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Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -1 ESTOMAGO • É dividido em 5 partes: cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. É um órgão elástico, adaptável. • Seu volume total é de 1200 a 1500mL, podendo chegar a 3000mL (distensível) • Possui as zonas de transição, que são as junções entre diferentes tipos de mucosa: esofagogástrica, gástrica e gastroduodenal. Cada tipo de mucosa, tem uma secreção, um tipo de célula, e isso vai determinar a secreção que a aquele local está produzindo e a patologia que aquele local vai ter. Uma gastrite do antro é diferente de uma gastrite da cárdia. Se eu pego o laudo do paciente, e estiver escrito controle de ulcera da transição antro-duodeno, então eu já sei que vou ter que olhar na transição antro duodeno pra ver se essa úlcera cicatrizou. • A parede gástrica possui várias camadas: mucosa, muscular da mucosa (dela pra cima é gastrite, dela pra baixo é úlcera), submucosa, muscular oblíqua, muscular circular, muscular longitudinal e serosa. As funções variam na composição celular da mucosa, de maneira que cada região do estômago tem uma celularidade diferente. É importante conhecer as camadas devido a invasão das lesões, e tem como fazer a ressecção endoscópica • O estômago possui inervações simpática, parassimpática e pelos plexos de Meissner e Auerbach. • Suas funções são armazenamento, trituração (mistura o alimento com o suco gástrico) e propulsão. Mucosa gástrica: formada por 2 compartimentos – faveolar superficial e glandular profundo • COMPARTIMENTO FAVEOLAR SUPERFICIAL: o Células epiteliais superficiais: superfície mucosa e fossetas gástricas, secretoras de mucina. Mucina: glicoproteína que forma gel, que junto ao muco, protege o estômago da secreção ácida. o Células mucosas do colo: formam tanto o epitélio superficial como as glândulas gástricas. Produzem, ainda, mucina, mas pouco. • COMPARTILHAMENTO GLANDULAR PROFUNDO: o Glândulas da cárdia: contém somente células secretoras de muco. Fangio diz: O muco vai proteger a camada da mucosa das gandulas gástricas o Glândulas oxínticas: encontradas no fundo e no corpo. Contém células parietais (HCl e fator intrínseco), principais (pepsinogêneo) e algumas endócrinas. Fangio diz: Essas glândulas são as principais, justamente pq nas células parietais é produzido HCL. o Glândulas antrais ou pilóricas: contém células secretoras de muco e endócrinas (células D e G). https://www.youtube.com/watch?v=OQXOVUdBI9g TIPOS CELULARES GÁSTRICOS: • CÉLULAS MUCOSAS: o Cárdia e antro – muco e pepsinogêneo II o Fundo e corpo – muco e pepsinogêneo I e II o Lubrificam a mucosa e protegem da acidez • CÉLULAS PARIETAIS: o Glândulas gástricas no fundo e no corpo – metade superior o Possuem vesículas que contém BOMBAS H/K/ATPase – secretoras de HCl o Secretam fator intrínseco, que é responsável pela absorção de vitamina B12 > se o paciente tiver essa deficiência a pesquisa na EDA deve ser no corpo e no fundo • CÉLULAS PRINCIPAIS: o Glândulas gástricas no fundo e corpo – base o Sintetizadoras de proteínas o Pepsinogênio I e II, secretado por essas células, depende do pH estomacal para ver o que vai acontecer com ele. ▪ SE O PH LUMINAL ESTIVER < 2, vai liberar pepsina, para digestão de proteínas e aminoácidos. ▪ SE O PH LUMINAL ESTIVER > 6, eles são inativados e a digestão proteica fica prejudicada https://www.youtube.com/watch?v=OQXOVUdBI9g Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -2 • o Glândulas gástricas do antro o Células epiteliais do fundo e corpo ANTRO → possui CÉLULAS G → produzem GASTRINA → atuam na CÉLULA PARIETAL estimulando produção de HCl. Possui, também, CÉLULA D → produz SOMATOSTATINA → gera EFEITO INIBITÓRIO tanto de gastrina quanto de histamina (ECL) -> atua na célula parietal DIMINUINDO PRODUÇÃO DE HCl CORPO → possui CÉLULAS ENTEROCROMAFINS LIKE (ECL) → produzem HISTAMINA → atuam na CÉLULA PARIETAL estimulando produção de HCl A célula parietal tem 3 receptores, de gastrina, histamina e acetilcolina. Se a cel. Parietal é quem produz a maior parte do HCl e fator intrínseco, mas principalmente o HCl que tem relação com a secreção gástrica. Você inibindo a gastrina, você ainda tem o receptor de histamina e acetilcolina. O inibidor de H2 ainda deixa livre os receptores de gastrina e acetilcolina. E o IBP atua aonde? Na bomba de prótons, então é muito melhor porque independe dos receptores, vai diretamente no centro da célula e para a liberação da secreção ácida. Onde é que tem mais célula D? No Antro. Se uma pessoa tem alguma inflamação no antro, destruiu as cels D, consequentemente vai ter mais acidez. Pq ele n ta tendo as células D pra mandar o efeito inibitório. Então de acordo com uma cirurgia que o paciente fez, uma gastrectomia parcial por exemplo, tirou o antro, essa pessoa vai estar mais exposta a secreção ácida, pelas glândulas oxínticas que estão ali presentes no fundo e no corpo. Por isso pacientes que foram sujeitos à gastrectomias são pacientes mais sujeitos a terem câncer gástrico, pois eles tem uma maior secreção ácida e ainda um refluxo alcalino. A cirurgia bariátrica atua nisso, a parte do estomago retirado fica “pendurada” como um by-pass pra mandar a secreção que essas glândulas produzem. Pra fazer a absorção de proteínas e tudo mais. A célula parietal tem um receptor de histamina, de acetilcolina e de gastrina. O IBP atua diretamente na bomba de prótons. FISIOLOGIA DA SECREÇÃO GÁSTRICA 3 fases: CEFÁLICA: estimulada pela visão, paladar, cheiro, mastigação e deglutição – mediada pelo nervo vago (ACh). Digestão, secreção ácida, Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -3 tem a base cefálica. Só de ver vc já começa a ter secreção ácida. O cheiro é a mesma coisa, quando tá mastigando. Então qual o problema do chiclete? Principalmente naquele paciente com refluxo. Você fica mastigando, o estomago libera secreção gástrica, mas não tem alimento, então piora ainda mais o refluxo. GÁSTRICA: envolve a distensão gástrica – alimentos, mediada por nervo vago. Além disso, há liberação de gastrina pelas células G, induzidas por aminoácidos e peptídeos luminais. Quando você come proteína vai ter ativação de pepsina e pepsinogênio vai começar a degradar e já liberar aminoácido, e ai vai liberar mais secreção ácida pra digerir aquele alimento. INTESTINAL: alimentos contendo proteínas digeridas chegam ao delgado e inibem a célula parietal a produzir HCl. PROTEÇÃO DA MUCOSA • Secreção de muco: coeficiente de difusão para H+ 4x menor que para H2O. A secreção de muco é estimulada por ACh, através de estímulos mecânicos. Pessoa que fuma já diminui a produção de muco, AINES... • Secreção de bicarbonato: cria um microambiente neutro adjacente à superfície da célula, que as protege da acidez clorídrica. IMAGEM abaixo • Barreira epitelial: além de junções intercelulares apertadas, a restauração de feridas é rápida – todo o epitélio pode ser reposto em 3 dias, devido à boa vascularização. Tudo que comemos, bebemos, remédios acabam irritando a mucosa gástrica, mas se vc consegue maneirar nessa ingestão o estômago se recupera no período de 3 dias. • Fluxo sanguíneo: Fornece oxigênio, bicarbonato e nutrientes para as células e difusão retrograda do H+. A mucosa gástrica tem capacidade de se regenerar em até 72h, desde que se retire o agente agressor. A junção celular é apertada, diminuindo a permeabilidade celular. A geração de hidrogênios é mediada por três vias: 1. Neurocrino 2. Endócrino 3. Parácrino Neurócrino: Acetilcolina estimula as células enterocromafins a produzir histamina e a célula parietal a produzir acido clorídrico, e estimula ascélulas G no antro a produzir gastrina, que vai estimular a célula enterocromagins e célula G a produzir HCl. Endócrino: Representado pelas células G, ou seja pela presença de alimento na luz gástrica e os peptídeos, ela produz mais gastrina que vai atuar na célula enterocromafins e G, estimulando a produção de HCl. Parácrino: Efeito inibitório da acetilcolina: vai atuar na célula D, fazendo com que produza a somatostatina que vai atuar na célula parietal diminuindo a produção de HCl. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -4 ANAMNESE: É o principal componente da semiologia gastroduodenal Dor: • É o principal sintoma, sendo o tipo mais frequente em cólica, o que só ocorre em víscera oca como trato digestivo, vias biliares, vias urinárias e urológicas. Ocorre principalmente por aumento na peristalse na tentativa de propulsionar uma obstrução, a dor é ondulante, pois a peristalse não ocorre o tempo todo • É importante distinguir sua ritmicidade e periodicidade RITMICIDADE: ➔ 3 tempos: estômago vazio gera dor em epigástrio, com a dor comemos alguma coisa e a dor passa (dor, alimento, alívio). Significa uma lesão em duodeno, principalmente úlcera ➔ 4 tempos: indivíduo sem dor, come e surge a dor, depois vem o alívio (sem dor, alimento, dor, alívio). Significa uma lesão de parede gástrica em que o contato físico com a ferida gera dor PERIODICIDADE: significa que de tempos em tempos o paciente pode ter queixa, muito freqüente nas patologias gastroduodenais, indivíduo pode passar 1 ou 2 meses com clínica e mais alguns meses sem Náuseas e vômitos: • Também podem ocorrer em patologias neurológicas (AVC, meningites), patologias viscerais (tubo digestivo, peritônio, trato genitourinário, cardiovascular, otorrinolaringologia), patologias tóxicas exógenas (digitálicos, anestésicos, antineoplásicos) ou endógenas (uremia, cetoacidose diabética) • Também existem causas psicossociais • É importante saber as características do vômito, saber se é alimentar, mucoso, suco gástrico, bilioso, estercoral ou fecaloide, sanguíneo (hematêmese, sempre distinguir de hemoptise) Azia: sensação de queimação epigástrica Plenitude e empachamento: saciedade precoce, paciente come pouco e já se sente satisfeito, ocorre em patologias inflamatórias e funcionais do estômago, como gastrites, úlceras e dispepsia Meteorismo: gases que podem ser acompanhados de estufamento EXAME FÍSICO E MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO • O exame físico inclui inspeção, ausculta, palpação e percussão • Dentre os meios diagnósticos o mais freqüente é a endoscopia • O RX contrastado pode ser útil em situações que não temos endoscopia disponível, é muito bom para visualizar perfuração de víscera oca • Outros exames são biópsia, laparoscopia exploradora • Exames como US, TC e RM são apenas usadas como complementação da endoscopia, ou quando esta não demonstrar nada É o processo inflamatório em que, além da lesão celular e processo regenerativo, observa-se infiltração inflamatória da mucosa, acrescida de presença de folículos linfoides. Gastrite precisa ter folículos linfoides para ser diferenciada de gastropatias • Pode ser acompanhada de erosão e hemorragia. • A erosão NÃO ULTRAPASSA A MUSCULAR DA MUCOSA, diferentemente das úlceras pépticas, que ultrapassam As gastropatias consistem em lesões da mucosa sem sinais histológicos de inflamação. Suas causas mais comuns são a hipovolemia, stress, álcool, AINH e hipertensão portal Classificação gastrites: • Agudas: consequência de agressões recentes da mucosa gástrica • Crônicas: consequência à ação prolongada e persistente do agente etiológico. Helicobacter é a principal causa de gastrite crônica. GASTRITES AGUDAS As lesões estão restritas à zona epitelial. Apresentação é de edema, hiperemia, hemorragia petequial, difusa, erosiva AINE: Inibe COX e, como consequência, inibe produção de prostaglandinas. Essa inibição diminui produção de bicarbonato, muco e de fluxo sanguíneo, realizando retrodifusão de íons H+ e injúria da mucosa. Esse é o efeito sistêmico, isso sem contar o efeito de contato direto com a mucosa. Tabagismo: além de estresse oxidativo, diminui a oxigenação gástrica Uremia: desequilíbrio ácido base de maneira geral (desequilíbrio hidroeletrolítico). Gastrectomia distal: alcalina por refluxo biliar (?????????) tira células D e piloro, o que impede o alimento de ficar mais tempo no estômago sendo digerido, e acaba por digerir o estômago. Além disso, ao perder células D, perde inibição das células G e aumenta a acidez gástrica. • Enantematosa (apenas um vermelho) Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -5 • Erosiva • Hemorrágica • Alcalina (refluxo biliar - conteúdo do duodeno reflui para estômago). Comum em pacientes com gastrectomia parcial. Incluem dores, náuseas, vômitos, plenitude pós-prandial (come um pouquinho e já ta satisfeito), hemorragias. Pode ter um sintoma e pode ter todos. Mas tem que investigar sempre além, pois alguns sintomas são muito inespecíficos. História clínica (sempre investigar uso de AINES, história na família, infecção prévia por HP, tratamento prévio de gastrite, fatores correlacionados) e pela endoscopia digestiva. Pode-se fazer, ainda, histopatologia para descobrir a causa e excluir possibilidade de neoplasia. • Sinais de alarme: melena e hematêmese. Erosiva Erosiva e hemorrágica O tratamento consiste em suspender agente agressor, quando possível, e prescrever inibidores da secreção gástrica, como: • Antagonistas H2 – ranitidina • IBP de 7 a 14 dias o Omeprazol 20mg o Pantoprazol 20mg o Lanzoprazol 15mg o Rabeprazol 10mg o Esomeprazol 20mg. Bem diferente do DRGE em que tem que manter o IBP de 8 a até 12 semanas. Lembrar!! GASTRITES CRÔNICAS • Presença de alterações inflamatórias crônicas na mucosa, que resultam em atrofia da mucosa e metaplasia epitelial, geralmente, sem erosões. Vê que tem uma vermelhidão mas não tem a erosão. 90% das gastrites crônicas são causadas por H. pylori • Dividida em superficial e atrófica: o SUPERFICIAL: pode curar ou evoluir para a gastrite crônica atrófica em 5 a 20 anos. As características histológicas são de irregularidade das células do revestimento, criptas irregulares e tortuosas, infiltração linfoplasmocitária, glândulas normais e espessura mucosa normal o ATRÓFICA: as alterações atingem a zona epitelial e a glandular. As características histológicas são das mesmas da gastrite superficial associadas a criptas profundas e tortuosas, maior infiltração linfoplasmocitária, atrofia e diminuição das glândulas, metaplasia intestinal e esclerose do corion. A atrofia gástrica é a etapa final da evolução da gastrite crônica. As características histológicas são desaparecimento das glândulas fúndicas e ausência ou poucos sinais inflamatórios Helicobacter pylori (90%), mecanismo auto-imune (deficiência de fator intrínseco), doenças granulomatosas, doenças sistêmicas (amiloidose), doença infecciosa não helicobacter, refluxo biliar duodeno gástrico, tóxicos (álcool e cigarro), eosinofílica/linfocítica, irradiação, hipertrófica ➔ Doenças autoimunes: tendem a fazer gastrites crônicas autoimunes. Investigar AC anti-célula parietal. Isso gera atrofia dessas células, diminuindo produção de FI, diminuindo absorção de vitamina B12. Isso pode gerar anemia Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -6 megaloblástica/perniciosa e faz necessidade de reposição dessa vitamina. Superfície lisa, glândulas atrofiadas. • Assintomáticas. Muita gente tem gastrite por H.pylori e não sente nada. • Sintomáticas: dor ou desconforto epigástrico, plenitude pós-prandial, eructações,intolerância a certos alimentos : • EDA + histologia Última imagem: aspecto micronodular difuso. Sugestivo da positividade para infecção da h. pylori • Pesquisa de helicobacter pylori – direta ou indireta (pode ser pelo teste da urease ou por histologia) • Diagnóstico diferencial: úlcera péptica, câncer gástrico, dispepsia funcional (cunho psicológico) ou orgânica. O câncer dependendo do local que ocorre pode ser difícil de dar o diagnostico precocemente. : • Medidas gerais higienodietéticas; • Eliminar a causa • Inibição da secreção ácida com IBP ou inibidor H2; erradicação de H. pylori quando presente; refluxo biliar – transformar cirurgias prévias em Y de Roux. o Obs: hipertrófica – pregas estão gigantes • Bactéria flagelada gram negativa, produtora de uréase. A urease que ajuda a bactéria a se proteger e penetrar • Relacionada: úlcera péptica, adenocarcinoma gástrico (primeira bactéria a ser considerada um carcinógeno do tipo 1), linfoma MALT (primeiro câncer que trata com antibiótico, erradica a bacteria e o linfoma desaparece), púrpura trombocitopênica idiopática, anemia ferropriva • Transmissão: oral-oral, fecal-oral • Epidemiologia: o > em países em desenvolvimento o 50% da população mundial o 98% das úlceras duodenais o 15% dos infectados podem ter úlcera péptica o Frequentemente adquirida na infância Se o paciente tem uma úlcera duodenal e veio com o teste da urease negativo, é preciso desconfiar. Podem existis vieses para gerar falsos negativos, um deles é o uso de IBP que faz com que dê um falso negativo, uso recente de antibiótico (últimos de 30 dias). • Mecanismos patogênicos: o Motilidade (flagelos – penetra a camada de muco); o Aderência o Citotoxina vacuolizante e a ilha de patogenicidade cag (que vai determinar se ela é mais virulenta ou não, cag positivo representa uma maior agressão) o Produção de mucinases e uréase (principalmente a uréase que faz a neutralização do hidrogênio, transforma o meio em básico) o Ações sobre as secreções das mucosas antral e oxíntica; somente coloniza mucosa gástrica ou metaplasia gástrica no duodeno. • Mais comum em países em desenvolvimento A H. pylori só coloniza célula gástrica, não coloniza célula duodenal, então só vai ter gastrite duodenal se tiver uma metaplasia gástrica no duodeno. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -7 Temos a infecção pelo H. pylori, ele vai inicialmente ter uma gastrite aguda e não atrófica, por alguns gatilhos imunológicos ou referentes ao hospedeiro e também da virulência da cepa podem fazer com que ocorra dois desfechos: não neoplásico (ulcera duodenal ou gastrite não atrófica intermediária) ou ter um desfecho neoplásico, que seria primeiro uma gastrite atrófica multifocal, posteriormente uma metaplasia intestinal completa, depois com os anos uma displasia de alto grau e por ultimo um adenocarcinoma gástrico. • Teste da urease* • Histopatológico* • Teste fecal do antígeno do HP • Teste respiratório da ureia marcada com C13 ou C14 • Sorologia para H. pylori (IgG, se vier positivo não significa necessariamente que está com infecção, pois após a infecção ele fica ainda um tempo na corrente sanguínea). Indicado para: úlcera gastroduodenal, linfoma MALT de baixo grau, pós- cirurgia para câncer gástrico avançado, pós ressecção de câncer gástrico precoce, gastrite histológica intensa, pacientes que necessitam de AINES por longos períodos, dispepsia funcional. • Esquema triplo de primeira linha: IBP (omeprazol, lanzoprazol, esomeprazol) 2x + amoxicilina 1g 2x + claritromicina 500mg 2x por 14 dias • Esquema para alérgicos a penicilina/resistência: IBP 2x + tetraciclina 500mg 4x + metronidazol 250mg 4x + subcitrato de bismuto coloidal/amoxacilina 500mg 2x por 14 dias • Retratamento: o Esquema triplo: IBP 2x + amoxacilina 1g 2x* + levofloxacino 500mg 1x por 10 a 14 dias, dependendo do paciente. o Esquema quádruplo: IBP 2x + tetraciclina 500mg 4x + metronidazol 250mg 4x + bismuto coloidal 120mg 4x, por 14 dias. Se tem alergia a penicilina troca a amoxicilina por furazolidona • Controle de erradicação no mínimo um mês depois que tratou/ suspender IBP 14 dias o Quem? ▪ História de úlcera péptica ▪ História de linfoma MALT ▪ História de ressecção endoscópica de neoplasia gástrica precoce ▪ Sintomas persistentes após erradicação EDA + HISTOLOGIA OU TESTE DE UREASE!!!! A doença ulcerosa péptica é uma doença inflamatória crônica caracterizada pela solução de continuidade da mucosa e da muscular da mucosa do trato digestivo exposto à secreção cloridropéptica. Os locais acometidos, que tem proximidade com o ácido, são esôfago, estômago e duodeno. Quando há ectopias de mucosa gástrica, por exemplo, em divertículos, também pode ocorrer úlcera péptica resulta do desequilíbrio entre os fatores de defesa e os fatores agressivos • Fatores de defesa: o Pré-epiteliais: produzidos pela mucosa para sua defesa, consistem em muco e bicarbonato o Epiteliais: fatores de defesa, regeneração e reparação o Sub-epiteliais: fornecem o substrato para que tudo descrito acima ocorra, pela ação de prostaglandinas e da microcirculação • Fatores agressivos: o Endógenos: ácido clorídrico e pepsina o Exógenos: Helicobacter pylori (98% das ulceras duodenais: pois para ter úlcera no duodeno primeiro a HP faz metaplasia no estômago e então faz úlcera e aí sim pode colonizar o duodeno). A secreção do ácido depende do tipo de gastrite, de onde que tem a agressão. ➔ Se a gastrite acometer o antro/piloro, aumenta a secreção de ácido. ➔ Se a gastrite acometer antro e corpo, diminui secreção de ácido, porque é no corpo que está a maior concentração das células parietais que produzem grande quantidade de HCl. Em pacientes com úlcera duodenal, a infecção pelo H. pylori é predominantemente do antro. • A bactéria faz bloqueio dos mecanismos que normalmente inibem a secreção de ácido. Dessa maneira, há hiperacidez. • Abole as vias dos reflexos inibidores do antro para a região de células parietais (células D). A distensão do lumen antral por alimento está prejudicado. Tem a percepção do antro diminuída que continua o estímulo a uma maior produção de secreção ácida levando a uma ulceração duodenal. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -8 Bactéria coloniza o antro fazendo gastrite, produz urease, amônia, consegue se infiltrar no muco, chegando na superfície da mucosa gástrica Maior produção de ácido por injúria da mucosa. A célula G vai produzindo mais gastrina porque o feedback negativo da célula D está prejudicado. Célula G produzindo gastrina estimula a célula enterocromafim a produzir mais histamina, e estimula a célula parietal produzir mais HCl. Chega mais ácido. Aumenta a população de células enterocromafins, e assim, mais histamina e secreção ácida é produzida. Aumenta população de célula parietal, aumentando mais ainda a secreção ácida. Chegando muito ácido no bulbo duodenal, vai ocorrer a metaplasia gástrica, e assim, o H. pylori consegue colonizar essa mucosa. Assim, acontece a ulceração duodenal. condições que podem provocar o desequilíbrio • Distensão antral por dificuldade de esvaziamento gástrico: distende → estimula vago → Ach. Leva o indivíduo a produzir mais ácido devido permanência de alimento no estômago. Ocorre em casos de sub-oclusão pilórica e retardo na peristalse. Se tem uma maior dificuldade de esvaziamento gástrico, vai ter um maior estímulo por acetilcolina, que por sua vez vai estimular maior secreção ácida pelas células parietais. • Maior população de células parietais: por fatores genéticos ou estímulo aumentado para gastrina. Se produzir muitagastrina, aumenta o numero de células parietais e produz mais ácido. • Maior sensibilidade das células parietais aos estímulos (ex.: gastrina) • Aumento da população de células G, que produzem gastrina → vai estimular a célula parietal a produzir mais ácido • Diminuição da sensibilidade da célula G aos estímulos de feedback negativo - somatostatina • Diminuição das células D, produtoras de somatostatina • Aumento do estímulo vagal – Ach > relacionada a distensão • Tabagismo: diminui a secreção de muco e bicarbonato em quantidade e qualidade, além de promover vasoconstrição • Hereditariedade > sínd. Zoolinger… • Base psicossomática: não é causa de úlcera, porém agrava a sintomatologia e ajuda a causar o desequilíbrio • Anti-inflamatórios não hormonais: responsáveis por 8% das úlceras (2ª principal causa de ulcera péptica) • Helicobacter Pylori: responsável por cerca de 85% das UG e 98% das UD • Neoplasias: toda úlcera gástrica tem que ser biopsiada para identificar se é uma úlcera ou uma neoplasia. Não-helicobacter Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -9 • Dor com periodicidade e ritmicidade de 3 (duodenal: dói - come - passa) tempos ou 4 tempos (gástrica: tem dor - come – alivia – dor volta). É o sintoma mais frequente, muitos pacientes apresentam apenas dor. Na gástrica dói ao comer, na duodenal melhora ao comer. Quando vc come, o ácido que iria pro duodeno está “ocupado” digerindo a comida. Quando é gástrica dói ao comer, pois produz mais HCl. Periodicidade: a dor da úlcera duodenal é mais comum no período noturno pois tem um jejum muito prolongado e aí o ácido fica indo pro duodeno e causa mais dor. • Sialorreia. Inflamação causa aumento da produção de saliva. • Azia • Náuseas • Vômitos estão associados a forte agudização ou complicação • Plenitude pós-prandial está mais presente nas lesões de mucosa gástrica • Empachamento Síndrome pilórica: diminui calibre do piloro e paciente só diminui a dor quando vomita > complicação da úlcera • Clínico: pesquisando sempre a dor para tentar caracterizar ritmicidade e periodicidade. Avaliar etiologia, principalmente o uso de AINES • Endoscopia digestiva é o padrão ouro • Radiografia para serigrafia de esôfago-estômago-duodeno com duplo contraste (ar e bário), quando endoscopia não estiver disponível Radiografia EDA • Hemorragia. Quando pega um vaso pois é uma lesão mais profunda. • Perfuração, gera um abdome agudo, ao exame físico é observado abdome em tábua. Solicitar radiografia simples de abdome agudo para visualização do tórax quando houver suspeita. No pneumoperitônio há formação de uma meia lua gasosa supra-hepática e infra-diafragmática direita. • Síndrome pilórica: a cicatrização da ferida causa estenose. Retardo no esvaziamento do estomago. Paciente come e vomita porque fica com plenitude porque o bolo alimentar não consegue ir adiante. • Tem como objetivo aliviar a dor, remover e acelerar a cicatrização de feridas, prevenir recidivas e complicações e curar. • Modos de atuação: deve ser realizado o aumento do pH gástrico (IBP), reforço da barreira mucosa (sulcralfato), afastamento dos fatores de risco (tabagismo, etilismo, AINES) e erradicação do HP. • Medidas gerais: dieta, evitando excesso de alimentos gordurosos, bebida alcoólica, fumo. O leite pode ajudar a diminuir a dor, porém o excesso de cálcio estimula a produção de mais ácido • Medicamentoso: o Antiácidos: atuam no sintoma e não na causa o Sulcralfato: forma uma película no local da úlcera, dando tempo para a cicatrização. Reforça a barreira mucosa. Também não é muito usado o Bloqueadores de receptores H2 das células parietais o Inibidores de bomba de prótons: omeprazol 20mg, pantoprazol 20mg, esomeprazol 20mg, lanzoprazol 15mg, rabeprazol 10mg por 14 a 28 dias o Antibióticos (esquema de erradicação) o Misoprostol: estimula as prostaglandinas, aumentando a produção de muco e bicarbonato e diminuindo recidivas. O aumento de prostaglandinas promove contração muscular, o que pode causar aborto, por isso não é mais vendido Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021. 1 -10 • Cirúrgico: apenas em complicações (úlcera perfurada, síndrome pilórica que não dá para dilatar) AULA FANGIO COMENTADA Por que a dose de IBP no refluxo é maior que na úlcera péptica? O IBP atua na célula parietal que está no corpo e no fundo diminuindo a secreção ácida. O órgão-alvo do refluxo é o esôfago, mas o órgão-alvo do IBP é o estômago, então precisa ter uma supressão muito maior de ácido para diminuir a secreção de ácido para o esôfago. Principal etiologia da gastrite crônica: H. pylori. Principal etiologia da úlcera duodenal: H. pylori. Principal etiologia de úlcera gastrite: AINE Estresse emocional não causa inflamação. Estresse físico pode levar resposta inflamatória sistêmica, durante a internação é usado IBP. Saber os esquemas de tratamento da H. pylori!!!! Se tiver ulcera e tiver a bactéria, tratarmos a bactéria e continuar tendo úlcera, é necessário fazer biopsia. DISPEPSIA::: VER AULA COMENTADA A PARTIR DE 38 MINUTOS
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