selecionados a partir de um 
repertório cultural de um setor também 
muito peculiar: o grupo dominante. Portan-
to, temos que um determinado grupo social 
decidiu quais conteúdos (dentro de uma 
gama de infinitas possibilidades) deveriam 
ser transmitidos e perpetuados de geração 
para geração de forma universal e homo-
gênea. A esse conjunto de informações – só 
acessível dentro de uma instituição em par-
ticular – deram o nome de Educação.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola11/223
Por muitos anos, também aqui no Brasil, a 
ideia de Educação estava limitada à percep-
ção de apreensão de conhecimentos es-
pecificamente obtidos dentro do ambien-
te escolar. Desde sua origem na década de 
1930 até reformulações curriculares sofri-
das no decorrer dos anos 1960, os cursos de 
Pedagogia pouco avançaram no debate de 
pensar a educação como uma experiência 
que pudesse ocorrer fora da escola. A Peda-
gogia acostumou-se a pensar a educação e 
o pedagogo circunscritos a limitar-se à es-
cola. Nos últimos anos houve algumas mu-
danças (ainda que tímidas) nessa perspec-
tiva de Educação. A própria Reforma Edu-
cacional proposta em 1996, por exemplo, já 
propiciava uma releitura mais ampla sobre 
as demandas pedagógicas e da atuação do 
pedagogo.
É bem verdade, entretanto, que grande par-
te do que essas legislações trazem é apenas 
contemplativo, ou seja, estão registradas 
e legitimadas por leis de direito, mas não 
se constituem em lei de fato. Muitas delas 
nasceram da impossibilidade de continuar 
ignorando setores sociais, que há tempos 
já reivindicavam essas demandas. Mas, de 
forma nenhuma, essas leis asseguram efe-
tivo esforço e energia do Estado em garantir 
sua efetividade. (SILVA; SILVA; LOPES, 2012). 
O que nos ampara é que essa legitimidade 
constitucional possibilita e fundamenta um 
debate entre sociedade civil e governo. 
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola12/223
Pois bem, retomemos a ideia que tratáva-
mos no tópico anterior: vimos que nesses 
espaços onde o Estado não chega, outros 
atores políticos começaram a atuar. Discu-
timos também que esse trabalho de inter-
venção social foi por muitos anos (e conti-
nua sendo) desenvolvido por organizações 
independentes dos órgãos governamentais, 
o que significa dizer que essas atuações são, 
muitas vezes, desenvolvidas de forma vo-
luntária ou contam com recursos extrema-
mente reduzidos. Além disso, geralmente 
esses grupos de trabalho atuam em realida-
des locais e não possuem grandes conheci-
mentos das condições estruturais daqueles 
problemas sociais específicos. 
A predominância de profissionais pouco (ou 
nada) qualificados, bem como a inexistên-
cia de um mínimo de sistematização do tra-
balho desenvolvido (a partir da criação de 
parâmetros, indicadores, metodologias de 
trabalho e avaliação) tem contribuído para 
Para saber mais
Na LDB, em Artigo 1º afirma que: “A educação 
abrange os processos formativos que se desen-
volvem na vida familiar, na convivência humana, 
no trabalho, nas instituições de ensino e pesqui-
sa, nos movimentos sociais e organizações da 
sociedade civil e nas manifestações culturais.” O 
que aparentemente dá uma dimensão ampliada 
da Educação, mas já no 1º Parágrafo deste capí-
tulo afirma: “Esta Lei disciplina a educação esco-
lar, que se desenvolve, predominantemente, por 
meio do ensino, em instituições próprias.” 
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola13/223
um cenário um tanto quanto caótico de 
atuação na área. Esse contexto, no entanto, 
vem sendo gradativamente transformado, 
e a conformação de uma teoria da Pedago-
gia Social tem tido grande responsabilidade 
nesse sentido.
3. Pedagogia social: princípios e 
objetivos
Agora sim, que tal tratarmos sobre a Peda-
gogia Social propriamente dita? Acredito 
que estamos prontos.
Por se tratar de uma ciência ainda em cons-
trução, principalmente aqui no Brasil, como 
mencionamos anteriormente, é difícil esta-
belecer uma definição do conceito de Peda-
gogia Social. O termo ainda está em discus-
são pelos diferentes autores da área, que 
apresentam diferentes perspectivas sobre 
seu objeto de estudo e de propostas de in-
tervenção. O que faremos neste momento 
da disciplina é buscar organizar as principais 
ideias sobre o tema e apontar alguns cami-
nhos já trilhados por seus teóricos. O mais 
importante é que tenhamos em mente que 
a Pedagogia Social se apresenta como um 
terreno ainda pouco explorado e bastante 
fértil para a expansão do debate no sentido 
de uma educação integral e integradora do 
indivíduo.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola14/223
A primeira coisa que convém destacarmos é 
que a Pedagogia Social é a teoria que orga-
niza a prática da Educação Social. Vocês se 
lembram quando discutimos que, por muito 
tempo (e ainda hoje), a concepção hegemô-
nica de Educação era pautada no que cha-
mamos de Educação Escolar, ou seja, uma 
Educação restrita ao ambiente, normas e 
conteúdo escolar? Pois bem, a Educação 
Social nasce na tentativa de ser uma força 
contra-hegemônica dessa concepção res-
tritiva de educação. Ela defende um projeto 
mais amplo de educação, que extrapola os 
muros da escola. Uma educação que está 
em toda parte, a todo momento, pela vida 
toda e que acontece nas próprias relações 
sociais.
É importante esclarecermos que a Educação 
Social não se contrapõe a Educação Escolar; 
ela a amplia, complementa, potencializa. 
(SEVERO, MACHADO, RODRIGUES,2014). 
Para saber mais
“Pedagogia Social é o referencial teórico que fun-
damenta, dá organicidade e cientificidade às prá-
ticas de Educação Popular, social e comunitária 
forjadas nos movimentos populares, sociais e co-
munitários no Brasil. Adotada como Teoria Geral 
da Educação Social (que serve também à Educa-
ção Popular e à Educação Comunitária), sua vo-
cação primordial é tirar estas práticas educativas 
da posição marginal a que foram relegadas, tan-
to pela academia quanto pela legislação e pelas 
sucessivas políticas educacionais.” (SILVA; SILVA; 
LOPES, 2012, p. 8)
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola15/223
Seu intuito é alcançar espaços onde a escola não chega. Por isso seu público alvo prioritário (mas 
não exclusivo) são os grupos marginalizados socialmente, tais como pessoas em situação de rua, 
crianças e jovens de orfanatos, abrigos e albergues, presidiários, etc.
As categorias próprias da Pedagogia Social incluem o universo da mar-
ginalidade social, mas não se limitam a ele. Entender a Pedagogia Social 
como um projeto da sociedade significa que defendemos a ideia de que 
Educação se faz ao longo da vida, em todos os espaços e que todos são 
potencialmente educadores. (SILVA; SILVA; LOPES, 2012, p. 10)
A Pedagogia Social, portanto, não está em disputa com a Pedagogia Escolar, elas apenas têm en-
foques, perspectivas, prioridades e formas de intervenção diferentes dentro do universo da edu-
cação. (SEVERO; MACHADO; RODRIGUES, 2014). Seu grande diferencial é apresentar-se como 
uma ciência mais intervencionista, imergindo na realidade, nas histórias de vida dos indivíduos, 
na perspectiva de valorizar, organizar e sistematizar seus conhecimentos múltiplos, experiências 
e vivências em saber qualificado. Ou seja, um saber que possa ser usado socialmente, um saber 
que os empodere e os liberte de uma situação de opressão. Nesse sentido, ainda que atue sobre/
com os indivíduos, o objetivo final é sua liberdade e socialização.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola16/223
Na década de 1960, o Educador Paulo Freire, com sua metodologia de alfabetização de adultos, 
desenvolveu uma proposta pedagógica muito aproximada dessas prerrogativas, ainda que não 
tenha usado essa nomenclatura para denominar seu trabalho. Por esse motivo, além de ícone da 
chamada Educação Popular, Freire é também considerado uma das principais referências teóri-
co-metodológicas da Pedagogia Social. 
Na próxima unidade trataremos sobre as diferenças entre a Educação Formal, Educação Não For-
mal e Educação Informal, e onde se encaixam a Pedagogia Social e a Educação Popular neste 
debate. É importante, no momento, destacarmos que a Educação Não Formal se situa no interior 
da Pedagogia Social, mas não a contempla por inteiro. A Educação Formal também é seu objeto 
de intervenção, uma vez que tem como prerrogativa influenciar, inclusive, sua perspectiva edu-
cacional, tornando-a mais abrangente e integradora (individual e socialmente).
Para saber mais
A educação popular é uma proposta educacional que valoriza os conhecimentos prévios de seus alunos, 
e parte deles para a construção de novos saberes; tal propósito é muito parecido com o da Pedagogia So-
cial, e na próxima unidade na próxima unidade discutiremos suas afinidades e distanciamentos.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola17/223
Diferentemente do que ocorreu em outros 
países europeus, por exemplo, aqui no Bra-
sil, a prática antecedeu a teoria. Apesar da 
influência de Paulo Freire em meados dos 
anos 60, somente nas últimas décadas a 
Pedagogia Social tem ganhado expressiva 
visibilidade e sustentação teórica; e essa 
necessidade urgente de organização, sis-
tematização e planejamento emergiu das 
próprias práticas socioeducativas realiza-
das por profissionais que já atuavam em di-
ferentes frentes sociais. Desde então, essa 
área do conhecimento tem elaborado e es-
truturado seu referencial, trabalhando no 
sentido de impedir que suas práxis não se 
percam em ações amorfas ou meramente 
assistencialistas.
Para saber mais
Paulo Freire (1921-1997) foi um dos mais impor-
tantes educadores, internacionalmente reconhe-
cido. Suas principais contribuições estão relacio-
nadas ao caráter político e empoderador de sua 
ação pedagógica. Tornou-se universalmente re-
conhecido por sua metodologia inovadora de al-
fabetização de adultos. Para ele, a coparticipação 
do educando em seu próprio processo educativo 
era tida como fundamental para sua emancipa-
ção e autonomia social.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola18/223
São objetivos da Pedagogia Social:
• Legitimar-se enquanto ciência dotada 
de recursos técnicos e metodológicos, 
capaz de realizar ações pedagógicas 
orientadas e intencionais;
• Influenciar tanto a Educação Não For-
mal, quanto a Educação Formal no 
sentido de criar um projeto de socie-
dade em que a educação não esteja 
restrita ao âmbito escolar, porque é 
atemporal, contínua e ininterrupta. 
Isso significa dizer que a educação é 
um processo que acontece ao longo 
da vida, em todos os lugares, espaços, 
tempos e no âmbito das relações so-
ciais;
• Contribuir na elaboração de políticas 
públicas específicas para o reconheci-
mento das práticas educativas já exis-
tentes, pondo fim ao lugar de margi-
nalidade em que essas ações têm sido 
colocadas, tanto pela legislação, como 
pela academia;
• Contribuir na organização de qualifi-
cações profissionais a nível de grad-
uação e especialização, dotando seus 
Link
Para uma discussão mais aprofundada, acesse:
MACHADO, Evelcy. Pedagogia e a Pedagogia 
Social: Educação Não Formal. Disponível em: 
<http://www.boaaula.com.br/iolanda/pro-
ducao/me/pubonline/evelcy17art.html>. 
Acesso em: 30 jul. 2017.
http://www.boaaula.com.br/iolanda/producao/me/pubonline/evelcy17art.html
http://www.boaaula.com.br/iolanda/producao/me/pubonline/evelcy17art.html
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola19/223
profissionais de subsídios teóricos e 
práticos para uma efetiva intervenção 
político-pedagógica, que tenha como 
finalidade a liberdade e autonomia 
desses indivíduos.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola20/223
Glossário
Práxis: Relacionado à ação, à prática. Experimentação; momento em que a teoria toma contato 
com a realidade e suas reflexões validam ou aprimoram a teoria.
ONG: Organizações Não Governamentais.
LDB: Lei de Diretrizes e Bases.
Questão
reflexão
?
para
21/223
Como pudemos perceber, esta unidade trouxe alguns concei-
tos fundamentais para embasar a disciplina. Elabore um mini 
resumo do que vimos, destacando os principais conceitos tra-
tados aqui para facilitar seus estudos posteriores. Reflita sobre 
esses conceitos e procure averiguar suas principais dúvidas 
para reforçar seus estudos e manter um ótimo aproveitamen-
to das unidades que virão a seguir. Não se esqueça de utilizar-
-se das bibliografias complementares relacionadas ao final e 
das indicações oferecidas ao longo deste material teórico.
22/223
Considerações Finais
• A Pedagogia Social é uma teoria que organiza a prática da Educação Social.
• A Educação Social almeja a educação integral do indivíduo, sem separação 
entre o mundo da vida e o mundo da escola.
• Não há concorrência entre Educação Social e Educação Escolar, bem como 
não há relação de oposição entre Pedagogia Social e Pedagogia Escolar; a 
proposta é de complementação e integração entre elas.
• A Pedagogia Social tem como principal objetivo garantir um processo edu-
cativo democrática e libertador.
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola23/223
Referências
MACHADO, Evelcy. Pedagogia e a Pedagogia Social: Educação Não Formal. Disponível em: 
<http://www.boaaula.com.br/iolanda/producao/me/pubonline/evelcy17art.html>. Acesso em: 
30 jul. 2017.MACHADO, Evelcy Monteiro. Pedagogia social no Brasil: políticas, teorias e práticas em con-
strução. In: Anais do IX Congresso Nacional de Educação e III Congresso Sul Brasileiro de 
Psicopedagogia, 2009, Curitiba. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.
php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext>. Acesso em: 02 ago. 2017.
PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira e MACHADO, Érico Ribas. A Pedagogia Social na Educação: 
análise de perspectivas de formação e atuação dos educadores sociais no Brasil. In: II CONGRES-
SO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 2., 2008, São Paulo. Disponível em: <http://www.
proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext>. 
Acesso em: 27 ago. 2017
SEVERO, José Leonardo Rolim de Lima; MACHADO, Érico Ribas; RODRIGUES, Marli de Fátima. 
Pedagogia, Pedagogia Social e Educação Social no Brasil: entrecruzamentos, tensões e possib-
ilidades. Interfaces Científicas-educação, Aracaju, v. 3, n. 1, p.11-20, 20 out. 2014. Disponível 
em: <https://periodicos.set.edu.br/index.php/educacao/article/view/1635>. Acesso em: 01 ago. 
2017.
http://www.boaaula.com.br/iolanda/producao/me/pubonline/evelcy17art.html
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext.
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext.
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000092008000100005&script=sci_arttext
https://periodicos.set.edu.br/index.php/educacao/article/view/1635
Unidade 1 • Pedagogia Social – Uma Educação para Além dos Muros da Escola24/223
SILVA, Sheila Agda Ribeiro da, SILVA, Roberto da; LOPES, Roseli Esquerdo. O direito à educação 
sob a perspectiva da pedagogia social. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SO-
CIAL, 4., 2012, São Paulo. Associação Brasileira de Educadores Sociais. Disponível em: <http://
www.proceedings.scielo.br/pdf/cips/n4v2/32.pdf>. Acesso em 02 ago. 2017.
SOUZA NETO, João Clemente de; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério Adolfo (Orgs.). Pedagogia 
social. São Paulo: Expressão e Arte, 2009.
http://www.proceedings.scielo.br/pdf/cips/n4v2/32.pdf
http://www.proceedings.scielo.br/pdf/cips/n4v2/32.pdf
25/223
1. Sobre a origem da Pedagogia Social enquanto teoria no Brasil, é possível 
afirmar que:
a) Existe desde o século XVI, sendo retomada apenas atualmente.
b) Teve início já no Século XXI e já está amplamente consolidada.
c) Ainda não está consolidada, pois os autores não chegam a um consenso sobre o assunto e 
ainda veem a Pedagogia Escolar como fonte privilegiada de conhecimento.
d) É uma teoria relativamente nova e tem Paulo Freire como referencial teórico fundamental no 
Brasil.
e) Teve início no Brasil e depois foi apropriada por países europeus.
Questão 1
26/223
2. Sobre Paulo Freire, é correto afirmar que:
a) Nada teve a ver com a fundamentação da Pedagogia Social, visto que cuidava da Alfabetiza-
ção de Adultos.
b) Sua metodologia de trabalho se aproximava muito das propostas defendidas pela Pedagogia 
Social.
c) Estava preocupado em educar as crianças que não iam bem na escola, oferecendo uma edu-
cação escolar no contra período.
d) Ocupou-se da educação da elite social brasileira.
e) Tinha como objetivo uma educação continuísta, ou seja, uma educação de manutenção do 
status quo.
Questão 2
27/223
3. O público-alvo da Pedagogia Social é:
a) Exclusivamente os indivíduos que vivem à margem da sociedade, tais como presidiários e 
moradores de rua.
b) Exclusivamente pessoas atendidas pela educação não formal.
c) Pessoas atendidas tanto pela educação formal, quanto pela não formal, dando prioridade 
aos marginalizados socialmente.
d) Todas as pessoas interessadas em voltar a estudar para obtenção de um diploma.
e) Todas as pessoas em idade escolar.
Questão 3
28/223
4. A Educação Social é:
a) Uma proposta de educação para o mercado de trabalho.
b) Uma perspectiva de educação mais ampla e integral.
c) Contrária à educação escolar.
d) Uma educação para pessoas carentes.
e) Uma educação elitizada.
Questão 4
29/223
5. É objetivo da Pedagogia Social:
a) Contrapor-se à Pedagogia Escolar.
b) Garantir um atendimento assistencial voltado para o cuidado de seu grupo atendido.
c) Restringir a educação à esfera escolar.
d) Elaborar uma proposta de intervenção pautada na formação profissional do indivíduo.
e) Proporcionar uma educação integral e social, com perspectiva emancipatória.
Questão 5
30/223
Gabarito
1. Resposta: D.
Na década de 1960, o Educador Paulo Frei-
re, com sua metodologia de alfabetização 
de adultos, desenvolveu uma proposta pe-
dagógica muito aproximada com as prerro-
gativas defendidas pela Pedagogia Social, 
ainda que não tenha usado essa nomencla-
tura para denominar seu trabalho. Por esse 
motivo, Paulo Freire é considerado uma das 
principais referências teórico-metodológi-
cas da Pedagogia Social.
2. Resposta: B.
Na década de 1960, o Educador Paulo Frei-
re, com sua metodologia de alfabetização 
de adultos, desenvolveu uma proposta pe-
dagógica muito aproximada com as prerro-
gativas defendidas pela Pedagogia Social, 
ainda que não tenha usado essa nomencla-
tura para denominar seu trabalho. Por esse 
motivo, Paulo Freire é considerado uma das 
principais referências teórico-metodológi-
cas da Pedagogia Social.
3. Resposta: C.
É importante esclarecermos que a Educa-
ção Social não se contrapõe a Educação Es-
colar; ela a amplia, complementa, potencia-
liza. Seu intuito é alcançar espaços onde a 
escola não chega. Por isso seu público alvo 
prioritário (mas não exclusivo) são os gru-
pos marginalizados socialmente, tais como 
pessoas em situação de rua, crianças e jo-
vens de orfanatos, abrigos e albergues, pre-
sidiários, etc.
31/223
Gabarito
4. Resposta: B.
Educação Social nasce da defesa de ser uma 
força contra-hegemônica dessa concepção 
restritiva de educação. Ela defende um pro-
jeto mais amplo de educação, que extrapola 
os muros da escola. Uma educação que está 
em toda parte, a todo momento, pela vida 
toda e que acontece nas próprias relações 
sociais.
5. Resposta: E.
Educação integral, integradora e libertado-
ra é objetivo final da Pedagogia Social.
32/223
Unidade 2
Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas
Objetivos
1. Apresentar as características gerais 
dos três principais campos educacio-
nais: Educação Informal, Educação 
Formal e Educação Não Formal;
2. Destacar os principais eixos da Educa-
ção Social;
3. Discutir sobre alguns desafios teóri-
cos e metodológicos a serem supera-
dos pela Pedagogia Social.
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas33/223
Introdução
Nesta unidade aprofundaremos um pouco 
mais nossos conhecimentos sobre a Peda-
gogia Social, uma área do conhecimento 
ainda em construção, conforme discutimos 
na unidade anterior.
O primeiro objetivo desta aula será inves-
tigar os diferentes campos de atuação da 
prática educativa – Educação Informal, 
Educação Formal e Educação Não Formal –, 
bem como qualificar o caráter pedagógico, 
o público-alvo e os objetivos esperados em 
cada um deles. O intuito é que, a partir des-
sas diferenciações, possamos localizar as 
áreas de atuação da Pedagogia Social.
Daremos maior ênfase à Educação Não For-
mal por compreendermos que, apesar de 
não ser o único, configura-se em seu prin-
cipal foco de intervenção. A proposta é exa-
tamente apontar as características centrais 
da Educação Não Formal que a tornam ob-
jeto prioritário da Pedagogia Social.
A partir dessa contextualização, faremos 
alguns apontamentos acerca dos desafios e 
impasses que essa ciência tem enfrentado 
nos últimos anos, com relação a sua abor-
dagem teórica e prática e quais as possibi-
lidades de superação dessas dificuldades. 
Neste momento, apresentaremos a meto-
dologia dialética enquanto um recurso de 
extrema relevância para atingir os fins (e 
processos)propostos pela Educação Social. 
Espera-se que esses conceitos sejam bem 
compreendidos por vocês, queridos alunos, 
na perspectiva de que possamos avançar 
em nossas discussões sobre o tema sem 
grandes percalços. Preparados?
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas34/223
1. Educação informal, educação 
formal e educação não formal
Nesta unidade, apresentaremos as diferen-
ças entre os três principais campos de atu-
ação da educação: A Educação Informal, a 
Educação Formal e a Educação Não Formal; 
identificaremos suas principais motivações 
e destacaremos suas aproximações e dife-
renças. Essa caracterização é importante 
para que você, caro aluno, seja capaz de vi-
sualizar as esferas de atuação da Pedagogia 
Social e os motivos pelos quais ela atua em 
alguns campos específicos e não em outros. 
Vamos começar pela Educação Informal.
1.1 Educação Informal
É o nome dado para os processos espon-
tâneos de aquisição de conhecimento que 
o ser humano acumula durante toda sua 
trajetória de vida, pelo simples fato de fre-
quentar ou ocupar qualquer espaço social. 
Ela (a educação) é concretizada por meio de 
todas as relações e interações sociais pelas 
quais o indivíduo transita diariamente. Ao 
frequentar sua vizinhança, fazer parte de 
uma família, praticar um esporte, ir à igre-
ja, etc., o sujeito é atravessado por expe-
riências e aprendizagens que contribuem 
para a conformação de seus pensamentos 
e comportamentos. A ação educativa ocor-
re, prioritariamente, de forma involuntá-
ria. Ou seja, não há intencionalidade do ato 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas35/223
educativo, apenas o compartilhamento de 
valores culturais e sociais que são retrans-
mitidos e absorvidos em todos os lugares a 
todo tempo.
A inexistência de um espaço específico para 
que esses conhecimentos se constituam 
também é uma característica particular da 
Educação Informal. Não há um local pré-
-determinado para esse propósito, assim 
como não há um mediador, um mentor, um 
professor que a organize. Ela (a educação) é 
concretizada na relação com o outro.
Não podemos dizer que possui uma finali-
dade, já que não é intencional; mas o que 
podemos afirmar é que promove a sociali-
zação dos indivíduos, aproximando-os de 
acordo com seus gostos, hábitos e costu-
mes – organizando-os a partir de suas pre-
ferências materiais e subjetivas. São rela-
ções de aprendizagem cultural que se dão 
pela convivência, que criam sentimento de 
pertencimento e são carregadas de valores. 
(GOHN, 2006).
Esses conhecimentos não são planejados, 
sistematizados ou categorizados. São con-
tinuidades de práticas anteriores, reprodu-
zidas através de um processo de livre trans-
Para saber mais
A não intencionalidade de constituir-se como um 
espaço pedagógico é, conforme propõe alguns 
autores, o principal elemento de diferenciação 
entre a Educação Informal e a Educação Formal e 
Não Formal. Esse é o principal motivo da Pedago-
gia Social não atuar nesse campo.
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas36/223
missão de saberes. São fluxos de conheci-
mentos permanentes que atuam no âmbito 
da prática e das emoções, não perpassam 
a teoria. Não há, portanto, expectativas 
por resultados, já que o planejamento ine-
xiste. Essas vivências constituem o indiví-
duo e orientam sua forma de ser e estar no 
mundo.
1.2 Educação Formal
A Educação Formal é o campo de atuação 
que nos é mais familiar. Quando pensamos 
na palavra educação, logo somos remetidos 
à imagens e experiências em sala de aula. 
Ela é a única modalidade obrigatória e le-
galmente legitimada. 
Com relação ao espaço geográfico onde 
a Educação Formal acontece – as escolas 
– podemos afirmar que são ambientes de 
funcionamento burocratizados, onde pre-
valecem normas e padrões comportamen-
tais estipulados previamente. Essas regras 
regem o funcionamento da escola e visam 
garantir a boa convivência de todos seus in-
tegrantes – o que nem sempre acontece. Os 
agentes educadores aqui são os professores, 
constituído por profissionais especializados 
que têm a responsabilidade de propagar e 
intermediar o conhecimento dos alunos.
No Brasil, o currículo é previamente prepa-
rado e organizado e deve ser seguido em 
todo o território nacional. Através de Dire-
trizes específicas se estabelece a seleção 
dos conteúdos teóricos que serão utilizados 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas37/223
e a sistematização sequencial das ativida-
des, através da divisão em séries/idades. É 
uma modalidade do ensino que entende o 
aprendizado como um conjunto de conheci-
mentos lineares que serão gradativamente 
assimilados por seus alunos de acordo com 
sua idade, ou seja, sua capacidade intelec-
tual biológica.
Essas regulamentações devem ser seguidas 
em âmbito nacional, independentemente 
da realidade local, das características ou in-
teresses da população. Com essa metodo-
logia de trabalho o Estado garante um sis-
tema de acompanhamento mais eficaz, na 
medida em que torna possível uma avalia-
ção uniformizada para mensurar o aprendi-
zado. Isso também permite que seja criado 
um sistema de ranqueamento e hierarqui-
zação entre os diferentes estados, cidades, 
escolas e alunos, com relação aos níveis de 
conhecimento escolar. Essa homogeneiza-
ção do ensino permite, também, que estu-
dantes de diferentes espaços geográficos 
possam mudar de escola sem interrupção 
ou prejuízo na sua aprendizagem.
Ainda que no plano discursivo e legal a 
perspectiva da educação seja bastante am-
pla, como podemos constatar na LDB (Lei de 
Diretrizes e Bases) e PNE (Plano Nacional de 
Educação), por exemplo; nas relações práti-
cas, ela assume uma finalidade, prioritaria-
mente, conteudista. Desenvolver habilida-
des manuais e intelectuais que possibilitem 
a formação de um indivíduo ativo e pro-
dutivo na esfera social. A participação do 
educando, tanto na seleção das temáticas 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas38/223
abordadas, quanto no processo pedagógico 
ainda é bastante restritiva. Espera-se que 
ao final da vida acadêmica, o aluno tenha 
tido uma efetiva aprendizagem dos assun-
tos abordados, o que será referendado por 
um certificado de conclusão nacionalmente 
reconhecido, que garante sua continuidade 
de estudos em outros níveis e/ou adentrar 
no mercado de trabalho.
1.3 Educação Não Formal
Existem várias definições para essa moda-
lidade de educação. Não há unanimidade 
com relação às suas atribuições, nem sobre 
os campos e atividades que nela estão in-
seridos. Faremos aqui uma abordagem bas-
tante ampla, reiterando que ela é o principal 
– mas não único – ambiente de atuação da 
Pedagogia Social. 
Geralmente essa nomenclatura é utilizada 
para contrapor-se a educação escolar, ou 
seja, a educação que ocorre dentro das ins-
tituições escolares. Mas tal definição tam-
bém não é precisa, visto que, em muitos ca-
sos, atividades descritas como de Educação 
Não Formal desenvolvem práticas de esco-
larização e complementação dos aprendi-
zados escolares; atuando, inclusive, den-
tro das próprias instituições escolares, no 
seu contraturno. A Educação Não Formal 
também abarca práticas pedagógicas mais 
centradas em ações compensatórias e as-
sistencialistas, que atuam diretamente nas 
necessidades imediatas dos grupos e indiví-
duos, tais como questões relacionadas à ali-
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas39/223
mentação, moradia, desemprego, acompa-
nhamento familiar, entre outras. Ainda que 
reconheçamos a importância dessas ações 
sociais, não nos aprofundaremos nessa te-
mática por compreendermos que não é tema 
central da Pedagogia Social, mas sim, de 
outras ciências, tais como a Assistência So-
cial, a saúde, a psicologia, etc. Assim como a 
Educação Formal, a característica principal 
da Educação Não Formal é sua intencionali-
dade. Aqui, não necessariamente o proces-
so pedagógico ocorre no ambiente escolar. 
Ele geralmenteacontece em espaços pre-
viamente planejados para receber grupos, 
com o intuito de estabelecer interações e 
relações entre os indivíduos. A participação 
é voluntária (salvo exceções) e ela se dá pela 
perspectiva dos integrantes de aprender e 
trocar experiências. Os mediadores desse 
processo são chamados de educadores que, 
em sua maioria, são funcionários pouco (ou 
nada) qualificados profissionalmente. São 
geralmente oficineiros, ou pessoas que te-
nham know-how em algum conhecimento 
técnico e o utilizam para desenvolver ativi-
dades dentro das organizações sociais. 
Cabe uma ressalva neste sentido: há uma 
defesa bastante ampla por parte de vários 
intelectuais para que essas pessoas sejam 
reconhecidas enquanto profissionais, pois 
muitas ainda atuam de forma voluntária, ou 
com remunerações bastante precárias. No 
interior da Pedagogia Social, principalmen-
te, muitos autores defendem que eles (os 
educadores sociais) possuam uma escolari-
zação mínima e específica (a nível médio e/
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas40/223
ou técnico), para que as práticas não se per-
cam na mera reprodução mecânica de uma 
atividade, sem qualquer tipo de reflexão crí-
tica da realidade. Alguns outros, entretanto, 
defendem que muitos profissionais já têm 
uma prática crítica e transformadora mes-
mo sem a formação técnica, e, portanto, já 
devem ser reconhecidos como educadores 
sociais. Enfim, esses embates nos acompa-
nharão durante toda a trajetória de nosso 
curso, demonstrando como essas discus-
sões ainda estão vivas dentro da Educação 
Social e, mais especificamente, da Pedago-
gia Social.
Com relação à sua finalidade, podemos afir-
mar que são múltiplas, indo desde o apren-
dizado específico de uma atividade laboral, 
passando pelo reforço dos aprendizados 
escolares, até a construção de um processo 
coletivo que permita aos seus participantes 
uma leitura crítica do mundo em que vive, 
de sua própria realidade e de si mesmo; com 
a perspectiva de se auto fortalecer e pro-
piciar o fortalecimento de seus pares para 
encontrar caminhos pessoais e sociais que 
antes desconhecia. A finalidade do trabalho 
desenvolvido, portanto, vai depender das 
diretrizes e objetivos de cada instituição e 
das pessoas que a compõem.
O conhecimento que ali circula, na gran-
de maioria das vezes, não é sistematizado 
e organizado em categorias. A ideia é que 
ele seja produzido coletivamente, durante o 
percurso, e não a priori. A coparticipação no 
processo pedagógico favorece a constru-
ção de um sentimento de pertencimento de 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas41/223
seus integrantes, criando laços emocionais. 
Entretanto, sabemos que em muitos casos 
essas práticas não se efetivam, principal-
mente porque muitos profissionais que aqui 
atuam são oriundos da educação escolar e, 
por falta de experiência em outras práticas, 
a mantém como referência didática e meto-
dológica. 
A descrição dessas características da Edu-
cação Não Formal é suficiente para que 
possamos compreender porque esse campo 
educacional habita a centralidade do traba-
lho da Pedagogia Social. Muito mais do que 
conteúdos pragmáticos e conhecimentos 
historicamente acumulados, ambas com-
partilham de valores, tais como: a democra-
cia, a liberdade, a justiça, os direitos sociais 
e as diferenças culturais. (GOHN, 2006).
Evidentemente, o que aqui apresentamos 
são apenas tipos ideais de modelos educa-
tivos, ou seja, atributos centrais e generali-
zados de cada um desses campos de atua-
ção pedagógica. Sabemos, no entanto, que 
existe uma infinidade de exemplos de insti-
tuições que não se encaixam de forma exata 
em algumas dessas descrições. Destacamos 
os elementos centrais e mais recorrentes de 
Link
GOHN, Maria da Glória, 2006. “Educação Não-
-Formal na pedagogia social”. In: I Congresso In-
ternacional de Pedagogia Social, 1., 2006. Anais 
eletrônicos. Faculdade de Educação, Universidade 
de São Paulo, Disponível em: <http://www. pro-
ceedings.scielo.br>. Acesso em: 01 Ago. 2017.
http://www.proceedings.scielo.br/
http://www.proceedings.scielo.br/
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas42/223
cada uma delas para que possamos com-
preender suas interações e ressonâncias.
2. Eixos da educação social
Já destacamos o porquê da Educação Não 
Escolar ser a menina dos olhos da Pedagogia 
Social. Agora vamos mergulhar mais pro-
fundamente nos princípios que norteiam as 
ações da Educação Social. Lembrando que, 
quando falamos em Educação Social auto-
maticamente estamos falando do trabalho 
desenvolvido pela Pedagogia Social. Não 
podemos nos esquecer que a Pedagogia So-
cial é a ação materializadora da Educação 
Social, é ela que articula a intervenção no 
objeto. Exatamente a mesma relação que 
existe entre a Pedagogia Escolar e a Educa-
ção Escolar. Podemos destacar como pilares 
da Educação Social:
• DIMENSÃO SOCIAL DO SUJEITO
Conforme discutimos em outras ocasiões, 
o educando deve ser compreendido, anali-
sado, amparado e trabalhado como um ser 
social. Ainda que diga respeito a um indiví-
duo socialmente marginalizado, nenhuma 
pessoa está à margem das relações sociais. 
Não há como tomá-lo como um objeto des-
colado da comunidade onde vive, frequen-
ta, dos grupos que o circundam e das in-
terações que estabeleceu ao longo de sua 
vida. Todo ser humano, sem exceção, é um 
ser social e deve dessa forma ser conside-
rado.
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas43/223
• EDUCAÇÃO PARA EMANCIPAÇÃO
A finalidade máxima da Educação Social é a 
emancipação do sujeito. Emancipar-se sig-
nifica tornar-se livre e independente. Essa 
libertação, no entanto, não pode ser vista 
como uma condição individual. Como par-
timos do pressuposto que todo ser humano 
é um ser social, obviamente ser livre e in-
dependente refere-se ao seu direito social. 
Na prática, significa capacitar o sujeito para 
que ele seja socialmente ativo, dotá-lo de 
condições para que ele seja protagonista de 
sua própria vida. Em outras palavras, signi-
fica garantir que ele seja portador de iguais 
condições políticas, sociais e jurídicas como 
todos os outros sujeitos. 
É importante frisar que, ainda que seja uma 
preocupação constante adotada princi-
palmente com os grupos marginalizados, 
a pretensão da Educação Social é a de que 
esses direitos e essa defesa pela autonomia 
esteja em todos os âmbitos educacionais 
e de forma permanente, seja no campo da 
Educação Formal ou Não Formal.
• EDUCAÇÃO SOCIAL E ASSITENCIALIS-
MO
Uma das principais características que a 
Educação Social se propõe a desconstruir 
é sua relação direta com a prática assis-
tencialista. Já destacamos que esse tipo de 
ação intervencionista é extremamente ne-
cessária e fundamental na atuação com 
esse público, mas não é o enfoque da Edu-
cação Social como ciência. Essas medidas 
são estratégias usadas por outros campos 
científicos, tais como a Assistência Social, o 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas44/223
Serviço Social, alguns ramos da psicologia e 
das áreas da saúde. 
A Educação Social adota uma postura mais 
politizadora e empoderadora. Ela atua mui-
to mais na esfera das subjetividades, crian-
do condições para que o sujeito se fortaleça 
com ideias, conhecimentos, saberes e expe-
riências. Sua função, inclusive, pretende ser 
mais preventiva do que reparadora.
3. Pedagogia social: impasses, 
desafios e perspectivas
Vamos agora tratar sobre algumas adver-
sidades enfrentadas pela Pedagogia Social 
no que se refere à sua prática metodológica. 
Lembramos, no entanto, que essa aborda-
gem sobre os desafios a serem enfrentadas 
estão sendo nesta unidade apenas introdu-
zidos. Nos debruçaremos sobre essa temá-
tica durante toda a trajetória do curso, em 
várias outras ocasiões. Vamos começar? 
Se pudéssemos resumir a prática da Peda-
gogia Social, seguramente apontaríamos 
duas características:
1. Ela atua na formação integral do indi-
víduo,mas seu foco é sua socialização;
2. Esse objetivo só faz sentido se o pro-
cesso educativo for democrático e co-
letivo, isso é, se o sujeito for cúmplice 
de sua aprendizagem.
É sobre esses dois princípios que vamos dia-
logar agora. 
Existe um risco muito sério e iminente de 
que essas instituições educacionais não 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas45/223
formais sejam indevidamente utilizadas e 
acabem por se configurar em territórios de 
manipulação política e/ou massificação de 
ideias. O que estamos dizendo é que, em 
muitas ocasiões, a prática do educador so-
cial se confunde com uma militância polí-
tica, e a instituição passa a funcionar como 
ambiente de imposição de ideais. Muitas 
vezes, essas estratégias de convencimen-
to soam falsamente como reflexões cole-
tivas, mas não é o que de fato ocorre. Isso 
não significa dizer que os educadores de-
vam ser isentos politicamente ou não pos-
sam exprimir suas convicções a respeito de 
algum assunto político e social. É necessá-
rio, apenas, que o educador saiba apresen-
tar suas ideias como elas de fato são: ideias. 
Nossas ideologias influenciam diretamente 
nas nossas ações e pensamentos. O que o 
educador deve atentar-se é para não fazer 
com que seus princípios prevaleçam ou se 
imponham aos demais.
Isso pode acontecer, principalmente, devi-
do ao caráter do público alvo atendido, ge-
ralmente pessoas que têm problemas de 
autodesvalorização e falta de confiança em 
seus conhecimentos e reflexões. Atrelado 
a isso, temos ainda uma predominância de 
profissionais desqualificados atuando nes-
sas áreas. Esses fatores são a condição per-
feita para que uma prática antidemocrática 
se estabeleça. 
É fundamental que a Educação Social se 
preocupe em desconstruir relações de hie-
rarquia que fatalmente serão estabelecidas 
em um primeiro momento. Obviamente, 
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas46/223
educadores e educandos ocupam lugares 
diferentes no processo educativo, mas ser 
diferente não significa ser desigual. Se o 
educando estiver alienado de seu processo 
educativo, toda finalidade da Educação So-
cial se perde. É o elemento de troca que o 
enriquece, é a via de mão dupla. Para tanto, 
o educador social deve abrir mão da relação 
verticalizada e construir saberes e conheci-
mentos a partir de relações mais horizon-
tais, sem vaidades, sem hierarquia. 
A proposta de trabalho da Pedagogia Social 
é tornar visível as regras do jogo social, para 
que o educando possa adotar uma percep-
ção mais crítica da própria realidade. Mas é 
também conhecer as regras do jogo social 
a partir do ponto de vista do educando, de 
sua realidade vivida, de suas experiências, 
do seu conhecimento e trajetórias; ponto 
de vista esse que, seguramente o educador 
desconhece. E é nesse movimento dialético 
que os saberes são construídos. No cami-
nho, e não no fim. Não estabelecidos a prio-
ri, mas coletivamente. 
“O processo de formação teórico-prático 
deve levar seus protagonistas a adquirir a 
Para saber mais
Existem diferentes concepções sobre o conceito 
de dialética. Adotaremos aqui a definição de Karl 
Marx (1818 – 1883), segundo a qual o mundo só 
pode ser compreendido a partir da contraposição 
de ideias para se chegar a um resultado: uma tese 
discute com uma antítese e juntas compõe uma 
síntese (tese-antítese-síntese).
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas47/223
capacidade de pensar por si mesmos, as-
sumindo convicções próprias, analisando 
os acontecimentos com categorias teóri-
cas para a interpretação e a transformação 
da realidade em que vivem”. (GRACIANI, 
2006, p. 4)
Adotar a dialética enquanto metodologia 
pode ser um caminho relevante para impe-
dir ou minimizar práticas pedagogizantes e 
não pedagógicas. A proposta da metodolo-
gia dialética é atuar sob a tríade: ação – re-
flexão – ação. O que isso significa? Significa 
dizer que, tanto educador quanto educan-
do devem partir das ações práticas, ou seja, 
da realidade concreta, elevar esses dados 
empíricos ao nível da reflexão, pensar sobre 
eles e organizá-los conceitualmente, para 
então ser capaz de retornar à realidade e 
atuar sobre ela, transformando-a, compre-
endendo-a, etc.
Link
A ideia de práticas educacionais pedagogizantes 
referem-se a práticas pedagógicas disciplina-
doras e autoritárias. Para compreender melhor o 
conceito, acesse: AQUINO, Julio Groppa. Da “cri-
se” da educação formal ao fulgor dos processos 
de governamentalização educacional. In: Anais 
do XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática 
e Práticas de Ensino, Campinas: UNICAMP, 2012. 
Disponível em: <http://www.infoteca.inf.br/
endipe/smarty/templates/arquivos_tem-
plate/upload_arquivos/acervo/docs/0027s.
pdf>. Acesso em: 30 Jul. 2017.
http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/docs/0027s.pdf
http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/docs/0027s.pdf
http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/docs/0027s.pdf
http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/docs/0027s.pdf
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas48/223
É esse exercício crítico do pensar sobre si mesmo e sobre a realidade que o cerca que propicia o 
desenvolvimento de uma postura mais ativa e de resistência (individual e socialmente), tornan-
do-os educando-sujeitos de sua própria história.
Para saber mais
Karl Marx estava preocupado em transformar o mundo e não apenas interpretá-lo, como fizeram muitos 
filósofos. A proposta da dialética enquanto metodologia, para Marx, é uma forma de pensar a realidade 
e agir sobre ela. Ao partir da realidade material, podemos desencadear um processo reflexivo que nos 
permite conceituar, dialogar com a realidade e, a partir desses conflitos, criar uma síntese, ou seja, um 
rearranjo de nossos pensamentos e práticas. Vale muito a pena se aprofundar nessa metodologia. 
Link
Por ora, indicamos a leitura de uma breve reflexão bem esclarecedora do tema.
SALATIEL, José Renato. Marx - Teoria da Dialética: Contribuição original à filosofia de Hegel. 2008. 
Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/marx---teoria-da-dialetica-
-contribuicao-original-a-filosofia-de-hegel.htm>. Acesso em: 05 Ago. 2017.
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/marx---teoria-da-dialetica-contribuicao-original-a-filosofia-de-hegel.htm
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/marx---teoria-da-dialetica-contribuicao-original-a-filosofia-de-hegel.htm
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas49/223
Glossário
Metodologia dialética: estratégia de reflexão sobre a própria realidade. Método de análise da 
realidade, que parte dela (a realidade concreta) e passa pela abstração (pensamento crítico) para 
criar estratégias de ação (reorganização da realidade concreta). 
Diretrizes Curriculares Nacionais: referem-se a um conjunto de normas, fundamentos, princí-
pios e procedimentos que regem a Educação Básica. 
LDB: Lei de Diretrizes e Bases
PNE: Plano Nacional de Educação
A priori: pressuposto, que é definido de antemão.
Tipos Ideais: Geralmente associado a Max Weber, esse termo é utilizado para referir-se a mo-
delos ideais, que não necessariamente correspondem à realidade, mas auxiliam na análise do 
objeto estudado.
Questão
reflexão
?
para
50/223
Discutimos como a metodologia dialética se apresen-
ta como um instrumento importante de ação dentro da 
Educação Social. Imagine-se como um Pedagogo Social 
já em exercício e pense de que forma você aplicaria essa 
metodologia com seu grupo de trabalho. Descreva seu 
público alvo, reflita e narre de que forma seria sua pri-
meira abordagem com esse grupo a partir dessa impor-
tante ferramenta. Boa sorte!
51/223
Considerações Finais 
• A prática educacional pode ser dividida em: Educação Informal,Educação 
Formal e Educação Não Formal.
• A Pedagogia Social atua tanto na educação Formal, como na Não Formal, 
sendo essa última sua principal área de atuação.
• São eixos fundamentais da Educação Social: tomar o sujeito como ser so-
cial; Educar para a emancipação e Ultrapassar o estigma assistencialista.
• A metodologia dialética se constitui uma importante ferramenta teórica e 
prática para garantir um processo pedagógico democrático e emancipató-
rio.
Unidade 2 • Práticas Educacionais: Desafios e Perspectivas52/223
Referências 
DIAZ, Andrés Soriano (2006). “Uma aproximação à pedagogia-educação social”. In Revista Lusó-
fona de Educação. Lisboa, no.7, pp. 91-104.
GOHN, Maria da Glória, 2006. “Educação Não-Formal na pedagogia social”. In: I Congresso In-
ternacional de Pedagogia Social, 1., 2006. Anais eletrônicos. Faculdade de Educação, Univer-
sidade de São Paulo, Disponível em: <http://www. proceedings.scielo.br>. Acesso em: 01 Ago. 
2017.
GRACIANI, Maria Stela Santos. Pedagogia social: impasses, desafios e perspectivas em con-
strução. In: I Congresso Internacional de Pedagogia Social, 1, 2006, Anais eletrônicos. Facul-
dade de Educação, Universidade de São Paulo, Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.
br> Acesso em: 04 Ago. 2017.
PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira. Educação Popular, Educação Não Formal e Pedagogia So-
cial: Análise de conceitos e implicações para a Educação Brasileira e Formação de professores. 
Disponível em <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2103_1034.pdf>. 
Acesso em: 05 Ago. 2017.
http://www. proceedings.scielo.br
http://www.proceedings.scielo.br/
http://www.proceedings.scielo.br/
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2103_1034.pdf
53/223
1. Com relação a Educação Informal, podemos dizer que:
a) Tem uma finalidade muito clara e bem delimitada.
b) Sua principal característica é a intencionalidade do processo pedagógico.
c) Sua principal característica é a espontaneidade do processo pedagógico.
d) É realizado prioritariamente nas escolas.
e) É obrigatório por lei.
Questão 1
54/223
2. A Educação Formal é:
Questão 2
a) Obrigatória por lei.
b) Acontece em todos os ambientes sociais.
c) É feita na relação com pais, amigos e comunidade.
d) Preocupa-se com a ressocialização do indivíduo.
e) Sua frequência é voluntária.
55/223
3. A Educação Não Formal se aproxima da Educação Social porque:
Questão 3
a) Tem como prioridade a certificação e o mercado de trabalho.
b) A formação cultural e o acúmulo do conhecimento do indivíduo.
c) Assistir às necessidades básicas dos marginalizados socialmente.
d) Prioriza o conhecimento científico e conteúdo escolar.
e) Tem como objetivo tornar o indivíduo um sujeito político e social.
56/223
4. Por emancipação, a pedagogia social entende:
Questão 4
a) A liberdade individual das pessoas.
b) A independência e liberdade dos setores excluídos.
c) A liberdade e autonomia da parte escolarizada e alfabetizada da população.
d) A liberdade e autonomia social e política de todos os sujeitos, sem exceção.
e) A necessidade de auxílio assistencial para os sujeitos socialmente excluídos.
57/223
5. O método dialético pressupõe que:
Questão 5
a) Os pedagogos sociais partam de suas teorias para apoiar e fortalecer os educandos.
b) Um aprendizado de via de mão dupla, onde o conhecimento se constrói na troca, na circula-
ção de experiências e saberes.
c) O educando saiba que ocupa um lugar hierárquico diferente do educador e essa hierarquia 
deve ser respeitada para que o conhecimento aconteça.
d) Os pedagogos sociais são como professores escolares, que estão ali para repassar seus co-
nhecimentos e enriquecer seus educandos com saberes específicos.
e) Os pedagogos sociais auxiliem os educandos com suas necessidades básicas, no intuito de 
que eles possam ser reincorporados no mercado de trabalho.
58/223
Gabarito
1. Resposta: C.
É o nome dado para os processos espon-
tâneos de aquisição de conhecimento que 
o ser humano acumula durante toda sua 
trajetória de vida, pelo simples fato de fre-
quentar ou ocupar qualquer espaço social.
2. Resposta: A.
A Educação Formal é o campo de atuação 
que nos é mais familiar. Quando pensamos 
na palavra educação, logo somos remetidos 
à imagens e experiências em sala de aula. 
Ela é a única modalidade obrigatória e le-
galmente legitimada.
3. Resposta: E.
Ao longo do texto é possível perceber várias 
correlações entre elas. Destacamos: A des-
crição dessas características todas da Edu-
cação Não Formal é suficiente para que pos-
samos compreender por que esse campo 
educacional habita a centralidade do traba-
lho da Pedagogia Social. Muito mais do que 
conteúdos pragmáticos e conhecimentos 
historicamente acumulados, ambas com-
partilham de valores, tais como: a democra-
cia, a liberdade, a justiça, os direitos sociais 
e as diferenças culturais. (GOHN, 2006).
4. Resposta: D.
É importante frisar que, ainda que seja uma 
preocupação constante adotada princi-
59/223
Gabarito
palmente com os grupos marginalizados, 
a pretensão da Educação Social é a de que 
esses direitos e essa defesa pela autonomia 
estejam em todos os âmbitos educacionais 
e de forma permanente, seja no campo da 
Educação Formal ou Não Formal.
5. Resposta: B.
É fundamental que a Educação Social se 
preocupe em desconstruir relações de hie-
rarquia que fatalmente serão estabelecidas 
em um primeiro momento. Obviamente, 
educadores e educandos ocupam lugares 
diferentes no processo educativo, mas ser 
diferente não significa ser desigual. Se o 
educando estiver alienado de seu processo 
educativo, toda finalidade da Educação So-
cial se perde. É o elemento de troca que o 
enriquece, é a via de mão dupla. Para tanto, 
o educador social deve abrir mão da relação 
verticalizada e construir saberes e conheci-
mentos a partir de relações mais horizon-
tais, sem vaidades, sem hierarquia.
60/223
Unidade 3
Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis
Objetivos
1. Apresentar a trajetória histórica de 
Paulo Freire.
2. Discutir as propostas pedagógicas da 
Educação Popular.
3. Evidenciar as contribuições da Educa-
ção Popular para a Pedagogia Social.
4. Propor uma desconstrução dos cam-
pos educacionais, a fim de integrá-los 
em uma Pedagogia verdadeiramente 
social e emancipadora.
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis61/223
Introdução
Na unidade anterior procuramos sistema-
tizar os campos educacionais e enquadrá-
-los em algumas estruturas teóricas histo-
ricamente construídas. Nesta aula, nosso 
objetivo será no sentido contrário: vamos 
desconstruir essas fronteiras teóricas que 
os separam. Explico: o objetivo central da 
Pedagogia Social, como vimos, é a transfor-
mação social, a partir da emancipação do 
indivíduo. Se ambicionamos uma mudança 
na realidade, talvez não faça mais sentido 
pensarmos a educação dentro dessas caixi-
nhas, não é mesmo? E se uma nova forma 
de perceber a educação for possível? Uma 
educação para a utopia! Não é essa nossa 
proposta enquanto educadores sociais?
Por esse motivo, o esforço que faremos ao 
longo desta unidade será o de pensar “fora 
da caixinha”, ou seja, fora das amarras con-
vencionais. Para tanto, vamos conhecer um 
pouco mais da história de Paulo Freire e 
onde sua história se cruza com a Pedagogia 
Social. Discutiremos sua prática dentro da 
Educação Popular e fora dela, e suas ações 
enquanto Secretário da Educação do Muni-
cípio de São Paulo (1989-1991) durante o 
mandato de Luiza Erundina (PT). 
Ao discutirmos as contribuições da peda-
gogia freiriana à Pedagogia Social será pos-
sível vislumbrar de que maneira essa última 
pode ser pensada enquanto uma possibili-
dade de construção de um novo paradigma 
do modelo educacional vigente. Um modelo 
que entenda a educação de forma mais in-
tegral e social, capaz de acontecer em to-
das as relações e por toda nossa vida; onde 
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social:Diálogos Possíveis62/223
as fragmentações entre Informal, Formal e 
Não Formal não fazem mais sentido. 
1. Paulo Freire e a educação po-
pular
Conforme destacamos em outras ocasiões, 
são inúmeras as teorias sobre o surgimento 
da Pedagogia Social no Brasil. Alguns auto-
res afirmam que ela teve origem no início do 
século XX, quando esteve atrelada à Escola 
Nova. (MACHADO, 2012). Outros defendem 
que ela aparece como resultante da Educa-
ção Popular, na efervescência questionado-
ra dos anos 1970. Alguns ainda consideram 
que a Pedagogia Social só pode ser assim 
considerada a partir dos anos 2000, quando 
se estruturou minimamente como uma área 
científica. Independentemente de sua ori-
gem e para além das nomenclaturas classi-
ficatórias, o que de fato nos interessa é sua 
estreita relação com a Pedagogia Freiriana. 
Para compreendermos sobre o que trata 
essa pedagogia, vamos conhecer melhor 
seu idealizador: Paulo Freire foi o educa-
Para saber mais
O Movimento Escola Nova surge no Brasil no final 
do século XIX, mas ganha notoriedade a partir da 
década de 1930. Defendiam a universalização da 
escola pública, laica e gratuita, além de uma maior 
autonomia dos estudantes. Foram defensores 
desse movimento personalidades como: Anísio 
Teixeira, Cecília Meireles e Fernando de Azevedo; 
além de Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes.
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis63/223
dor brasileiro mais influente do século, com 
reconhecimento nacional e internacional. 
Nasceu em 1921, em Recife em uma família 
de classe média, mas conheceu as dificul-
dades econômicas impostas pela crise de 
1929. Já na década de 1940, ingressou no 
curso de Direito e continuou dando aulas de 
Português na escola em que se formou. 
Preocupado com a quantidade de adultos 
analfabetos na zona rural do Nordeste e 
seu consequente estado de exclusão, Pau-
lo Freire desenvolveu uma metodologia de 
alfabetização inovadora. Ao invés de utili-
zar as cartilhas prontas, que apelavam para 
a memorização de vogais e consoantes e 
partiam da junção das sílabas para formar 
palavras; ele utilizava palavras que eram 
cotidianamente usadas no contexto social 
destas pessoas. A ideia era ir ampliando o 
vocabulário com termos que fizessem sen-
tido para aquela população, que contribu-
íssem diretamente para sua realidade. Di-
ferente de uma criança que, muitas vezes, 
tem seu primeiro contato com experiências 
linguísticas, esses adultos já possuíam um 
repertório de saberes e memórias que deve-
Para saber mais
Também conhecida como a Grande Depressão, a 
Crise de 1929, caracterizou-se por uma das pio-
res recessões econômicas mundiais, ocasionadas 
pela queda drástica de ações na bolsa de valores. 
Esse período foi marcado por altas taxas de de-
semprego, exclusão social, miséria e até suicídios. 
Apesar de ter sido iniciado nos EUA, teve reper-
cussão no mundo inteiro.
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis64/223
ria ser considerado para o desenvolvimento 
de seu processo de alfabetização. Essa me-
todologia foi apenas a fagulha inicial para 
uma proposta educativa que se tornaria 
muito mais ampla e complexa nas décadas 
seguintes.
A repercussão de seu trabalho começa a 
se ampliar entre a década de 1950 e 1960, 
após a implementação de um projeto de al-
fabetização de mais de 300 adultos em 45 
dias, no Rio Grande do Norte. Devido ao seu 
engajamento político, foi perseguido du-
rante a ditadura militar brasileira e se exilou 
no Chile por alguns anos – onde escreveu 
sua obra principal: “Pedagogia do Oprimi-
do” em 1968.
Na década de 1970 desenvolveu vários 
trabalhos de educação em diversos paí-
ses africanos, como por exemplo, Angola, 
Guiné-Bissau, Moçambique, Zâmbia, etc. 
Já nos anos de 1980, com a redemocratiza-
ção, retornou ao Brasil e atuou ativamente 
na política. Foi nomeado Secretário da Edu-
cação no município de São Paulo, durante a 
prefeitura de Luiza Erundina (PT), atuando 
entre os anos de 1989 a 1991. Essa experi-
Link
Para conhecer um pouco mais sobre Paulo Freire 
e sua metodologia de trabalho, assista a esse ví-
deo:  DOCUMENTÁRIO Paulo Freire Contemporâ-
neo. Si: Tv Escola, 2015. P&B. Disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=5y9KM-
q6G8l8>. Acesso em: 05 ago. 2017.
https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8
https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8
https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis65/223
ência foi fundamental para a aproximação 
entre sociedade civil e Estado, com propos-
tas de parcerias e implementação de polí-
ticas públicas significativas para o sistema 
educacional.
Grande parte de sua obra foi nomeada de 
Educação Popular. Mas sua influência foi 
muito além, contribuiu de forma expressi-
va em diversos campos educacionais e so-
ciais. Por toda sua trajetória, Paulo Freire se 
tornou referência mundial, não só devido 
ao seu método de alfabetização, mas, prin-
cipalmente, em decorrência das suas con-
cepções pedagógicas libertadoras e eman-
cipatórias. Com a finalidade exclusivamente 
analítica, utilizaremos a nomenclatura de 
Educação Popular para desenhar algumas 
características da proposta pedagógica 
desse importante educador.
1.1 Contribuições da Educação 
Popular para a Pedagogia Social
O conceito de Educação Popular é ante-
rior a Paulo Freire. De acordo com Macha-
do (2012) sua aparição remete ao início do 
século XX e esteve atrelada ao Movimento 
da Escola Nova. Nesse momento, o concei-
to de Educação Popular tinha como objetivo 
o esclarecimento das massas, realizado por 
uma elite intelectual. Na década de 1960, 
já sob influência de Paulo Freire, houve uma 
ressignificação desse conceito. Nascia aqui 
a defesa de um processo de educação mais 
democrático, onde a participação da popu-
lação atendida era incentivada e colocada 
como ponto de partida para o fazer educa-
cional. 
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis66/223
Fazem parte do repertório teórico de Paulo 
Freire filósofos diversos, como Hegel, Luká-
cs, Sartre, Gramsci e Marx. O referencial 
marxista é bastante presente em toda a tra-
jetória teórica e prática desse pedagogo. Ao 
tratar da relação entre opressor e oprimido 
social, Paulo Freire deixa claro que está dia-
logando com o conceito de Luta de Classes, 
traçando um paralelo sobre a forma como 
essas desigualdades sociais, econômicas 
respingam no interior da educação, pro-
movendo um abismo de desigualdades. A 
pretensão de influenciar diretamente nas 
mudanças sociais estruturais, no sentido 
de diminuir as desigualdades é também he-
rança do marxismo, mais especificamen-
te de Antonio Gramsci, que tinha o campo 
educacional como um dos pontos centrais 
de sua obra.
Paulo Freire parte do pressuposto de que 
toda educação é necessariamente um ato 
político. Ainda que algumas teorias edu-
Para saber mais
O conceito de Luta de Classes criado por Karl 
Marx, refere-se à tensão permanente existente 
entre grupos de classes econômicas sociais dife-
rentes. De acordo com Marx, esses conflitos são 
originados por interesses antagônicos das dife-
rentes classes, no que se refere às questões eco-
nômicas, políticas e sociais.
Antonio Gramsci (1891-1937) foi um filósofo ita-
liano, fortemente influenciado pela teoria marxis-
ta e um dos autores mais relevantes a tratar sobre 
a temática da educação.
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis67/223
cacionais se apresentem como neutras ou 
puramente científicas, elas mascaram sua 
intenção de continuidade e manutenção do 
status quo. Essa situação de permanência 
beneficia a classe social mais privilegiada, já 
que é ela quem dita, organiza e hierarquiza 
os saberes que serão ensinados nas insti-
tuições educacionais. As investidas dos se-
tores privilegiados para a continuidade das 
relações de poder, no entanto, nem sempre 
se apresentam em embates explícitos;po-
dem ocorrer através de atos de omissão, 
negligência, alienação ou passividade, por 
exemplo. O não reconhecimento do currícu-
lo escolar como um currículo que tem uma 
intencionalidade política, é, em si, um ato 
político. Não há neutralidade na educação, 
toda proposta pedagógica implica valores e 
princípios que ambicionam um modo de ver 
o mundo e um projeto de sociedade especí-
fico. Parece evidente afirmarmos que a pe-
dagogia tradicional e hegemônica operante 
no Brasil não privilegia mudanças sociais.
Nesse sentido, a Educação Popular traz al-
gumas características inovadoras quando 
comparada às tradições pedagógicas, den-
tre as quais destacamos:
• Teorizar a prática na perspectiva de 
transformá-la.
• Os sujeitos devem ser protagonistas 
de seu processo educativo.
• Reconhecimento dos saberes popula-
res enquanto saberes legítimos. 
• Método de ensino que parte da reali-
dade dos sujeitos.
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis68/223
• Reflexão crítica sobre a realidade.
• Ênfase nos processos e não nos resul-
tados.
• Educação enquanto exercício da de-
mocracia, métodos participativos, 
dialógicos e críticos.
• Qualquer espaço pode ser educativo.
• Educação enquanto produção de co-
nhecimento e não como transmissão 
de conteúdos.
• Transposição da fronteira entre for-
mal e não formal, a educação é social 
e, necessariamente, um ato político.
• A utopia é o que move a educação – 
educação para a transformação.
Todas essas características se configuraram 
em importantes contribuições freirianas 
para a organização da Pedagogia Social. Se-
gundo Machado (2012), a grande diferença 
entre Educação Popular e Pedagogia Social, 
além da sua origem e ressignificações atu-
ais, é a pretensão da segunda em se esta-
belecer como uma área do conhecimento, 
buscando reconhecimento acadêmico e le-
gitimidade institucional; na perspectiva de 
influenciar políticas públicas e garantir for-
mação profissional para seus educadores. 
1.2. Desconstruindo barreiras 
conceituais
Para Gadotti (2012, p. 25), “a Pedagogia 
Social caracteriza-se como um projeto de 
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis69/223
transformação política e social, visando ao 
fim da exclusão e da desigualdade”. Nes-
se sentido, ela pode ser considerada uma 
“Pedagogia da Práxis”, e o conceito de prá-
xis, como discutimos anteriormente, está 
relacionado à ideia de ação. Na perspecti-
va marxista, ela se constitui em uma ação 
transformadora, e como dialoga, a todo 
momento, com a prática, é uma ação que, 
transforma e é transformada a todo tem-
po, acompanhando a mudança que ajudou 
a promover, se auto questionando e se auto 
reformulando a partir dessa nova realida-
de. Em outras palavras: partimos da reali-
dade, para refletir sobre ela e agir sobre ela. 
No momento em que agimos sobre ela e a 
transformamos, mudamos nosso ponto de 
partida: a “nova” realidade; sobre a qual re-
fletiremos para, novamente, transformá-la, 
em um movimento contínuo e ininterrupto. 
Reflexão e ação são complementares, não 
faz sentido um sem o outro.
A consciência de si e do mundo ao seu redor 
contribui para a liberdade e para uma atu-
ação social mais efetiva. Ao compreender-
-se como protagonistas, os sujeitos adotam 
outras posturas na vida coletiva. O fato da 
Link
Para uma melhor compreensão sobre o concei-
to, acesse: GADOTTI, Moacir.  Pedagogia da Prá-
xis. Disponível em: <http://gadotti.org.br:8080/
xmlui/bitstream/handle/123456789/426/
AMG_PUB_02_055.pdf?sequence=2&i-
sAllowed=y>. Acesso em: 10 ago. 2017.
http://gadotti.org.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/426/AMG_PUB_02_055.pdf?sequence=2&isAllowed=y
http://gadotti.org.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/426/AMG_PUB_02_055.pdf?sequence=2&isAllowed=y
http://gadotti.org.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/426/AMG_PUB_02_055.pdf?sequence=2&isAllowed=y
http://gadotti.org.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/426/AMG_PUB_02_055.pdf?sequence=2&isAllowed=y
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis70/223
sociedade civil organizada lutar pelos inte-
resses das classes sociais desprivilegiadas, 
chegando onde o Estado não chega, não 
o desobriga desse dever. Pelo contrário, é 
fundamental que essa população fortaleci-
da, conhecedora de seus direitos, pressione 
o Estado para que ele assuma o seu papel e 
cumpra suas funções. 
Quando assumiu seu cargo na Secretaria 
Municipal de Educação, em São Paulo, Pau-
lo Freire buscou uma aproximação entre as 
instituições governamentais e as organiza-
ções civis, propondo parcerias e trabalhos 
conjuntos com vistas a estabelecer uma 
aproximação entre esses dois universos 
que se acostumaram a trabalhar separados. 
Aqui fica evidente que a proposta de Pau-
lo Freire não era exclusivamente atuar com 
os setores periféricos e/ou restritos a uma 
educação não formal, mas, influenciar dire-
tamente todo o sistema escolar, adotando 
uma nova perspectiva educacional. 
A potência de uma educação capaz de es-
cancarar as contradições sociais e a possi-
bilidade de revigorar as classes marginali-
zadas, tornando-as capazes de se libertar 
das amarras opressoras, foram as principais 
responsáveis pela perseguição que Paulo 
Freire sofreu durante a Ditadura Militar e 
por sua conseguinte necessidade de exílio. 
(SILVA, 2016)
Ao propor a liberdade do oprimido, a partir 
da consciência de si, do outro e das relações 
de poder que estão em jogo, Paulo Freire 
entende que também é função da educa-
ção esclarecer ao opressor. Sendo ele parte 
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis71/223
integrante da engrenagem que move tais 
relações de poder, excluí-lo desse processo 
educativo em nada alteraria as estruturas 
de reprodução das desigualdades. Se ambi-
cionamos uma mudança estrutural, é fun-
damental a inclusão de opressores e opri-
midos no processo pedagógico. Esse é um 
dos argumentos centrais para que defenda-
mos que toda a educação é, ou deveria ser, 
social. 
A Pedagogia Social não comporta mais a di-
visão em Educação Formal, Não Formal, In-
formal, Escolar ou não escolar; ela é um hí-
brido. É fundamental evitarmos reforçar es-
sas dicotomias e subdivisões classificatórias 
se a ideia é tornar a educação, de um modo 
geral, cada vez mais democrática. Essas no-
menclaturas podem servir apenas para fi-
nalidades discursivas, ou seja, para que – no 
campo da teoria – possamos delimitar me-
lhor nosso objeto de estudo e tratar sobre 
um assunto específico. Mas na prática, es-
sas fronteiras se desfazem.
Não se trata apenas de uma nova frente de 
atuação, a pretensão da Pedagogia Social é 
colaborar para uma mudança de paradigma 
Link
Para se aprofundar no assunto, acesse: BRUNO, 
Ana. Educação Formal, Não Formal e Informal: da 
trilogia aos cruzamentos, dos hibridismos a ou-
tros contributos. Medi@ções. Vol. 2, n.º 2, p. 10-
25, 2014. Disponível em: <http://mediacoes.
ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/arti-
cle/view/68>. Acesso em 10 ago. 2017. 
http://mediacoes.ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/article/view/68
http://mediacoes.ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/article/view/68
http://mediacoes.ese.ips.pt/index.php/mediacoesonline/article/view/68
Unidade 3 • Pedagogia Freiriana e Pedagogia Social: Diálogos Possíveis72/223
do modelo educacional hegemônico vigente. Trata-se da proposição de uma educação para as 
relações sociais, e não para os conteúdos pedagógicos simplesmente. Não só as pessoas, mas o 
próprio sistema educacional precisa ser educado socialmente, e isso é um grande desafio para 
uma sociedade pautada no individualismo, na competição e no consumo. 
O modelo escolar vigente tem confundido educação com escolarização, 
tem confundido pedagogia com didática, qualidade de educação com tes-
tes de aprendizagem, tem confundido o saber escolar com todo o saber e, 
por isso, tem concebido a escola como único espaço educativo. Tudo isso 
por conta

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