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Síntese de ácidos graxos e triglicerídeos Visão geral A síntese de gordura acontece, principalmente, no citosol do fígado, mas também no tecido adiposo, glândulas mamárias e em menor quantidade nos músculos. O tecido adiposo é o principal responsável pelo armazenamento. O grande percursor dos lipídeos é a acetil CoA. Em eucariotos não fotossintéticos, praticamente toda a acetil-CoA utilizada na síntese dos ácidos graxos é formada na mitocôndria a partir da oxidação do piruvato e do catabolismo dos esqueletos de carbono dos aminoácidos. Um grande consumo de carboidratos, aumenta a glicemia e isso estimula a secreção de insulina, um hormônio anabólico produzido pelas células β-pancreáticas. A glicose entra na célula β-pancreática por transportadores de GLUT2, é metabolizada, seja pela via glicolítica ou pelo metabolismo aeróbico, aumentando a concentração de ATP que acaba atuando como um modulador negativo de canais de potássio, bloqueando a saída do potássio e, portanto, o potássio é acumulado no interior da célula, culminando na despolarização da célula, fazendo com que seja aberto canais de cálcio (sensíveis a voltagem), na medida que cálcio entra na célula, ele favorece o transporte de grânulos de insulina. O receptor de insulina das células, é um receptor catalítico que desencadeia uma série de alterações no interior da célula, podendo até culminar na alteração da transcrição gênica. É comum que o receptor de insulina se dimerize e que as suas porções sofram fosforilação, a fosforilação serve de alvo para várias proteínas intracelulares. Existe moléculas adaptadoras como o IRS-1 que facilita a atividade da enzima fosfoinositol 3-cinase que fosforila lipídeos de membrana, ela transforma PIP2 em PIP3 que serve de alvo para outras proteínas que também apresentam ação catalítica, como a PDK 1 que fosforila proteínas intracelulares, como a PKB que causa uma série de alterações nos tecidos-alvo da insulina (fígado, músculo, tecido adiposo), como um aumento da captação de glicose pelos músculos e adipócitos, pois PKB aumenta a expressão de GLUT4, assim, as vesículas com GLUT4 são encaminhadas para a membrana, os GLUT captam glicose, então, com o aumento da quantidade de GLUT4, há um aumento de captação de glicose. A grande quantidade de glicose será metabolizada e produzirá muita energia (ATP, NADH), depois disso, inicia uma modulação negativa dessas rotas, haverá um acúmulo de acetil CoA, que em estado bem alimentado, é desviado para a síntese de ácidos graxos. Além de aumentar a captação de glicose, a PKB, também está relacionada com o estado ativo da glicogênio sintase, a PKB atua sobre a enzima GSK3, uma enzima que fosforila a glicogênio sintase que ao ganhar o fosfato se torna inativa e, portanto, não produzirá glicogênio. No entanto, a PKB inibe a GSK3 e, com isso, a glicogênio sintase é ativada e a síntese de glicogênio é ativada. O aumento da insulina ainda é responsável pelo aumento da expressão das enzimas de síntese de gorduras. A insulina: estimula a entrada de glicose, o estoque de glicogênio e de gorduras. Síntese de ácidos graxos Para iniciar as reações, o acetil CoA é convertido a uma molécula de malonil- CoA, através de uma adição de CO2 realizada pela enzima acetil-CoA- carboxilase (reação irreversível com gasto de energia). A síntese de gordura para estoque só acontece quando há energia para isso – estado bem alimentado. Em todos os organismos, as longas cadeias de carbono dos ácidos graxos são construídas por uma sequência de reações repetitivas, em quatro etapas, catalisadas por um sistema coletivamente conhecido como ácido graxo-sintase. Em cada uma das passagens pelo ciclo, a cadeia do grupo acila graxo aumenta em dois carbonos. 1. Condensação: o malonil é utilizado para duas acetil serem unidas. Nesta reação, catalisada pela β-cetoacil-ACP- sintase, o grupamento acetil é transferido do grupo ¬SH da Cys da enzima para o grupo malonila ligado ao grupo ¬SH da ACP, tornando-se a unidade de dois carbonos metil-terminal do novo grupo acetoacetila. 2. Redução: retira um hidrogênio do NADH e adiciona na molécula de malonil. A acetoacetil-ACP formada na etapa de condensação sofre agora redução do grupo carbonil em C-3, formando D-b- hidroxibutiril-ACP. Essa reação é catalisada pela b-cetoacil-ACP-redutase (KR) e o doador de elétrons é o NADPH. 3. Desidratação: retira água da molécula. Os elementos da água são agora removidos dos carbonos C-2 e C-3 da D-b- hidroxibutiril-ACP, formando uma ligação dupla no produto, trans-2 -butenoil-ACP. A enzima que catalisa essa desidratação é a b-hidroxiacil-ACP-desidratase (DH). 4. Redução: a ligação dupla da trans- 2 -butenoil-ACP é reduzida (saturada), formando butiril-ACP pela ação da enzima enoil-ACP-redutase (ER), mais uma vez, NADPH é o doador de elétrons. O processo se repete até que chegue ao tamanho de 16 carbonos. Sete ciclos de condensação e redução produzem o grupo palmitoila de 16 carbonos saturados, ainda ligado à ACP. Por razões ainda não bem compreendidas, o alongamento da cadeia pelo complexo da sintase geralmente é interrompido neste ponto e o palmitato é liberado da ACP pela ação de uma atividade hidrolítica (tioesterase; TE) da proteína multifuncional. A biossíntese dos ácidos graxos como o palmitato requer acetil-CoA e o fornecimento de energia química de duas formas: o potencial de transferência de grupos do ATP e o poder redutor do NADPH. O ATP é necessário para ligar o CO2 à acetil-CoA formando malonil-CoA; as moléculas de NADPH são necessárias para reduzir o grupo a-ceto e a ligação dupla. Saturados x insaturados A dessaturação (acréscimo de duplas ligações) de ácidos graxos é realizada no retículo endoplasmático. O acréscimo de duplas ligações deve ser feito SEMPRE no carbono 9. Os serem humanos podem ir do ác. palmitato até o ác. oleico, enquanto as plantas conseguem prosseguir e a partir dos ácidos oleicos, acrescentar nova dupla e formar o ác. linoleico (ômega 6) ou ainda dessaturar mais e produzir ômega 3. Os humanos possuem limites na produção de ácidos poli-insaturados e são dependentes da dieta para terem acesso ao ômega 3 e 6. A partir do ômega 6 e 3 os humanos conseguem gerar uma série de ác. graxos derivados que podem ser metabolizados nas células, produzindo substâncias com características pró-inflamatórias ou anti- inflamatórias. Uma membrana mais rica em metabolitos de ômega 6 pode proporcionar mais mediadores pró- inflamatórios, por outro lado, uma membrana mais rica em metabólitos de ômega 3 pode proporcionar uma membrana mais anti-inflamatória. Os ácidos graxos insaturados nos fosfolipídeos das membranas celulares são importantes na manutenção da fluidez. Uma dieta com elevada proporção entre ácidos graxos poli- insaturados e ácidos graxos saturados (razão de P:S) é considerada benéfica na prevenção de doença coronariana. Os tecidos animais têm capacidade limitada para dessaturar os ácidos graxos e necessitam de certos ácidos graxos poli- insaturados de origem vegetal na dieta. Formação de triglicerídeos No fígado, a molécula de glicerol é fosforilada e se transforma em glicerol 3-P e no tecido adiposo, essa molécula é proveniente da glicólise, da redução de fosfato de di-hidroxiacetona e oxidação de NADH. A enzima acil transferase irá pegar os ácidos graxos e adicionar na molécula de glicerol 3-P, em seguida, a enzima fosfatase retira o fosfato da molécula e aciltransferase adiciona o terceiro ácido graxo, formando o triglicerídeos. Quanto menos utilizamos o excesso de gordura e energia, mais produzimostriglicerídeos. Controle Uma célula rica em citrato estimula a conversão de acetil CoA em malonil-CoA, por outro lado, uma célula rica em ácido graxo pode inibir a produção de malonil- CoA. Essa regulação é uma regulação alostérica realizada na enzima acetil CoA- carboxilase (transforma acetil CoA em malonil CoA). O controle hormonal pode ser realizado pelo glucagon que bloqueia a enzima acetil CoA-carboxilase.
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