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capaz de fazer a diferença entre a escola comum e a escola de qualidade. Veremos, neste primeiro capítulo, uma breve explanação do surgimento da supervisão, sua transferência para o ambiente escolar e do contexto histórico da supervisão escolar no Brasil. A história, nesse caso, torna-se imprescindível, não apenas para conhecer os fatos, mas sim para significar ideias e conceitos de antigamente. Como escreve o sociólogo francês Henri-Pierre Jeudi (1995, p. 53), “A história é o fruto da própria produção dos acontecimentos e assim se constrói a antecipação da continuidade”. Ou seja, a história se torna muito mais interessante e importante quando articulada com os erros e acertos verdadeiros que aconteceram na tentativa de explicar a situação atual dos fatos e, consequentemente, da supervisão. Você verá, também, as definições dos conceitos relevantes que devemos entender para então percebermos as funções e a importância do supervisor na escola atual. Mais do que isso, discutiremos as dificuldades da profissão e especialmente as qualidades que fazem do supervisor o grande responsável pela boa educação, tão necessária em qualquer sociedade evoluída. 12 Supervisão escolar A Supervisão Escolar no Brasil: uma Contextualização Histórica O conceito de supervisão surgiu com o fenômeno da Revolução Industrial iniciada em meados do Século XVIII, na Inglaterra, e expandida para outras partes do mundo no início do Século XIX e tem projeções até os dias de hoje em todo o mundo. Nessa fase de desenvolvimento social, econômico e tecnológico, as indústrias transformaram a produção de maneira artesanal para a técnica, com a utilização de máquinas em maior escala. Os trabalhadores, que anteriormente trabalhavam “para si” na agricultura familiar ou em pequenas comunidades, em manufaturas, voltaram seus esforços para a busca de salário, trabalhando para outras pessoas que buscavam transformar a matéria-prima em produtos comerciais, atingindo assim os lucros do capitalismo. Dentro dessa realidade, foi preciso criar uma função para controlar as atividades produtivas exigidas pelos patrões. Vigiar, controlar e punir eram as atribuições que uma determinada pessoa exercia sobre outros durante o processo produtivo. Essa função era, portanto, a de supervisionar o trabalho dos funcionários em suas atividades diárias nas fábricas na busca de um objetivo comum e orientado. Com o surgimento das complexas organizações sociais e comerciais, vieram as definições de poder e controle sobre a massificação do trabalho. Foram criados cargos de controle e de gerenciamento das atividades. Posteriormente, esses cargos também foram adotados fora das fábricas em outras atividades humanas organizadas, como, por exemplo, os exércitos, associações sociais e esportivas e escolas. O controle das atividades escolares realizado por um responsável surgiu na metade do século XIX, nos Estados Unidos, ainda sem a preocupação de melhorar a qualidade da gestão educacional ou a preparação de professores, tendo unicamente a intenção de fiscalizar o trabalho (LIMA apud RANGEL, 2001). A supervisão escolar, no Brasil, surgiu com a Reforma Francisco Campos (Decreto-Lei 18.890 de 1931). A intenção da lei era a de implantar novas possibilidades pedagógicas e desconsiderar os aspectos de fiscalização. Com a lei de caráter da preparação científica, surgem os chamados especialistas em educação, entre eles o Supervisor. O trabalho de supervisão continuou, a partir da criação da O conceito de supervisão surgiu com o fenômeno da Revolução Industrial iniciada em meados do Século XVIII, na Inglaterra, e expandida para outras partes do mundo no início do Século XIX. Função para controlar as atividades produtivas exigidas pelos patrões. Vigiar, controlar e punir eram as atribuições que uma determinada pessoa exercia sobre outros durante o processo produtivo. A supervisão escolar, no Brasil, surgiu com a Reforma Francisco Campos (Decreto- Lei 18.890 de 1931). 13 A Supervisão Escolar no Sistema Educacional Brasileiro: História, Conceitos, Características e FunçõesCapítulo 1 Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES), por meio do Decreto-Lei 34.638 de 14/11/1953, transformando-se em uma aliança entre Brasil e EUA, cuja finalidade era a melhoria da qualidade do ensino, utilizando-se para tanto o treinamento de recursos humanos. Saviani (1993) comenta que este programa, chamado de Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE), tinha por objetivo ‘treinar’ os educadores brasileiros a fim de que estes garantissem a execução de uma proposta pedagógica voltada para a educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. O PABAEE teve a sua origem voltada para a assistência e a formação de professores leigos. “Tais alterações, nos seus fundamentos, geraram mudanças profundas na maneira de encarar a tarefa educativa e na compreensão da escola como local especializado para conduzir o processo educativo” (FERREIRA, 2000, p. 167). Na década de 1960, com a Lei 4.024/61, atribui-se atenção maior aos técnicos em educação. A partir dessa lei, foram criados setores especializados nas escolas. Seguindo esse conceito, Maldonado (2003, p.7) comenta que “Na proposta pedagógica do PABAEE, o mais importante não era o conteúdo, mas o meio, ou seja, o como ensinar, a partir do interesse da criança. As orientações do PABAEE predominaram até 1964”. Maldonado (2003, p. 7) completa: “Após o golpe militar de 64, o governo realizou reformas de ensino, com o objetivo de ajustar a educação à nova situação. E é nesse contexto que o Conselho Nacional de Educação aprova o Parecer 252, incorporado à Resolução nº. 2 de 12 de maio de 1969, que reformulou os cursos de Pedagogia, instituindo as habilitações em administração, inspeção, supervisão e orientação, e prevendo a existência da Supervisão Pedagógica para, além das quatro primeiras séries, as quatro últimas, ou seja, o, então, ginásio”. Pela primeira vez na história educacional do Brasil se buscava a formação profissional para cargos da administração escolar. Santos (2006, p. 22) discute que “Esta lei inseriu a formação de profissionais destinados a funções não docentes, isto é, profissionais que não atuavam em sala de aula, mas sim em cargos relativos à administração da escola.” Em 1971, a Lei 5692 trouxe a necessidade de preparar pessoal específico para exercer a função de supervisor. Para tanto surgiram cursos superiores que formaram os primeiros Supervisores Educacionais. Nos anos 80, contudo, as funções de controle e fiscalização do supervisor não combinavam com as novas tendências libertárias dos grupos ativos que exigiam uma nova educação. O país estava cansado de tanto controle e fiscalização Em 1971, a Lei 5692 trouxe a necessidade de preparar pessoal específico para exercer a função de supervisor. 14 Supervisão escolar promovidos pela repressão e pela herança de anos de controle do sistema político, social, econômico e educacional através de militares. De acordo com Maldonado (2003), a exagerada valorização da qualidade através do uso da técnica como garantia da eficiência foi contestada pelos movimentos de transformação que emergiram nos anos 80, como reação à repressão generalizada, vivida durante quase vinte anos, por uma sociedade que, então, sonhava com a liberdade. A década de 80 foi marcada pelo ‘movimento crítico’ da Educação que apontou os ‘especialistas do ensino’, mais especificamente os supervisores, como responsáveis pelo insucesso escolar (RANGEL, 2000, p.72). Tanto que Rangel (2000, p. 72) argumenta que “na complexão da análise do capitalismo e seus desdobramentos, a especialidade isola, desarticula, setoriza e sectariza os serviços e as atividades escolares, desconectando-as entre si e com a problemática