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LARISSA MENEZES – GASTRO SÍNDROME DISPÉPTICA • Síndrome dispéptica: sintomas no abdome superior, como dor epigástrica, empachamento, saciedade precoce e queimação epigástrica • Primeiramente divide em investigada e não investigada. Após investigação divide em orgânica e funcional • Clinicamente todos se encaixam nas dispepsias, quando investiga por exame que diferencia em orgânica ou funcional • Principais causas de dispepsia orgânica são a gastrite por H. pylori, gastropatia por anti- inflamatórios, úlceras gástricas e câncer • Dispepsia funcional: Sd do desconforto pós- prandial ou Sd da dor epigástrica • Gastrite tem inflamação, gastropatia não • Gastrite aguda o infiltrado é polimorfonuclear (neutrófilos) e crônica o infiltrado é linfomononuclear (linfócitos e monócitos) ROMA IV • Para caracterizar como dispepsia funcional precisa de 1 ou mais dos sintomas com início nos últimos 6 meses, frequentemente nos últimos 3 meses: ▪ Empachamento pós-prandial ▪ Saciedade precoce ▪ Dor epigástrica ▪ Queimação epigástrica • Ausência de alterações estruturais que expliquem os sintomas • Não há melhora com liberação de flatos ou evacuação. Se tiver melhora do quadro abdominal com pum ou cocô, o diagnostico é Sd do Intestino Irritável IMPORTÂNCIA CLÍNICA • A dispepsia afeta 25 a 40% da população • É responsável por 3 a 5% de todas as consultas em atendimentos primários • 78% relataram redução da produtividade por causa de dispepsia FISIOLOGIA GÁSTRICA • O estômago é composto pelas glândulas oxintipicas (células parietais) – corpo e fundo gástrico – e pelas glândulas pilóricas (células G produtoras de gastrina e D de somatostatina) – antro. MECANISMO DE PRODUÇÃO DE HCL o Célula G produtora de gastrina localizada no antro produz gastrina. A gastrina tem 2 vias de estimulação, estimula a produção de HCl LARISSA MENEZES – GASTRO indiretamente pela histamina e diretamente de HCl nas células parietais o O feedback negativo é dado pelas células D, quando aumenta somatostatina diminui a produção de gastrina e de HCl o O nervo vago entra nessa regulação através dos receptores muscarínicos. Pela fase cefálica da digestão, estimulando a produção de HCl. 50% da produção de HCl é da fase cefálica, na preparação do estomago em receber a comida o Bloqueadores H2: ranitidina, famotidina, cimetidina; bloqueiam os receptores H2 das células parietais, diminuindo a produção de HCl, mas não é completamente eficaz. Pois a diminuição gera uma resposta para produção de mais gastrina, mais células parietais e mais HCl. Bloqueadores H2 tem uma taquifilaxia, precisa aumentar a dose para ter alívio dos sintomas. o Bloqueador inibidor da bomba de prótons: inibe a troca, diminuindo a liberação de HCl porque é na via final. Tanto os receptores muscarínicos, G e H2 ficam inibidos de ação. A via efetiva (final) que ocorre a troca de prótons H+ fica prejudicada BIOQUÍMICA DA PRODUÇÃO DE HCL o Receptor H2 favorece a quebra de ATP em AMP cicilico para fazer com a bomba de hidrogênio e potássio gire. Se bloqueia o H2 diminui a produção de AMP cíclico, mas não é completa porque tem estimulo da gastrina pelo Ca++ e dos receptores muscarínicos, que fazem a bomba funcionar o A anidrase carbônica é fundamental na produção de HCL, quebra CO2 e H20 formando ácido carbônico e é dele que pega o H+ que será trocado pelo potássio e se junta com o Cl no meio extracelular para formar o HCl. É nesse ponto que o IBP chega, se ligando de forma covalente pelas pontes de sulfeto inibindo essa bomba de prótons o Existe uma nova droga que bloqueia o canal de potássio, mas não tem no Brasil ainda BARREIRAS DE PROTEÇÃO ESTOMACAL LARISSA MENEZES – GASTRO o O pH das células estomacais de costume é em torno de 7 pela camada de muco e bicarbonato o Muco e bicarbonato são os fatores de proteção da mucosa gástrica o O AINE diminui a produção de prostaglandinas (responsáveis pelo muco e bicarbonato) e a vascularização, diminuindo os fatores de proteção gástrica, gerando gastropatia química pela exposição a um pH ácido (não tem inflamação e sim perda de fatores protetores); não tem ativação de linfócitos e monócitos para gerar lesão na célula gástrica CLASSIFICAÇÃO DA GASTRITE GASTRITE AGUDA o Helicobacter pylori o Supurativa por estreptococos (muito raro) GASTRITE CRÔNICA o Infecciosa: ▪ H. pylori ▪ Bacteriana (flegmonosa, enfisematosa, sífilis, TB) ▪ Viral (CMV, Herpes) ▪ Parasitaria (Anisakiasis – peixe do hemisfério norte) o Autoimune FORMAS ESPECIAIS o Gastrite linfocítica (associada a doença celíaca) o Gastrite granulomatosa o Gastrite eosinofílica (>30 eosinofilos/campo) o Gastrite linfocítica hipertrófica OBS: Eosinofilia do TGI é por alergia alimentar na maioria dos casos CLASSIFICAÇÃO DAS GASTROPATIAS • Alcoólica • Por refluxo biliar (geralmente em pacientes que tiveram uma parte do estomago retirada) • Por AINES • Por hipovolemia, estresse • Uremia • Hipertensão portal (acomete o corpo e fundo gástrico) • Radiação • Quimioterapia SISTEMA DE SYDNEY • Classificação que os endoscopistas usam para diagnosticar a gastrite • Tentativa de padronização no diagnóstico • Correlação: endoscopia/histologia/topografia/etiologia • Reclassificação com foco na evidência do Hp e de outras causas bem determinadas de lesão de mucosa sem inflamação • Grande mérito de ser descritivo, homogeneizando a comunicação entre profissionais • Topografia: ▪ Pangastrite: gastrite de corpo e antro ▪ Gastrite do corpo (pode ser autoimune) ▪ Gastrite do antro • Tipo: ▪ Enantematosa ▪ Erosiva plana ▪ Erosiva elevada LARISSA MENEZES – GASTRO ▪ Atrófica: + metaplasia intestinal ascende a luz que pode ser autoimune, danos de células parietais (só estão no corpo) ▪ Hemorrágica ▪ Por refluxo ▪ Hiperplasia de pregas mucosa • Intensidade: ▪ Leve ▪ Moderada ▪ Intensa • Aspecto endoscópico do antro: • Gastrite enantematica: em melancia • Gastrite erosiva: plana • Gastrite erosiva elevada: • Gastrite atrófica: • Gastrite hemorrágica: aines, atb LARISSA MENEZES – GASTRO • Gastrectomia com refluxo biliar (parte amarelada): • Gastrite com hiperplasia das pregas gástricas (>5mm): GASTRITE POR H. PYLORI • Bactéria gram negativa, microaerofílica, espiralada, crescimento lento no ágar-sangue (3-7d) • >50% da população mundial • BR: 63,5-97% • Relacionada com baixo IDH • Transmissão fecal oral • Fatores de virulência: CagA e VacA (relacionados a maior progressão e incidência de câncer) • 80% são assintomáticos, 10% tem ulcera, 1% tem câncer e 0,1% linfoma malt (tto é erradicação de H. pylori e se for de alto grau, associa a quimioterapia) HELICOBACTER PYLORI o Ataca diretamente células parietais e ECL através de citotoxina vacuolizada, LPS, fator inibitório ácido o Inibe indiretamente células parietais com ação da SSR o Esvaziamento gástrico alterado o Inibe diretamente a transcrição e translação da bomba H+/K+ o Aumento da permeabilidade da mucosa o Aumento da liberação de citotoxinas TNFa, IL- 1b que inibem a secreção da célula parietal o Disfunção do SNC com reestruturação dos nervos do Sistema Nervoso Entérico o Alteração de neuropeptídeos: aumenta a resposta a gastrina e a substância P e diminui a resposta a somatostatina o Geralmente não diagnostica gastrite aguda por H. pylori, porque pega H. pylori na infância LARISSA MENEZES – GASTRO o Dor epigástrica nem sempre é HCl aumentado e por isso nem sempre precisa do IBP, a dor é multifatorial o Gastrite antral o H. pylori não teve contato com as células parietais (corpo). Se teve contato so com o antro ocorreinibição das células D, aumentando a gastrina, aumentando o H2 e HCl. A gastrina também estimula o receptor de gastrina na célula parietal produzindo mais HCl (hipercloridria), chegando mais HCl no bulbo duodenal, fazendo com que a célula do bulbo se transforme em estomago (metaplasia gástrica no bulbo). O H. pyloti do antro migra para o bulbo, causando úlcera duodenal/bulbares (90% não é câncer, é H. pylori que migrou do estomago) CARCINOGÊNESE o Alterações genéticas e epigenéticas durante as múltiplas etapas da carcinogênese no estomago o Objetivo do endoscopista: fazer o diagnóstico da metaplasia, estadiar e se há área de displasia de câncer precoce (área geralmente avermelhada que não visualiza vasos e criptas direito, lança mão de corante, como vinagre ou azul de metileno que faz contraste e observa a área elevada – fazendo a histologia ou ressecção específica – existe também a magnificação que aumenta o zoom no endoscópio ou a cromoscopia virtual) DIAGNÓSTICO o Testes não invasivos: ▪ Sorologias (IgA, IgG) ▪ PCR antígeno fecal ▪ Teste respiratório (C13/C14): tão bom quanto o histopatológico, mas não é muito disponível nem acessível o Teste invasivos: ▪ Urease ▪ Histopatológico: padrão ouro ▪ Cultura ▪ PCR no tecido ▪ Todos invasivos necessitam da EDA, que é mais barato que os não invasivos o Cuidados no diagnóstico com EDA: ▪ Paciente deve estar sem IBP idealmente nos últimos 14 dias (retirar de forma seriada por uma redução escalonada, se retirar subitamente terá influxo rápido de hipercloridia, o que vai gerar muita dor); pode usar antiácido (hidróxido de alumínio e magnésio), bloqueador H2 nesse período, suspender ambos até 5 dias antes da EDA ▪ Deve estar sem antibiótico nos últimos 30 dias ▪ Quando não puder ficar sem IBP, deverá ser mantido com bloqueador de receptores H2 até 48h antes da pesquisa INDICAÇÕES PARA ERRADICAÇÃO DE H. PYLORI PELO MAASTRICHT V o Úlcera duodenal o Úlcera gástrica o Gastrite atrófica o Linfoma MALT o Dispepsia funcional o Dispepsia não investigada (prev >10%) o Câncer gástrico ressecado o Anemia ferropriva de causa desconhecida o Púrpura trombocitopênica idiopática o Antes de tto com AINE o Tratamento com AAS com sangramento GI o Vontade do paciente o Uso crônico de IBP LARISSA MENEZES – GASTRO o Familiares de pacientes com CA gástrico INDICAÇÕES PARA ERRADICAÇÃO DE H. PYLORI PELO IV CONSENSO BRASILEIRO o Recomenda que todo paciente com queixas dispépticas e que vai ser submetido a EDA, o H. pylori deve ser pesquisado e tratado quando presente TRATAMENTO o IBP 2x/dia + Claritromicina 500mg 2x/dia + Amoxicilina 1g 2x/dia (2cp de 500mg) por 14 dias o Retratamento: IBP 2x/dia + Levofloxacino 500mg 1x/dia + Amoxicilina 1g 2x/dia (2cp de 500mg) por 14 dias o IBP 2X/dia + Claritromicina 500mg 2x/dia + Furazolidona 200mg 2x/dia por 14 dias o IBP 1x/dia + Furazolidona 200mg 3x/dia + Tetraciclina 500mg 4x/dia por 14 dias o IBP geralmente Omeprazol 20mg o Quando não for erradicado no primeiro tto, nunca repetir o mesmo tratamento e deve ser sempre por 14 dias, mesmo no retratamento GASTROPATIA POR AINES • Medicamentos populares, de fácil acesso e baratos • USA > 100.000.000 prescrições/ano • Nos pacientes com Artrite reumatoide (USA): 2600 mortes/ano por lesões no TGI • IRSS + AINES há 2,36x mais chance de HDA • Indometacina > Naproxeno > Diclofenaco > Piroxicam > Ibuprofeno > Meloxicam • Questiona se o paciente toma remédio para dor, na maioria das vezes não sabe se é AINE, e só lembra que toma quando pergunta se tem dor no interrogatório sintomatológico • Lesões sistêmicas: PREVENÇÃO o Testar e tratar Helicobacter pylori o O IBP não vai proteger a mucosa intestinal, não vai ter efeito protetor podendo ter ulcera o AINES + Misoprostol ou IBP: ▪ Lansoprazol 15 e 30mg/dia ▪ Esomeprazol 20 e 40mg/dia o Inibidor de COX-2 + IBP: ▪ Efetivo, mas dúvidas quanto ao aumento da mortalidade cardiovascular ▪ Se usar o inibidor de COX-2 e AAS de baixa dose tem perda do efeito protetor o Bloqueador de H2 + AINES: ▪ Não protege contra lesões gástricas, apenas duodenais GASTRITE ATRÓFICA • O ideal é tirar 4 pedaços para EDA • Pode ser multifocal ▪ Principal causa é o H. Pylori ▪ É a gastrite autoimune GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE o Gastrite atrófica autoimune gerando anemia perniciosa pela deficiência de Vit B o Prevalência de 2% o Mulheres idosas, descendência norte Europa o Associação com outras doenças autoimunes o Assintomática/Oligossintomática (anemia ferropriva em 56% dos casos) o Diagnostico: atrofia na biopsia e autoanticorpos positivos (anti-célula parietal e anti-fator intrínseco) o Pacientes com gastrite de corpo + H. pylori negativo → Solicita hemograma e dosa o anti- fator intrínseco e o anti-célula parietal → Anemia macrocitica com algum dos anti + → LARISSA MENEZES – GASTRO Gastrite autoimune → Dose Vit B12, se baixa o paciente também tem anemia perniciosa, se normal dosa o ácido metilmalônico e homocisteína, se baixos é anemia perniciosa com gastrite autoimune PROTOCOLO OLGA o Estadia o câncer gástrico o Pacientes com gastrite autoimune precisa de endoscopia seriada pelo risco de câncer gástrico MANEJO o Reposição parenteral de vitamina B12: 1000mcg/semana o Reposição de ferro o Após reposição de vitamina B12, repor ácido fólico o Procurar outras doenças autoimunes ÚLCERAS PÉPTICAS • Mais de 1/3 doas pacientes são assintomáticos • Maioria é idoso • Alguma relação com a alimentação: • Úlcera duodenal: doi – come – passa (alivia com alimentação), é a dor em 3 tempos • Úlcera gástrica: não doi – come – doi – passa (piora com alimentação), é a dor em 4 tempos • “Clocking” pode sugerir sinal de alarma • Em 10% a hemorragia é a primeira manifestação CLASSIFICAÇÃO DE JOHNSON o Quanto a localização: ▪ Tipo I: pequena curvatura baixa, hipocloridria ▪ Tipo II: em corpo, associada a úlcera duodenal, hipercloridria ▪ Tipo III: região pré-pilórica, hipercloridria ▪ Tipo IV: pequena curvatuva alta, hipocloridria CICLO EVOLUTIVO o São ativas, começam a cicatrizar e cicatrizam deixando uma cicatriz o Toda úlcera gástrica precisa ser biopsiada LARISSA MENEZES – GASTRO o Acompanhar sua cicatrização completa TRATAMENTO o 40 a 80mg de IBP na gástrica. Na duodenal geralmente é 20 a 40mg COMPLICAÇÕES o Hemorragia: ▪ Idosos >60 anos ▪ AINES ▪ Taxa de mortalidade 5 a 10% ▪ TTO endoscópico o Perfuração: ▪ Respondem por 2/3 das mortes por ulcera péptica ▪ Mais em pequena curvatura e na parede anterior do bulbo ▪ TTO cirúrgico o Penetrações: ▪ UG: lobo hepático esquerdo ▪ UD: pâncreas e, raramente, o cólon ▪ TTO cirúrgico o Estenose: ▪ Relacionados em geral a ulceras do canal pilórico ▪ TTO é dilatação por endoscopia CIRURGIA o Características da ulcera: localização, cronicidade, complicações o Há estenose associada? o Qual o status clínico do paciente? o Experiencia pessoal o Úlcera gástrica com sangramento: gastrectomia parcial com reconstrução a Bilroth I ou II ou pacientes com múltiplas comorbidades faz excisão da ulcera, vagotomia troncular e piloroplastia o Úlcera gástrica com perfuração: gastrectomia parcial com exclusão de malignidade da úlcera + Patch de Graham (coloca o omento em cima da ulcera) o Úlcera duodenal com sangramento: piloroduodenotomia + ligação da Artéria gastroduodenal (superior e inferior): Piloroplastia + Vagotomia o Úlcera duodenal com perfuração: Patch de Graham, se for próxima ao piloro associa a vagotomia troncular e piloroplastia SINAIS DE ALARME PARA INDICAÇÃO DE EDA • Síndrome dispéptica e idade>45 anos, independente dos sinais de alarme precisade EDA • <45 anos avalia sinais de alarme: ▪ Disfagia ▪ Icterícia ▪ Despertar noturno ▪ Perda ponderal >5% em 6 meses de forma involuntária ▪ Exame físico alterado (linfonodo de Virchow, da irmã maria-josé, massa abdominal) ▪ Sangramento: melena ou hematêmese ▪ Anemia ▪ Vômitos persistentes ▪ Antecedente familiar de primeiro grau de câncer
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