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-A hepatite viral aguda é uma infecção sistêmica que afeta predominantemente o fígado. Quase todos os casos de hepatite viral aguda são causados por um destes cinco agentes virais: vírus da hepatite A (HAV), vírus da hepatite B (HBV), vírus da hepatite C (HCV), o agente delta associado ao HBV ou vírus da hepatite D (HDV) e vírus da hepatite E (HEV). Todos os vírus das hepatites humanas são compostos de RNA, exceto o vírus da hepatite B, que é um vírus de DNA, mas que se replica como retrovírus. Embora esses vírus possam ser diferenciados por suas propriedades moleculares e antigênicas, todos os tipos de hepatite viral causam doenças clinicamente semelhantes. Por um lado, as hepatites variam de infecções assintomáticas e não evidentes a infecções agudas fulminantes e fatais comuns a todos os tipos. Por outro lado, também variam de infecções subclínicas persistentes à doença hepática crônica rapidamente progressiva com cirrose e até mesmo carcinoma hepatocelular, comuns a todos os tipos hematogênicos (HBV, HCV e HDV) -Hepatite B: Depois que um indivíduo é infectado pelo HBV, o HBsAg é o primeiro marcador virológico identificável no soro dentro de 1 a 12 semanas, em geral entre 8 e 12 semanas e continua detectável mesmo depois da fase ictérica ou sintomática da hepatite B aguda. Nos casos típicos, o HBsAg deixa de ser detectável entre 1 a 2 meses depois do início da icterícia e, raras vezes, persiste por mais de 6 meses. Depois do desaparecimento do HBsAg, o anticorpo para o HBsAg (anti-HBs) torna-se detectável no soro e assim continua, indefinidamente. O anti-HBc da classe IgM (IgM anti-HBc) predomina durante os primeiros 6 meses subsequentes à infecção aguda, enquanto a IgG anti-HBc é a classe de anti-HBc que predomina além dos 6 meses. Em geral, nos indivíduos que se recuperaram da hepatite B, o anti-HBs e o anti-HBc persistem indefinidamente. -Hepatite A: Período de incubação de 4 semanas. A replicação viral ocorre exclusiva- mente no fígado, porém o vírus está presente no fígado, bile, fezes e sangue durante o período subsequente de incubação e na fase pré- ictérica/ pré-sintomática aguda da doença. Embora o vírus persista por um tempo um pouco maior no fígado, a eliminação viral nas fezes, a viremia e a infecciosidade diminuem rapidamente depois que a icterícia se torna evidente. Os anticorpos anti-HAV podem ser identificados durante a doença aguda, quando a atividade das aminotransferases séricas está elevada e a eliminação fecal do HAV ainda está ocorrendo. Essa resposta humoral inicial consiste predominantemente na classe IgM e persiste por vários meses (cerca de 3)durante a convalescença, o anti-HAV da classe IgG passa a ser o anticorpo predominante. Por isso, o diagnóstico de hepatite A é estabelecido durante a enfermidade aguda pela demonstração da presença de anti-HAV da classe IgM. Depois da doença aguda, o anti- HAV da classe IgG continua detectável indefinidamente e os pacientes com anti-HAV sérico são imunes à reinfecção Hepatite Viral AgudaHepatite Viral Aguda M a r i n a A l b u q u e r q u eM a r i n a A l b u q u e r q u e IntroduçãoIntrodução L H 5 L H 5 L H EtiologiaEtiologia -Hepatite C: Visto que não se replica por meio de um DNA intermediário, o HCV não se integra ao genoma hospedeiro. Os imunoensaios de terceira geração (ELISA) atualmente disponíveis, que incorporam as proteínas do core , a NS3 e as regiões NS5, detectam anticorpos anti-HCV durante a infecção aguda. O indicador mais sensível de infecção pelo HCV é a presença do RNA viral. -Hepatite D: vírus de RNA incompleto que coinfecta e depende da função auxiliar do HBV (ou de outros hepadnavírus) para sua replicação e expressão; O HDV pode infectar simultaneamente um indivíduo junto com o HBV ( coinfecção ) ou superinfectar uma pessoa já infectada com HBV ( superinfecção ). Levando em conta que o HDV depende absolutamente do HBV, a duração da infecção pelo HDV é determinada pela (e não pode ser maior que a) duração da infecção pelo HBV. A replicação do HDV tende a suprimir a replicação do HBV; assim, os pacientes com hepatite D tendem a apresentar níveis mais baixos de replicação do HBV. O antígeno do HDV é expresso principalmente nos núcleos dos hepatócitos e, ocasionalmente, pode ser detectado no soro. Durante a infecção aguda pelo HDV, há predomínio de anti-HDV da classe IgM e pode demorar 30 a 40 dias após o aparecimento dos sintomas para detectar o anti-HDV. Com a infecção autolimitada, o título de anti-HDV é baixo e sua existência é transitória, raramente permanecendo detectável após a eliminação do HBsAg e do antígeno de HDV. Com a infecção crônica pelo HDV, o anti-HDV circula em altos títulos e pode ser identificado tanto como IgM quanto como IgG. O antígeno do HDV no fígado e o RNA do HDV no soro e no fígado podem ser detectados durante a replicação do HDV. -Hepatite E: vírus transmitido por via entérica, causador de hepatite clinicamente evidente sobretudo na Índia, na Ásia, na África e na América Central. Os reservatórios animais contribuem para a perpetuação do vírus, especialmente suínos, mas também camelos, veados, ratos e coelhos, entre outros. O vírus já foi detectado nas fezes, na bile e no fígado, e é excretado nas fezes durante o período de incubação tardio. É possível detectar IgM anti- HEV durante a infecção aguda inicial, e IgG anti-HEV predominantemente depois dos primeiros 3 meses. A presença do RNA do HEV no soro e nas fezes está associada à infecção aguda; a viremia regride à medida que ocorre recuperação clínica e/ou bioquímica, enquanto o RNA viral presente nas fezes pode persistir por várias semanas depois da viremia. Hoje, a disponibilidade e confiabilidade dos testes sorológicos e/ou virológicos para infecção por HEV é limitada – não existem testes aprovados ou licenciados pela Food and Drug Administration (FDA) – mas o diagnóstico pode ser confirmado em laboratórios especializados -Em circunstâncias comuns, nenhum dos vírus da hepatite é conhecido por causar efeitos citopáticos diretos nos hepatócitos. Evidências sugerem que as manifestações clínicas e os prognósticos depois da lesão hepática aguda associada à hepatite viral sejam determinados pelas respostas imunológicas do hospedeiro. Entre as hepatites virais, a imunopatogenia das hepatites B e C foi a mais extensamente estudada. -Hepatite B: Em circunstâncias comuns, nenhum dos vírus da hepatite é conhecido por causar efeitos citopáticos diretos nos hepatócitos. Evidências sugerem que as manifestações clínicas e os prognósticos depois da lesão hepática aguda associada à hepatite viral sejam determinados pelas respostas imunológicas do hospedeiro. Entre as hepatites virais, a imunopatogenia das hepatites B e C foi a mais extensamente estudada. As diferenças de potência e a policlonalidade ampla da reatividade das células T CD8+ citolíticas; da contagem de células T CD4+ auxiliares HBV- específicas; da atenuação, depleção e exaustão de células T vírus-específicas; das mutações de escape em epítopos de células T virais, que permitem que o vírus fuja das células T; e da elaboração de citocinas antivirais por células T foram citadas para explicar as diferenças prognósticas entre os pacientes que se recuperam da hepatite aguda e os que progridem para hepatite crônica, ou entre os indivíduos que desenvolvem infecção aguda leve ou grave (fulminante) pelo HBV. O fato de infecções concomitantes por HDV e HBV estarem associadas à lesão hepática mais grave que aquela associada à infecção isolada por HBV, e o fato de células transfectadas in PatogênesePatogênese vitro com o gene para o antígeno de HDV expressarem esse antígeno e depois se tornarem necróticas na ausência de qualquer influência imunológica também são consistentes com um efeito viral sobre a patogenicidade. mecanismo exato da lesão hepática associada à infecção pelo HBV continua indeterminado. A infecção pelo HBV contraída no período neonatal pode culminar, décadas mais tarde, em cirrose e carcinoma hepatocelular. Em contrapartida, quando a infecção peloHBV é contraída durante a adolescência ou início da vida adulta, a resposta imune do hospedeiro aos hepatócitos infectados pelo HBV tende a ser vigorosa, uma doença aguda semelhante à hepatite constitui a regra e a ausência de recuperação é a exceção. Depois da infecção adquirida na vida adulta, a cronicidade é incomum e o risco de carcinoma hepatocelular é muito pequeno. -Hepatite C: As respostas imunes mediadas por células e a elaboração por células T de citocinas antivirais contribuem para as respostas imunes multicelulares inatas e adaptativas envolvidas na contenção da infecção e na patogênese da lesão hepática associada à hepatite C. O fato de o HCV ser tão eficiente para fugir desses mecanismos imunes atesta sua capacidade altamente desenvolvida de anular as respostas imunes do hospedeiro em vários níveis -As lesões morfológicas típicas de todos os tipos de hepatite viral são semelhantes e consistem em infiltração panlobular por células mononucleares, necrose das células hepáticas, hiperplasia das células de Kupffer e graus variáveis de colestase. Ocorre regeneração dos hepatócitos, conforme evidenciada por numerosas figuras mitóticas, células multinucleadas e formação de “rosetas” ou “pseudoacinar”. A infiltração mononuclear consiste principalmente em linfócitos pequenos, apesar da presença ocasional de plasmócitos e eosinófilos. O dano às células hepáticas consiste em degeneração e necrose, desaparecimento de células, células com formato de balão e degeneração acidofílica dos hepatócitos (formando os denominados corpúsculos de Councilman ou apoptóticos). Hepatócitos grandes com citoplasma exibindo aspecto de vidro fosco podem ser visualizados na infecção crônica, porém não na infecção aguda pelo HBV; essas células contêm HBsAg e podem ser identificadas histoquimicamente com orceína ou fucsina aldeído. Na hepatite viral sem complicações, o arcabouço de reticulina é preservado. - Na hepatite C, a lesão histológica caracteriza-se frequentemente pela escassez relativa de inflamação, aumento significativo da ativação das células do revestimento sinusoidal, agregados linfoides, presença de gordura (mais frequente no genótipo 3 e associada a maior grau de fibrose) e, às vezes, lesões dos ductos biliares, nos quais as células epiteliais biliares parecem estar empilhadas sem a interrupção da membrana basal. Ocasionalmente, ocorre esteatose microvesicular na hepatite D. Na hepatite E, uma característica histológica comum é a colestase significativa. Foi descrita também uma variante colestática de hepatite A aguda que é resolvida lentamente - Uma lesão histológica mais grave – necrose hepática em ponte , também denominada necrose subaguda ou confluente , ou hepatite de interface – é observada ocasionalmente com a hepatite aguda. As “pontes” entre os lóbulos resultam de grandes áreas de desaparecimento de células hepáticas, com colapso do arcabouço de reticulina. Caracteristicamente, as pontes consistem em retículo condensado, detritos inflamatórios e hepatócitos em processo de degeneração que se estendem Manifestações extra-hepáticasManifestações extra-hepáticas -O dano tecidual mediado por imunocomplexos parece desempenhar um papel significativo na patogênese das manifestações extra-hepáticas da hepatite B aguda. Nos pacientes com hepatite B crônica, podem ser observados outros tipos de doenças induzidas por imunocomplexos. A glomerulonefrite com síndrome nefrótica é observada ocasionalmente; foi constatada deposição de HBsAg, imunoglobulina e C3 na membrana basal glomerular. Outra manifestação extra-hepática da hepatite viral – crioglobulinemia mista essencial (CME) – a princípio foi associada à hepatite B. Do ponto de vista clínico, esse distúrbio caracteriza-se por artrite, vasculite cutânea (púrpura palpável) e, às vezes, glomerulonefrite. Nos pacientes com hepatite E, estudos sugeriram que as complicações neurológicas raras são resultantes dos mecanismos imunes e/ou infecção direta do sistema nervoso central (SNC) pelo vírus. PatologiaPatologia sobre áreas portais adjacentes, das veias porta para as centrais, ou da veia central para a veia central. - Na necrose hepática maciça (hepatite fulminante, “atrofia amarela aguda”), a característica marcante à necrópsia é um fígado pequeno, contraído e amolecido. O exame histológico revela necrose maciça e desaparecimento das células hepáticas na maioria dos lóbulos, com colapso extensivo e condensação do arcabouço de reticulina. - Os estudos imuno-histoquímicos e de microscopia eletrônica localizaram o HBsAg no citoplasma e na membrana plasmática de hepatócitos infectados - Poucos angiomas aracneiformes surgem com baixa frequência durante a fase ictérica, desaparecendo durante a convalescença. No decorrer da fase de recuperação , os sintomas constitucionais desaparecem, porém certo grau de aumento do fígado e anormalidades dos testes bioquímicos hepáticos geralmente continuam evidentes. A duração da fase pós- ictérica é variável, oscilando entre 2 e 12 semanas, e em geral sendo mais prolongada com as hepatites B e C agudas. A recuperação clínica e bioquímica completa pode ser esperada após 1 a 2 meses em todos os casos de hepatites A e E, bem como em 3 a 4 meses depois do início da icterícia em 75% dos casos autolimitados sem complicações de hepatites B e C (entre os adultos saudáveis, a hepatite B aguda é autolimitada em 95 a 99% dos casos, enquanto a hepatite C é autolimitada apenas em cerca de 15 a 20%). Nos demais casos, a recuperação bioquímica pode ser mais lenta. Uma porcentagem expressiva dos pacientes com hepatite viral nunca apresenta icterícia. - A infecção pelo HDV pode ocorrer na presença de infecção pelo HBV aguda ou crônica; a duração da infecção pelo HBV determina a duração da infecção pelo HDV. Quando as infecções agudas por HDV e HBV ocorrem juntas, as manifestações clínicas e bioquímicas podem ser indiferenciáveis daquelas observadas na infecção pelo HBV isolada, embora sejam mais graves em alguns casos. Ao contrário dos pacientes com infecção aguda pelo HBV, os pacientes com infecção crônica pelo HBV podem sustentar a replicação do HDV indefinidamente. Manifestações clínicasManifestações clínicas -As hepatites virais agudas ocorrem depois de um período de incubação que varia de acordo com o vírus responsável. Em geral, o período de incubação da hepatite A varia de 15 a 45 dias (média de 4 semanas), das hepatites B e D entre 30 e 180 dias (média de 8 a 12 semanas), da hepatite C entre 15 e 160 dias (média de 7 semanas), e da hepatite E entre 14 e 60 dias (média de 5 a 6 semanas) -Os sintomas prodrômicos das hepatites virais agudas são sistêmicos e muito variados. Os sintomas constitucionais como anorexia, náuseas e vômitos, fadiga, mal-estar, artralgias, mialgias, cefaleia, fotofobia, faringite, tosse e coriza podem preceder o surgimento da icterícia em 1-2 semanas. Náuseas, vômitos e anorexia frequentemente estão associados às alterações do paladar e olfato. Febre entre 38 e 39°C está presente com mais frequência nas hepatites A e E que nas hepatites B e C. Urina escura e fezes cor de massa de vidraceiro/argila podem ser observadas pelo paciente 1 a 5 dias antes do início da icterícia clínica. - Com o início da icterícia clínica , observa-se habitualmente redução dos sintomas prodrômicos constitucionais, porém em alguns pacientes é comum ocorrer ligeira perda de peso (2,5 a 5 kg), que pode continuar durante toda a fase ictérica. O fígado torna-se aumentado e dolorido, podendo estar associado com dor e desconforto no quadrante superior direito. - Esplenomegalia e linfadenopatia cervical estão presentes em 10 a 20% dos pacientes com hepatite aguda. Manifestações laboratoriaisManifestações laboratoriais -As aminotransferases séricas AST (aspartato- aminotransferase) e ALT (alanina-aminotransfe- rase) (anteriormente conhecidas como TGO e TGP) aumentam em grau variável durante a fase prodrômica da hepatite viral aguda e precedem à elevação no nível de bilirrubina. No entanto, os níveis dessas enzimas não se correlacionambem com o grau de dano às células hepáticas. Os níveis máximos variam de cerca de 400 a 4.000 UI ou mais e em geral são alcançados quando o paciente mostra icterícia clínica, caindo progressivamente durante a fase de recuperação da hepatite aguda. O diagnóstico de hepatite anictérica baseia-se nos achados clínicos e nas elevações das aminotransferases. -A icterícia torna-se visível habitualmente nas escleras ou na pele, quando o nível sérico da bilirrubina ultrapassa 43 μmol/L (2,5 mg/dL). Quando aparece a icterícia, a bilirrubina sérica sobe até níveis que variam de 85 a 340 μmol/L (5-20 mg/dL). A bilirrubina sérica pode continuar a aumentar apesar da queda nos níveis de aminotransferases. Na maioria dos casos, a bilirrubina total é dividida de maneira equivalente entre as frações conjugada e não conjugada. - A neutropenia e a linfopenia são transitórias e acompanhadas de linfocitose relativa. Linfócitos atípicos (que variam entre 2 e 20%) são comuns durante a fase aguda. A determinação do tempo de protrombina (TP) é importante nos pacientes com hepatite viral aguda, pois um valor prolongado pode refletir uma anormalidade grave da síntese hepática, necrose hepatocelular extensiva e prognóstico desfavorável. - Náuseas e vômitos prolongados, ingestão inadequada de carboidratos e reservas hepáticas insuficientes de glicogênio podem contribuir para a hipoglicemia por vezes observada nos pacientes com hepatite viral grave. - Os anticorpos vírus-específicos, que aparecem durante e depois da infecção pelos vírus de hepatite, são marcadores sorológicos com importância diagnóstica. - O diagnóstico de hepatite A baseia-se na identificação da IgM anti-HAV durante a enfermidade aguda. O fator reumatoide pode dar origem a resultados falso-positivos nesse teste. - O diagnóstico de infecção pelo HBV em geral pode ser feito pela identificação de HBsAg no soro. - O diagnóstico de Hepatite B: O título de HBsAg tem pouca relação com a gravidade da doença clínica. Anticorpo HBeAg: indicador relacionado com a infecciosidade, indicad0 principalmente para os casos de infecção crônica. Nos pacientes com antigenemia de superfície da hepatite B com duração desconhecida (p. ex., doadores de sangue, quando se constata que são HBsAg-positivos), os testes para IgM anti-HBc podem ser úteis com a finalidade de estabelecer a diferença entre infecção aguda ou recente (IgM anti-HBc- positivo) e infecção por HBV crônica (IgM anti- HBc-negativo, IgG anti-HBc-positivo). -Depois da imunização com a vacina para hepatite B, que consiste apenas em HBsAg, o anti-HBs é o único marcador sorológico que aparece. - Nos pacientes com hepatite C, é comum encontrar um padrão transitório de elevação das aminotransferases. O diagnóstico sorológico específico da hepatite C pode ser feito ao demonstrar a presença no soro de anti- HCV. Os ensaios para RNA do HCV são os testes mais sensíveis para infecção por esse vírus e representam o padrão de referência que permite estabelecer o diagnóstico da hepatite C. O RNA do HCV pode ser detectado mesmo antes de ocorrer elevação aguda da atividade das aminotransferases e antes do aparecimento do anti-HCV nos pacientes com hepatite C aguda. A determinação do RNA do HCV não é um marcador confiável de gravidade da doença nem do prognóstico, mas é útil porque permite prever a responsividade relativa ao tratamento antiviral. Anti-HCV detectável na ausência de RNA de HCV significa recuperação espontânea ou induzida terapeuticamente da hepatite C (“curada”). - A presença de infecção pelo HDV pode ser detectada ao demonstrar o antígeno do HDV intra-hepático ou, de maneira mais prática, uma soroconversão para anti-HDV (elevação no título de anti-HDV ou aparecimento de novo do anti-HDV). O antígeno do HDV circulante, também diagnóstico de infecção aguda, pode ser identificável apenas brevemente. Os ensaios para RNA do HDV – disponíveis em laboratórios especializados e ainda sem padronização – podem ser usados para confirmar a infecção por esse vírus e monitorar o tratamento durante a infecção crônica. - A evolução sorológica/virológica durante a hepatite E aguda é totalmente análoga à da hepatite A aguda, com disseminação fecal do vírus e viremia breves, além de uma resposta inicial de IgM anti-HEV que predomina durante aproximadamente os primeiros 3 meses, mas é obscurecida depois disso pela IgG anti-HEV de longa duração. - Um paciente com hepatite aguda deve fazer quatro testes sorológicos: HBsAg, IgM anti-HAV, IgM anti-HBc e anti-HCV. -A maioria dos pacientes com hepatite aguda (especialmente hepatites A, B e E) recupera-se de modo espontâneo e não requer tratamento antiviral específico. Com a hepatite B, entre adultos previamente saudáveis que apresentam hepatite aguda clinicamente evidente, a recuperação ocorre em cerca de 99% dos casos. Sendo assim, é improvável que o tratamento antiviral aumente a taxa de recuperação, razão pela qual se torna desnecessário. A maioria dos especialistas recomendaria a administração de tratamento antiviral com um análogo de nucleosídeo (entecavir ou tenofovir, os agentes mais potentes e menos propensos à resistência) para a hepatite B aguda grave, mas não para casos leves a moderados. O tratamento deve continuar até 3 meses depois da soroconversão do HBsAg ou 6 meses depois da soroconversão do HBeAg. - Nos casos típicos de hepatite C aguda, a recuperação é rara (15-20%) e a progressão para hepatite crônica é a regra. Para tratamento, existem esquemas usando inibidores de polimerase, inibidores de protease e/ou inibidores de NS5A. A EASL (European Association for the Study of the Liver) recomenda 8 semanas de tratamento para hepatite C aguda com esquema antiviral de ação direta genótipo-apropriado. - Não obstante essas considerações terapêuticas específicas, na maioria dos casos de hepatite viral aguda típica o tratamento específico em geral é desnecessário. A hospitalização pode ser conveniente para a doença clinicamente grave, porém a maioria dos pacientes não necessita de cuidados hospitalares. O repouso forçado no leito não é essencial para que ocorra recuperação plena, contudo muitos pacientes sentem-se bem com restrição da atividade física. Uma dieta rica em calorias é desejável e como muitos pacientes podem ter náuseas no final do dia, a maior parte da ingestão calórica é mais bem tolerada pela manhã. - O isolamento físico dos pacientes com hepatite em um único quarto e banheiro é necessário apenas raramente, exceto no caso de incontinência fecal para as hepatites A e E ou de sangramento volumoso e descontrolado para hepatites B (com ou sem hepatite D concomitante) e C. As precauções entéricas -Quase todos os pacientes previamente sadios com hepatite A recuperam-se por completo, sem quaisquer sequelas clínicas. Do mesmo modo, com a hepatite B aguda, 95 a 99% dos adultos antes sadios têm evolução favorável e recuperam-se completamente. Porém, algumas manifestações clínicas e laboratoriais sugerem evolução mais complicada e prolongada. Os pacientes de idade avançada e com distúrbios clínicos subjacentes graves podem apresentar evolução prolongada e têm maior probabilidade de desenvolver hepatite grave. Manifestações iniciais como ascite, edema periférico e sintomas de encefalopatia hepática sugerem prognóstico mais desfavorável. Além disso, TP prolongado, nível sérico baixo de albumina, hipoglicemia e valores séricos muito altos de bilirrubinas sugerem doença hepatocelular grave. Os pacientes com essas manifestações clínicas e laboratoriais devem ser hospitalizados imediatamente. Na fase aguda, a hepatite C é menos grave que a hepatite B e é mais propensa a ser anictérica. A taxa de mortalidade por Hepatite E é baixa. Os pacientes com hepatites B e D agudas simultâneas não estão sujeitos necessariamente a uma taxa de mortalidade mais alta que os portadores apenas de hepatite B aguda. No caso de superinfecção pelo HDV em um paciente com hepatite B crônica, a probabilidade de hepatite fulminante e morte aumenta de maneira substancial PrognósticoPrognóstico TratamentoTratamentonão são mais recomendadas. Para os pacientes com hepatites B e C, devem ser enfatizadas as precauções relacionadas com o sangue (i.e., evitar o contato manual direto sem luvas com sangue ou outros líquidos corporais). As precauções entéricas são desnecessárias. - Na hepatite fulminante , os objetivos do tratamento são dar suporte ao paciente para manter o equilíbrio hídrico, fornecer suporte circulatório e respiratório, controlar sangramento, corrigir hipoglicemia e tratar as outras complicações do estado comatoso enquanto se espera pela regeneração e reparação do fígado. A ingestão de proteínas deve ser limitada e é importante administrar lactulose oral. Referências: Medicina Interna de Harrison, 20º edição, 2020. Capítulo 332 com parceiros sexuais e membros da família. Nenhuma precaução especial é recomendada para os bebês nascidos de mães com hepatite C e a amamentação materna não deve ser restrita. - No caso da hepatite D, infecção pelo HDV pode ser evitada pela vacinação de pessoas suscetíveis com a vacina da hepatite B. Não existem produtos disponíveis para imunoprofilaxia contra a superinfecção pelo HDV de pacientes com infecção crônica por HBV; nesses casos, as medidas recomendadas são evitar exposições percutâneas e limitar o contato íntimo com portadores da infecção por HDV. - Em relação à hepatite E, ainda não foi determinado se a Ig evita hepatite E. Foram desenvolvidas vacinas recombinantes seguras e eficazes contra o genótipo 1, que protegem também contra outros genótipos e estão disponíveis em regiões endêmicas, fora dos Estados Unidos. A proteção conferida pela vacina chinesa contra hepatite E é duradoura e, de acordo com um estudo clínico, persiste por até 4,5 anos - Estão disponíveis tanto a imunização passiva com Ig quanto a imunização ativa com vacinas inativadas. Todas as preparações de Ig contêm concentrações anti-HAV suficientes para conferir proteção ProfilaxiaProfilaxia - Para a hepatite B, é recomendação universal a vacinação na infância - Na hepatite C, a Ig é ineficaz para prevenção da hepatite C e não é mais recomendada para profilaxia pós-exposição nos casos de exposição perinatal, por picada de agulha ou sexual. Apesar de terem sido desenvolvidos protótipos de vacinas que induzem a formação de anticorpos contra as proteínas do envelope do HCV, a vacinação contra hepatite C é inviável na prática atual. Um indivíduo com hepatite C não deve compartilhar objetos como lâminas, escova de dentes e cortador de unhas Aspectos clínicos e epidemiológicos: quadro-resumoAspectos clínicos e epidemiológicos: quadro-resumo
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