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Cicatrização Erida Morais -4°S Princípios de Sutura A Sutura tem como objetivo posicionar e manter firme o retalho cirúrgico e dessa forma, promover uma boa cicatrização e conter ou fixar tecidos e estruturas durante a cirurgia. É utilizado para designar todo material utilizado para ligar/amarrar vasos sanguíneos ou aproximar/costurar tecidos. É considerado um material indispensável para a maioria dos atos operatórios, podendo ser de origem sintética ou orgânica (animal ou vegetal). Por 1° intenção: Quando não há perda de tecido e as extremidades da pele ficam justapostas umas às outras Ex: quando é feito sutura. Por 2° intenção: Ocorre em ferida em que há perda de tecido e as extremidades da pele ficam distantes uma das outras, fazendo-se necessário a formação de tecido de granulação, até que ocorra a contração e epitelização. Ex: queimadura. Por 3° intenção: Ocorre quando a ferida é deixada aberta por um determinado período, funcionando como cicatrização por 2° intenção e posteriormente é suturada, agindo como cicatrização por 1° intenção. Ex.: enxerto ósseo. Objetivos da Sutura • Coaptar as margens da ferida. • Manter retalho em posição e aproximar as bordas. • Cicatrização rápida e completa. • Hemostasia. • Vitalidade tecido ósseo subjacente. • Resistência adequada. • Mínima reação tecidual. • Não se degradado em produtos tóxicos. • Dificultar a infecção e permanecer estável em sua presença. • Coeficiente adequado e calibre de resistência constante. • Capacidade de manter a resistência até quando necessária. • Velocidade de absorção não afetada por fluidos corporais. • Simples manuseio com um nó fácil e firme. • Não alergênico e não mutagênico. • Absorvíveis: Naturais ou Sintéticos. Tornaram-se populares em cirurgias periodontais e de implante pois resultam em menos inflamação pós-operatória e causam um pós- operatório mais confortável. • Não absorvíveis: Monofilamentar ou Multifilamentar. Absorvíveis - Naturais São digeridos por enzimas orgânicas e apresentam dois tipos de fios cirúrgicos fabricados a partir de filamentos processados de colágeno altamente purificados. • Sutura Gut: Vantagens: São absorvíveis; economizam tempo no pós-operatório; reduz ansiedade do paciente, pois não é preciso remover a sutura; possui resistência a tração de média a moderada. Desvantagens: A diminuição do PH da cavidade oral pode desencadear a dissolução significativamente mais rápida desse tipo de sutura absorvível. • Gut-liso: Possui resistência média a tração, taxa de absorção de 3 a 5 dias e perdem 50% da força de sutura após 24h de exposição aos fluidos intraorais. QUALIDADE DO FIO DE SUTURA IDEAL: TIPOS DE FIO: • Gut-Crômico: É absorvido de 7 a 10 dias, além disso, seu uso economiza tempo no pós- operatório. Este material apresenta de 40 a 50% de sua força durante 5 dias. Absorvíveis – Sintéticos São hidrofóbicos e, portanto, são dissolvidos, principalmente pelo processo de hidrólise (divisão por moléculas de água). • Sutura de PGA (vycril): Acido poliglicólico; possui absorção com uma taxa de 21 a 28 dias intraoral, provoca reação tecidual moderada e apresenta maior resistência à tração, por isso, sendo melhor utilizado quando é necessária uma maior resistência, na sutura em músculo, por exemplo. • Sutura de Poliglecaprone 25: Demostra uma taxa de absorção de 90 dias intraoralmente; apresenta uma enorme resistência a tração, porém é muito duro. Quando amarrado apropriadamente com o nó de cirurgião, a ponta de 3mm pode incomodar a bochecha ou a língua do paciente. Não absorvíveis – Multifilamentar Possuem uma elevada resistência, são de fácil manuseio (maleável) e proporcionam nó mecanicamente firme. Sua grande vantagem é o baixo custo, razão pelo qual ainda são amplamente usados atualmente, principalmente em hospitais. Por serem multifilamentares de alta capilaridade, potencializam a infecção mais do que os fios monofilamentares. A intensa reação inflamatória causa diminuição da resistência dos tecidos a infecção, ao contrário disso, a estrutura multifilamentar retém bactérias na sua intimidade e facilita o aumento dessas infecções. Dessa forma, esses fios devem ser evitados na sutura de feridas que apresentem contaminação bacteriana grosseira. • Algodão: Possui origem vegetal (natural); é caracterizado por filamentos proteicos, de fácil manuseio e fixação. Não se deve ser utilizado na presença de infecção, pois pode gerar maior inflamação. • Seda: Possui origem animal. Essas suturas consistem em filamentos de seda torcidos ou traçados para formar um cordão. Tem como vantagens, a lisura do fio e a elasticidade natural do material que garantem a segurança ao nó; como desvantagens, não são absorvíveis e podem resultar em um efeito de pavio, que faz com que o material de sutura atraia bactérias e fluidos para o local da ferida. TAMANHO DA SUTURA: AGULHAS DE SUTURA: OBS: Fio de seda preta - Muito usado em periodontia e cirurgias de implantes, pois tem a facilidade de ser amarrada em nó corrediço. OBS: As ranhuras dos fios multifilamentares irão embeber de placa e causar um processo inflamatório, por isso não são recomendados para enxerto. Não absorvíveis – Monofilamentar Não possuem ranhuras, é considerado mais duro e rígido, por isso pode machucar e causar incômodo no paciente, também tem risco de frouxar mais facilmente. Pode ser utilizado em áreas enxertadas. • Nylon: Não acumula placa, cicatriza mais rápido, é mais rígido, possui pouca estabilidade de nó e um menor acúmulo de bactérias na região suturada (+ usado). • Aço: É utilizado para amarrar dois dentes, não é usado em tecido mole e mais utilizado para estabilizar fraturas ou luxações dentarias. →O tamanho da sutura refere-se ao diâmetro do material e é mensurado em tamanhos de 1-0 a 10-0, com 10-0 sendo o menor diâmetro de linha e tendo a menor resistência a tração. →A resistência a tração é diretamente proporcional ao diâmetro do fio. →A linha 4-0 é a mais comumente utilizada na odontologia. →A linha 5-0 também é utilizada em odontologia, tipicamente em cirurgias mucogengivais delicadas. →A prática cirúrgica aceita é usar a sutura de diâmetro menor, que possa segurar adequadamente o tecido da ferida, isso minimiza o trauma causado pela sutura quando ela é passada pelo tecido para efetuar o fechamento. →Quanto menor for o tamanho da sutura, menor será a resistência a tração do tecido segurado. →Toda agulha cirúrgica tem três componentes básicos: a conexão final (serrilhada ou perfurada), o corpo e a extremidade. →Agulha circular 3/8 é a mais comumente usada em odontologia (cirurgia oral, periodontal e de implante). TIPOS DE AGULHAS DE SUTURA: →Agulha de sutura circular de ½ é usada em áreas de espaço restrito (molares superiores ou para suturar enxertos autógenos de tecido mole). →O raio de agulha é a medida do centro do círculo ao corpo da agulha. Agulha de Corte Invertido: São mais comumente usadas em cirurgias periodontais, maxilofaciais e de implantes; tem como características duas bordas cortantes opostas com uma terceira borda cortante na curvatura da face externa, que reduz o risco de recortes. O corte transversal do corpo de uma agulha de corte invertido possui um aspecto triangular com a base situada na parte interna do corpo afim de criar resistência no momento em que se amarra o nó e impede que o fio de sutura rasgue o retalho cirúrgico. São muito utilizadas na odontologia. Agulha de Corte Convencional: São compostas por duas bordas cortantes opostas com outra terceira do lado interno da curvatura da agulha. Em corte transversal, a agulha apresenta-se de forma triangular, e seguindo para umaforma quadrangular à medida que se aproxima do encaixe do fio. Podem ser utilizadas em cirurgias de implante, mas geralmente não são utilizadas em Odontologia pois a extremidade INSTRUMENTAIS PARA SUTURA: cortante tende a forçar, “recortando” enquanto sutura, especialmente em áreas de acesso limitadas como a cavidade oral. Agulha de Corte Cônico: São utilizadas para procedimentos de tecidos duros e delicados; possui uma ponta afiada de corte invertido e as três bordas são afiadas proporcionando um corte uniforme; tem a ponta mais delgada e afiada, e o corte transversal tende a ser circular. Pinças de Tecido: São usadas para apreender tecido de forma atraumática; sendo utilizadas somente para segurar, não perfurando ou esmagando o tecido a ser suturado. Pinça de Adson: Delicada e pequena é utilizada para estabilizar (apreender) com delicadeza o tecido mole para sutura. Pinça Dietrich: É a mais utilizada na apreensão de tecido mole, e configura-se como uma pinça atraumática. Pinça Dente de Rato: Ajuda a segurar prender o tecido mole com mais firmeza. Pinças Hemostáticas: Gera controle de sangramento; são utilizadas para pinçar vasos sanguíneos, remover pequenas pontas de raízes e objetos de compressas cirúrgicas. Pinça Halstead ou Mosquito: Pinça Kelly: Tesouras de Sutura: São utilizadas para cortar fio de sutura e tecido. Tesoura Iris: Tesoura Spencer: Porta Agulha: Porta Agulha Mayo-Heger: Aço inoxidável com carboneto de tungstênio inserido que assegura com uma presa mais firme e dá maior durabilidade ao porta-agulha, além de evitar deformação na agulha quando utilizada. Possuem anéis digitais; possuem fenda vertical; a face interna da ponta ativa tem ranhuras de secção quadriculadas para permitir a apreensão da agulha e o material de sutura causando maior estabilidade. Porta Agulha Mathieu: Não possuem anéis digitais, são manuseadas com a palma da mão (abertura mais limitada). Não possuem a fenda vertical, dessa forma são indicadas para o uso em áreas com pouca resistência. Porta Agulha Castroviejo: É utilizada em cirurgias periodontais pois é mais delicada. Apreensão da Agulha: As agulhas devem ser seguradas em uma área que seja aproximadamente a metade da distância entre o encaixe do fio e a extremidade, a uma distância de 2mm a 3mm da extremidade da ponta ativa; a agulha deve penetrar com ponta perpendicular ao tecido e ao inseri-la no tecido, a força deve ser aplicada na direção da curvatura da agulha; não devendo ser usada para unir ou aproximar os tecidos a serem suturados. Empunhadura: Os dedos anelar e polegar são inseridos nos anéis, o dedo indicador é mantido ao longo do eixo do porta agulha para estabilizá-lo e guiá-lo. TÉCNICAS DE SUTURA: Técnica de Sutura Simples Interrompida: Íntima adaptação entre os retalhos Vestibular e Lingual. 1. Passar a agulha pela superfície externa (epitelial) – geralmente pela vestibular. 2. Passar a agulha pela superfície interna – pela lingual. 3. Dar um nó na superfície vestibular, de forma com que não fique na linha de incisão. 4. Cortar o fio de sutura 2- 3mm do nó. Técnica de Sutura em 8: O fio entra dentro da incisão. 1. Passar a agulha pela superfície externa (epitelial) – geralmente pela vestibular; e posteriormente pelo ponto de contato. 2. Inverter a direção da agulha para a segunda penetração que é feita pela superfície externa do retalho lingual. 3. Modificação em formato de 8; dar um nó na superfície vestibular, de forma com que não fique na linha de incisão. 4. Cortar o fio de sutura 2-3mm do nó. Técnica de Sutura Suspensória Interrupta: 1. Passar a agulha pela superfície externa (epitelial) – geralmente por mesiovestibular. 2. Deslocar a agulha e o fio de sutura ao redor do dente e passar com agulha pela superfície interna - por distovestibular. 3. Retornar com o fio de sutura e realizar o nó de cirurgião. 4. Cortar as pontas deixando 2-3mm. Técnica de Sutura Contínua Simples: Serve para unir duas ou mais papilas interdentais do mesmo retalho; possui envolvimento de vários dentes; economiza a utilização de vários nós e fio; é mais rápida. No entanto, se a sutura se romper, o retalho pode ficar solto ou a sutura pode desamarrar dos vários dentes. 1. Passar a agulha pela superfície externa (epitelial) – geralmente por vestibular. 2. Passar a agulha pela superfície interna – pela lingual. 3. Dar um nó na superfície vestibular e cortar apenas uma ponta do fio de sutura. 4. Continuar como sutura simples. 5. Prender o porta agulha no fio antes de finalizar o ultimo ponto e realizar o nó. 6. Cortar o fio de sutura de 2 a 3mm. Técnica de Sutura Festonada: 1. Iniciar a com uma sutura simples. 2. Inserir a agulha de vestibular para lingual/palatina e passar pela laçada para continuar. 3. Realizar o nó por vestibular, apreendendo com o porta agulha a ultima laçada. 4. Cortar as três pontas deixando de 2 a 3mm. Técnica de Sutura de Colcheiro Horizontal Contínua: Não permanece no interior da ferida cirúrgica, diminuindo a contaminação por bactérias; é indicada em cirurgias que necessitem de maior coaptação das bordas da ferida; o fio passa lateralmente à incisão, pela vestibular e lingual, tanto externamente como internamente. NÓ DE CIRURGIÃO: Técnica de Sutura em X: 1. Penetração inicial da agulha através do retalho vestibular. 2. Passar a agulha pela superfície externa (epitelial), por mesiovestibular. 3. Passar a agulha pela superfície interna – por mesiolingual. 4. Passar a agulha pela superfície externa (epitelial), por distovestibular. 5. Passar a agulha pela superfície interna, por distolingual/palatina. 6. Realizar o nó pela vestibular e cortar as pontas deixando 2-3mm. • Deixar 1-2cm do fio. • Posicionar o porta agulha horizontalmente, segurando com a mão direita. • Enrolar o fio ao redor do porta agulha duas vezes no sentindo horário, segurando pela pinça com a mão esquerda. • Pinçar a ponta menor do fio com o porta agulha. • Puxar a mão esquerda e formar o nó duplo.
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