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8 Pedagogia Empresarial

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Curso 
MBA EM PEDAGOGIA 
EMPRESARIAL 
 
Disciplina 
PEDAGOGIA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso 
MBA EM PEDAGOGIA 
EMPRESARIAL 
 
Disciplina 
PEDAGOGIA 
EMPRESARIAL 
Ana Claudia FREIRE 
Antonio NEY 
Dênia SANTANA 
Roberta BRITES 
 
 
 
 
www.avm.edu.br 
S
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m
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o
 
 
 
 
05 Apresentação 
07 
Aula 1 
Evolução do trabalho e da 
pedagogia no contexto 
organizacional 
 
 
33 
Aula 2 
Fundamentos e concepções da 
pedagogia empresarial 
 
86 
Aula 3 
Modelos, teoria e práticas da 
educação de adultos 
 
128 
Aula 4 
O perfil de competências do 
pedagogo empresarial 
 
171 
 
Aula 5 
O desenvolvimento de competências 
no contexto organizacional 
 
212 
Aula 6 
Educação na empresa 
 
253 Referências bibliográficas 
 
Pedagogia Empresarial 
 
 
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A pedagogia empresarial tem como objeto de estudo e ação da 
aprendizagem do homem no e para o trabalho. A pedagogia não é um 
campo novo do conhecimento e a educação sempre esteve presente 
no contexto do trabalho. Entretanto, a pedagogia empresarial 
necessita de enriquecimento conceitual para uma definição mais 
precisa de seu campo de atuação no novo contexto produtivo. A 
complexidade do processo produtivo, com suas modernizações 
tecnológicas aceleradas, exige um saber pedagógico, no interior das 
empresas, capaz de dar conta da aprendizagem continuada das 
competências técnicas e pessoais cada vez mais mutáveis. A relação 
educação-trabalho, no sentido de preparar os membros das 
sociedades para o mundo do trabalho, interconectado com o exercício 
da cidadania, hoje tem como desafio o desenvolvimento de práticas 
pedagógicas atreladas ao Planejamento Estratégico institucional. 
Neste sentido, os pedagogos são, cada vez mais, necessários nos 
quadros funcionais das empresas. Os pedagogos empresariais devem 
refletir sobre as finalidades de suas ações neste novo espaço de 
atuação profissional, de modo que os objetivos de propiciar um maior 
desenvolvimento da produtividade nos processos de trabalho das 
empresas sejam sempre fundamentados nos propósitos sócios 
políticos e éticos da educação. Nesse sentido, procuramos nessa 
disciplina despertar seu interesse para os conceitos básicos que 
fundamentam a ação pedagógica no contexto empresarial e 
esperamos que você tenha especial atenção ao estudo deste caderno 
buscando delinear com clareza a especificidade da atuação do 
pedagogo empresarial. 
 
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Este caderno de estudos tem como objetivos: 
 
 Listar a evolução da organização do trabalho e as diferentes 
perspectivas de ação da pedagogia no trabalho; 
 Explicar os elementos teóricos fundamentais para pedagogia 
empresarial; 
 Analisar os conceitos básicos da pedagogia empresarial; 
 Apresentar os aspectos da aprendizagem de adultos no contexto 
empresarial; 
 Sistematizar um conjunto de elementos fundamentais para 
formulação de um Perfil competências do pedagogo empresarial; 
 Analisar os aspectos essenciais para o desenvolvimento das 
competências do Pedagogo empresarial no contexto 
organizacional; 
 Elaborar um modelo para desenvolvimento do processo educativo 
na empresa. 
Evolução do trabalho 
e da pedagogia no 
contexto 
organizacional 
 
Dênia Glais Santana 
 
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A educação sempre se aliou ao trabalho, no sentido de preparar os 
membros das sociedades para o mundo do trabalho, 
interconectado com o exercício da cidadania. Neste sentido, os 
pedagogos que agora se inserem mais amiúde no interior das 
empresas, devem refletir sobre as finalidades últimas do agir 
neste novo espaço de atuação profissional, de modo que os 
objetivos de propiciar um maior desenvolvimento da produtividade 
nos processos de trabalho das empresas, não obscureçam os 
propósitos sócios políticos e éticos da educação. A disposição da 
aula, que se desenvolve com material informativo, reflexões e 
questões de avaliação de conhecimento, foi dividida de modo a 
proporcionar um conhecimento organizado dos conceitos básicos 
da pedagogia e da pedagogia empresarial, seguidos dos 
elementos históricos da organização do trabalho desde a 
Corporação de ofícios até o contexto atual de emergência das 
possibilidades de atuação do pedagogo empresarial nas 
organizações. Para uma abordagem da pedagogia empresarial, 
inicialmente remeteremos nossas reflexões para a pedagogia 
como ciência e prática da educação. Passamos pela prática 
pedagógica formal e informal para apresentar as características do 
empresarial. Para bem situar a emergência, da intensificação das 
ações educativas no interior das empresas nos tempos atuais, 
iniciamos com a revisão da história dos processos de gestão do 
trabalho. 
 
 
O
bj
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os
 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Definir os conceitos de pedagogia enquanto ciência e prática; 
 Compreender a evolução histórica dos modelos de organização 
do trabalho; 
 Explicar ações educativas na empresa ao longo da evolução dos 
modelos de organização do trabalho. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 8 
Caracterização do pedagógico 
 
A pedagogia é o campo do conhecimento que 
realiza estudos sistemáticos da educação na sociedade. 
A educação por sua vez, refere-se aos processos 
segundo os quais os membros de uma sociedade 
assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes e 
valores existentes no meio culturalmente organizado. 
 
As formas como se realiza a educação numa 
dada sociedade, guarda relação com suas estruturas 
econômicas, sociais, política e cultural, isto é, com a 
totalidade das relações que se estabelecem num 
determinado momento histórico. Portanto, as práticas 
educativas, transformam-se na medida das mudanças 
ocorridas nas sociedades. 
 
As sociedades de maneira mais ou menos 
consciente, buscam nos seus processos educativos, a 
formação do homem de acordo como entendem deva 
estar organizada as relações destes homens entre si e 
com o aparato material que determina seu modo de 
produção econômico. Considera, portanto a divisão 
social e técnica do trabalho e a inserção dos indivíduos 
em classes sociais. Os processos educativos têm, pois 
finalidades e ações práticas para a consecução dos seus 
fins, que são aqueles dos grupos dominantes das 
sociedades. 
 
PEDAGOGIA ENQUANTO CIÊNCIA 
 
A pedagogia enquanto ciência, mediante 
conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-
profissionais, investiga a realidade educacional, visando 
o entendimento dos problemas educativos, numa 
perspectiva histórica, social e individual. E assim 
fazendo, desenvolve a ciência pedagógica, que 
fundamenta e parte das práticas educativas. Incorpora 
Para pensar 
 
 
Como você definiria 
PEDAGOGIA, 
EDUCAÇÃO e 
EMPRESARIAL? 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 9 
ao seu saber conhecimentos advindos de outras 
ciências, as chamadas ciências fontes da educação, 
dentre as principais estão a psicologia, a sociologia, a 
filosofia e a antropologia (ciências auxiliares). Cada 
uma dessas ciências aborda a educação sob seus 
próprios conceitos e métodos de investigação, sendo a 
pedagogia a integradora dos aportes dessas demais 
áreas no que se refere ao intrinsecamente educativo. 
Toma os resultados de suas investigações como 
instrumentos intelectuais para estudar os problemas 
educativos, elaborar técnicas, processos e modos de 
operação apropriados à prática da educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para uma abordagem da pedagogia empresarial, 
inicialmente remeteremos nossas reflexões para a 
pedagogia como ciência e prática da educação. 
 
PEDAGOGIA ENQUANTO PRÁTICA 
 
Segundo Libâneo (2002), o pedagogo é o 
profissional que atua em várias instâncias da prática 
educativa, desenvolvendo açõesdireta ou 
indiretamente relacionadas à organização e aos 
processos de transmissão e assimilação de saberes e 
Vamos tentar estabelecer a interface entre essas 
ciências e a Pedagogia? 
 
Psicologia – questões cognitivas, aspectos do 
desenvolvimento psíquico, afetividade, relações 
interpessoais, construção da subjetividade; 
 
Sociologia – aspectos ideológicos na educação, 
transformação social, instituições, relações e classes 
sociais, cidadania; 
 
Filosofia – ética, valores, princípios, visão de ser 
humano, epistemologia; 
 
Antropologia – cultura, visão de mundo, 
pluralidade cultural, diversidade, etnocentrismo. 
 
Perceba assim o quanto a Pedagogia é uma 
área INTERDISCIPLINAR! 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 10 
modos de ação, tendo em vista, objetivos da formação 
humana previamente definidos em sua contextualização 
histórica. Insere-se aqui, a pedagogia como técnica, 
que sendo produto de investigações, estudos e 
experimentações da pedagogia como ciência, 
desenvolveu métodos, técnicas e tecnologias que, em 
conformidade com os objetivos da ação pedagógica 
aportam estrutura, organização e coerência à relação 
ensino-aprendizagem. Teoria e prática unem-se assim a 
partir da própria ação. 
 
As práticas educativas numa sociedade, segundo 
as características materiais e sociais existentes, e a sua 
intenção educativa explicitada, podem ser consideradas 
formais, não formais ou informais. 
 
- PRÁTICAS EDUCATIVAS FORMAIS: A 
educação formal compreende as instâncias de 
formação, escolares ou não, onde há objetivos 
educativos explícitos e uma ação intencional 
institucionalizada, estruturada e sistemática. Em tais 
circunstancias, os elementos da prática educativa estão 
presentes e definidos: o sujeito do processo de 
aprendizagem, o educador, o saber objeto de 
aprendizagem e o contexto em que ocorre a ação 
educativa. 
 
- PROCESSOS PEDAGÓGICOS NÃO FORMAIS 
E INFORMAIS: As ações pedagógicas não formais ou 
informais (conforme maior ou menor nível de 
estruturação) podem ocorrer por meio da escola, da 
família, trabalho, associações, meios de comunicação 
(imprensa, televisão, livros, teatro, cinema etc.), 
vizinhança, ou por quaisquer outras formas de 
interações e influências dos indivíduos e grupos com 
seu ambiente humano, social, físico e cultural (Libâneo, 
2002). Entretanto, há uma interação e influência 
recíproca entre estas modalidades de ações educativas 
Para refletir 
 
 
Caracterize com 
suas palavras a 
pedagogia enquanto 
ciência e enquanto 
prática. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 11 
formais, não formais e informais. Considerando que os 
espaços sociais e culturais se interpenetram e se 
complementam na experiência vivida pelos indivíduos e 
grupos numa mesma sociedade, estes estarão sujeitos 
a viver uma multiplicidade de situações em que estarão 
presentes de forma concomitante ou intercalada ações 
educativas ora formais, não formais ou informais. 
Todas contribuindo seja para a incorporação de 
saberes, hábitos, habilidades, capacidades, atitudes, 
valores e ideologias que influenciam a forma de 
perceber e interpretar o mundo. 
 
Caracterização do empresarial 
 
Considera-se a empresa como aquela 
organização intencionalmente planejada como 
produtora ou intermediadora de bens ou serviços, que 
tem como finalidade precípua atender a objetivos 
econômicos, utilizando-se para isto entre outros meios, 
o trabalho humano coletivo e assalariado. Para atingir 
seus objetivos, implementa processos de trabalho, 
entendido como a dinâmica dos meios materiais, 
técnico-organizativos (que dizem respeito a 
organização dos fluxos da produção em conjugação 
com a base técnica/tecnológica) e sociais (que dizem 
respeito ao papel dos indivíduos no seio da produção 
em interface com os fluxos e a base técnica). A 
configuração tomada pelos processos de trabalho, as 
estratégias de gestão, incluindo aí as práticas 
educativas a elas afetas, se transmutam na medida em 
que esses processos evoluem na história. 
 
Em tempos recentes assiste-se a significativas 
transformações nos processos de trabalho no âmbito 
das empresas, com profundas alterações na base 
técnica e tecnológica, na organização do trabalho, nas 
formas de gerenciar e compatibilizar o trabalho 
humano com as necessidades e estratégias 
empresariais contemporâneas. 
Para pensar 
 
 
Muitos projetos em 
Educação Ambiental 
se dividem em 
educação formal e 
informal. 
Onde se daria a 
educação ambiental 
FORMAL? 
e a INFORMAL? 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 12 
As empresas fazem novas exigências em relação 
ao aproveitamento das capacidades dos seus 
trabalhadores. Na configuração apresentada, o 
pedagogo empresarial é chamado a intervir, com o 
saber e as práticas inerentes a sua profissão. 
Juntamente com outros profissionais das ciências 
sociais e humanas, deverá dar respostas aos desafios 
que são colocados para propiciar a produtividade do 
trabalho nos moldes exigidos no contexto atual. 
 
Histórico da organização do trabalho 
 
Para bem situar a emergência, da intensificação 
das ações educativas no interior das empresas nos 
tempos atuais, é necessário fazer uma revisão sobre 
como evoluiu na história os processos de trabalho 
relacionados às empresas, nos seus diversos elementos 
dos meios materiais, tecnico-organizativos, e sociais. 
 
O TRABALHO SOB AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO 
 
A organização dos artesãos da idade média e as 
bases cooperativas existentes em suas oficinas ligadas 
às corporações de ofício forneceram historicamente os 
elementos sobre os quais se desenvolveram em seus 
primórdios os processos de trabalho tal como se 
configuraram depois nas sociedades industriais. Nessas 
oficinas, trabalhava um grupo de homens pouco 
numeroso que, de acordo com um plano, organizava as 
atividades de modo a se completarem mutuamente 
para produzir um produto. Tal organização se dava sob 
a forma de cooperação simples. Já se tinha, embora em 
pequenas dimensões, uma organização de trabalho 
coletivo, que utilizando base técnica de instrumentos 
simples, obtinha o efeito do trabalho combinado, no 
qual um conjunto de trabalhadores, atuando sob 
cooperação no mesmo processo de produção ou em 
diferentes processos (mas conexos), tem um resultado 
Dica da 
professora 
 
 
Procure estudar 
mais sobre a história 
dos modelos 
administrativos. Se 
você for da área 
educacional 
possivelmente não 
conhecerá autores 
como Taylor, Fayol, 
Ford, entre outros. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 13 
material com potência produtiva maior que a soma das 
atividades de trabalhadores isolados (Marx, 1988). O 
produto do trabalho, além de permitir a subsistência 
dos trabalhadores, deveria atender a certo “ideal de 
perfeição”, o que nos parâmetros atuais poderia revelar 
preocupação com a qualidade. Os mestres de cada 
ofício são os que detêm os instrumentos de trabalho e 
fornecem a matéria prima. Os que desejavam entrar 
para as corporações deveriam ser aceitos por um 
mestre. A transmissão de conhecimentos era feita pelos 
mestres aos aprendizes, na forma da observação do 
trabalho e instrução direta. 
 
A forma de transmissão direta e com 
sistematização empiricamente estruturada da 
aprendizagem do trabalho será predominante nas fases 
posteriores da organização capitalista, até o advento 
do taylorismo. 
 
A MANUFATURA 
 
A organização embrionária da indústria (antes 
da introdução da maquinaria) vai aumentar o número 
de trabalhadores, para que atuem no mesmo local 
produzindo a mesma mercadoria, igualando-os todos, 
substituindo os artesãos organizados sob as 
corporações de ofício. Ainda com a base técnica 
artesanal, aumentar a potência do trabalho pela 
conjugaçãode maior número de trabalhadores em 
atividades parceladas passa a ser a estratégia da 
organização da produção, face à maior rapidez, 
precisão e regularidade com que passa a ser 
executado. 
 
Nas manufaturas do século XVII, há a 
decomposição da atividade dos artesãos nas diversas 
operações que constituem o processo de trabalho 
manufatureiro. Este processo surge e se desenvolve da 
Dica da 
professora 
 
 
Você verá o 
Taylorismo em 
vários momentos 
dessa disciplina. 
 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
Corporações de 
ofício - Chamadas 
de guildas, ansas, 
confrarias ou 
fraternidades, as 
corporações de 
ofício existem em 
toda a Europa. São 
organizações 
urbanas que detêm 
o monopólio do 
exercício de 
determinadas 
profissões - 
ferreiros, 
marceneiros, 
pedreiros, alfaiates, 
vidraceiros - e das 
tecnologias a elas 
associadas. A 
transmissão dos 
conhecimentos 
técnicos é feita pelos 
mestres aos 
aprendizes no 
interior dessas 
associações. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 14 
contínua promessa de “racionalização” das tarefas. 
Como conseqüência, o trabalhador perde o acesso 
subjetivo ao plano de trabalho e à percepção objetiva 
de sua participação no resultado (produto) do seu 
próprio trabalho. É nessa fase da organização do 
trabalho que primeiro se acentua a clássica separação 
entre o trabalho manual e intelectual, execução e 
concepção. A gestão do trabalho, na forma da 
coordenação das atividades dos trabalhadores torna-se 
cada vez mais necessária. 
 
Em primeiro lugar, a função de direção se impõe 
por questões da própria organização do trabalho. A 
natureza do organismo produtivo coletivo, tendo muitas 
partes que se especializam, necessita de elos de ligação 
para que façam a conexão entre as partes para que 
atendam à composição do todo. De outro lado, um 
trabalho que se estrutura em movimentos que tendem 
à padronização possibilita maior facilidade de vigilância, 
uma vez que fatores subjetivos de difícil controle, tais 
como as decisões tomadas pelo trabalhador durante o 
curso das atividades vão sendo subtraídas. Em 
conseqüência, a forma de utilização dos trabalhadores 
que privilegia seus movimentos físicos tornando 
crescentemente supérflua a elaboração intelectual, 
dificulta que este trabalhador localize-se no todo da 
produção, tornando-se dependente de uma direção 
para conectá-lo ao todo da produção. Além dessas 
razões, a direção era necessária para o controle do 
comportamento no sentido da continuidade da 
dedicação ao trabalho, pois a atividade monótona e 
extenuante devido a repetição de operações 
simplificadas, a autonomia limitada e as relações 
interativas reduzidas não deixavam margem para um 
interesse e motivação maior por parte do trabalhador. 
 
Com grande parte das atividades parceladas, o 
trabalho na manufatura era transmitido ao aprendiz 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 15 
facilmente no próprio local, sem grande dispêndio de 
tempo para o seu aprendizado, a não ser o 
desenvolvimento da destreza e rapidez que a própria 
repetição tratava de aperfeiçoar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INTRODUÇÃO DA MAQUINARIA NA INDÚSTRIA 
 
A divisão manufatureira do trabalho, com seus 
instrumentos especializados manuseados por 
trabalhadores parciais em operações repetidas serve de 
ponto de partida para a máquina. Tais instrumentos 
são adentrados a mecanismos e se constituem em 
máquinas-ferramentas. Tem-se uma seqüência 
evolutiva, que vai da máquina ferramenta primitiva à 
máquina mais aperfeiçoada e ao emprego de sistemas 
de máquinas. A máquina substitui a habilidade manual 
do trabalhador e o motor, a máquina motriz, seu 
impulso e força muscular. 
 
A introdução da máquina não reduz os 
movimentos parcelados e repetidos dos trabalhadores. 
Ao contrário, estes deverão adaptar seus 
Marx desenvolve duras críticas a esta forma de 
organizar o trabalho que tem início com o modelo da 
manufatura e redunda na indústria. A organização 
da produção (ou, como escreve Marx, a divisão 
técnica do trabalho) e o fenômeno de especialização 
em que elas implicam, impedem a percepção pelo 
trabalhador de todo o processo de produção, 
impossibilitando que o trabalhador se identifique 
com o seu produto. A divisão e a especialização 
separam o trabalhador do fruto de seu esforço, uma 
vez que sua contribuição individual para o resultado 
final pode ser irrisória. Um operário cuja atividade 
consiste em instalar os faróis dos carros que saem 
da linha de montagem não dirá que o carro foi feito 
por ele. Assim, quando o carro for vendido, o 
comprador também não verá nele o trabalho 
daquele operário, mas apenas o do conjunto. Esta é 
a segunda alienação: a divisão do trabalho separa 
as pessoas uma das outras, ao impedir que nas 
relações de troca (ou compra e venda) elas se 
comuniquem pelo produto: o comprador não sabe 
quem fez aquele bem, o operário não sabe quem o 
comprou. 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 16 
movimentos ao ritmo e regularidade própria das 
máquinas. A divisão do trabalho torna-se a divisão dos 
trabalhadores pelas diversas máquinas. Além disto, há 
um reduzido número de trabalhadores com diversos 
níveis de conhecimentos sobre os mecanismos técnicos 
da maquinaria (engenheiros, técnicos, mecânicos), que 
tem a função de controlar e reparar o sistema de 
máquinas. Estes recebiam treinamento técnico mais 
sistematizado dentro ou fora da empresa, ministrado 
por outros profissionais técnicos ou escolas 
especializadas. 
 
O TAYLORISMO 
 
No final do século XIX, quando Frederick Taylor 
inicia seus trabalhos de “administração Científica” do 
trabalho, as indústrias possuíam já um sistema de 
máquinas bastante desenvolvido, embora os 
movimentos sucessivos das máquinas não tivessem 
grau de automação elevado e uniforme, exigindo então 
diversos tipos de desempenhos parcelados por parte 
dos trabalhadores. Existiam ainda alguns tipos de 
trabalho remanescentes das corporações de ofícios, nos 
quais os trabalhadores atuavam com ferramentas 
manuais. 
 
Por esta época, os conhecimentos sobre as 
propriedades e desempenho das máquinas permitem o 
controle do seu funcionamento com base numa 
precisão calculada antecipadamente. Já a atividade do 
homem, podia ser apenas prevista e desejável, face 
principalmente ás formas de intervenção que as 
máquinas requeriam dos trabalhadores. 
 
Conclui-se, pois que neste período de 
desenvolvimentos dos processos de trabalho na 
indústria mecanizada, a gerência possuía informações 
sobre o que o trabalhador deveria fazer para obter o 
Dica de 
filme 
 
 
Sobre esta 
adaptação do 
trabalhador à 
máquina, veja o 
filme TEMPOS 
MODERNOS de 
Charles Chaplin. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 17 
resultado previsto como desejável. O “como fazer” 
cabia ao operário desenvolver, e era aprendido através 
da experiência com os mais antigos na função ou pela 
própria prática. É neste espaço onde ainda vale o 
conhecimento empírico que Taylor vai debruçar-se para 
imprimir uma feição “científica” do trabalho, compatível 
com maior produtividade e controle social, segundo o 
explicitado por ele mesmo como motivo de realização 
de suas pesquisas primeiras. Taylor (1966). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Taylor expôs suas propostas de administração 
científica do trabalho por meio de “princípios”, que 
complementares entre si, conformam uma determinada 
lógica ao Gerenciamento do trabalho humano nas 
empresas produtivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Frederick W. Taylor desenvolveu estudos a respeito 
de técnicas de racionalização do trabalho dos 
operários. Suas idéias preconizavam a prática da 
divisão do trabalho. A característica mais marcante 
do estudo de Taylor é a buscade uma organização 
científica do trabalho, enfatizando tempos e 
métodos e por isso é visto como o precursor da 
Teoria da Administração Científica. 
Taylor via necessidade de aplicar métodos científicos 
à administração para assegurar seus objetivos de 
máxima produção a mínimo custo, para tanto seguia 
os seguintes princípios: 
 
Seleção científica do trabalhador - O funcionário 
desempenha a tarefa mais compatível com suas 
aptidões. É importante pro funcionário que é 
valorizado e pra empresa, que aumenta sua 
produtividade e aumenta seus lucros. 
 
Tempo padrão - O funcionário deve atingir a 
produção mínima determinada pela gerência. Esse 
controle torna-se importante pelo fato do ser 
humano ser naturalmente preguiçoso. 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O primeiro princípio: 
 
No primeiro princípio da “Administração 
Científica” (que é o mais importante, pois nele calcam-
se os demais), Taylor vai propor que a gerência deve 
possuir o domínio das minúcias de todo o como fazer 
das atividades e, este como fazer deve ser o melhor 
método para realizar o trabalho. 
 
O “melhor método” é obtido através de uma 
metodologia específica de decomposição e 
recomposição de uma determinada atividade que ele 
chama “tarefa”. A manufatura também já tinha feito 
isto, também com o objetivo de maior produtividade e 
controle sobre o trabalho. Taylor vai radicalizar a 
decomposição das operações em movimentos 
elementares e a recomposição dirá respeito a 
padronizar os tipos de movimentos essenciais á 
Plano de incentivo salarial - O funcionário ganha 
pelo que produz. 
 
Trabalho em conjunto - Os interesses da empresa 
e dos funcionários quando aliados, resultam numa 
maior produtividade. 
 
Gerentes planejam, funcionários executam - 
Cabe aos gerentes planejarem e aos funcionários 
agirem. 
 
Divisão do trabalho - A tarefa subdivide-se ao 
máximo, dessa forma ganha-se velocidade, 
produtividade e o funcionário garante lucro de 
acordo com seu esforço. 
 
Supervisão - É especializada por áreas. Controla o 
trabalho dos funcionários verificando o número de 
peças feitas, assegurando o valor mínimo da 
produção. 
 
Ênfase na eficiência - Há uma única maneira certa 
de se fazer o trabalho. Para descobri-la, a 
administração empreende um estudo de tempo e 
métodos, decompondo os movimentos das tarefas 
exercidas. 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 19 
reconstrução de cada operação que deve ser realizada 
por cada trabalhador, eliminando os movimentos 
considerados supérfluos. Utiliza-se da observação 
cronometrada do trabalho de vários operários na 
função, pois além da precisão no como fazer, 
propunha-se a padronizar também a medida do tempo 
do trabalho para compor o melhor método. 
 
A seguir, as atribuições da gestão do trabalho, 
segundo os princípios prescritivos de Taylor: 
 
 1º - Desenvolver para cada elemento do 
trabalho individual uma ciência que substitua 
o trabalho empírico. 
 
 2º - Selecionar cientificamente, depois 
treinar, ensinar e aperfeiçoar o trabalhador. 
 
 3º - Cooperar cordialmente com os 
trabalhadores para articular todo o trabalho 
com os princípios da ciência que foi 
desenvolvida. 
 
 4º - Manter a divisão eqüitativa de trabalho 
entre a direção e o operário. A direção 
incumbe-se de todas as atribuições para as 
quais esteja mais aparelhado que o 
trabalhador... Taylor (1966). 
 
Segundo tais princípios, está claro que à direção 
caberá as ações de estruturar o trabalho (primeiro 
princípio), planejá-lo (4º princípio), selecionar, treinar 
e aperfeiçoar o trabalhador (2º princípio), e convencer 
o trabalhador da aceitação da execução do trabalho tal 
como foi concebido. Caberá então ao trabalhador 
simplesmente executar. 
 
Em realidade, quando fala em “treinar, ensinar e 
aperfeiçoar o trabalhador”, Taylor está referindo-se a 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 20 
uma espécie de “adestramento”, pois quando aborda 
em sua obra as características adquiridas pelo trabalho 
conformado através do seu sistema diz, referindo-se 
aos trabalhadores: 
 
“Graças a esta instrução minuciosa, o trabalho 
torna-se tão cômodo e fácil que à primeira vista parece 
que o sistema tende a convertê-lo em um mero 
autômato, um verdadeiro boneco de madeira. Os 
operários observam pela primeira vez, sob o novo 
sistema e dizem: porque não me permitem pensar ou 
agir? Há sempre alguém fazendo ou agindo por mim?” 
(Taylor). 
 
A partir de Taylor, os projetos de sistemas 
produtivos farão referencia não só à especificação e à 
performance de máquinas, mas também a métodos e 
medidas do trabalho humano. 
 
Taylor também levava em consideração a 
capacidade física do trabalhador para realizar o 
trabalho, tendo empreendido estudos sobre a 
capacidade energética e o desgaste do organismo 
humano em atividade. Visava determinar a quantidade 
ótima de esforço físico a ser efetuado em determinado 
tempo numa atividade laboral. 
 
Posteriormente, seguidores de Taylor, 
utilizando-se de novas tecnologias, conseguiram 
empreender estudos dos movimentos humanos no 
trabalho que prescindiam da observação empírica 
cronometrada. Nestes estudos, são decompostos todos 
os movimentos de membros e órgãos envolvidos no 
trabalho (mãos, braços, pernas, olhos), sendo 
estabelecido por técnicas estatísticas, o tempo 
correspondente para o movimento de cada um desses 
membros, em função de variáveis tais como; distância, 
peso do objeto, ângulos dos movimentos etc. 
Dica da 
professora 
 
 
Perceba aqui qual a 
concepção de 
treinamento 
presente em Taylor. 
Analise de que 
maneira esta sua 
visão marca as 
práticas educativas 
nas empresas. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 21 
Com base em tal sistema, torna-se 
desnecessário o exame de um trabalho concreto. O 
cronômetro e a observação são substituídos por um 
catálogo de tempos pré-determinados e o projeto do 
trabalho pode ser feito até antes de iniciar a atividade. 
 
Frederick Taylor, ao realizar os estudos 
científicos do trabalho, imputou tal necessidade devido 
ao comportamento de “indolência sistemática ou 
natural” do trabalhador. Propõe-se então que seja 
retirada deste a possibilidade de opor-se à 
produtividade do trabalho, pela adoção dos métodos 
por ele desenvolvidos nos seus estudos. O trabalhador 
deverá receber instruções por escrito a respeito de 
como fazer o trabalho, e executar tais instruções 
rigidamente. A adoção de qualquer outro 
comportamento não antecipadamente prescrito é 
considerada nociva à produção. 
 
Ao fazer formulações sobre as motivações 
humanas, Taylor vai afirmar que o homem é impelido a 
trabalhar por medo da fome e busca do lucro, 
defendendo assim, um sistema de recompensas para 
estimular os que apresentam maior esforço. 
 
Outros fatores capazes de influir no 
desempenho estariam ligados às limitações do 
organismo humano e às condições físicas do ambiente 
de trabalho. Tais fatores deverão ser considerados na 
estruturação do “melhor método” e na organização e 
escolha dos aspectos físicos mais favoráveis ao 
aumento da produtividade. Advoga ainda a 
possibilidade de se obter o consenso no interior da 
empresa, pela conjugação dos objetivos da direção e 
dos trabalhadores. Uma vez que estes últimos sejam 
mais produtivos, a empresa ganhará mais em lucros, e, 
portanto terá condições de recompensar melhor seus 
trabalhadores. 
Para refletir 
 
 
Você concorda com 
esta “indolência 
sistemática ou 
natural do 
trabalhador” que 
exige instruções 
rígidas? 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 22 
O FORDISMO 
 
O núcleo da gerência científica era o estudo 
organizado dos atos humanosfísicos no trabalho, sua 
análise, visando a melhoria sistemática da 
produtividade. Vê-se, pois, que a proposta adequava-se 
a qualquer estágio de desenvolvimentos técnico-
tecnológico que demandasse movimentos físicos 
humanos como fator importante para a produtividade. 
 
Taylor empreendeu seus “estudos científicos” 
tanto em oficinas com base técnica ainda artesanal, 
onde os trabalhadores atuavam com ferramentas 
manuais diretamente sobre a matéria, como junto a 
contextos onde o homem atuava com movimentos em 
interface com as maquinas, seja em sua preparação, 
acionamento, manejo, alimentação, regulagem etc. 
Todos esses processos demandavam o trânsito dos 
trabalhadores pelo interior das oficinas, trânsito este 
que a nova organização tratava de suprimir ao máximo, 
ora dispondo de materiais de forma mais acessível, ou 
encarregando outros trabalhadores de distribuí-los, ora 
decompondo e recompondo os movimentos para que 
melhor se pudesse acessar os instrumentos e suprimir 
os deslocamentos. 
 
Posteriormente, com o respaldo das prescrições 
de Taylor de racionalização máxima dos movimentos no 
interior das unidades produtivas, com a simples 
introdução de correias transportadoras nas fábricas 
(através das quais os objetos em fabricação são 
posicionados a cada período de tempo pré-
determinados frente a máquinas ou instrumentos 
operados por trabalhadores dispostos em seqüência), 
toma forma a organização da produção fordista na 
década de trinta do século XX. A primeira empresa a 
utilizar-se desta forma de organização da produção foi 
a fábrica de automóveis da FORD. A forma de 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 23 
organização da produção fordista representou o ápice 
de trabalho parcelado, e desqualificado no sentido da 
não utilização de potencialidades e saberes do 
trabalhador. 
 
Nas formas de organização da produção que se 
desenvolveram desde os primórdios do capitalismo, a 
ação de capacitação para o trabalho da maior parte dos 
trabalhadores restringia-se a prepará-los para um 
saber fazer prescrito, pois o que se requeria era a 
precisão e velocidade em atividades físicas 
simplificadas. Não era sem razão que por volta da 
primeira metade do século passado, ainda no reinado 
dos sistemas taylorista e fordista, a psicometria, que 
estuda medidas de aspectos psicológicos humanos, a 
partir dos requisitos das tarefas nas fábricas, elaborava 
programas de treinamento profissional que consistiam 
em conjuntos de exercícios de velocidade, precisão, 
acuidade e automatismos, além da transmissão de 
informações e mudança de atitudes, tendo em vista 
aproximar o desempenho do padrão esperado no 
planejamento da fábrica. Malvezzi (1994). 
 
 
 
 
 
 
Henry Ford é visto como um dos responsáveis pelo 
grande salto qualitativo no desenvolvimento 
organizacional atual. Ciente da importância do 
consumo em massa, lançou alguns princípios para 
agilizar a produção, reduzir os custos e o tempo de 
produção. 
Integração vertical e horizontal - Produção 
integrada, da matéria-prima ao produto final 
acabado (Integração vertical) e instalação de uma 
rede de distribuição imensa (Integração horizontal). 
Padronização - Instaurando a linha de montagem 
e a padronização do equipamento utilizado, obtinha-
se agilidade e redução nos custos. Em contrapartida, 
prejudicava a flexibilização do produto. 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 24 
 
 
 
 
O desenvolvimento dos processos de trabalho 
desde o início da constituição das empresas produtivas 
remeteu a uma constante simplificação, parcelamento e 
desqualificação do trabalho humano tendo como 
conseqüência a desvalorização do saber dos agentes do 
trabalho. Pode-se concluir que isto ocorreu como 
resultante das formas organizativas e técnicas da 
produção, nas quais os movimentos físicos repetidos e 
parcelados do trabalhador constituíam o mais 
importante fator de produtividade. Os atos educativos 
no interior das fábricas eram realizados tendo em vista 
os treinamentos simplificados, normalmente realizados 
por colegas e chefes, ou apenas chefes. Entretanto, as 
fábricas também cumpriam o papel educativo de formar 
hábitos e atitudes de conformidade nos trabalhadores, 
submetidos a condições de trabalho tão insatisfatórias. 
 
ALTERAÇÕES NO EMPREGO 
 
A análise histórica aponta que na evolução do 
modo de produção capitalista, as empresas 
produtivas eram numericamente superiores aos outros 
organismos do sistema, sendo que a maior parte de 
seus empregados constituíam-se de trabalhadores que 
atuavam nas oficinas, produzindo mercadorias. 
Contudo, já no final da primeira metade do século XX, 
como fruto de desenvolvimentos posteriores, inúmeras 
atividades que eram antes auxiliares e complementares 
do processo produtivo avolumaram-se, constituindo-se 
desde então, em locais por excelência de emprego. 
Dentre estas atividades, aquelas chamadas de 
intermediação financeira (bancos, cia de seguros, todo 
o aparato de circulação e controle financeiro), 
passaram a ocupar lugar de destaque, em face da 
importância do capital financeiro sobre o conjunto da 
economia. 
Economicidade - Redução dos estoques e 
agilização da produção. 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
Segundo Marx, o 
modo de produção 
de uma sociedade, a 
maneira pela qual 
essa sociedade 
produz seus meios 
de vida e de 
reprodução, tem 
papel determinante 
sobre sua 
organização jurídica, 
sua estrutura 
política, sua 
ideologia, enfim, 
todos os aspectos de 
sua vida. 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 25 
Além dessas atividades mais estreitamente 
relacionadas ao aparato produtivo de produção de bens 
a concentração populacional e a conseqüente 
complexificação dos centros urbanos suscitaram uma 
infinidade de serviços de consumo individual e coletivo 
(asilos, serviços de saúde, hotelaria, diversão, 
transporte, comunicação etc.), que passam a carrear 
para si volumes crescentes de processos de trabalho e 
de emprego. 
 
As atividades relacionadas à circulação, 
distribuição e consumo de mercadorias, também com 
os desdobramentos das condições da dinâmica 
econômica (mercado mundial, conquista de toda a 
produção de bens) sob a forma de mercadorias, 
passaram a ter peso significativo o modus operandi 
do sistema. 
 
Atualmente, o que se chama de nova revolução 
delineia-se com os avanços sem precedentes nas áreas 
de comunicação e tecnologias de ponta, que 
possibilitaram a globalização acentuada de mercados e 
fragilização das fronteiras nacionais, enquanto que uma 
gama de empresas dedicadas à pesquisa, produção, 
armazenamento e distribuição de informações, 
laboratórios de pesquisas, publicidade etc. já se 
encontram incorporadas ao sistema produtivo. 
 
No âmbito da própria unidade de produção de 
bens, outras atividades que não as diretamente 
relacionadas à produção de bens se incorporam de 
forma mais incisiva, tais como o planejamento, 
controle e avaliação, concepção de novos produtos, 
melhoria de processos, produção, armazenamento e 
disseminação de conhecimentos necessários para a 
manutenção de competitividade das empresas, 
administração e desenvolvimento de recursos 
humanos, publicidade etc. 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 26 
E mesmo na produção direta de bens, a inserção 
de tecnologias de base eletrônica muda a fisionomia da 
organização do trabalho e a forma de interação 
humana, exigindo não mais as habilidades físicas 
aderentes ao trabalho parcelado, mas aquelas 
capacidades que caracterizam um certo nível de 
representação mental para a tomada de decisões frente 
a um trabalho que não se resume mais ao que está 
prescrito. 
 
Vale mencionar, que tanto as atividades 
realizadas no interior das empresas de produção de 
bens, comoaquelas relacionadas ao terceiro setor são 
de natureza diversa daquela de produção de bens 
materiais, tal como se conformava sob a chancela do 
sistema taylorista de gestão do trabalho. 
 
Na realidade, esse novo padrão da produção do 
trabalho na sociedade contemporânea, como nas fases 
anteriores de reformulação dos processos de trabalho, 
responde a determinados aspectos do contexto 
econômico, social, político no qual as empresas se 
inserem, e vai demandar por parte das empresas: 
 
 Uma capacidade de dar respostas rápidas e 
variadas a um mercado instável, balizado por 
acirrada concorrência. Estas respostas 
deverão ser eficazes no sentido de 
diferenciar-se permanentemente, vez que os 
problemas colocados são constantemente 
mutáveis. Cunha-se como referência para 
essa prontidão de renovar-se como um 
estado permanente a denominação de 
“organizações que aprendem”, no sentido de 
incorporar rapidamente o novo às suas 
práticas. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
O Terceiro Setor é 
constituído por 
organizações 
privadas sem fins 
lucrativos que 
geram bens, 
serviços públicos e 
privados. Todas elas 
têm como objetivo o 
desenvolvimento 
político, econômico, 
social e cultural no 
meio em que atuam. 
Exemplos de 
organizações do 
Terceiro Setor são 
as organizações não 
governamentais 
(ONGs), as 
associações e 
fundações. 
 
 O Estado é o 
Primeiro Setor 
 O Mercado é o 
Segundo Setor 
 Entidades da 
Sociedade Civil 
formam o 
Terceiro Setor 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 27 
 Uma redefinição das relações com os 
trabalhadores, que ao invés de serem 
controlados, são chamados a colaborar para o 
alcance dos objetivos da empresa, utilizando 
para isto de todo o seu potencial como seres 
humanos pensantes, criativos, autônomos e 
responsáveis. Há, portanto uma mudança na 
forma de gerir as pessoas, de maneira que 
incorporem o sentido, ou uma representação 
do que sejam os padrões esperados, à partir 
de sua adesão à lógica da empresa, que irá 
referenciar a busca de indicadores que 
balizem as ações e as formas adequadas de 
conduta. 
 
 A aquisição do saber toma uma importante 
dimensão, como um capital que as empresas 
deverão contar como fator imprescindível 
para se manterem competitivas e assim 
garantir sua sobrevivência. A inovação, a 
interpretação das variações do meio, a 
melhoria dos processos de trabalho, a melhor 
utilização de tecnologias, a definição de 
estratégias para soluções de problemas que 
surgem frente ao variável e imprevisível, são 
algumas entre tantas ações que deverão fazer 
parte do repertório do conjunto das equipes 
de trabalho. 
 
Valorização das práticas pedagógicas na 
empresa 
 
Nesta nova perspectiva, o agora colaborador, 
que deverá comportar-se como sujeito ativo, capaz de 
adaptar-se às variações do meio apresentando 
soluções para os problemas previstos e imprevistos, 
necessariamente será alvo de processos pedagógicos 
formais e informais no âmbito interno ou externo ás 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 28 
empresas, processos estes que deverão estar 
compatíveis com o que dele é solicitado. 
 
A pedagogia de base behaviorista ou 
transmissora, que buscava fixar condutas 
preestabelecidas tidas como desejáveis sob o ponto de 
vista da organização taylorista e fordista, mediante 
manipulação de estímulos e normalização rígida de 
condutas, deverá ser revista. 
 
Atualmente, nas mais diversas abordagens, seja 
para aquisição de conhecimentos, habilidades, atitudes, 
capacidades relacionadas às funções psíquicas 
superiores, ou mesmo para a promoção de mudanças 
planejadas nas empresas, são adotadas metodologias 
de ensino outras, cujo processo de aprendizagem 
deverá ocorrer por meio de uma relação dinâmica entre 
aquele que aprende e o objeto da aprendizagem. 
 
O marco conceitual e metodológico para 
operacionalizar as mudanças no seio das 
organizações e mesmo na sociedade, vez que por 
influencia do mundo do trabalho acabam surgindo 
demandas na esfera da sociedade em geral, até para 
garantir a empregabilidade da população 
economicamente ativa, são as competências, que 
incorporam para além do saber fazer técnico, outras 
dimensões das capacidades humanas, que deverão ser 
desenvolvidas, por meio de ações educativas. 
 
A área de recursos humanos das empresas, 
tendo necessidade de diferenciar suas práticas das 
formas mais tradicionais de perceber e atuar, passa a 
incorporar outras práticas, entre elas: 
 
 Há um maior cuidado de investigar as 
necessidades e planejar seus processos 
educativos, com definições precisas de seus 
Dica da 
professora 
 
 
Behaviorismo: 
“behavior” significa 
comportamento. 
Esta linha 
psicológica que 
fundamenta práticas 
educativas e 
empresariais baseia-
se no estudo do 
comportamento 
humano a partir das 
relações Estímulo – 
Resposta (E-R) e do 
condicionamento 
operante. Seu 
principal teórico é B. 
F. Skinner. 
 
 
Para pensar 
 
 
Quais as funções 
“tradicionais” ou 
“clássicas” da área 
de recursos 
humanos? 
 
 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 29 
objetivos, resultados a alcançar, escolha de 
métodos e dos processos organizativos da 
aprendizagem, bem como avaliar seus 
resultados. Para tanto, os conhecimentos e 
aportes técnicos do profissional pedagogo vai 
constituindo-se como prática de trabalho de 
relevância para garantir a validade e 
assertividade dos trabalhos relacionados. 
 
 O repertório do que ensinar amplia-se para 
além do técnico, muitas vezes abarcando 
competências intangíveis e difíceis de avaliar, 
tais como as capacidades relacionadas às 
atitudes, valores, formas de raciocinar, e para 
isto há de haver investigação e proposições 
de novas experiências no âmbito pedagógico 
também. 
 
 Há necessidade de estimular a explicitação e 
disseminação dos conhecimentos adquiridos 
com a própria prática do trabalho, os 
chamados conhecimentos tácitos, e para isto 
há de se desenvolver estratégias calcadas nos 
valores e cultura da organização. 
 
 As relações informais que propiciam a 
aquisição de saberes deverão ser objeto de 
investigação e proposição de ações que 
possibilitem sua maximização. 
 
 A definição dos conhecimentos a serem 
incorporados pelas empresas não se pautam 
mais tão somente no que é realizado ou será 
feito proximamente. A definição do que 
aprender deverá estar diretamente 
relacionado ao planejamento estratégico das 
organizações, no sentido das novas 
aprendizagens estarem relacionada aos 
caminhos futuros definidos, seja, ao que 
ainda não é fato, mas pretende ser. 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 30 
RESUMO 
 
Vimos até agora: 
 
 A pedagogia enquanto ciência toma os 
resultados de suas investigações como 
instrumentos intelectuais para estudar os 
problemas educativos, elaborar técnicas, 
processos e modos de operação apropriados à 
prática da educação. 
 
 As práticas educativas numa sociedade, 
segundo as características materiais e sociais 
existentes, e a sua intenção educativa 
explicitada, podem ser consideradas formais, 
não formais ou informais. 
 
 A evolução dos processos de trabalho desde o 
início da constituição das empresas 
produtivas, remeteu a uma constante 
simplificação, parcelamento e desqualificação 
do trabalho humano tendo como 
conseqüência a desvalorização do saber dos 
agentes do trabalho. 
 
 O novo padrão de produção na sociedade 
contemporânea, como nas fases anteriores de 
reformulação dos processos de trabalho, 
responde a determinados aspectos do 
contexto econômico, social, político no qual 
as empresas se inserem, e vai demandar por 
parte das empresas: redefinição das relações 
com os trabalhadores, capacidade de dar 
respostas rápidas e variadasa um mercado 
cada vez mais instável e a aquisição do saber 
dimensão do um capital empresarial. 
 
 Atualmente, são adotadas metodologias de 
ensino outras, cujo processo de aprendizagem 
Aula 1 | Evolução do trabalho e da pedagogia no contexto organizacional 31 
deverá ocorrer por meio de uma relação 
dinâmica entre aquele que aprende e o objeto 
da aprendizagem. 
 
 
 
 32 
 
Fundamentos e 
Concepções da 
Pedagogia 
Empresarial 
 
Ana Claudia Freire 
Dênia Glais Santana 
 
A
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L
A2 
 
 
A
pr
es
en
ta
çã
o 
Esta aula mostrará a você a importância do conhecimento das 
concepções pedagógicas que orientam a prática educacional e será 
fundamental para orientar sua atuação no contexto organizacional, 
afinal como pedagogo empresarial deverá ter como base em sua ação 
profissional os fundamentos pedagógicos. Talvez você se pergunte 
qual a importância de conhecer os teóricos que mais interferiram nas 
linhas pedagógicas que hoje seguimos em nossas Instituições 
Educacionais, e agora nas empresas, já que o Pedagogo chegou à 
empresa. Acreditamos que conhecendo a história poderemos 
entender o contexto da Educação hoje e os mais graves problemas 
que nos afetam em nossa prática pedagógica seja ela na escola ou na 
empresa. A perspectiva histórica é muito importante em todo tipo de 
análise, tanto no campo educacional, como em qualquer outro tema 
de ciências humanas e sociais. Como especialistas da Educação na 
função Pedagogos Empresariais, precisamos estar prontos para 
identificar a corrente pedagógica da Instituição que atendemos para 
podermos intervir no processo, buscando a qualidade e procurando 
garantir, dessa forma, o melhor desempenho dos profissionais 
envolvidos. Precisamos estar aptos a discutir e sugerir novos 
caminhos para a Educação. Para isso precisamos estar bem situados 
na sua evolução e seguros das informações que precisaremos estar 
multiplicando. Os meios tecnológicos pulverizam informações sobre os 
mais diversos assuntos e muitas vezes os profissionais da Educação 
se satisfazem com informações superficiais e repetem em suas 
práticas a mesma superficialidade contidas nessas informações. 
Sabemos que a maior dificuldade se encontra na formação desses 
profissionais, mas cabe a nós especialistas estarmos fundamentando 
essa prática pedagógica e subsidiando suas ações com os 
conhecimentos necessários. Promoveremos condições de formação 
continuada dentro da própria Instituição, Empresa ou Corporação 
sempre que necessário. 
 
O
bj
et
iv
os
 Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Apresentar as principais tendências e correntes pedagógicas que 
fundamentam o processo de aprendizagem 
 Relacionar os principais teóricos e as tendências pedagógicas que 
representam 
 Descrever os principais aspectos de cada uma das tendências 
pedagógicas 
 Apresentar um conjunto de conhecimentos que possam contribuir 
com a ação pedagógica na empresa. 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 34 
Uma Breve Introdução 
 
Nossa referência será a classificação proposta 
por Libâneo (1989: 21), em seu livro Democratização 
da Escola Pública: a Pedagogia crítica-social dos 
conteúdos, para situarmos os teóricos nas tendências 
apresentadas. 
 
 Pedagogia liberal 
 
 Tradicional 
 Renovadora progressista 
 Renovadora não-diretiva 
 Tecnicista 
 
 Pedagogia progressista 
 
 Libertadora 
 Libertária 
 Crítico-social dos conteúdos 
 
Iniciaremos esta apresentação com Froebel pela 
sua importância para a Educação, inclusive sendo 
considerado o “Pai do Jardim da Infância”. Mesmo sem 
compor especificamente uma destas tendências, 
entendemos que discutir seus princípios, desde sua 
época, voltados para a educação pela ação, é o ponto 
de partida fundamental deste nosso estudo. 
 
Froebel 
 
Froebel nascido em Oberweibach, no ano de 
1782 e falecido em 1852, Órfão de mãe, muito cedo, 
ainda bebê, Froebel é criado pelo pai e pela madrasta. 
Tem uma infância isolada e triste. Sua própria infância, 
seu amor pela natureza e sua grande religiosidade 
influenciaram toda sua obra educacional. Trabalhou 
com Pestalozzi, tendo suas idéias influenciadas por ele, 
Dica de 
leitura 
 
 
Procure o livro 
Filosofia da 
Educação de 
Cipriano Luckesi 
(Ed. Cortez) e leia o 
capítulo 
Tendências 
Pedagógicas na 
Prática Escolar de 
José Libâneo. 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 35 
mas conseguiu manter-se independente e crítico, 
criando seus próprios princípios educacionais, tendo 
sido esses princípios, durante muitos anos considerados 
politicamente radicais, por isso foram banidos da 
Prússia. 
 
Suas idéias reformularam a educação. A sua 
pedagogia é caracterizada pelos ideais de atividade e 
liberdade. Suas idéias reformularam a Educação. Como 
já foi dito anteriormente, Froebel valorizou a educação 
da criança, seus estudos sobre a criança resultaram na 
abertura dos Jardins da Infância, Froebel dedicou os 
últimos anos de sua vida à atuação junto aos jardins de 
infância e a divulgação da importância da educação 
durante os primeiros anos de vida infantil. 
 
Em 1873 Froebel abriu o primeiro jardim de 
infância, onde as crianças eram consideradas como 
plantinhas de um jardim, do qual o professor seria o 
jardineiro. A criança se expressaria através das 
atividades de percepção sensorial, da linguagem e do 
brinquedo. A linguagem oral se associaria à natureza e 
à vida. 
 
Froebel foi um defensor do desenvolvimento 
genético. Para ele o desenvolvimento ocorre segundo 
as seguintes etapas: 
 
 Infância; 
 Meninice; 
 Puberdade; 
 Mocidade; 
 Maturidade. 
 
Considerava todas elas igualmente importantes. 
Observava, portanto a gradação e a continuidade do 
desenvolvimento, bem como a unidade das fases de 
crescimento. 
Quer 
saber mais? 
 
 
Froebel afirma em 
sua obra A 
educação do 
homem (1826) que 
"a educação é o 
processo pelo qual o 
indivíduo desenvolve 
a condição humana 
autoconsciente, com 
todos os seus 
poderes funcionando 
completa e 
harmoniosamente, 
em relação à 
natureza e à 
sociedade. Além do 
mais, era o mesmo 
processo pelo qual a 
humanidade, como 
um todo, 
originariamente se 
elevara acima do 
plano animal e 
continuara a se 
desenvolver até a 
sua condição atual. 
Implica tanto a 
evolução individual 
quanto a universal". 
 
 
FROEBEL 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 36 
A escola, para Froebel, é o lugar onde 
a criança deve aprender as coisas 
importantes da vida, os elementos 
essenciais da verdade, da justiça, da 
personalidade livre, da 
responsabilidade, da iniciativa, das 
relações causais e outras semelhantes, 
não as estudando, mas vivenciando-
as. 
 (Monroe, P. Op. Cit., p, 306) 
 
Existe, segundo ele a necessidade que se 
respeite os interesses das crianças, parir sempre destes 
interesses das tendências inatas da criança para a 
ação, o jardim de infância deve ser o caminho para o 
auto desenvolvimento da criança, baseando-se sempre 
na auto-atividade. Para ele a aquisição do 
conhecimento deve ficar em segundo plano, 
estando sempre subordinada ao crescimento 
obtido através da atividade. 
 
Este teórico foi o primeiro a considerar a 
importância da educação lúdica a enfatizar o brinquedo, 
a atividade lúdica, a apreender o significado da família 
nas relações humanas. 
 
Froebel idealizou recursos sistematizados para 
as crianças se expressarem: recursos como: blocos de 
construção que eram utilizados pelas crianças em suas 
atividades criadoras, papel, papelão, argila e serragem. 
O desenho e as atividades que envolvem o movimento 
e os ritmos eram muito importantes. Para a criança se 
conhecer, o primeiro passo seria chamar a atenção 
para os membros de seu próprio corpo, para depois 
chegar aos movimentos das partes do corpo. Valorizava 
também a utilização de histórias, mitos,lendas, contos 
de fadas e fábulas, assim como as excursões e o 
contato com a natureza. 
 
Importante observarmos que ele já sinalizava 
para a importância das linguagens e para as múltiplas 
linguagens como forma de expressão. 
Para refletir 
 
 
É grande a 
discussão sobre a 
importância que 
deve ser dada aos 
conteúdos 
programáticos nos 
treinamentos, 
mediante suas 
demais funções. 
Qual a sua opinião 
sobre este tema?O 
conhecimento 
técnico deve estar 
sempre em primeiro 
plano, ou deve ficar 
em segundo? 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Empresários, muitas 
vezes, citam em 
suas palestras, o 
livro de um escritor 
americano (Robert 
Fulghum) chamado 
“TUDO QUE EU 
DEVIA SABER NA 
VIDA APRENDI NO 
JARDIM DA 
INFANCIA”. O autor 
o classifica como 
“um livro de idéias 
incomuns sobre 
coisas banais”. 
O livro está 
esgotado. Não posso 
sugerir que compre. 
O importante é você 
saber que Froebel 
foi aquele que deu 
o nome de “Jardim 
da Infância” ao 
primeiro segmento 
de nossa 
aprendizagem. 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 37 
O gesto, o canto e a linguagem são as 
formas de expressão de sentimentos e 
idéias apropriadas à educação infantil. 
 (Piletti, 2002, p.105) 
 
O conceito de parte-todo foi um dos mais bem 
desenvolvidos por Froebel. Cada objeto é parte de algo 
mais geral e é também uma unidade, se for 
considerado em relação a si mesmo. No campo das 
relações humanas, o indivíduo é, para ele, uma 
unidade, quando considerado em si mesmo, mas 
mantém uma relação com o todo, isto é, incorpora-se a 
outros homens para atingir certos objetivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FROBEL E A EDUCAÇÃO 
 
Froebel em 1805 seguindo os princípios 
educacionais de Pestalozzi começa a trabalhar numa 
PRINCIPAIS CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS 
 
 A educação deve estar baseada na evolução 
natural das atividades infantis. 
 O ensino de objetivar sempre extrair mais do 
homem do que colocar mais e mais dentro dele. 
Deve-se sempre considerar a maturidade da 
criança antes de iniciá-la em um novo assunto. 
 O verdadeiro desenvolvimento advém de 
atividades espontâneas. 
 O brinquedo deve ser considerado um processo 
essencial na educação inicial da criança. 
 Os currículos das escolas devem basear-se nas 
atividades e interesses de cada fase da vida da 
criança. 
 Sua proposta pode ser caracterizada como um 
"currículo por atividades", no qual o caráter lúdico 
é o fator determinante da aprendizagem das 
crianças. Entende a educação como suporte no 
processo de apropriação do mundo pelo homem, 
é um modelo de educação esférica, onde os 
alunos aprendem em contato com o real, com as 
coisas em sua volta, com os objetos de 
aprendizagem. A matemática só é entendida 
quando o sujeito for capaz de estruturar a 
realidade. 
 Considerar o ser humano como sendo 
essencialmente dinâmico e produtivo, e não 
meramente receptivo. O homem possui uma 
força auto-geradora e não é uma esponja que 
absorve conhecimento do exterior. 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 38 
escola utilizando-se dos princípios educacionais de 
Pestallozzi. Mais tarde, Froebel conhece o trabalho do 
próprio Instituto Pestallozzi e fica fascinado com os 
métodos lá empregados. 
 
Froebel aprofunda-se no estudo do Método 
Pestallozzi e, a partir deste, desenvolve sua concepção 
pessoal de educação. Para Pestallozzi todo homem 
deveria adquirir autonomia intelectual para poder 
desenvolver uma atividade produtiva autônoma. O 
ensino escolar deveria propiciar o desenvolvimento de 
cada um em três campos: o da faculdade de conhecer, 
de desenvolver habilidades manuais e o de desenvolver 
atitudes e valores morais. Assim se iniciam: cérebro, 
mãos e coração, segundo Pestallozzi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Froebel fundamentado nas teorias de Pestalozzi 
formula a Philosophie de la Sphère, fundamento de sua 
pedagogia e base dos jogos iniciados para os jardins de 
infância. A Philosophie de la Sphère de Froebel que 
integra a autonomia intelectual, a aprendizagem social, 
o aprofundamento religioso em relação com a ação 
concreta. O aluno é o centro do processo educacional e 
a escola reproduz práticas de educação familiar e 
comunitária. 
 
RESUMINDO 
 
Segundo Piletti (2002:106) 
 
“Froebel destacou-se pela organização dos Jardins 
deInfância com as seguintes características: 
 
 Atividades educativas: o brinquedo, o trabalho 
manual e o contato com a natureza. 
 
 Formas de expressão: o gesto, o canto e a 
linguagem. 
 
 Importância da auto-atividade, a partir dos 
interesses e tendências da criança.” 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 39 
A Pedagogia de Froebel pode ser subdividida em 
três grandes partes: 
 
 Filosofia da educação, 
 Pedagogia escolar, 
 Concepção de teoria sobre jogos para a 1ª 
infância. 
 
A Philosophie de la Sphère se funda na 
interrelação entre conhecimento subjetivo e objetivo e 
entende a educação como ajuda no processo de 
apropriação idealista do mundo pelo homem. A esfera, 
é a representação da unidade na pluralidade e da 
pluralidade na unidade. 
 
Se o homem, através da educação, conhecer 
suas possibilidades de vida pela reflexão, praticará a 
auto-reflexão e se apropriará destas possibilidades. O 
homem necessitaria exteriorizar o interior, interiorizar 
o exterior, reencontrando a unidade entre estes pólos. 
 
A Pedagogia de Froebel segue esta linha. É um 
modelo de educação esférica, onde os alunos 
aprendem em contato com o real, com as coisas, com 
os objetos de aprendizagem. O aluno é levado a refletir 
sobre estes objetos, a tomar consciência deles. Ao 
aprender a língua, por exemplo, os alunos não devem 
aprendê-la como algo exterior a si próprio, mas devem 
entender-se como criadores da língua. A língua é, 
então, um meio exterior que descreve a realidade e um 
meio interior com potencial criativo, produto do 
intelecto. 
 
Da mesma forma Froebel concebe a 
Matemática: não como operações isoladas, mas como 
algo geral que só poderá ser compreendido quando o 
sujeito for capaz de estruturar a realidade. 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 40 
Os jardins de infância e os jogos na teoria de 
Froebel têm papel importante na organização escolar. 
Froebel organiza jogos com diferentes materiais, 
começando pelo uso das formas esféricas, das bolas. 
Os jogos se subdividem em três tipos: formas da vida, 
da beleza e do conhecimento. Atualmente, os jardins de 
infância não conservam traços da autêntica teoria dos 
jogos de Froebel, embora sua idéia geral tenha 
permanecido, a de aliar a ludicidade ao ato de 
conhecer. 
 
Tendência liberal renovadora progressiva 
 
Principal característica desta tendência é a 
escola adequar as necessidades individuais ao meio 
social. Alguns dos teóricos que inspiraram essa 
tendência são: 
 
 Dewey 
 Decroly 
 Montessori 
 Piaget 
 
DEWEY E A ESCOLA PROGRESSIVA 
 
Dewey preocupava-se com o lado prático da 
educação; pragmático, dava importância central à 
adequação da educação ao meio e à evolução social. 
Para ele a educação é o principal fator de progresso do 
mundo. 
 
A moral está jungida às realidades da 
vida, não a ideais, fins e obrigações 
independentes das realidades 
concretas. Os fatos dos quais ela 
depende, que são seus alicerces, 
procedem das ligações ativas e 
recíprocas entre indivíduos, são 
conseqüências das suas atividades 
entrelaçadas com a vida dos desejos, 
crenças, dos julgamentos, das 
satisfações e dos descontentamentos. 
Para 
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Para saber mais 
sobre teóricos da 
educação, consulte o 
site do Centro de 
Referência 
Educacional 
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Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 41 
Nestesentido a conduta e, 
conseqüentemente, a moral são 
sociais (...) 
(DEWEY, J. A Natureza Humana e a 
Conduta, IV, cap. 4, p. 257). 
 
VAMOS CONHECER UM POUCO DA BIOGRAFIA DE 
JOHN DEWEY? 
 
O filósofo John Dewey (1859-1952), tornou-se 
um dos maiores pedagogos americanos, contribuindo 
intensamente para a divulgação dos princípios do que 
se chamou de Escola Nova. Entre outras, escreveu, 
Meu credo Pedagógico, A escola e a criança, 
Democracia e educação. 
 
Estudou nas Universidades de Vermont e Johns 
Hopkins, recebeu nessa última, em 1884, o grau de 
doutor em filosofia. Ensinou na universidade de 
Chicago, aonde veio a ser chefe do departamento de 
filosofia, psicologia e pedagogia, e onde, por sugestão 
sua, se agruparam essas três disciplinas em um só 
departamento. Ainda em Chicago fundou uma escola 
experimental, na qual foram aplicadas algumas das 
suas mais importantes idéias: a da relação da vida com 
a sociedade, dos meios com os fins e da teoria com a 
prática. 
 
Em 1904 assumiu a direção do Departamento 
de Filosofia da Universidade de Colúmbia, em New 
York, na qual permaneceu até retirar-se do Ensino. A 
partir de primeira guerra mundial interessou-se pelos 
problemas políticos e sociais. Deu cursos de filosofia e 
educação na universidade de Pequim em 1919 e em 
1931; elaborou um projeto de reforma educacional 
para a Turquia, em 1924; visitou o México, o Japão e a 
U.R.S.S., estudando os problemas da educação nesses 
países. Ao falecer, em 1952, com 92 anos de idade, 
Dewey deixou extensa obra na qual se destacam: 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
“Quando os homens 
viviam em pequenos 
grupos que tinham 
pouco que ver com 
os demais, o dano 
que a educação 
intelectualista e 
memorista causava 
era realmente 
pequeno. Mas agora 
é diferente. Os 
métodos e 
operações 
industriais 
dependem, hoje, do 
conhecimento dos 
fatos e leis das 
ciências naturais e 
sociais, num grupo 
muito maior do que 
o foram antes. 
Nossas ferrovias e 
barcos, os bondes, 
telégrafos e 
telefones, fábricas e 
granjas de trabalho, 
e até nossos 
recursos domésticos 
comuns dependem 
para sua existência 
de intricados 
conhecimentos 
materiais, físicos, 
químicos e 
biológicos. 
Dependem, em sua 
melhor e última 
aplicação, de uma 
compreensão dos 
fatos e relações da 
vida social”. (Apud 
Larroyo, F. Op. 
Cit.,p.768.) 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 42 
Psychology (1887; Psicologia); My pedagogic 
creed (1897, Meu Credo Pedagógico); Psychology and 
Pedagogic method (1899; Psicologia e Método 
Pedagógico); The School and Society (1899; A Escola e 
a Sociedade); How we think (1910; Como pensamos); 
Democracy and education (1916; Democracia e 
educação; Reconstrucion in philosophy (1920; 
Reconstrução na filosofia); Human nature and conduct 
(1922 Natureza humana e conduta); Philosophy and 
civilization (1931 Filosofia e civilização); Art as 
experience (1934; A arte como experiência); Logic, the 
teory of inquiry (1938; Lógica, a teoria da 
investigação); Freedom and culture (1939; Liberdade e 
cultura); Problems of men (1946; Problemas dos 
homens. 
 
Dewey não aceita a educação pela instrução 
proposta por Herbart, propondo a educação pela ação; 
critica severamente a educação tradicional, 
principalmente no que se refere a ênfase dada ao 
intelectualismo e a memorização. 
 
Para Dewey, o conhecimento é uma 
atividade dirigida que não tem um fim em si 
mesmo, mas está dirigido para a experiência. As idéias 
são hipóteses de ação e são verdadeiras quando 
funcionam como orientadoras dessa ação. A educação 
tem como finalidade propiciar à criança condições para 
que resolva por si própria os seus problemas, e não as 
tradicionais idéias de formar a criança de acordo com 
modelos prévios, ou mesmo orientá-la para um porvir. 
Tendo o conceito de experiência como fator central de 
seus pressupostos, chega à conclusão de que a 
escola não pode ser uma preparação para a vida, 
mas sim, a própria vida. Assim, para ele, vida-
experiência e aprendizagem estão unidas, de tal forma 
que a função da escola encontra-se em possibilitar uma 
Importante 
 
 
A Pedagogia 
Renovada é 
conhecida também 
como Pedagogia 
Nova, 
Escolanovismo ou 
ainda Escola Nova. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
"Por educação nova 
entendemos a 
corrente que trata 
de mudar o rumo da 
educação 
tradicional, 
intelectualista e 
livresca, dando-lhe 
sentido vivo e ativo. 
Por isso se deu 
também a esse 
movimento o nome 
de ”escola ativa" 
(LUZURIAGA, 1980, 
p. 227). 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 43 
reconstrução permanente feita pela criança da 
experiência. 
 
A educação progressiva está no crescimento 
constante da vida, na medida em que o conteúdo da 
experiência vai sendo aumentado, assim como o 
controle que podemos exercer sobre ela. 
 
É importante que o educador descubra os 
verdadeiros interesses da criança, para apoiar-se 
nesses interesses, pois para ele, esforço e disciplina, 
são produtos do interesse e somente com base 
nesses interesses a experiência adquiriria um 
verdadeiro valor educativo. 
 
Atribui grande valor às atividades manuais, 
pois apresentam situações problemas concretas para 
serem resolvidas, considerando ainda, que o trabalho 
desenvolve o espírito de comunidade, e a divisão das 
tarefas entre os participantes, estimula a cooperação e 
a conseqüente criação de um espírito social. Dewey 
concebe que o espírito de iniciativa e independência 
levam à autonomia e ao autogoverno, que são virtudes 
de uma sociedade realmente democrática, em oposição 
ao ensino tradicional que valoriza a obediência. 
A Educação, para ele, é uma necessidade social, os 
indivíduos precisam ser educados para que se assegure 
a continuidade social, transmitindo suas crenças, idéias 
e conhecimentos. Ele não defende o ensino 
profissionalizante, mas vê a escola voltada aos reais 
interesses dos alunos, valorizando sua curiosidade 
natural. 
 
De acordo com os ideais da democracia, Dewey, 
vê na escola o instrumento ideal para estender a todos 
os indivíduos os seus benefícios, tendo a educação uma 
função democratizadora de igualar as oportunidades. 
Advém dessa concepção o "otimismo pedagógico" 
Quer 
saber mais? 
 
 
Herbart – É o 
fundador da 
psicologia científica. 
Nasceu na 
Alemanha, em 1776 
e morreu depois de 
1833. 
Na atividade 
educativa, distingue 
três movimentos 
essenciais: 
O governo, a 
instrução e a 
disciplina. Ou seja, 
respectivamente, a 
conservação da 
ordem, a força de 
caráter e da 
moralidade e a 
formação do caráter. 
Suas idéias 
encheram a segunda 
metade do século 
XIX. 
Obra pedagógica 
decisiva: 
“Esboço de um curso 
de Pedagogia” – 
(1833). 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Nosso texto reforça 
em “negrito” a frase 
“atribui grande valor 
às atividades 
manuais”. 
Leia com cuidado o 
parágrafo, 
estabelecendo 
relação com o que 
consideramos 
“aprendizagem 
psicomotora”. 
Não é fascinante?... 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 44 
da escola nova, tão criticado pelos teóricos das 
correntes crítico-reprodutivistas. 
 
O processo de ensino-aprendizagem para 
Dewey estaria baseado em: - Uma compreensão de 
que o saber é constituído por conhecimentos e 
vivências que se entrelaçam de forma dinâmica, 
distante da previsibilidade das idéias anteriores; - 
Alunos e professor detentores de experiências próprias, 
que são aproveitadas no processo. O professor possui 
uma visão sintética dos conteúdos, os alunos uma visão 
sincrética, o que torna a experiência um ponto central 
na formação do conhecimento, mais do que os 
conteúdos formais; - Uma aprendizagem 
essencialmente coletiva, assim como é coletiva a 
produção do conhecimento. 
 
O conceito central do pensamento de Dewey é a 
experiência, a qual consiste, por um lado, em 
experimentar e, por outro, em provar. Com base nasexperiências que provam, a experiência educativa 
torna-se para a criança num ato de constante 
reconstrução. 
 
A pedagogia de Dewey apresenta muitos 
aspectos inovadores, distinguindo-se especialmente 
pela oposição à escola tradicional. Mas, não 
questiona a sociedade e seus valores como estão 
propostos no seu tempo; sua teoria representa 
plenamente os ideais liberais, sem se contrapor aos 
valores burgueses, acabando por reforçar a adaptação 
do aluno à sociedade. Vera Lúcia Camara F. Zacharias é 
mestre em educação, pedagoga, diretora de escola 
aposentada, com vasta experiência na área educacional 
em geral, e, em especial na implantação de Cursos. 
 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Essa é a diferença 
entre as linhas 
liberais e as 
progressistas. A 
pedagogia 
progressista sempre 
faz uma crítica 
social, um 
questionamento da 
sociedade, enquanto 
as liberais atendem 
às necessidades da 
sociedade tal como 
ela se apresenta, 
sem propor 
mudanças. 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 45 
OVIDE DECROLY 
 
Decroly era médico e partindo de suas 
experiências com crianças normais e deficientes 
mentais passou a se preocupar com um método 
globalizado de ensino. Em 1901, abriu a primeira 
escola para cairn deficientes com retardo mental, 
propondo uma educação voltada para os interesses 
destas crianças, apta a satisfazer sua curiosidade 
natural, que os estimulasse a pensar colocando-os em 
contato com a realidade física e social. Mais tarde, 
Dècroly convenceu-se de que estes princípios se 
adequavam a qualquer criança. Através de sua 
metodologia procurava fazer com que o processo 
integrasse toda a aprendizagem em determinada 
Unidade da experiência Infantil. 
 
Decroly criou o que chamava de “Centros de 
Interesse”, estes deveriam ser criados a partir das 
prioridades das crianças, de suas necessidades 
primordiais, tais como: alimentação, respiração, asseio, 
proteção contra as intempéries e os perigos, jogo e 
trabalho. Os centros de interesse deveriam nortear 
todas as atividades escolares, em todas as matérias. 
 
VAMOS CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE 
DECROLY? 
 
Ovide Decroly nasceu em 1871 e morreu em 
1932. Destacou-se pelo valor que colocou nas 
condições do desenvolvimento infantil; ressalta o 
caráter global da atividade da criança e a função de 
globalização do ensino. 
 
Fundamentou suas teorias na psicologia e na 
sociologia, podemos resumir os critérios de sua 
metodologia no interesse e na auto-avaliação. Ressalta 
a importância do trabalho em equipe, mas, mantendo a 
Quer 
saber mais? 
 
 
Segundo 
Piletti,”Esses centros 
são os seguintes: a 
criança e a família; a 
criança e a escola; a 
criança e o mundo 
animal; a criança e o 
mundo vegetal; a 
criança e o mundo 
geográfico; a criança 
e o universo. Em 
relação à cada um 
desses centros de 
interesse, seguem-
se três etapas de 
aprendizagem: 
observação direta 
das coisas, 
associação das 
coisas observadas e 
expressão do 
pensamento da cairn 
através da 
linguagem, do 
desenho, da 
modelagem e de 
outros trabalhos 
manuais.” 
(2002:114) 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 46 
individualidade do ensino com o fim de preparar o 
educando para a vida. A ausência de ideais religiosos é 
uma das características de seu modelo pedagógico. 
 
Para Decroly, a educação não é somente a 
preparação da criança para a vida adulta, para ele é 
essencial que a criança vivencie as atividades da 
infância e da juventude, resolvendo os problemas 
compatíveis com a sua fase de desenvolvimento. 
 
Como pressuposto básico postulava que a 
necessidade gera o interesse, verdadeiro móvel em 
direção ao conhecimento. Essas necessidades básicas 
do homem em sua troca com o meio, seriam: a 
alimentação, a defesa contra intempéries, a luta contra 
perigos e inimigos e o trabalho em sociedade, descanso 
e diversão. Desse pressuposto deriva sua proposta 
de organização da escola. 
 
Seu método, mais conhecido como centros de 
interesse, destinava-se especialmente às crianças das 
classes primárias. Nesses centros, a criança passava 
por três momentos: 
 
 OBSERVAÇÃO: não acontece em uma lição, 
nem em um momento determinado da técnica 
educativa, pois, deve ser considerada como 
uma atitude, chamando a atenção do aluno 
constantemente. 
 ASSOCIAÇÃO: permite que o conhecimento 
adquirido pela observação seja entendido em 
termos de tempo e espaço. 
 EXPRESSÃO: por esse meio a criança 
poderia externar sua aprendizagem, através 
de qualquer meio de linguagem, integrando 
os conhecimentos adquiridos, de maneira 
globalizadora. A expressão seria a 
culminância do processo e nela pode-se 
destacar: 
Dica de 
leitura 
 
 
Decroly, também 
médico como Maria 
Montessori, 
pretendia que a 
Educação deixasse 
de ser filosófica e 
passasse a ser 
científica. 
Infelizmente, sua 
produção acadêmica 
quase não chegou 
até nós. 
Uma de suas obras 
mais conhecidas: 
Iniciação à atividade 
intelectual e motora 
pelos brinquedos 
educativos. 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Edouard Claparede 
 
Nasceu em Genebra 
em 1873 e morreu 
em 1940. 
Apesar de formado 
em medicina, 
orientou-se para a 
psicologia. 
Desenvolveu uma 
pedagogia baseada 
nas necessidades e 
interesses da 
criança, 
denominando-a de 
“Educação 
Funcional.” 
Leia no livro História 
das Idéias 
Peagógicas de 
Moacir Gadotti, da 
Ed. Ática,SP, um 
pouco mais sobre 
Claparède. 
 
 
Aula 2| Fundamentos e a concepção da pedagogia empresarial 47 
 Expressão concreta (materialização das 
observações e criações pessoais; se traduz 
em desenho livre, trabalhos manuais...). 
 Expressão abstrata (materialização do 
pensamento através de símbolos e códigos 
convencionais; apresenta-se no texto livre, 
linguagem matemática, musical...). 
 
Não havia um programa pré-fixado. Do ato de 
comer poderia surgir o estudo da alimentação, a 
origem dos alimentos, sua classificação, os preços, o 
preparo, a produção. E, com a curiosidade infantil e o 
desenvolvimento das crianças, surgiriam noções de 
geografia, história, ciências, redação, desenho, 
matemática. 
 
Decroly não esqueceu de nada que a escola 
devesse ensinar à criança; o que ele fez foi transformar 
a maneira de aprender e ensinar, adequando-as à 
psicologia infantil. Os exercícios de observação, 
fundamento das aprendizagens, fazem a inteligência 
trabalhar com materiais recolhidos pelos sentidos e 
pela experiência da criança, levando em conta seus 
interesses. Contrariamente à Montessori, Decroly 
estimula o uso pela criança de objetos concretos, do 
mundo real, recorrendo à experiência direta e à 
intuição. Como Claparède, concede amplo espaço ao 
jogo. 
 
DÉCROLY E A EDUCAÇÃO 
 
Teoria e prática se encontram articuladas na 
obra de Dècroly. Para este autor, a teoria não tem 
nenhum valor se a prática não confirmá-la. As bases de 
sua teoria, com já falamos, são bio-sociais, isto é, as 
bases do desenvolvimento da criança apoiam-se no 
curso natural de sua evolução, sendo necessário um 
meio enriquecedor para estimular suas potencialidades. 
Quer 
saber mais? 
 
 
Como profissional 
que atuará em uma 
empresa, você 
percebe a 
importância de 
conhecer as diversas 
propostas 
pedagógicas que 
marcaram o século 
XX. 
Decroly foi um 
apaixonado pela 
vida concreta e a 
atividade realmente 
livre, suprimindo 
todo material 
abstrato, 
pretendendo iniciar 
a criança à ação 
complexa, adaptada 
ao ambiente e 
levando em conta 
apenas os estágios 
de seu 
desenvolvimento. 
Entendendo melhor: 
Decroly parte do 
global, do 
indiferenciado à 
análise e síntese 
combinadas. Isto é à 
base do método 
global de leitura. 
Será que você foi 
alfabetizado assim? 
Como essa proposta 
poderia ajudar nos 
programas de 
aprendizagem na 
empresa? 
Pesquise sobre este 
método e pense 
como poderá utilizá-
lo no contexto 
empresarial!! 
Que tal propor um

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