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5 1ºAula Transformações sociais, modelos subjacentes e currículo Caro estudante, estamos iniciando a disciplina “Escola e Currículo” e a primeira aula nos leva a refletir sobre as transformações sociais, modelos subjacentes e currículo. É importante saber que são diversos os enfoques a respeito do currículo na educação escolar. A Aula 01 fará com que nos aproximemos das definições de alguns estudiosos e permitirá termos uma visão das mudanças no entendimento de Currículo decorrentes do processo histórico das sociedades. Lembre-se Bons estudos! Fonte: Google imagem, acesso em 20 outubro, 2012. de que esta Aula foi preparada para que você não encontre grandes dificuldades. Contudo, podem surgir dúvidas no decorrer dos estudos! Quando isso acontecer, anote, acesse a plataforma e utilize as ferramentas “quadro de avisos” ou “fórum” para interagir com seus colegas de curso ou com seu tutor. Sua participação é muito importante e estamos preparados para ensinar e aprender com seus avanços... Leia com atenção todos os itens sugeridos. Se houver dúvidas, releia e busque esclarecê-las nas indicações de “Saiba mais”. Trabalharemos juntos na construção do conhecimento, sobretudo, procure pensar você mesmo. Boa Aula 101 Escola e Currículo 6 Objetivos de aprendizagem 1 - Transformações sociais. 2 - Breve história dos currículos. 3 - Definições de Currículo. 4 - Estrutura da organização curricular da educação básica no Brasil. 5 - Diretrizes Curriculares Nacional Ao término desta aula, vocês serão capazes de: Currículo em suas transformações sociais e seus modelos subjacentes; Oculto; currículo; currículo; da educação básica no Brasil. Seções de estudo 1 - Transformações sociais Turma, Esta aula foi elaborada com base no material organizado pelo Ministério da Educação (MEC) “Indagações sobre Currículo” (2008). Para saber mais sobre as questões propostas aqui, Como elucida Guimarães Rosa (1956), na obra “Grande Sertão Veredas”: “O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre vida me ensinou.” Estamos sempre em processo de transformação, mudança. A cada novo passo, escolhemos rumos diferentes a seguir. E a palavra Currículo, cuja origem vem do latim Curriculum, significa exatamente esse percurso, curso, carreira, arte de correr. Significa o caminho da vida, o sentido, a rota de uma pessoa ou um grupo de pessoas. O currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social. O currículo está implicado em relações de poder, o currículo transmite visões sociais particulares e interessadas, o currículo produz identidades individuais e sociais particulares. O currículo não é um elemento transcendente e atemporal, ele tem uma história, vinculada a formas da sociedade e da educação (MOREIRA; SILVA, 1995, p.8). Nesse sentido, o currículo estabelece uma estreita relação com a cultura na qual ele se organiza. O currículo no ambiente educacional decorrerá da organização cultural, social, política, econômica e educacional de uma determinada sociedade. Os conteúdos priorizados na instituição escolar irão ao encontro dos interesses de cada sociedade. Informação Relevante: Segundo o Dicionário Aurélio, o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações, artísticas, intelectuais, etc. transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade. O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo cultural. Segundo o Dicionário de Ciência Política, a expressão Cultura Política tem sido usada para designar o conjunto de atitudes, normas, crenças largamente partilhadas pelos membros de uma determinada unidade social e tendo como objeto, fenômenos políticos. Compõem a Cultura política de certa sociedade os conhecimentos, ou, melhor, sua distribuição entre os indivíduos que a integram, relativo às instituições, à prática política, às forças Para que essa relação fique mais clara, faremos agora um retorno ao processo histórico das visões de currículo. Importa ressaltar que essas visões, por serem historicamente situadas em espaços e tempos, 102 7 revelam as influências políticas, sociais e econômicas de cada época. Isso implica em compreender o currículo como um processo constituído de conflitos e lutas entre diferentes tradições e diferentes concepções sociais. Ao final desta aula você será capaz de refletir as transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que afetam diretamente o ambiente escolar, fazendo com que o currículo seja constantemente transformado! 2 Os currículos iniciais nas escolas do antigo Egito, da Suméria, da Grécia tinham como eixo central a escrita, a matemática e as artes. Da escrita ensinava-se a leitura a todos, mas o ato de escrever, propriamente dito, ficava reservado às classes sociais economicamente favorecidas. Minorias que chegavam até a escola permaneciam três anos para aprender somente a ler, enquanto as crianças das classes dominantes continuavam para aprender a escrever. Escravos, que acompanhavam os filhos dos senhores à escola, aprendiam a ler para ajudá- los nos deveres de casa. Na Roma antiga, esses escravos eram chamados de pedagogos. As artes fizeram parte dos currículos em várias civilizações em momentos históricos distintos. Na verdade, a música sempre foi um componente curricular importante, acompanhada pela literatura, as artes visuais, a geometria, o desenho, foram componentes curriculares que atravessaram milênios. Na antiga Grécia, por exemplo, a música era um componente curricular tão importante como a leitura e a literatura. Na Idade Média também se verifica essa presença. Mesmo no século XX, desenho artístico, desenho geométrico, música, canto orfeônico, solfejo, faziam parte dos currículos de escolas públicas, inclusive no Brasil (MEC, 2008). Currículo significou tradicionalmente a relação de disciplinas e seus conceitos organizados de maneira lógica, o que duramente muito tempo foi seguido por educadores como sendo a única saída para o cumprimento de conteúdos exigidos, de acordo com a idade e série dos educandos. Porém, alguns acontecimentos históricos contribuíram para possíveis mudanças e consequentemente, melhorias. Essas mudanças partiam do modo de pensar do próprio ser humano, ocasionando, assim, novos anseios e ações diante da vida. As primeiras civilizações organizadas foram se modificando conforme as necessidades humanas. As transformações acontecem quando o homem, enquanto ser social passa a pensar de modo diferente. Os novos anseios humanos são os condutores de mudanças educacionais. Vejamos alguns fatores que determinaram essas transformações: A Revolução Industrial gerou a independência entre homens e países, buscando a produção em série e o lucro cada vez mais fácil. Outro aspecto dessas mudanças foram as descobertas científicas, engajadas nesse novo jeito de viver, levando à geração de novos empregos, estes mais especializados. A explosão d e m og r á f i c a , com o aumento e concentração de pessoas (urbanização) na cidade em busca de oportunidades, também foi um deles. Por fim, os meios de comunicação, que com o avanço de tantas tecnologias fornecem informações e ao mesmo tempo exige das pessoas uma melhor capacitação. As transformações decorrentes dos acontecimentos políticos, econômicos e sociais de cada época, conduziram a mudanças importantes no papel da educação escolar e, consequentemente, mudanças na estrutura curricular do ensino, pois os anseios da sociedade caminharam de acordo com a concepção de uma escola que preparasse seus alunos para as novas demandas do mercado de trabalho. Um estudo cuidadoso da história do currículo ao longo dos milênios revela que quando falamos em formação humana, em incluir a cultura na escola não estamos falando emalgo totalmente novo no processo de escolarização. A diferença é que hoje dispomos de muito mais conhecimento sobre o desenvolvimento do ser humano, notadamente da criança. O avanço nas várias áreas do conhecimento que estudam o ser humano em toda sua complexidade, principalmente na área das neurociências (sobre o funcionamento Fonte: https:// www.google.com. br/imghp?hl=pt- BR&tab=wi Fonte: https://www.google.com.br/ imghp?hl=pt-BR&tab=wi 103 Escola e Currículo 8 biológico- cultural do cérebro), é que nos traz hoje outra dimensão para o ensino e a aprendizagem. O mais inovador é a revelação que ela traz de como os conhecimentos sistematizados – seja na área dos códigos simbólicos, das ciências ou das artes – formam a pessoa, integrando-se à sua identidade cultural e a sua personalidade. O conhecimento torna-se não somente uma aquisição individual, mas uma das possibilidades de desenvolvimento da pessoa que terá reflexos na vida em sociedade. Formar a pessoa para situar- se, inclusive, como membro de um grupo passa a ser, também, um objetivo de uma educação escolar voltada para a humanização. Informação Relevante: processo pelo qual todo ser humano passa para se apropriar das formas humanas de comunicação, para adquirir e utilizar os instrumentos culturais necessários para as práticas mais comuns da vida cotidiana até para invenção de novos instrumentos, para se apropriar do conhecimento historicamente constituído e das técnicas para a criação nas artes e criação nas ciências. A humanização se refere, assim, ao desenvolvimento cultural da espécie. O desenvolvimento a humanidade e do quanto cada país participa do acervo de cultura, tecnologia, ciências e bens disponíveis a um momento dado. Dentro de um mesmo país, a participação Esse fato é de maior importância: as comunidades humanas são afetadas de alguma forma pelo acervo de conhecimentos de todos os seus membros. Ou seja, o conhecimento individual de cada um, tem também, uma dimensão coletiva. Ele pode, ou não, ser disponibilizado para todos, dependendo da concepção de cada um. (está Importante! O conhecimento é um bem comum, devendo, portanto, ser socializado a todos os seres humanos. O currículo é o instrumento por excelência dessa socialização. Observamos até o momento que o currículo escolar tem sociais e culturais de cada época. Vimos também que a aquisição do conhecimento é um bem comum e que por isso deve ser socializado. Passamos agora para um segundo momento de nossas reflexões. Vejamos como tem sido conceituado o termo currículo por alguns estudiosos da área. Iniciaremos com alguns conceitos formulados por estudiosos que se dedicam a compreender esse termo tão utilizado, porém, às vezes, não compreendido de acordo com sua real importância. 3 Segundo documento do Ministério da Educação (2009) quando se fala em currículo, há que se considerar o caráter fortemente polissêmico da palavra. Ela designa várias coisas: próprio caminho; ensinado aos alunos; relativos a uma pessoa (em termos de sua formação, experiências, realizações etc.), o que usualmente tem sido denominado de curriculum vitæ. Assim, podemos afirmar que o currículo é visto como um espaço físico, como uma ação, como um programa, como um documento e assim por diante. Vera Maria Candau (2001) cita em sua obra alguns conceitos sobre o que seria o currículo, atualmente, para alguns autores e estudiosos da área: “Currículo é tudo que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e professor. Tudo que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria de currículo” (SPERB, 1982, p.64). a vida escolar da criança. Um programa de ensino só se transforma em currículo após as experiências que a criança vive em torno do mesmo” (REGO, 1982, p.105). “Consiste em experiências, por meio das quais as crianças alcançam a autorrealização e, ao mesmo tempo, aprendem a contribuir para a construção de melhores comunidades e de um melhor futuro” (RAGAN, 1973, p.308). O currículo é um percurso educacional, um conjunto contínuo de situações de Fonte: https:// www.google.com. br/imghp?hl=pt- BR&tab=wi 104 9 aprendizagem (“learning experiences”) às quais um indivíduo vê-se exposto ao longo de um dado período, no contexto de uma instituição de educação formal. Por extensão, a noção designará menos um percurso efetivamente cumprido ou seguido por alguém do que um percurso prescrito para alguém, um programa ou um conjunto de programas de aprendizagem organizados em cursos (FORQUIN, 1993, p. 22). Candau e Moreira (2007) abordam ainda que as diferentes concepções da palavra currículo derivam dos diversos modos como a educação é concebida historicamente, bem como das influências teóricas que a afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento. Diferentes fatores socioeconômicos, políticos e culturais têm contribuído, assim, para que currículo seja entendido como: (a) os conteúdos a serem ensinados e aprendidos; (b) as experiências escolares de aprendizagem a serem vividas pelos alunos; (c) os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais; (d) os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino; (e) os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização. Podemos afirmar que as discussões sobre o currículo incorporam, com maior ou menor ênfase, discussões sobre os conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as relações sociais que conformam o cenário em que os conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as transformações que desejamos que aconteçam com nossos alunos e alunas, sobre os valores que desejamos discutir com eles e elas e sobre as identidades que pretendemos construir. Discussões sobre conhecimento, verdade, poder e identidade marcam, invariavelmente, as discussões sobre questões curriculares (SILVA, 1999, apud, CANDAU; MOREIRA, 2007). Currículo explícito e currículo oculto Importa destacar que a palavra currículo tem sido também utilizada para indicar efeitos alcançados na escola, que não estão explicitados nos planos e nas propostas, não sendo sempre, por isso, claramente percebidos pela comunidade escolar. Trata-se do chamado currículo oculto, que envolve, dominantemente, atitudes e valores transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. Fazem parte do currículo oculto, assim, rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na escola, modos de distribuir os alunos por agrupamentos e turmas, mensagens implícitas nas falas dos(as) professores(as) e nos livros didáticos. São exemplos de currículo oculto: (a) A forma como a escola incentiva a criança a chamar a (b) A maneira como arrumamos as carteiras na sala de aula (c) As visões de família que ainda se encontram em certos livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe média). Sobre currículo oculto, Forquin (1999, p. 23, apud, GOMES; VIEIRA, 2009), explicita que este também é denominado de “programa latente”. Esse conceito é utilizado para diferenciar o que “é explicitamente perseguido pela escola e o que é efetivamente realizado pela escolarização enquanto desenvolvimento das capacidades ou modificação dos comportamentos nos alunos”. Segundo o autor O “currículo oculto” designará estas coisas que se adquirem na escola (saberes, competências, representações, papéis, realçam uma “programação ideológica” tanto mais imperiosa quanto mais ela é oculta, seja porque elas escapam, ao contrário, a todo controle institucional e cristalizam-se como saberes práticos, receitas de “sobrevivência” ou valores de Gomes e Vieira (2009) acrescentam ainda a respeito do currículo oculto na discussão sobre a cultura na escolarização. Sacristán (1999, p. 155) apud GOMES; VIEIRA 2009, p.3.225) mencionaque “na admissão do currículo oculto existe um dos motivos de desestabilização da ideia moderna de cultura na escola, fonte de suspeita diante das boas intenções declaradas na medida em que tal currículo age, em muitos casos claramente, contra as declarações bem intencionadas”. O autor informa ainda que 105 Escola e Currículo 10 “o currículo é uma construção peculiar dentro do âmbito escolar, mas não sempre um produto construído pela pedagogia ou pela psicologia, como às vezes, a crítica à degradação da qualidade do ensino quer fazer parecer” (SACRISTÁN, 1999, p. 156, apud GOMES; VIEIRA, 2009, p.3.226). vezes não pensamos, podem estar provocando nos alunos? práticas de nossa escola, poderíamos estar contribuindo para evitar um currículo oculto capaz de oprimir nossos (as) estudantes por razões ligadas a classe social, gênero, raça, Qualquer que seja a concepção de currículo que adotamos, não parece haver dúvidas quanto à sua importância no processo educativo escolar. No currículo se sistematizam nossos esforços pedagógicos. Importa conhecermos sobre a diferença entre currículo explícito e currículo oculto, pois a escola, além de desenvolver o currículo explícito referente à transmissão de conteúdos, além de hierarquizar graus escolares e critérios de avaliações por mérito, desenvolve, também, o currículo oculto que se refere à transmissão de valores e ainda à aceitação dessa hierarquia por parte dos alunos. Partindo dessas informações, podemos considerar que houve no decorrer da história mudanças importantes em relação aos conceitos tradicionalmente elaborados e defendidos sobre currículo, deixando de significar apenas matérias ensinadas na escola e ganhando um sentido mais amplo, considerando a vida e todo o programa escolar, inclusive atividades ocorridas fora da sala de aula e que, certamente, contribuem muito para a aprendizagem. “O currículo é o coração da escola, o espaço central em que todos atuamos, o que nos torna, nos diferentes níveis do processo educacional, responsáveis por sua elaboração” (CANDAU; MOREIRA, 2007) Candau (2000) chama nossa atenção para as consequências decorrentes do novo conceito de currículo: vivenciada pela criança. Não considerando livros e programas de estudos, considerando o currículo como algo desnecessário, devido às experiências dos alunos. É importante, porém, considerar a qualidade dessas vivências, para que realmente estas sejam utilizadas de maneira qualitativa. programáticos. Claro que cabe ao professor selecionar os conteúdos que julgar necessários e que contribuam para a aprendizagem, de maneira significativa, porém, cabe, também, ao professor, conhecer tais necessidades, ou seja, estabelecer quais os anseios e a realidade de seus educandos. Os relacionamentos, a vivência em sala e fora dela, a avaliação, a metodologia são tão importantes como o conteúdo a ser abordado. finalidade de ir ao encontro das capacidades e interesses das crianças, tornando-se assim, um ambiente especializado de aprendizagem, além de, conduzir os educandos ao enriquecimento de suas próprias práticas e um a aperfeiçoamento de toda a sociedade através da aquisição de informações, habilidades e atitudes. consideração é o fato de que, para a organização do currículo, o responsável, (no caso o profissional de educação), deve ampliar seus objetivos, não limitando-se, pura e simplesmente aos conteúdos mais importantes, de acordo com este ou aquele autor, e visando, também, à melhoria da vida desses indivíduos. Perceberam a importância de estudarmos sobre currículo? Os estudos sobre o currículo nos levam a descobrir informações imprescindíveis para a realização de uma prática educativa mais eficiente e comprometedora. Dimensões que determinam um currículo. Há três dimensões fundamentais que são classificadas da seguinte maneira: sociedade acredita e defende como valores, conceitos dentro de sua cultura. Dessa maneira, a educação tem como propósito atender tais concepções. necessita estar atenta às transformações sociais, que ocorrem de maneira rápida, trabalhando de uma forma educativa, dinâmica e atual, ou seja, cabe à escola, conhecer as influências que seus alunos sofrem em todos os aspectos como o familiar, o social e o econômico. cológica: a atenção está voltada na busca da compreensão das limitações, Fonte: https://www. google.com.br/ imghp?hl=pt-BR&tab=wi 106 11 das habilidades e potencialidades de cada aluno, respeitando cada ritmo de desenvolvimento. Encarar o currículo como um conjunto de experiências é considerá-lo um planejamento dessas experiências vividas e trazidas pelos alunos de uma escola. A elaboração de um currículo que seja o mais próximo da realidade de seus alunos deve contar com a participação de todas as pessoas que direta ou indiretamente constituem a comunidade escolar como, diretores, coordenadores, professores, pais e, claro, os próprios alunos. Atente-se para a próxima seção! Vejamos abaixo a estrutura da organização curricular da educação básica no Brasil. Dessa forma, entenderemos claramente a organização curricular das instituições escolares locais. 4 - Estrutura da organização curricular As informações contidas nessa Seção foram retiradas do site http://portal.mec.gov.br Segundo o Ministério da Educação (2009) a estrutura curricular da educação básica se organiza da seguinte forma: A Educação Infantil No caso da Educação Infantil, o currículo corresponde ao conjunto de experiências culturais nas quais se articulam os saberes da experiência, da prática (fruto das vivências das crianças) e os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, na perspectiva da formação humana. Nas Propostas Pedagógicas de Educação Infantil, a linguagem e a brincadeira são elementos articuladores entre os saberes e os conhecimentos. As experiências com a linguagem devem considerar o papel central da oralidade, materializada em práticas de narrativa que tomam como objeto os saberes e os conhecimentos. A brincadeira, como experiência de cultura e como forma privilegiada de expressão da criança, deve ser vivenciada tanto em situações espontâneas quanto planejadas, com e sem a intervenção do adulto. Tais Propostas Pedagógicas devem favorecer o acesso aos bens culturais, às práticas culturais, ao convívio com a natureza, bem como propiciar a ampliação de experiências de aprendizagem, mobilizando elementos cognitivos, afetivos e sociais. Os eixos com base nos quais os saberes e os conhecimentos devem ser trabalhados apresentam determinadas especificidades, próprias das crianças da Educação Infantil (Kramer, 2009). formação da criança. O currículo deve favorecer essa prática O Ensino Fundamental No caso do Ensino Fundamental, o currículo também corresponde às experiências vividas pelos estudantes, nas quais se articulam os saberes que os estudantes aprendem na vivência e na convivência em suas comunidades com os conhecimentos sistematizados que a escola deve lhes tornar acessíveis. Assim, qualquer discussão sobre o currículo no Ensino Fundamental depara-se sempre com duas dificuldades complementares: de um lado, conhecer-se o que se costuma denominar “a realidade do aluno” e, de outro, conhecer-se o que se costuma denominar “saberes escolares” (relativos a essa etapa da Educação Básica). Ainda que isso seja verdadeiro também para as outras etapas, talvez seja justamente no Ensino Fundamental que elas pareçam ser mais complexas. Soma-se a tais dificuldades o fato de que a permanência na escola, das crianças e dos jovens, em comparação com as demais etapas da Educação Básica, é a mais longa. Assim, é lícito supor que essa seja a etapa que mais ampla, profunda e duradouramente deixa suas marcas nos sujeitos escolares. No ensino fundamental devemos estar atentos à realidade social, cultural e econômica de cada aluno, para assim garantir o direito de todos à aprendizagem com qualidade eequidade. O Ensino Médio No caso do Ensino Médio, trata-se de reconhecê- lo como parte de uma etapa da escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável 107 Escola e Currículo 12 para o exercício da cidadania e fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Conforme se destaca no documento Ensino Médio Inovador (Brasil, Ministério da Educação, 2009), a identidade do Ensino Médio se define na superação do dualismo entre ensino propedêutico e ensino profissionalizante. Quer se configurar uma referência, para essa etapa, que propicie uma identidade unitária, com formas diversas e contextualizadas, tendo em vista a realidade brasileira. A formação em uma base unitária implica perceber as diversidades do mundo contemporâneo, promovendo-se as capacidades de pensar, refletir e agir sobre as determinações da vida social e produtiva, de forma a se articularem trabalho, ciência e cultura, na perspectiva da emancipação humana. Os currículos do Ensino Médio deverão organizar-se, então, de acordo com o avanço da ciência e da tecnologia, elevando-se a cultura a um componente da formação geral, associada ao trabalho produtivo. “Isso pressupõe a vinculação dos conceitos científicos com a prática relacionada à contextualização dos fenômenos físicos, químicos e biológicos, bem como a superação das dicotomias entre humanismo e tecnologia e entre formação teórica geral e técnica-instrumental” (Brasil, Ministério da Educação, 2009). Consideradas essas três etapas da Educação Básica, pode-se afirmar serem necessárias diretrizes e orientações que efetivamente dialoguem com o currículo praticado nas escolas e com os conhecimentos e saberes dos estudantes. Nas recentes reformas educacionais, o currículo tem assumido uma posição central: inúmeras têm sido as propostas, que acompanham tais reformas, de modificar ou atualizar o currículo, conferindo-lhe graves responsabilidades na solução dos problemas educacionais. Se a perspectiva atual é construir outro projeto de educação e de sociedade, é preciso começar questionando os padrões universais do conhecimento escolar. É preciso abandonar o modelo de “currículo padronizado e prescrito”, compreendendo-se a escola como espaço de pluralidade de saberes e de racionalidades e não como um espaço uniforme ou homogêneo. Ao mesmo tempo, sem que se pretenda ou se julgue possível estabelecer um efetivo controle sobre a prática, cabe buscar desenvolvê-la e aperfeiçoá-la por meio da oferta de diretrizes curriculares e, ainda, por meio de uma articulação nacional que garanta apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino e às escolas de Educação Básica (MEC, 2009). A etapa ensino médio deve garantir ao aluno o direito à preparação para inserção social e no trabalho. Para cada etapa da educação básica o currículo deve voltar-se a um enfoque específico. Enquanto educadores devemos estar atentos às demandas de cada etapa da educação básica, para que assim o currículo escolar, o planejamento docente e as ações de toda a comunidade escolar estejam realmente voltados às necessidades dos alunos. 5 – Esta Seção nos fará conhecer o que são as Diretrizes Curriculares Nacionais e suas funções. As informações abaixo foram retiradas do Portal do Ministério da Educação (MEC). Muita atenção! Essas são questões de legislação educacional brasileira. As Diretrizes Curriculares (Resolução CNE/ CEB, de 26/06/1998) constituem um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em atendimento ao que manda a lei 9394/96, que define as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Na Lei de Diretrizes e Bases 9.394/1996, prevê-se, como incumbência da União, estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. Assim como no Parecer da Câmara da Educação Básica (CEB) nº 15/98, neste documento, diretriz é entendida como se referindo tanto a direções físicas quanto a indicações para a ação. No primeiro caso, corresponde à linha reguladora do traçado de um caminho; no segundo caso, como conjunto de instruções ou indicações para se formular e levar a cabo um plano, uma ação, um procedimento. Entendida conforme o primeiro caso, a diretriz é mais perene. No segundo, é decorrente de acordo 108 13 entre partes e, por conseguinte, mais propensa a atualizações razoavelmente frequentes. Naquele Parecer, afirma-se que as diretrizes da educação nacional e de seus currículos podem ser associadas à linha reguladora do traçado que aponta a direção a ser seguida, devendo, assim, ser mais duradouras. As diretrizes curriculares para a Educação Básica (deliberadas pela CEB/CNE) são vistas, ainda no Parecer, como nascidas do dissenso, como unificadas pelo diálogo, como não uniformes, como não correspondentes à expressão de toda uma verdade. Nesse sentido, podem ser traduzidas em diferentes propostas curriculares e programas de ensino, não constituindo uma forma acabada de ser e de pensar. Cabe, então, ao Conselho Nacional de Educação (CNE), no que se refere às Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, sistematizar os princípios e diretrizes gerais constantes da Lei de Diretrizes e Bases 9.394/1996; explicitar os desdobramentos desses princípios no plano pedagógico e expressá- los por meio de diretrizes que venham a garantir a formação básica comum nacional; e, ainda, dispor sobre a organização curricular das diferentes etapas Ainda que as diretrizes da educação nacional e de seus currículos possam ser vistas como mais duradouras, não constituem (nem poderiam constituir) uma forma acabada de ser e de pensar. No próprio Parecer CEB nº 15/98, afirma-se que as diretrizes não são imutáveis, pois no plano pedagógico nada encerra (nem poderia encerrar) toda a verdade e tudo demanda, sempre, atualização. Tendo em mente todas as mudanças que se vêm tornando mais agudas, rápidas e amplas nos últimos anos, seja nas esferas cultural e social, seja nas esferas política e econômica, não há como aceitar que o panorama educacional se mantenha estático, sem responder às rápidas transformações que presenciamos e que nos atravessam. A intenção, nas Diretrizes Curriculares, seria: renovação das culturas, bem como a sensibilidade para necessários esforços para que, nas práticas pedagógicas, se possa escolher objetivos, conhecimentos, saberes e procedimentos oriundos dos grupos subalternizados, excluídos e marginalizados, que desestabilizassem os processos hegemônicos. Seria abrir espaço para o diálogo entre tais elementos marginalizados e a ciência, a tecnologia e a cultura dominantes; prescrição de políticas e de promoção de mudanças nos sistemas educacionais. Seria, ainda, favorecer o redimensionamento e a promoção de qualidade na educação, em um sentido distinto daquele com base no qual ela é concebida em termos de eficácia, efetividade e obtenção de resultados predefinidos, em consonância com os valores do mercado (Moreira e Kramer, 2007). organização curricular em nível nacional. Cabe ao Conselho Estadual de Educação (CEE): deliberar sobre diretrizes curriculares, como base comum nacional a ser complementada pelo sistema de ensino, por uma sociais e econômicas de natureza regional, acrescentadas conforme interesse da demanda de cada estabelecimento de ensino. O C.E.E faz as adequações necessárias, considerando as peculiaridades locais, como, por exemplo: A Unidade Escolar: elabora o currículo pleno, atendendo às possibilidades do estabelecimento e às necessidades e características da clientela. Turma!É indispensável que vocês conheçam diferentes termos e seus respectivos significados sobre currículo. Vejam: Currículo Pleno: formado pelos currículos das diferentes séries e turmas escolares. 109 Escola e Currículo 14 Guias curriculares: direcionado mais para o profissional de educação, como forma de roteiro, organizando melhor seu currículo, em que apresenta algumas sugestões como: objetivos, conteúdos, estratégias, entre outros. Programa: consiste no detalhamento do currículo, considerando as necessidades ou especificidades da escola, da sala de aula e do aluno. Disciplina ou matéria: conhecimento específico sobre determinado conteúdo, organizado com generalizações próprias para a explicação dos fatos que a ele se relacionam. Área de estudos: determinadas matérias que englobam vários conteúdos como, por exemplo: Estudos Sociais, abrangendo Geografia, História e outros. Retomando a aula 1 - Transformações sociais A palavra Currículo, que vem do latim Curriculum, se transforma, conforme os anseios sociais e estabelece estreita relação com a cultura na qual ele se organiza. No ambiente escolar decorrerá da organização cultural, social, política, econômica de cada organização social. 2 - Breve história dos currículos As primeiras organizações civilizadas pensaram o currículo conforme seus anseios sociais e culturais. Essa situação permanece até os dias atuais. O que percebemos é que o Currículo se modificou conforme as transformações e os acontecimentos em cada época. Um estudo cuidadoso da história do currículo ao longo dos milênios revela que quando falamos em formação humana, em incluir a cultura na escola não estamos falando em algo totalmente novo no processo de escolarização, porém algo que vem de longo o tempo. O que modificou é na contemporaneidade dispomos de conhecimentos cada vez mais avançados nas mais variadas áreas. 3 - Definições de Currículo Não há uma única definição para currículo, são inúmeros os estudos a respeito da temática. Cabe a nós conhecermos diferentes opiniões e definirmos as definições que realmente se encaixem a nossa prática pedagógica. O currículo é visto como um espaço físico, como uma ação, como um programa, como um documento e assim por diante. Sua conceituação é polissêmica. O currículo pode ser explícito referente à transmissão de conteúdos, ou implícito (oculto) que se refere à transmissão de valores e ainda à aceitação dessa hierarquia por parte dos alunos. 4 - Estrutura da organização curricular da educação básica no Brasil A educação básica no Brasil é composta por três etapas de ensino: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Para cada etapa precisamos pensar questões curriculares específicas. Com base nas “Diretrizes Curriculares Nacionais”, cada ente federativo (estados, municípios) tem autonomia para organizar sua estrutura organizacional curricular, cabendo aos entes federados acrescentar as especificidades regionais necessárias em cada currículo escolar. 5 - Diretrizes Curriculares Nacionais As Diretrizes Curriculares Nacionais constituem um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em atendimento ao que manda a lei 9394/96, que define as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Cabe, então, ao Conselho Nacional de Educação (CNE), no que se refere às Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, sistematizar os princípios e diretrizes gerais constantes da Lei de Diretrizes e Bases 9.394/1996; explicitar os desdobramentos desses princípios no plano pedagógico e expressá-los por meio de diretrizes que venham a garantir a formação básica comum nacional; e, ainda, dispor sobre a organização curricular das diferentes etapas da 110 15 com seus colegas de curso e com seu tutor. Temas de Pedagogia - Diálogos Entre Didática e Currículo - 2012 José Carlos Libâneo e Nilda Alves – Editora Cortez w w w. a n p e d . o r g . b r / r e u n i o e s / 2 5 / textoclaccsosandracorazza.doc www.curriculosemfronteiras.org Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar Vale a pena assistir Fonte: https:// www.google. com.br/ imghp?hl=pt- BR&tab=wi 111
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