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caderno - ritos especiais civeis

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Prof. José Luiz Parra Pereira 
jose.pereira@fmu.br 
Material e laborado por : Marina Jorge Toledo 
 
Aula 1 - 28 /08 /2 020 
Prova: caso prático, com interpretação de 
texto e problemática. Cobrará também a 
fundamentação legal. 
A1: at iv idade no BlackBoard, que f icará 
disponível para ser feita em até um mês 
(postagem final: 30/10/2020). Será o mesmo 
formato da A2. 
A2: é a regimental (vai de 0 a 9) . Terá cinco 
questões. Data das regimentais: 02/12 a 
08/12. 
 
Doutrina indicada: 
- Manual de Processo Civi l , Renato Montans, 
ed. 2020; 
- Marcelo Abelha; 
- Direito Processual Civi l Esquematizado, 
Marcos Vinícius Rios Gonçalves; 
- Cáss io Scarpinel la (manual ou curso) . 
 
Ação possessória cai muito na OAB e 
em concursos, mas consignação em 
pagamento despenca. Ação monitór ia 
também cai muito. Embargos de terceiro 
também. 
Ação de prestação de contas com o 
CPC/15 passou a se chamar de ação de exigir 
contas, tendo algumas mudanças estruturais . 
Não há no código, nem na doutr ina, o 
nome “nunciação de obra nova”. O CPC/15 
retirou essa ação do r ito especial , passando 
a ser entendida como rito comum. Mas, há 
divergência doutrinaria quanto a isso, 
havendo alguns doutr inadores que ela possui 
algumas particularidades que a tornam 
propensa à um rito específ ico. 
No CPC antigo a usucapião t inha r ito 
especia l, no CPC/15 é procedimento comum, 
mas, possui pecul iar idades, o que, para 
alguns doutrinadores, a enquadraria em 
procedimento especial. Não é possível fa lar 
em usucapião em terras públ icas. 
Para os casos de recuperação de 
crédito, ex istem 3 possibi l idades de ações 
que o autor poderá manejar comumente: 
monitória, cobrança e executória. 
 
1) INTRODUÇÃO 
Com o passar dos anos, houve um 
aperfeiçoamento do sistema processual 
como um instrumento destinado à s atisfação 
de pretensões. 
Destaque-se que o processo civi l como 
uma matéria autônoma é relativamente novo 
(aproximadamente 100 anos). 
O Estado assumiu o controle da função 
jurisdicional com o passar dos anos . Deste 
modo, para resolução de confl itos é 
necessár ia a provocação do Estado, tendo o 
legis lador criado mecanismos para tanto. 
Os confl itos podem ser resolvidos por 
meio da autocomposição (acordo) ou por 
meio da heterocomposição (através de um 
terceiro, seja por meio privado – arbitragem 
– ou por meio públ ico – judic iár io). Há, 
também, como exceção, a autotutela 
mailto:ose.pereira@fmu.br
mailto:ose.pereira@fmu.br
( legít ima defesa; desforço imediato ; direito 
de greve etc .) . 
Processo é o percurso a ser realizado. 
Procedimento, por sua vez, é o meio pelo 
qual o direito pretendido será perseguido. 
Processo são os atos processuais . 
Procedimento é a forma de cumprimento dos 
atos processuais . 
Dentro do processo de conhecimento, 
há o procedimento comum e os 
procedimentos especiais. 
O que se busca nos procedimentos 
especia is é a tutela jurisdicional, a cognição, 
a declaração do dire ito envolvido, mesma 
coisa do procedimento comum, porém, por 
outro caminho, por outro procedimento. 
 
* IDC ( Instituto de Direito Contemporâneo) 
tem um curso de LGBD. 
 
2) ESTRUTURA DO CPC/15 
O Código de Processo Civi l de 2015 é dividido 
em 2 blocos, sendo uma ‘Parte Geral ’ , 
dividida em 6 l ivros, e uma ‘Parte Especia l ’ , 
dividida em 4 l ivros. 
 
2.1) Parte Geral 
Livro I – Das normas processuais civis; 
L ivro I I – Da função jurisdicional; 
L ivro I I I – Dos sujeitos do processo; 
L ivro IV – Dos atos processuais; 
L ivro V – Da tutela provisória; 
L ivro VI – Da formação, suspensão e extinção 
do processo 
 
2.2) Parte Especial 
Livro I – Do processo de conhecimento e do 
cumprimento de sentença; 
L ivro I I – Do processo de execução; 
L ivro I I I – Dos processos nos tribunais e dos 
meios de impugnação às decisões judic iais; 
L ivro Complementar ( IV) – Das disposições 
f inais e transitórias. 
 
3) TEORIA GERAL DO PROCEDIMENTO 
ESPECIAL 
“Art . 31 8. Ap l i ca - se a t oda s as c au sa s o 
pro ce dimen to c om um , sa lvo d i s pos ição em 
cont rár io de s te Có di go o u d e le i . 
Pará gra fo ú n ico . O pro ced im e nto com um 
ap l ica -s e s u b s i d i ar iam e nt e aos de ma is 
proc e dim e nto s e sp ec ia is e ao proc e sso de 
exec ução. ” 
Leis extravagantes : le is federais esparsas. 
A Lei 8.245/91 (Lei do Inqui l inato) traz 
a ação de despejo. 
O legis lador criou essa divisão entre 
procedimentos (especia is e comum) 
observando nuances/especif ic idades de 
determinadas relações jurídicas de direito 
material , sendo criados para trazer maior 
efetividade. Exemplo: ações possessórias. 
Nos procedimentos especia is ex istem 
pecul iar idades, como l imitação cognit iva, 
legit imidade, competência, l iminar etc . 
Há, ainda, procedimentos especiais de 
jurisdição contenciosa e de jurisdição 
voluntár ia. 
Segundo o professor Marcelo Abelha, 
diversos procedimentos espec iais 
estampados no CPC/15 não precisariam ser 
submetidos ao poder judiciár io. Alguns 
procedimentos de jurisdição voluntár ia 
poderiam ser resolvidos por meio 
extrajudic ial , através de cartór io 
(tabel ionato de notas, por exemplo). 
Na jurisdição contenciosa existe uma 
l ide ( l ide é confl ito de interesses qualif icado 
por uma pretensão res ist ida – Carnelutti) . Na 
jurisdição voluntária , por sua vez, ambas as 
partes são interessados que estão em 
consenso, não havendo uma l ide 
propriamente dita . 
Ainda, segundo Marcelo Abelha, 
algumas ações de procedimento especial de 
jurisdição contenciosa não precisariam ser 
uma ação autônoma, poderiam ser um 
incidente, como seria o caso dos embargos de 
terceiro. 
No mais, a pr inc ipal fonte dos 
procedimentos especiais é o CPC/15 , 
exist indo, em complemento, as le is 
extravagantes. 
 
Leis extravagantes (exemplos): 
- Lei nº 9 .099/1995 (JEC); 
- Lei nº 8 .245/1991 (Lei de Locações – 
Despejo, Consignação e Renovatória); 
- Lei nº 12.016/2009 (MS); 
- Lei nº 5 .478/68 (Alimentos); 
- Lei nº 11.101/2005 (Recuperação Judicia l e 
Falência); 
- Decreto-Lei nº 2.265/1941 
(Desapropriação) . 
 
Negócio jurídico processual 
“Art . 190 . V er sa n do o proc es so so br e d i re i to s 
qu e a dm it em a utocom po siç ão , é l í c i to às 
par t es p l en am en te c apaz e s es t i p ul ar 
mu da nça s no proc e d im e nt o pa ra a j us tá - lo à s 
es p ec i f ic id ad e s d a ca us a e con ve nc io na r 
sob re os s eu s ô n us, po d er es , fac ul da d e s e 
de ve re s p roce s su a i s , an t es ou du ra nt e o 
proc es so . 
Pará gra fo ú n ico . De o f íc io ou a re q ue r i me n to , 
o ju iz con tro lar á a va l i da de da s co nv ençõ e s 
pr ev is ta s n e st e ar t i go , rec u sa ndo - l he s 
ap l icaç ão som e nt e no s c a sos de n ul id ad e ou 
se i n se rção ab u siv a em co nt rato d e ad e são o u 
em q ue a l g uma p ar te s e enco nt r e em 
man if es ta s i tu ação d e 
vul n er ab i l i da de .” ( Cód i go de Proc e sso C iv i l ) . 
É a possibi l idade das partes 
convencionarem, antes do confl ito exist ir, ou 
durante o processo, alterações no aspecto 
procedimental (estabelecer a poss ibi l idade 
de int imação por e-mail ou WhatsApp, por 
exemplo). 
Aula 2 - 04 /09 /2 020 
AÇÕES POSSESSÓRIAS 
1) CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Segundo a teoria subjetiva de Savigny, 
posse é formada pelo “corpus” (apreensão 
f ís ica da coisa) e “animus domini” (vontade 
de ter a coisa). 
Na teoria objetiva de Ihering (adotada 
pelo CC) , a propriedade é um poder de direito 
da coisa,e a posse é um poder de fato da 
coisa. 
 
Possuidor: 
“Art . 1 .19 6, CC. Co ns i de ra - s e pos s ui dor to do 
aq ue l e q ue t em d e fato o exe rc íc io , p le no o u 
não , d e a lg um dos po de r es i n er e nt e s à 
pro pr i ed ad e. ” 
 Nesse mesmo sentido: 
“A pos se con st i tu i d i r e i to a u tônomo e m 
re lação à pro p r i e da de e de ve exp re s sa r o 
apro ve it ame n to dos b e ns pa ra o a lc anc e d e 
in te r es s es ex is te nc ia i s , ec onômico s e soc i a i s 
mer ec edo r es d e t ut e l a . ” (En unc ia do 49 2 do 
CJF) . 
 
Ação de imissão na posse não é ação 
possessória porque o autor nunca teve a 
posse (ex.: arrematação em lei lão judici a l) . 
Ele tem um dire ito real, que á a propr iedade. 
 A maioria da doutrina entende que 
posse não é um dire ito real, porque não está 
no rol do art . 1.225, CC. 
 Al l ianz Park é um contrato de 
superfíc ie. A posse se subdivide em direta 
(quando há o contato dire to com o bem) e 
indireta. 
 Interditos possessório e ação 
possessória são sinônimos. 
 Ações possessórias previstas no 
ordenamento jurídico: reintegração de posse 
(cabível quando houver esbulho – perda total 
ou parcia l da posse); manutenção de posse 
(cabível quando houver uma turbação – 
embaraço ao l ivre uso da posse – ex .: v iz inho 
que pega fruta na sua horta); interdito 
proibitório (cabível no caso de ameaça do uso 
da posse – ainda não houve esbulho ou 
turbação, mas houve ameaça concreta) . 
 
Quem é possuidor? 
“Art . 1 .1 96. Co ns i de ra - s e pos s ui do r todo 
aq ue l e q ue t em d e fato o exe rc íc io , p le no o u 
não , d e a lg um dos po de r es i n er e nt e s à 
pro pr i ed ad e. ” ( Cód igo C i v i l ) . 
 Destaque-se que posse não é um 
direito real propriamente dito, uma vez que 
não se encontra no rol do art. 1 .225 do 
Código Civi l . 
“A pos se con st i tu i d i r e i to a u tônomo e m 
re lação à pro p r i e da de e de ve exp re s sa r o 
apro ve it ame n to dos b e ns pa ra o a lc anc e d e 
in te r es s es ex is te nc ia i s , ec onômico s e soc i a i s 
mer ec edo r es d e t ut e l a . ” (En unc ia do 49 2 do 
CJF) . 
“Art . 1 .22 5. São d ir e i tos r ea i s : 
I - a p ro pr ie da d e; 
I I - a su p erf íc ie ; 
I I I - a s s e rv i dõ es ; 
IV - o u su fr uto ; 
V - o uso ; 
V I - a h ab it ação; 
V I I - o d i r e i to do p rom it en t e comp ra dor do 
imóv el ; 
V I I I - o p e n hor; 
IX - a h i pot eca ; 
X - a a nt ic r e se. 
X I - a conc e ss ão de u so es p ec ia l pa ra f i ns d e 
mora dia ; 
X I I - a co nc es são d e d i re i t o re a l d e u so ; e 
X I I I - a la j e . ” ( Cód i go C iv i l ) . 
 
Class if icações da posse 
 Quanto ao exercício , a posse pode ser 
direta ou indireta: 
“Art . 1 .19 7. A po ss e d ir e ta , d e pe s soa q ue 
tem a co i sa em s e u po d er , tem por ar iam e nt e , 
em v i r t ud e d e d i re i to p e ssoa l , o u re a l , não 
an ul a a in d ir et a , de q u em aq u ela fo i ha v i da , 
pod e n do o po s su i dor d i re to d ef en d er a su a 
pos s e co nt ra o i nd ir eto .” ( Cód igo C iv i l ) . 
Tanto o possuidor direto quanto o 
indireto detêm o poder de fato sobre a coisa, 
portanto, ambos são partes legit imas para 
proteger a posse. 
 Quando à legitimidade , a posse pode 
ser de boa-fé ou de má-fé: 
“Art . 1 . 202 . A po ss e d e b oa - fé só pe r de e st e 
cará te r no c aso e d e sd e o mome nto em qu e 
as c i rc u ns tâ nc ias faça m pr e s umi r q ue o 
pos s ui dor não i g nor a qu e pos s ui 
in d ev i da me n te. ” (Có di go C iv i l ) . 
 Com relação à integridade da posse, 
ela poderá ser justa ou injusta: 
“Art . 1 .2 00. É j us ta a p oss e q u e não fo r 
v io l e nta , c la n de st i na o u pr ecá r ia .” (Cód i go 
Civ i l ) . 
 Já, no que se refere ao tempo , a posse 
poderá ser nova ou velha: 
“Art . 55 8. Re g em o proc e dim e nto de 
man ut e nção e de r e i nt e g ração de po s se as 
norm as d a Seç ão I I d es te Ca pí tu lo qu an do a 
ação for p ropo st a d e nt r o de a no e d ia da 
tu rb ação o u do e s bu l ho a f i r ma do n a p et ição 
in ic i a l . 
Pará gra fo ú n ico . Pa s sa do o pr azo r ef er ido 
no ca p ut , s erá comu m o proc e dim e nto , não 
pe r de n do, con tu do, o ca rát er po ss e ssó r io . ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 A proteção da posse se dá através da 
heterotutela. Excepcionalmente, admite -se 
autotutela na f igura do desforço imediato. 
“Art . 1 . 21 0. O pos s ui do r te m d i re i to a s e r 
man t i do n a po ss e e m caso d e t ur baç ão , 
re st i t u ído no de e s bu l h o , e s e g ura do de 
v io l ê nc ia i mi n en te , se t iv er j us to rec eio d e 
se r mo le s ta do. 
§ 1º O po ss u ido r t ur ba do, o u e s b ul ha do, 
pod e rá ma nt er -s e ou re st i t u i r - s e por s ua 
pró pr ia força , con ta nto q ue o faç a lo go; o s 
atos de d ef e sa , ou d e d e sf orço , não po de m ir 
a lé m do i n d is p en sáv e l à man u te nção, o u 
re st i t u ição da po ss e. ” ( Có di go C iv i l ) . 
 
2) LEGITIMIDADE 
 A origem da posse pode se dar através 
de um direito real ou de um direito pessoal. 
 A posse indireta se trata de uma ficção 
criada pela le i. 
 Os legit imados ativos são o possuidor 
direito e o indireto. 
Destaque-se que o detentor não tem 
legit imidade sobre a coisa. 
“Art . 1 . 19 8. Co n si d er a -s e de te n tor a q u el e 
qu e, ach an do - s e em re la ç ão de d epe ndê n c ia 
par a com o utro , co ns er va a po ss e em no me 
de s te e em c um p rim e n to de or d en s ou 
in st r uçõe s s ua s. 
Pará gra fo ú nico . Aqu e le q u e co meço u a 
compor ta r -s e do mo do co mo p re sc re ve e st e 
art igo , em r e l ação a o b e m e à o u tra pe s soa, 
pres ume - se d ete nt or , a té q u e prov e o 
cont rár io . ” (Có d igo C i v i l ) . 
“Art . 1 .20 8. Nã o in d uzem po ss e o s a tos d e 
mer a p e rmi s são o u to le râ n c ia a s s im co mo n ão 
auto r iz am a s ua a q ui s iç ão os a tos v io l en tos , 
ou c la n d es t i no s, s e não d epo i s d e ce s sa r a 
v io l ê nc ia ou a c la n d es t in i da de .” ( Cód i go 
Civ i l ) . 
 O legit imado pass ivo , por sua vez, será 
o agressor da posse, ou agressores, no caso 
em que haja coletiv idade. 
 
3) CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DAS AÇÕES 
POSSESSÓRIAS 
3.1) Competência 
 É competente o foro de situação da 
coisa. Para bens móveis, vale a regra geral do 
art. 46 (domicí l io do réu). 
“Art . 47 . Pa ra a s açõ e s fu nd ad as em d ire it o 
real s o bre im óve is é com pe t en te o foro d e 
s i tu ação da co i sa . 
§ 1º O a utor po d e o p tar p elo foro d e 
domic í l io do r éu ou p e lo f oro d e e le ição s e o 
l i t í g io não r eca ir s obr e d ir e i to de 
pro pr i ed ad e, v iz i nh an ça, se rv id ão , d iv i são e 
de marc ação d e t er ra s e d e n u nc i ação d e ob ra 
nova. 
§ 2º A aç ão p os sess ór ia im ob i l iár ia s erá 
pro pos ta no for o de s i tu a çã o da c o isa , cu jo 
ju ízo t em com p et ênc ia a b so l ut a . ” ( Cód igo de 
Proce sso C iv i l ) 
“Art . 46 . A ação fu n da da em di re i to p e ssoa l 
ou em d ire it o rea l s obre be ns móve is s e rá 
pro pos ta , em r e gra , no fo ro de do mic í l io d o 
réu . 
§ 1º Te n do mai s de um d omic í l io , o r é u s er á 
dema nd ado no foro d e qu a l qu er d e le s . 
§ 2º Se n do inc e rto o u d esco n hec i do o 
domic í l io do r é u, e le pod erá se r d ema n da do 
ond e for e ncon tr ado ou n o foro de domic í l io 
do a uto r . 
§ 3º Q ua n do o r é u não t iv er domic í l io ou 
re s i d ên c ia no Br as i l , a açã o s erá pro pos ta no 
foro de domi c í l io do a uto r , e , se e s te t am bém 
re s i d i r fo ra do Bra s i l , a açã o se rá pro pos ta em 
qu al q ue r fo ro . 
§ 4º Hav e ndo 2 (do is) ou ma is ré u s com 
di fe re n te s domic í l ios , s er ão d ema n da dos no 
foro de q ua lq u er d e le s , à esco l ha do a uto r . 
§ 5º A exec ução f i sca l s er á pro pos ta no fo ro 
de do m ic í l io do r é u, no d e s ua re s id ê nc i a ou 
no do l ug ar o n de for en cont ra do. ” (Có di go 
Civ i l ) . 
 
3.2) “Tempo” da posse 
 A ação somente seguirá r ito especial 
caso a seja proposta em até um ano e um dia 
da data em que houve a turbação ou o 
esbulho. Posteriormente à um ano e um dia, 
ela seguirá como rito comum. 
“Art . 55 8. Re g em o proc e dim e nto de 
man ut e nção e de r e i nt e g ração de po s se as 
norm as d a Seç ão I I d es te Ca pí tu lo qu an do a 
ação fo r pr op ost a de ntr o de a no e d ia da 
tur ba çã o ou do e sb u lh o a f i r ma do na p et ição 
in ic i a l . 
Pará gra fo ú n ico . Pa s sa do o pr azo r ef er ido 
no ca p ut , se rá c om um o pro ce dimen to , não 
pe r de n do, con tu do, o ca rát er po ss e ssó r io . ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 Posse de força nova : dentro de um ano 
e um dia. 
 Posse de força velha: após um ano e 
um dia. 
 “O dire ito não socorre aos que 
dormem.” 
 
3.3) Liminar 
 L iminar é decisão proferida no in ício 
( in l imini ) do processo, sem a oit iva da parte 
contrár ia. Não é sinônimo de tutela 
provisória de urgência, que, por sua vez, 
pode ser ou não uma l iminar (tutela po de ser 
deferida na sentença). 
“Art . 562 . E st an do a p e t ição i n ic i a l 
de v i dam e nt e i ns tr u íd a , o j u iz d ef er i r á , s em 
ouv ir o r éu , a ex pe d ição d o ma nd ado l im in ar 
de ma nu te nção o u de re in t eg ração , ca so 
cont rár io , d et er mi na rá q u e o a uto r ju st i f i qu e 
pr ev iam e nt e o a l e ga do, c i t an do - se o ré u par a 
compa rec e r à a u di ê nc i a q ue for d es i gn ad a. ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 L iminar do procedimento especial das 
ações possessórias não requer urgência, 
apenas demonstrar posse legít ima, o esbulho 
ou turbação e o ajuizamento da açã o em 
menos de 1 anos e um dia. 
 Para as ações de posse velha, que 
seguirão o procedimento comum, caberá 
tutela provisória de urgência, onde deverá 
ser demonstrada a probabi l idade do dire ito, 
o r isco de perigo na demora, a posse legít ima 
e o esbulho ou turbação. 
“Art . 3 00. A t u te la de ur gê nc ia s erá 
conce d id a q ua n do ho uv er e l em e nto s q u e 
ev i d e nc i em a pro ba b i l id a de do d i re i to e o 
pe r i go de da no o u o r i sco ao re s ul ta do ú t i l do 
proc es so . ” ( Cód i go d e P ro ces so C iv i l ) . 
 
3.4) Natureza dúplice 
 A f igura do autor e do réu podem se 
confundir na ação possessória. 
“Art . 55 6. É l í c i to ao ré u, n a con te st ação , 
a le ga n do q ue fo i o o f e nd ido e m su a pos s e, 
de ma nd ar a p rot eção po s se s sór ia e a 
in d en izaç ão p elo s p rej u í zos re s ul ta nt e s da 
tu rb ação ou do e sb u lh o come t i do pe lo 
auto r . ” ( Cód igo d e P roce s s o C iv i l ) . 
 Em razão da natureza dúplice, ex iste a 
possibi l idade do réu, ao se defender, sem 
que haja a necess idade de um pedido 
contraposto ou reconvenção, pedir a 
proteção possessória. Trata -se de um efeito 
automático da resposta do réu . 
 
3.5) Exceção de domínio 
 Sal ienta-se que, na ação possessória 
não se discute a propriedade, e sim a posse. 
“Art . 557 . Na pe n dê nc ia d e ação po ss e ssó r i a 
é ve da do , ta nto ao au t or q ua nto ao ré u, 
pro por a çã o de re co nhe c iment o do d om ínio , 
exce to s e a p r et en sã o for d ed uz id a e m f ac e 
de t erc e ira p e ssoa . 
Pará gra fo ún ico . Não o b st a à ma n ut e nção o u 
à r e i n te gr ação d e pos s e a a lega çã o de 
pro pr ied ade o u de o u tr o d i re i to so br e a 
co isa .” (Có di go de Proc e ss o C iv i l ) . 
 Contudo, tal regra comporta exceção: 
“Súm u la 487, ST F: Se rá de fe r i da a po s s e a 
qu em, ev i de nt em e nt e, t i ver o dom ín io , se 
com ba s e ne s te for e la d i s pu ta da ”. 
 Destaque-se que domínio nada mais é 
do que a propriedade. 
 
3.6) Cumulação de pedidos 
 Em que pese o objet ivo princ ipal da 
ação possessória seja a defesa da posse , há a 
possibi l idade de cumulação do pedido com 
outros, como perdas e danos ou indenização 
por frutos, por exemplo. 
“Art . 327 . É l í c i ta a c um u l ação , em um ú n ico 
proc es so , con tr a o m es mo r é u, d e vár io s 
pe d ido s, a i nd a q u e en t re e l e s não h a ja 
conexão . 
§ 1º São r e q ui s i to s d e adm is s ib i l i da de da 
cum ul ação q ue : 
I - o s pe d ido s s e jam com p at ív e is e nt r e s i ; 
I I - se j a c om pete nte p ar a co n hec er de les o 
mesm o j u íz o; 
I I I - s e j a a de q ua do p ara t odos o s p e di do s o 
t i po de p roce d im en to . 
§ 2º Q ua n do, pa ra ca da pe di do , c orres p on der 
t ipo d iv ers o de pro ce dim ent o , se rá ad mi t i da 
a c um ulaç ão se o a ut or e mpregar o 
pro ce dimen to co mu m , se m pr ej u ízo do 
em pr ego d as t éc ni cas p roce s su a i s 
d i fe re nc ia da s pr ev i s ta s nos p roce d im en tos 
es p ec i a i s a q ue se su je i ta m um ou m ai s 
pe d ido s c um ula do s, qu e não for em 
incom pa t í ve i s com a s d i spo s içõe s sob re o 
proc e dim e nto co mu m. 
§ 3º O i nc i so I do § 1º n ão s e ap l ica às 
cum ul aç õe s d e pe d ido s d e q u e tr ata o art . 
326 . ” (Có di go d e Proc e ss o C iv i l ) . 
Pode o autor requerer ainda, 
cumulat ivamente, imposição de medida com 
o f im de evitar nova turbação ou esbulho. 
“Art . 55 5. É l í c i to ao a u tor cum ula r ao p e di do 
pos s es sór io o d e: 
I - co n de naç ão e m pe rd as e da nos ; 
I I - i nd e niz ação dos f r u to s . 
Pará gra fo ú nico . Po de o a utor r e q ue re r , 
a i nd a, im po siç ão d e m e di da n ece s sá r ia e 
ad eq ua da p ara : 
I - ev i ta r nova t ur bação ou es b ul ho; 
I I - c um p ri r - se a tu t e la p rov i sór ia o u f i na l . ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 
3.7) Caução 
 Nos casos de impossibi l idade 
f inanceira do autor, c aberá caução. 
“Art . 5 59. Se o r é u p r ovar , em q ua l qu e r 
tem po, q u e o a uto r prov i s or iam e nt e ma nt ido 
ou r e in te g ra do na p oss e care ce de 
id o neida de f ina n ce ira p ara , no ca so d e 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art326
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art326
suc um b ê nc ia , re s pon d er p or p er da s e da nos, 
o ju iz de s ig na r - lh e- á o pra zo de 5 (c inc o ) d ia s 
par a r e q ue re r ca ução , r e a l o u f id ej u ssó r ia , 
sob p en a de s er de po si ta da a co i sa l i t i g io sa , 
re ss a lv a da a im pos s ib i l i da de d a p ar te 
economica me nt e h ipo s su f i c ie nt e. ” 
 
3.8) Citação 
Em regra, a citação se dá por meio 
pessoal, através de carta com AR ou por 
Oficia l de Justiça. 
Excepcionalmente, quando houver 
coletividade (MST), os que forem 
encontrados no local serão c itados 
pessoalmente e os demais serão citados 
através de edital. 
“Art . 554 . A pro pos i t u ra d e u ma ação 
pos s es sór ia em v ez d e o ut ra não ob st a rá a 
qu e o ju iz con h eça do p e di do e o utor g u e a 
pro teç ão l e ga l cor re s pon de n te à qu e la c ujo s 
pr e ss u pos tos e st e j am pro vado s. 
§ 1º No ca so de ação p oss e ssó r ia e m qu e 
f ig u re no po lo p as s ivo gra n d e n úm e ro d e 
pe s soa s, s erão f e i ta s a c i taç ão pess oa l d os 
oc u pan tes q ue fore m e n c on tra dos no lo ca l e 
a c i t aç ão p or e di t a l do s d ema is , 
de t erm i na ndo - s e, a i nd a, a in t ima çã o do 
Min is tér io Pú b l i c o e, se e nvo l ve r pe s soa s em 
s i tu ação de h i po ss uf ic iê n c ia e conôm ica , da 
Def e nso r i a P úb l ica . 
§ 2º Par a f im da c i tação p es so a l p re v i sta no § 
1º , o o f ic ia l d e j u st iça p rocura rá os oc u pa nt e s 
no loca l por um a v ez , c i ta ndo -s e por e di ta l os 
qu e não for em e ncon tr ado s. 
§ 3º O j u iz d ev erá de te rmi na r q u e s e d ê 
amp la p ub l i c ida de da e x istê n cia da aç ão 
pr ev is ta no § 1º e dos re s pec t ivo s p r azo s 
proc es s ua is , po d en do, pa r a ta nto , v a l er -s e d e 
an ún c io s em jor na l ou rá d io loca i s , da 
pu b l ic ação de ca rtaz e s na re g ião do co nf l i to 
e d e o ut ro s m e ios. ” (C ódi go d e Proc es so 
Civ i l ) . 
 Ainda, segundo o enunciado 63 do 
FPPC: 
“No ca so de ação po ss e ss ór ia em q u e f i gu r e 
no po lo pas s ivo gr an d e n ú mero de pe s soas, a 
amp la d iv ul gação p re v i st a no § 3º do ar t . 554 
cont em pl a a i n te l i g ênc ia do a rt . 3 01, com a 
pos s ib i l i da de de d et erm i n ação d e re g is tro de 
pro te sto par a co n s i g nar a i nfo rmação do 
l i t í g io po ss e ssó r io na m atr íc u la imo b i l iár ia 
re s pec t iv a” (E nu nc ia do 63 do FPPC ) . 
 
4) FUNGIBILIDADE 
 Existe fungibil idade entre as espécies 
de ações possessórias, pois é comum a 
alteração da s ituação fática ou erro sobre a 
agressão. 
“Art . 554 . A pro pos i t u ra d e u ma ação 
pos s es sór ia em v ez d e o ut ra não ob st ará a 
qu e o ju iz con h eça do p e di do e o utor g u e a 
pro teç ão l e ga l cor re s pon de n te à qu e la c ujo s 
pr e ss u pos tos es t e jam pro vado s. ” (Có di go d e 
Proce sso C iv i l ) . 
 
5) DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE 
POSSE 
As ações possessór ias são importantes 
para proteger a posse que está sendo 
agredida, mas também para evitar a 
usucapião (“o direito não socorre aos que 
dormem”). 
 O esbulho consiste na privação total 
da posse de um bem. Através dele o 
possuidor perde todo o contato com o bem 
esbulhado (ex.: João invade a fazenda de 
Jorge e cerca a propriedade, impossibi l itando 
o dono de acessar o local) . Para tanto, caberá 
ação de reintegração de posse . 
A turbação, por sua vez, se trata em 
um esbulho parcia l no qual o possuidor perde 
somente parte da posse de um bem, sem que 
haja perda de contato com o bem turbado 
(ex.: João leva seus cavalos todos os dias 
para pastar na fazenda que é de propriedade 
de Jorge). Para tanto, caberá ação de 
manutenção de posse . 
“Art . 560 . O pos s ui dor tem di re i to a se r 
man t i do na po ss e em ca so de t ur bação e 
re in t eg ra do em ca so d e es bu l ho . ” (Có d igo d e 
Proce sso C iv i l ) . 
Requisitos : soma dos requisitos gerais 
(art. 319) com os especiais (art . 561). 
“Art . 5 61. I ncu mb e ao a ut or p rova r : 
I - a s ua po s se ; 
I I - a t ur baç ão o u o e s b u lho p ra t ic a do p e lo 
ré u; 
I I I - a da ta da t ur bação ou do e sb u lho ; 
IV - a cont i nu ação da po s s e, em bo ra t ur ba da, 
na ação d e ma n ut e nção, o u a p e rd a da po ss e, 
na ação de r e i n te gr aç ão .” (Cód i go de 
Proce sso C iv i l ) . 
 Estando a petição inic ial devidamente 
instruída, haverá o deferimento da l iminar e 
o autor deverá promover, em 5 dias, a citação 
do réu. Caso contrário, o juiz designará 
audiência de just if icação, citando -se o réu 
para comparecimento. 
“Art . 562 . E st an do a p e t ição i n ic i a l 
de v i dam e nt e i n st r u í da , o ju iz d ef er i r á , s em 
ouv i r o r é u, a exp e diç ão d o ma nd ado l im i nar 
de ma nu te nção o u de re in t eg ração , ca so 
cont rár io , d et er mi na rá q u e o a uto r ju st i f i qu e 
pr ev iam e nt e o a le ga do, c i t an do - se o ré u par a 
compa rec e r à au d iê nc ia q ue for d e s i g na da. 
Pará gra fo ú nico . Co nt ra a s pess oa s j ur íd i ca s 
de d ire it o pú b l i c o não se rá d ef er id a a 
man ut e nção o u a r e i nt e g ração l im i na r s em 
prév ia a u diên c ia dos res pe ct ivo s 
represe nta nte s j u dic ia i s . ” (Cód i go de 
Proce sso C iv i l ) . 
“Art . 5 64. Conc e di do o u não o m an da do 
l im i nar d e ma nu t enç ão ou de re i nt e g ração , o 
auto r pro move rá , no s 5 (c i nco) d i as 
su b se q u en te s, a c i taçã o do r é u pa ra , 
qu e re n do, co nt es tar a aç ão no pr azo d e 1 5 
(q u inze ) d ias . 
Pará gra fo ú nico . Q ua nd o for or d en ad a a 
ju st i f i cação p rév ia , o p r azo pa ra con te st ar 
se rá co nta do da in t i maç ão da d ec i são qu e 
de fe r i r o u não a me d id a l i mi nar .” (Có di go de 
Proce sso C iv i l ) . 
Invasões coletivas: 
“Art . 56 5. No l i t í g io co le t ivo pe la pos s e d e 
imóv el , q ua n do o e s b ul ho o u a tu r bação 
af i rma do na p et ição i n ic i a l ho uve r o corr ido 
há ma is de a n o e d ia , o j u i z , an te s d e a pr ec iar 
o pe di do de co nce s são d a me di da l im in ar , 
de ve rá de s i g na r a ud iê nc i a d e me d iação , a 
rea l i z ar - s e em a té 30 ( t r in ta) d ias , q u e 
obs er var á o d i s pos to nos §§ 2º e 4º . 
§ 1º C on ce dida a l im ina r , se ess a n ão f or 
exe cu ta da n o praz o de 1 (u m) a no , a con ta r 
da d ata de d i s tr ib u ição , ca be rá ao j u iz 
de s ig na r au d iên c ia de m e diaç ão , nos te rmos 
dos § § 2º a 4º d es te ar t i g o . 
§ 2º O M inistér io P úb l ic o será in t ima do par a 
compa rec e r à a ud i ênc ia , e a Defe ns or ia 
Púb l i ca será int im ad a s empre q ue ho uver 
parte be nef i c iár ia de gra t uida de da j ust i ça . 
§ 3º O j u iz po d er á com par ece r à á r ea o bje to 
do l i t íg io q ua n do s ua pr e se nça se f i z er 
nec e ss ár ia à ef et iva ção da t ut e l a 
ju r i sd ic iona l . 
§ 4º O s ó rg ãos re s pon s áve is p el a po l í t ica 
agr ár ia e pe la po l í t ic a ur ba na da U nião , d e 
Esta do ou do D i st r i to Fe d era l e d e M u nic íp io 
ond e se s i t ue a ár ea o bje t o do l i t í g io po de rão 
se r i nt ima do s pa ra a a ud i ênc ia , a f im d e s e 
man if es ta rem sob re s eu i n te re s se no 
proc es so e sob re a ex i st ê nc i a d e 
pos s ib i l i da de d e so luç ão par a o conf l i to 
pos s es sór io . 
§ 5º Apl ica -s e o d is po st o ne s te ar t i go ao 
l i t í g io so br e pro pr i ed ade de imóv e l . ” (Có di go 
de Proc e sso C iv i l ) . 
No mais, apl icam-se as demais regras 
do procedimento comum. 
 
6) INTERDITO PROIBITÓRIO 
Interdito proibitór io é cabível no caso 
de uma ameaça real e concreta ao exercício 
da posse. 
A ameaça, por sua vez, é apenas a 
iminência de um esbulho ou turbaçã o. Não é, 
portanto, uma ofensa concretizada, mas 
somente um receio justi f icado de ter o 
direito de posse violado (ex.: Manifestantes 
se reúnem na frente de um prédio público e 
ameaçam ocupar o local) . 
Não confundir com interdito 
possessório (sinônimo de ações 
possessórias). 
“Art . 56 7. O p oss u id or d ir eto ou in d iret o q u e 
te n ha j u sto rec eio d e se r mole st ado na po s se 
pod e rá r eq u er er ao j u iz q u e o se g ur e d a 
tu rb ação o u e sb u lho i mi ne nt e, me d ia nt e 
man da do p ro i b i tór io e m q ue se com i ne ao ré u 
de t erm i na da p en a pec u n iá r ia ca so t ra n sg r i da 
o pr ec ei to . ” (Có d igo d e P r oces so C iv i l ) . 
Não existe a previsão de audiência do 
334 (concil iação) nos ritos especiais . 
Não confundir l iminar das ações 
possessórias com tutela antecipada de 
urgência. 
 
Aula 3 - 11 /09 /2 020 
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
1) GENERALIDADES DO DIREITO MATERIAL 
 Direito material : se refere ao Código 
Civi l . 
 Direito processual : se refere ao 
Código de Processo Civi l . 
 
 Fontes das obrigações : as obrigações 
surgem de diversas fontes, sendo, 
principalmente através de: atos i l íc itos 
(acidente de trânsito, ataque de cachorro – 
não existe uma relação jurídica até o i l íc ito 
ocorrer) , lei e contratos. 
Existem diversas espécies de 
obrigações, como por exemplo, dar coisa 
(certa ou incerta); fazer ou não fazer e pagar 
quantia. 
O intuito do legislador ao criar 
obrigações é que todas as obrigações 
contraídas fossem adimplidas. A obrigação se 
extingue com o seu cumprimento. 
A partir do momento que há o 
cumprimento espontâneo/voluntário da 
obrigação, e la naturalmente se extingue. 
Esse cumprimento espontâneo/voluntár io, 
tecnicamente, se denomina como 
pagamento, seja qual for a modal idade da 
obrigação. 
O Código Civi l t rás requisitos 
(requisitos de validade) que vem ser 
observados para que ocorra o pagamento 
válido, sendo como: 
- “quem deve pagar” (devedor ou um 
terceiro, que pode ser interessado ou não); 
- “a quem deve pagar” (em regra ao 
credor); 
- “objeto do pagamento” (a prestação, 
se é uma entrega de coisa, fazer ou não fazer, 
ou pagar uma quant ia) ; 
- “prova do pagamento” (é necessár io 
um recibo para se provar que pagou); 
- “do lugar do pagamento” (deve ser 
feito no local correto, como o domicí l io do 
credor, por exemplo); 
- “tempo do pagamento” (quando foi 
feito o pagamento). 
 
“Quem paga mal, paga duas vezes” 
 
 Pagamento direito e indireto (formas 
especiais) : O pagamento direto é a hipótese 
em que você real iza efetivamente aquela 
prestação que foi acordada, estabelecida na 
obrigação. Já, o pagamento indireto (ou 
formas especiais de pagamento), tem -se a 
imputação do pagamento, novação, 
compensação, confusão, consignação etc. 
 Duplo regramento : quando se fala de 
ação de consignação em pagamento, é 
necessár io que se observe tanto o CPC, para 
buscar os aspectos de direito processual, de 
regramento, bem como para o CC, para 
buscar os aspectos materiais para 
compreender o que vem a ser a ação de 
consignação em pagamento. 
Consignação em pagamento nada mais 
é que uma modalidade de pagamento 
indireto , em que o autor da ação, que em 
regra é o devedor, está buscando 
reconhecimento judicial e extinção da 
obrigação. 
 
2) CONSIDERAÇÕES GERAIS DA AÇÃO 
Ação de consignação em pagamento é 
de procedimento especial de jurisdição 
contenciosa . Quem define isso é tanto o CC 
quanto o CPC. 
“Art . 33 4. Co ns i de ra - s e p aga me n to , e 
ext ingue a o br iga çã o , o d epó s i to j u dic ia l ou 
em e st ab e lec im e nto b ancá r io da co is a 
de v i da , nos c aso s e for ma l eg a i s . ” (Có di go 
Civ i l ) 
“Art . 5 39. No s c aso s pr ev i sto s em le i , po de rá 
o de ve dor ou te rc ei ro r e qu er er , com e fe i to d e 
pa gam e nto , a co ns ig naç ã o da q ua nt ia o u da 
co is a de v i da . ” (Có di go de Proce sso C iv i l ) . 
Tanto o CC quanto o CPC dizem que a 
ação de consignação em pagamento pode ser 
uti l izada para quase tudo, pois o conceito de 
“coisa” é abrangente. 
A única “coisa” que não cabe na 
consignação em pagamento seria uma 
obrigação de fazer e não fazer. 
A ação de consignação em pagamento 
visa, na verdade, proteger o devedor contra 
credor malicioso ou displicente . O devedor 
quer cumprir a obrigação, mas não consegue 
em razão de embaraços causados pelo 
credor. 
Assim como o devedor tem o dever de 
pagar, ele também tem o direito de pagar. 
 
3) CABIMENTO 
 O cabimento não está descrito no 
Código de Processo Civi l , e si m na lei 
material, pr incipalmente no CTN, CC e Lei de 
Locações. 
 O objetivo da ação de consignação em 
pagamento é evitar as consequências da 
mora (multa, correção monetária e juros 
legais de 1% ao mês) e requerer a extinção da 
obrigação. 
 
Hipóteses legais (art. 335 do Código Civi l ) : 
 É importante destacar que as 
hipóteses descr itas pelo Código se referem 
ou à embaraços enfrentados pelo devedor, 
no sent ido de não conseguir efetuar o 
pagamento, ou que ele até conseguir ia 
efetuar o pagamento, mas não com a 
segurança jurídica necessária à ta l ato. 
 “Art . 3 35. A con s i g naç ão t em lu ga r : 
I - se o c r edo r nã o p ud er , o u, s em j us ta ca u sa , 
recu sar re ce ber o pa gam e nto , o u dar 
qu it aç ão n a de v i da form a (mora do c re dor ) ; 
I I - s e o cre d or nã o f or , n em ma nd ar r ece ber 
a c oi sa no l ug ar , tem po e con d ição d ev i dos 
(mora do c re dor ) ; 
I I I - se o c re dor fo r in ca p az de re ce ber , for 
des co nh ec ido , d ec lar ad o ause nte , o u res id ir 
em lugar incer to ou d e a cess o per igos o o u 
dif í c i l (mor a do cr e dor) ; 
IV - s e oco rr er dúv id a sob re qu em de va 
leg it ima men te r ec eb e r o obj eto do 
pa gam e nto ( d úv id a so b re o pa gam e nt o ) ; 
V - se p en d er l i t íg io s obre o o bj et o do 
pa gam e nto . ( dú v i da so b re o pa gam e nto) ” 
(Cód igo C iv i l ) . 
 Dívida quesível : aquela que deve ser 
efetuada dentro do domicí l io do devedor . 
Cabe, portanto, ao credor buscar o 
pagamento no domicí l io do devedor. 
 Dívida portável : aquela que deve ser 
paga no domicí l io do credor . 
 
4) MODALIDADES DE CONSIGNAÇÃO 
4.1) Extrajudicial (art. 539, § 1º, do CPC) 
 É uma modalidade facultat iva, ou seja, 
o interessado na consignação pode ajuizar a 
ação direto. E la não é obrigatória. Nã o é um 
pré-requisito da ação consignatória. 
 Alguns doutrinadores defendem que 
essa espécie de consignação seria uma 
espécie de autotutela, pois ela evita o uso do 
judiciário, pois seria uma resolução do 
confl ito de forma uni lateral . 
“Art . 5 39. No s c aso s p r ev i sto s em le i , po de rá 
o de ve dor ou te rc ei ro r e qu er er , com e fe i to d e 
pa gam e nto , a co ns i gn açã o da qu an t i a o u da 
co isa d ev i da . 
§ 1º T ra ta ndo - s e d e ob r i gação e m d in h ei ro , 
pod e rá o va lor s er d epo si ta do em 
es ta be l ec im e nto ba nc ár io , o f ic ia l o nd e 
hou ve r , s i t ua do no lu g ar do pa gam e nto , 
c ie nt i f ica n do -s e o c r edo r por ca rtacom av i so 
de r ec eb im en to , a s s i na do o pr azo de 10 ( d ez ) 
d i as pa ra a ma n if es tação de rec u sa . ” (Có d igo 
Civ i l ) 
 A grande maior ia dos doutr inadores 
entende que essa modalidade surgiu a partir 
da Lei nº 8.951/94, ou que pelo menos 
difundiu tal prát ica. 
 Não cabe essa modalidade de 
consignação em face da Fazenda Pública 
(União, Estados e Municípios). 
 Não é sempre que cabe ess a 
modalidade, devendo ser cumpridos 
requisitos , sendo eles: 
a) obrigação em direito : não é 
possível a entrega de coisa (móvel 
ou imóvel); 
b) estabelecimento bancário : deve 
ser depositado em 
estabelecimento bancário ofic ial , 
ou seja, instituição conveniada ao 
poder judic iár io, como, no caso de 
São Paulo, o Banco do Bras i l . Na 
Just iça Federal e Just iça do 
Trabalho é a Caixa Econômica. Se 
não houver instituição conveniada, 
poderá ser qualquer 
estabelecimento bancário; 
c) lugar do pagamento : depende do 
que o contrato definir , ou o que a 
própria obrigação definir. Se for 
dívida quesível , será no domicí l io 
do devedor. Se for dív ida portável, 
será o domicí l io do credor. Deverá 
ser observada como foi constituída 
a obrigação para observar qual será 
o lugar do pagamento. 
d) notificação do credor : o devedor 
deverá cientif icar o credor por 
carta (com AR) acerc a do depósito 
extrajudic ial , que, por sua vez, terá 
o prazo de 10 dias para formalizar 
sua recusa, a contar do 
recebimento da carta. Caso haja a 
inérc ia do credor em não 
formalizar a sua recusa, 
subentende-se que ele aceitou. 
Trata-se de uma aceitação táci ta. 
Alguns doutr inadores entendem 
que essa recusa formal precisa ser 
justi f icada, fundamentada, 
enquanto outros entendem que 
não precisa. Na dúvida, motive, 
fundamente a recusa, para evitar 
qualquer t ipo de discussão. 
“Art . 5 39. 
§ 3º Ocor re n do a r ecu sa , ma n i f es ta da po r 
esc r i to ao es ta be l ec im e nt o ba ncár io , pod er á 
se r p ropo sta , de n tro d e 1 ( um ) mês , a aç ão 
de c on s ig na çã o , i ns tr u in d o -s e a in ic i a l com a 
prov a do de pós i to e d a r e cus a . 
§ 4º Não p ro pos ta a ação no pr azo do § 3º , 
f ica rá se m efe i to o d epó s i to , po de n do 
lev an tá - lo o d epo si ta n te. ” ( Cód i go d e 
Proce sso C iv i l ) . 
 Destaque-se que o prazo descr ito no § 
3º não se trata de um prazo prescric ional , 
apesar de ter um efeito prático. 
 A Resolução nº 2.814/2001 do BACEN 
regula essa questão do depósito, da 
consignação extrajudicial . 
 
4.2) Judicial 
 Requisitos específ icos previstos nos 
art. 540 e seguintes do CPC. 
 A pet ição inic ial deve observar a regra 
geral (art . 319 do CPC). 
 Há, a inda, algumas peculiaridades, por 
se tratar de ação de procedimento especial . 
 
5) CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA AÇÃO DE 
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
5.1) Competência 
 Regra geral : lugar do pagamento. A 
competência é re lativa, podendo ser 
derrogada pela c láusula de e leição de foro. 
“Art . 540 . R e qu er e r - se- á a co n s i g nação no 
lug ar do pag ame nt o , ces sa n do par a o 
de ve dor , à da ta do d epó si to , os j uro s e o s 
r i scos , sa l vo s e a de m an da for j u l ga da 
im proc ed e nt e. ” ( Cód igo d e P roce sso C i v i l ) . 
“Art . 3 37 . O de pó si to re q uerer -se -á n o lug ar 
do pag ame nt o , c e ssa n d o, ta nto q u e s e 
ef et ue, p ara o d epo s i ta nt e , os j uro s da d ív i da 
e os r i sco s , sa l vo se for ju l ga do 
im proc ed e nt e. ” ( Cód igo C i v i l ) . 
 Exceção: tradição de um imóvel ou 
prestações re lativas a ele. 
“Art . 3 2 8. Se o p aga m en to co ns i st i r na 
t ra di ção d e u m imóv e l , ou em pr e staçõ e s 
re lat iva s a i móve l , f ar - s e-á no l uga r on de 
s i t ua d o o be m . ” (Có d igo C iv i l ) . 
“Art . 4 7. Par a a s açõe s f un da da s e m di re i to 
rea l sob re imóv e is é com pe t en te o for o de 
s i t ua çã o da co is a . ” ( Cód i go d e P roce s so 
C iv i l ) . 
 Exceção: quando não é possível 
determinar o local que deveria ser cumprida 
a obrigação, a competência será o domicí l io 
do devedor. 
“Art . 3 27. E fe t uar -s e- á o p aga me n to no 
domic í l io do d ev edo r , s a lvo s e a s pa rt es 
conv enc io nar em d ive r sa me nt e, o u s e o 
cont rár io re s ul tar d a l e i , da n at ur eza da 
obr ig ação ou da s c i rc un stâ nc ia s . ” (Có di go 
Civ i l ) . 
 
5.2) Legitimidade 
 Ativa: devedor (em regra) ou terceiro. 
“Art . 304 . Q ual q u er i nt e r es sa do na ext inç ão 
da d ív id a pod e pa gá - l a , u sa ndo, s e o c re dor 
se op u s er , do s me ios con d uce n te s à 
exon er ação do de ve dor . 
Pará gra fo ún ico . Ig ua l d i r e i to ca b e ao 
te rce iro nã o i nt er e ss ado, se o f i z er em nom e 
e à co nt a do dev e dor , sa l v o opo siç ão d es te . ” 
(Cód igo C iv i l ) . 
 Passiva: credor (apto a dar e receber 
quitação) ou pretensos credores (pessoas 
que estão brigando pela qual idade de credor 
– art. 335, IV e V, do CC). 
 
5.3) Depósito 
5.3.1) Fundada na mora do credor na 
aceitação da obrigação 
 O depósito da quantia ou da coisa não 
precisa ser feito logo com a distribu ição da 
ação, mas sim após o recebimento da ação e 
deferimento do depósito pelo juiz . 
“Art . 5 42. Na p e t ição i n ic ia l , o a uto r 
re q ue re rá : 
I - o d e pós i to da q ua nt ia ou d a co i sa de v i da , 
a s er e fe t i va do no p razo d e 5 (c inc o ) d ias 
co nt ad os do defer ime n to , re s sa l va da a 
h i pót e se do ar t . 539, § 3º ; 
I I - a c i tação do ré u pa ra l eva nt ar o d epó si to 
ou o f er ec er co nt e sta ção . 
Pará gra fo ú n ico . Não re a l i zado o de pó si to no 
prazo do i nc iso I , o proc e s so s er á ext int o se m 
reso lu çã o d o mér it o . ” ( C ódi go d e P roce s so 
Civ i l ) . 
 O depósito da coisa ou da quantia é 
pressuposto processual . 
 Na hipótese de consignação 
extrajudic ial , quando a ação é ajuizada 
dentro daquele 1 mês previsto no CPC, não 
há a necessidade do depósito judicial, pois a 
quantia já está depositada no 
estabelecimento bancário . Nesse caso a 
petição inicia l fará referência ao depósito já 
realizado. 
 
Peculiaridades 
 No caso do depósito de quantia é só 
fazer uma guia no site do BB, abrir uma conta 
judicia l, e deposita em juízo. No caso de 
depósito de coisa, o juiz deverá nomear um 
depositário. Caso seja um terceiro estranho, 
o depositário deverá ser remunerado. 
Contudo, é comum que seja nomeado como 
depositário o próprio devedor, justamente 
para evitar uma nova despesa. 
 
5.3.2) Fundada na dúvida sobre o pagamento 
 A ação não está pautada na mora do 
credor, mas sim na dúvida a respeito de quem 
tenha essa qualidade. 
 O devedor deve apresentar dúvida 
razoável, séria e fundada. 
“Art . 54 7. Se oco rr er d úv i da sob re q u em d ev a 
le g i t i mam e nt e rec e b er o pa gam e nto , o a u tor 
re q ue re rá o d epó s i to e a c i ta ção do s 
pos s íve i s t i t u lar e s do cr é di to par a prov ar em 
o s eu d ir e i to . ” ( Cód igo d e Proce sso C iv i l ) . 
 
5.4) Contestação 
5.4.1) Fundada na mora do credor na 
aceitação da obrigação 
 A contestação do réu não é ampla, e la 
sofre l imitação cognit iva, estando adstrita às 
hipóteses legais , quais sejam: 
a) Pode aceitar a prestação oferecida. 
Nesse caso, o juiz julgará 
procedente o pedido, declarando 
extinta a obrigação,condenando o 
réu ao pagamento de sucumbência; 
b) Inérc ia do réu. Nesse caso, será 
aplicada a pena de revelia, sendo 
os fatos alegados presumidos como 
verdadeiros. 
c) Pode o réu contestar os pedidos da 
ação no prazo de 15 dias, co ntudo, 
com l imitação da cognição. 
“Art . 544. Na con te st aç ão , o ré u po d erá 
a le ga r q ue : 
I - não houv e rec u sa o u mora em rec e be r a 
qu an t i a o u a co i sa d ev i da ; 
I I - fo i ju st a a r ecu sa ; 
I I I - o d e pós i to não s e e fe t uou no p razo o u no 
lu ga r do pa gam en to; 
IV - o d ep ós it o nã o é inte gra l . 
Pará gra fo ú n ico . No ca s o do i nc iso IV , a 
a le gaç ão som en te se rá a dm is s í ve l s e o r éu 
in d icar o mon ta nt e q u e e nt e n de d ev i do . ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 Nos casos em que há a alegação de que 
o depósito não é integral , o réu deverá 
demonstrar o valor devido, apresentando 
uma memória/planilha de cálculo detalhada, 
podendo levantar de imediato o valor 
incontroverso, sendo concedido, no mais, o 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art539%C2%A73
prazo de 10 dias para que o devedor (autor) 
complemente o depósito. 
 Contestado o pedido, o processo 
seguirá o r ito comum, deixando de ter um 
rito especial . 
 Segundo a doutrina, entende -se que 
possível a Reconvenção na Ação d e 
Consignação. 
 
5.4.2) Fundada na dúvida sobre o pagamento 
 Não é fundada na mora, mas sim na 
dúvida quanto à f igura do credo r. 
 Devidamente citados os possíveis réus 
( l it isconsórcio necessário simples), serão 3 
os cenários possíveis: 
a) comparecimento de mais de um 
credor: se a ação for pautada 
unicamente na dúvida quanto à 
legit imidade do credor, o juiz 
entenderá que a obrigação está 
devidamente ext inta, excluirá o 
devedor da ação, e o processo 
prosseguirá tão somente para 
declarar quem é o legít imo credor ; 
b) comparecimento de apenas um 
credor: os demais credores que 
foram citação serão considerados 
revéis, presumindo o juiz 
verdadeiro os fatos alegados pelo 
credor que manifestou interesse; 
c) não comparecimento de nenhum 
dos credores: nesta hipótese, essa 
obrigação será extinta com relação 
ao autor, e a coisa/valor 
depositado em juízo será 
convertida para a arrecadação de 
coisa vaga (o juízo buscará quem é 
o legít imo dessa coisa/valor, e, em 
últ ima hipótese, ninguém 
aparecendo, a coisa será lei loada e 
convertida para o Munic ípio, ou, 
caso seja valor , apenas será 
convertido para o Município). 
 
5.5) Obrigação de prestações periódicas 
 O devedor pode se uti l izar de uma 
única ação para promover o depósito de 
diversas obrigações que se dividem de uma 
única obrigação (ex.: vendas a crédito e 
aluguéis). 
“Art . 54 1. T r ata n do - se de pres ta çõe s 
su cess ivas , con s ig na da u ma d e la s , pod e o 
de ve dor co nt i nu ar a d e p osi tar , no me smo 
proc es so e s em ma is fo rm al i da d es, a s q ue se 
forem v e nce n do, de s d e q ue o f aça em at é 5 
(c inc o ) d ias c on ta do s da dat a do resp ec t iv o 
venc ime nt o. ” ( Cód i go de Proce sso C iv i l ) . 
 
5.6) Valor da causa 
 O valor deverá observar o da prestação 
devida. Se for quant ia, deverá ser observado 
se já venceu (será o valor histórico/pr inc ipal, 
com o acréscimo de eventual atuali zação e 
eventual juros). Se for uma coisa, deverá ser 
o valor de mercado do bem ( carro: tabela 
FIPE). 
 No caso de prestações per iódicas, será 
a soma das prestações vencidas e vincendas, 
respeitado o l imite legal de doze meses. 
“Art . 29 2. O va lor d a cau sa c o ns tar á da 
pe t iç ão i n ic i a l o u da r econ ve nção e se rá : 
§ 1º Q ua ndo s e p e di re m p re st açõe s v enc i da s 
e v inc e n da s, con s id e rar -s e-á o va lor d e uma s 
e o ut ras . 
§ 2º O v a lo r da s pr e staç ões v i nc e nd as s er á 
ig ua l a uma pre sta çã o a n ua l , s e a ob r i gaç ão 
for por te mp o in de term in ad o o u po r tem po 
sup er ior a 1 ( um ) a no , e , s e por t em po 
in fe r io r , s er á i g ua l à so m a da s pr e staçõ e s. ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) 
 Repercussões práticas do valor da 
causa: custas e honorários sucumbenciais. 
 
6) CONSIGNAÇÃO DE ALUGUÉIS 
 Hipótese descrita na Lei nº 8.245/91 
(Lei de Locações – diz respeito aos bens 
imóveis urbanos), art. 67. 
 É próxima a consignação descr ita no 
CPC, contudo, com algumas peculiaridades, 
quais sejam: 
a) prazo para depósito : 24 horas 
(enquanto na do CPC é de 5 dias); 
b) l imite temporal para depósito dos 
aluguéis no caso de prestação 
periódica: o l imite tempora l será a 
sentença. Na ação do CPC, esse 
l imite temporal será o trânsito em 
julgado. 
c) Prazo para complementar depósito 
na hipótese de insuficiência de 
depósito: no CPC o prazo é de 10 
dias, enquanto na da Lei de 
Locações é de 5 dias. 
d) Pré-fixação de honorários 
advocatícios: os honorários 
sucumbenciais deverão ser pré -
definidos, enquanto no CPC é 
f ixado pelo juiz . 
“Art . 67. Na aç ão q ue o bj et iva r o pa gam e nto 
dos a l u gu é is e ac e ss ór io s d a loca ção 
me dia n te co n s i g nação , se rá o bs e rva do o 
se g ui nt e : 
I - a p et ição i n i c ia l , a l ém do s re q u is i to s 
ex i g i do s pe lo a rt . 2 82 do Cód igo d e P roce s so 
C iv i l (ar t . 3 19 do N CPC) , d ev erá e sp ec i f ic ar o s 
a l ug u éi s e ace s sór ios d a locação com 
in d icação do s r e s pec t ivo s va lor e s; 
I I - d et e rmi na da a c i tação do r éu, o a u tor se rá 
in t i ma do a , no praz o de v inte e q uatr o hor as , 
e fetu ar o de pó s i to j ud ic ia l da im por tâ nc ia 
in d ica da na p et ição i n ic i a l , sob p e na d e se r 
ex t i n to o proc e sso ; 
I I I - o pe d ido e nvo l ve r á a q u ita ç ão d as 
obr ig açõe s q u e ve nc e rem d ura n te a 
t ram it ação do fe i to e at é ser pr olata da a 
sente n ça de pr im eir a ins tân c ia , d eve n do o 
auto r p romov er os de pó si tos no s r e sp ect ivo s 
ve nc im e nto s; 
IV - não s en do o fe rec i da a cont es tação , ou s e 
o loca dor r ec eb e r o s v a lo re s d epo s i ta do s, o 
ju iz aco l h erá o pe d ido , d ec l ara n do q u ita da s 
as o br i gaçõe s, con d en an do o ré u ao 
pa gam e nto da s c us ta s e h on orár ios de v int e 
por ce nt o do va lor d os de pós i to s ; 
V - a con te st ação do loca d or , a lém da d efe sa 
de d ir e i to q ue po ss a ca b er , f ica rá ad s t r i ta , 
qu an to à ma té r i a de fa to , a : 
a ) não t er hav i do rec u sa o u mora em r ec eb er 
a q ua nt ia d ev id a; 
b) te r s i do j u st a a r ecu sa ; 
c ) não t er s i do ef et ua do o d e pós i to no p razo 
ou no l u ga r do p ag am en to ; 
d} não te r s i do o d epó s i to i nt eg ra l ; 
V I - a l ém de co nt e sta r , o ré u po d erá , em 
reco nv enç ão, p ed ir o d es pe jo e a co br anç a 
dos va lor es ob je to da c ons ig na tór ia ou d a 
d i fe re nça do d epó si to i n ic ia l , na h i pót es e de 
te r s i do a le ga do não s er o me smo i n t eg ra l ; 
V I I - o a u tor po d erá c om p leme ntar o 
dep ós it o in i c ia l , n o pra zo de c in c o d ia s 
conta do s d a c i ênc ia do o fer ec i me nto da 
re s pos ta , com ac ré sc imo d e d ez por ce nto 
sob re o va lor da d i fe r enç a. Se ta l ocorr e r , o 
ju iz d ec l ara rá q uita das as ob r i gaçõ e s, 
e l id i n do a r e sc i são da loca ção , ma s im po rá ao 
auto r - reco nv in do a re s p ons ab i l i da de p el as 
cus ta s e ho nor ár ios a dvoc at íc ios de v in t e por 
cen to sob r e o va lor do s d epó s i to s; 
V I I I - hav e ndo, na r econ ve nção, c um ul ação 
dos p e di do s d e r e sc i s ão d a locação e 
cobra nça do s v a lor es o bj eto da 
cons i gn atór ia , a exec uç ão de s ta som e nt e 
pod e rá t er in íc io a pó s ob t i da a de soc up ação 
do imóv el , c aso am b os te n ham s i do 
aco lh i dos . 
Pará gra fo ú nico . O ré u pod e rá le va nta r a 
qu a l q ue r mom e nto as im port ânc ia s 
de po si ta da s sob re a s qu a i s não p e n da 
cont rové r s ia . ” (Le i de Loc ação) . 
 
7) SENTENÇA 
 A natureza da sentença é 
preponderantemente declaratória. Além de 
declaratória (declara a extinção da 
obrigação), ela pode ser também 
condenatória (condena à honorár ios 
sucumbenciais) . No caso de improcedênci a, 
também terá natureza declaratória. 
 
Aula 4 - 18 /09 /2 020 
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS 
1) CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 Tal ação diz respeito à gestão ou 
administração de interesses, valores ou bens 
alheios, outorgadas por alguém, tendo por 
objetivo a demonstração de q ue a obrigação 
tem sido cumprida de forma adequad a, com 
a apresentação de um balanço de receita e de 
despesas. 
 O dever pode ser tanto legal, quanto 
contratual. 
 Uma figura comum no que diz respeito 
à dever legal é a do tutor e curador, e do 
síndico de co ndomínio edil íc io , por exemplo. 
“Art . 1 .34 8. Comp e te ao s í nd ico : 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm#art282
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm#art282
VI I I – pr e sta r con ta s à a ss em b le ia , 
an ua lme n te e q ua ndo ex ig id as ” (Có di go d e 
Proce sso C iv i l ) . 
 Quanto ao dever contratual, pode -se 
citar, como exemplo, o mandatário, o 
administrador de sociedade empresaria l, 
diretor de carteira de ações, presidente de 
associação, advogado 
“Art . 3 4 . 
XX I – rec u rs a -s e, in ju st i f ic a dam en t e, a 
pr e sta r con ta ao c l i e nt e d e qu an t i as 
rec e bi da s d el e o u d e t e rce iro s por co nta 
de l e” (Es tat u to da Advoca c ia ) . 
“Art . 1 2 . A co n c l u são o u d es i st ênc ia da ca u s a , 
te n ha hav ido , o u não , ex t inç ão do ma nd ato , 
obr ig a o a dvog ado a d evo l ver ao c l ie n te b e n s, 
va lor e s e doc um e nto s q ue l he h a jam s i do 
conf i ado s e a in da e st eja m em se u pod e r , b em 
como a p r es ta r - l h e co nta s , 
porm e nor iza dam e nt e, s em p re ju ízo d e 
esc la rec im e nto s com pl e me nta r es q u e s e 
most re m pe rt in e nt e s e n e ces sá r io s ” . (Có d igo 
de Ét ica e Di sc i p l i na d a O AB) . 
 O CPC/73 chamava essa espécie de 
ação de “Ação de Prestação de Contas” , 
tendo por objeto exigir contar, ou prestar 
contas (dois ob jetos dist intos). No CPC/15 a 
ação passou a ser apenas de exigir contas . A 
ação para prestação de contas agora é de 
procedimento comum. 
 A doutrina entende que não cabe 
cumulação de pedidos na ação de ex igir 
contas. 
 
2) CABIMENTO 
 Tal ação tem como objetiv o obrigar 
alguém a apresentar documentos que 
comprovem receitas e despesas realizadas no 
interesse de terceiro. 
 Só terá cabimento a ação de ex igir 
contas caso esse dever contratual ou legal de 
prestar contas não tenha s ido cumprido ou 
tenha s ido cumprido de maneira defic iente. 
 Existem discussões jurisprudenciais 
acerca da ação de exigir contas no caso de 
associações, empresas e condomínios 
edil íc ios (REsp nº 1.046.652/RJ e REsp nº 
1.102.688/RS), se estaria preenchido o 
interesse de agir de um condômino qu e 
decide ajuizar ação de exigir contas contra o 
síndico, por exemplo. Apesar de o síndico ter 
o dever de prestar contas anualmente por 
meio de assembleia ordinária. O STJ entende 
que não há interesse de agir, porquanto a 
prestação já é feita da assembleia ordinár ia 
anual, cabendo ao condômino, caso não 
apresente as contas, requerer de forma 
extrajudic ial . 
 Interesse processual diz respeito à 
condição da ação ( legit imidade e interesse de 
agir – art . 17, CPC). 
 Há divergência jurisprudencial 
também quanto aos al imentos (REsp nº 
1.814.639). O STJ apresentou entendimento 
de que a ação de exigir contas não poderia 
ser manejada pelo a l imentante para f iscal izar 
o uso da pensão que era dada ao f i lho, 
porque os al imentos possuem caráter 
irrepet íveis. Contudo, esse a no, a mesma 
turma do STJ ret omou a discussão, 
entendendo que é juridicamente viável o 
manejo da ação, por se tratar de um 
mecanismo que dá concretude ao princípio 
do melhor interesse e da proteção integral da 
criança ou do adolescente. 
 
3) LEGITIMIDADE 
 Autor (polo ativo) será aquele que 
confiou a alguém a administração/gestão de 
seus bens, valores ou interesses (ex.: 
condôminos, herdeiros etc.) . 
 O réu , por sua vez, será aquele que 
tem a responsabil idade da gestão ou 
administração desses bens, valores ou 
interesses. 
 Segundo o REsp 1.122.589/MG, o STJ 
entendeu que o dever de prestar contas, 
principalmente no caso de mandato, é 
intransmiss ível. 
 
4) CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DA AÇÃO DE 
EXIGIR CONTAS 
4.1) Petição Inicial 
 A pet ição inic ial deve cumprir os 
requisitos do art. 319, CP C, combinado com o 
art. 550, CPC. 
“Art . 5 50. Aq ue le q u e af i rmar s er t i t u l ar do 
d i re i to d e ex i g i r co nt as r eq u er er á a c i tação 
do r é u par a qu e a s p re st e o u o f er eça 
cont es tação no p razo d e 1 5 (q u inz e) d ia s . 
§ 1º Na pe t iç ão in ic i a l , o aut o r e sp ec i f icar á , 
de ta lh ad am en te, as razõe s p e las q ua is ex i g e 
as con ta s , i ns tr u in do -a com doc um e nto s 
compro ba tór ios de s sa n ec es s id ad e, s e 
ex i st i r em. ” ( Cód i go de Pro ces so C iv i l ) . 
 Ainda, o autor deve deixar c laro seu 
interesse de agir, comprovando que já hou ve 
tentativa de maneira extrajudic ial a 
exigência das contas. O autor deve 
apresentar, no mínimo, uma notif icação 
extrajudic ial em que o autor requer, 
detalhadamente, a prestação de contas, com 
recusa do réu ou que prestou de forma 
incorreta. 
 
4.2) Competência 
 Será o foro do local onde deve ser 
satisfe ita a obrigação de prestar contas. 
“Art . 5 3. É comp e te nt e o f oro : 
IV - do l u ga r do a to ou fa t o pa ra a ação : 
b) e m q u e for r éu a dm i ni s tra dor o u ge sto r d e 
ne góc ios a l h eio s ” (Có di go de Proc e sso C iv i l ) . 
 A competência é re lativa, podendo ser 
prorrogada no caso de não impugnação. 
Ainda, as partes podem derrogar por meio de 
uma cláusula de eleição de foro, no caso de 
obrigação contratual. 
 
4.3) Procedimento bifásico 
 A fase de conhecimento dela é dividida 
em duas etapas: 
 1ª etapa : aval iar o dever ou não de 
prestar contas; 
 2ª fase : prestação e julgamento das 
contas. 
 Entende-se, ainda, que pode exigir 
uma 3ª fase, com a execução em caso de 
saldo credor. 
 
4.3.1) Primeira fase/etapa 
 A pet ição inicia l deve ser detalha da 
com as razões pelas quais as contas não estão 
sendo exigidas. 
 Na contestação, caso o réu apresente 
espontaneamente as contas, o juiz esgotará 
a pr imeira fase, declarando, por meio de 
decisão, prestadas as contas e inaugurando a 
segunda fase. 
“Art . 5 50. 
§ 2º Pr e st ad as a s co nta s , o auto r t erá 15 
(q ui nze ) d i as pa ra s ema ni fe st ar , 
pro ss e gu i n do -s e o p roce sso n a for ma do 
Cap ít u lo X do T í t u lo I d e st e L iv ro . ” (Có d igo d e 
Proce sso C iv i l ) . 
 Há, ainda, um segundo cenário, em 
que o réu contesta as contas, sustentand o 
que não possui o de ver de prestar contas. 
Daí, o juiz emanará uma decisão de mérito 
(sentença), decidindo se há, ou não, o dever 
de prestar contas. Caso decida que há o dever 
de prestar contas, será concedido o prazo de 
15 dias para tanto. 
“En u nc ia do 17 7 , FP PC: A d ec is ão 
in te r loc u tór i a q u e j u l ga pr oced e nt e o p e di do 
par a co n de na r o r é u a pr e sta r co n tas , por s er 
de m é r i to , é r ecor r ív e l por a g ravo d e 
in st r um en to” . 
 Caso o réu permaneça inerte, sendo 
revel, haverá a presunção de veracidade dos 
fatos alegados pelo autor. 
 
4.3.2) Segunda fase/etapa 
 Terá como objetivo apurar o saldo 
credor ou devedor. 
 O réu poderá apresentar as contas no 
prazo de 15 dias, devendo especif icar as 
receitas e despesas de maneira c lara. 
 Existe a possibi l idade de uma espécie 
de “tréplica” (art. 551, § 1º, CPC), que, 
normalmente, pode ser exercida no prazo de 
15 dias, em razão do princ ípio da isonomia. 
“Art . 55 1. As co nta s do ré u se rão 
apr e se n ta da s n a f orma a d eq ua da, 
es p ec i f ica n do - se a s rec e i t as , a a p l ic ação da s 
de s pe sa s e o s in ve st i m e nt os, se ho uv er . 
§ 1º Hav e ndo im pu g na ção es p ec í f ica e 
fu nd am en ta da p elo a u tor , o ju iz e s t a be lec e rá 
praz o raz oáve l par a q u e o ré u a pr es e nt e os 
docu me n tos ju st i f ica t ivo s dos l anç ame n tos 
in d iv i d ua lm en te im p ug na dos . ” ( Cód igo d e 
Proce sso C iv i l ) . 
 Outro cenário poss ível é o réu 
permanecer inerte, trazendo o legislador 
uma penalidade nesses casos, tr ansfer indo 
ao autor o direito de prestar ta is contas, sem 
que o réu possa impugnar as contas. 
“Art . 5 50. 
§ 5º A d ec i são q u e ju l gar p roce de n te o p ed i do 
cond e na rá o r é u a p re s tar as co nta s no p razo 
de 1 5 ( q ui nz e) d ia s , so b p en a d e não l h e s er 
l í c i to im p ug na r a s q ue o a uto r a pr e se n tar . 
§ 6º Se o ré u a pr e se nt ar as con ta s no prazo 
pr ev is to no § 5º , s e gu ir -s e-á o p roc ed im en to 
do § 2º , c aso con tr ár io , o au tor a pr e se nt á -
las -á no p razo de 15 ( q ui n ze) d ia s , pod e ndo o 
ju iz d e te rm in ar a r ea l i zação d e ex ame 
pe r ic ia l , se n ec e ssá r io .” ( Cód igo d e P roce sso 
Civ i l ) . 
 Ocorre que nem sempre o autor possui 
mecanismos para exercer as contas 
pleiteadas, seja pelos documentos 
necessár ios se encontrarem em posse do réu, 
seja por outros motivos. 
 É possível que essa fase processual 
demande a realização de prova peric ial (art . 
550, § 6º). 
 Com ou sem perícia, a segunda fase se 
encerra com uma sentença que julgará as 
contas apresentadas, seja para apurar 
eventual saldo credor ou devedor (natureza 
dúplice) . 
 Entende a doutrina que a verba 
sucumbencial ex ist irá apenas na segunda 
fase. Caso o juiz entenda na primeira fase 
que não há o dever de prestar contas, haverá 
verba sucumbencial. 
 
5) PROCESSO INCIDENTAL 
 Com o intuito de evitar a instauração 
de um processo autônomo de exigir contas, e 
com base na celeridade processual, uma vez 
que esse dever já provém de uma ação 
judicia l ( inventár io e curatela). Caso 
contrár io, se não prover de uma ação 
judicia l, será por ação autônoma. 
“Art . 5 53. As con ta s do i nv en ta r ia n te, do 
tu tor , do c u ra dor , do de po si tár io e d e 
qu a l q ue r o u tro ad m in i str ado r s erão 
pr e sta da s em a p en so ao s au tos do proc e sso 
em q ue t ive r s i do nom ea d o. 
Pará gra fo ú nico . Se q ua l qu e r dos r ef er i dos 
no ca p ut for co nd e na do a pa gar o sa l do e n ão 
o f i z e r no prazo l e ga l , o j u iz pod e rá d e st i t u í -
lo , se q ue s tra r o s b e ns so b s ua g ua r da, g losa r 
o p rê mio ou a g ra t i f icaç ão a q u e te r i a d i r e i to 
e d et er mi na r as me di da s ex ec ut iva s 
nec e ss ár ia s à r ecom pos i ção do p r ej u ízo . ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 
Aula 5 - 25 /09 /2 020 
AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA 
NOVA 
1) CONSIDERAÇÃO GERAIS 
Tal ação está amparada no 
denominado dire ito de vizinhança (capítulo V 
do Código Civ i l) . Dentro deste capítulo V, 
existe um subtópico (seção VII) cham ado 
direito de construir . Dentro desse capítulo, 
há o entendimento que toda vez que houver 
a poss ibi l idade de um prejuízo à propriedade 
alheia, ou inobservância da lei ou 
regulamento em uma obra nova, a inda que 
sem efetivo prejuízo, poderá então o 
interessado ajuizar essa ação de nunciação 
de obra nova. 
Obra nova se trata de não apenas 
construção (edif icação), mas reforma, 
escavação, terraplanagem etc. 
“Art . 1 .31 1. Não é p er mi t id a a ex ecuç ão de 
qu a l q ue r ob ra o u s erv iço s usc e t ív e l d e 
provoc ar d esmo ron am en t o ou d e s loc ação de 
te rra , ou qu e co mp rom e ta a se g ura nça do 
pr é dio v iz i n ho, s e não a pós hav e rem s ido 
fe i ta s a s o br as aca ut e lató r ia s . 
Pará gra fo ú nico . O pro p r i etá r io do p ré dio 
v iz i n ho t em d ir e i to a re ssar c imen to pe los 
pre j u ízo s q ue sofr er , não obs ta nt e h ave r em 
s i do r ea l iza da s as o bra s aca ut ela tór ia s . ” 
(Cód igo C iv i l ) . 
A despeito da especif ic idade da 
relação jur ídica de direito material tal ação, 
o legislador do CPC/2015 optou por excluir 
essa ação do rol de procedimentos especiais . 
Embora não tenha procedimento 
especial, é uma ação importante, com 
pecul iar idades no direito material . 
 
2) CABIMENTO 
O objetivo principal desta ação é 
paralisar/embargar uma obra nova diante de 
um prejuízo já concreto à propriedade 
vizinha/alheia, ou em decorrência da 
inobservância de alguma lei, norma técnica 
ou regulamento. 
Lei de Zoneamento Urbano (Lei 
16.402/2016) 
Edif icação em alvenaria estrutural : é 
mais barata e mais rápida. É muito uti l izada 
em São Paulo. Apesar de segura, não há 
colunas de sustentação, apenas blocos (como 
um lego). Por ela não ter essas vigas de 
sustentação, as paredes não podem se r 
rasgadas, se ja rasgo de tomada, seja para 
colocar pedra de granito etc. Sucessivos 
rasgos nessas paredes provocam a 
instabi l idade dessa edif icação. No manual do 
proprietár io e na convenção do condomínio 
restará muito claro que o condômino não 
poderá real izar nenhum tipo de rasgo nas 
paredes do edif ício, caso contrário, caberá o 
manejo de ação de nunciação de obra nova. 
 Os loteamentos possuem regras 
próprias de construção, e o descump rimento 
de uma dessas normas ensejaria o 
ajuizamento da ação de nunciaçã o de obra 
nova. 
Quando uma construtora realiza uma 
edif icação em uma área rural, deve ocorrer a 
preservação de parte dessa área ambiental 
(APP), normalmente em 20%. 
 O alcance do termo vizinho não se 
refere só ao prédio ao lado, mas a qualquer 
imóvel próximo que esteja sofrendo 
prejuízos. 
 Imediata paral ização da obra diante de 
um risco iminente ou danos eventualmente 
ocasionados pela construção v iz inha. Não é 
obrigatório o dano. 
 
3) LEGITIMIDADE 
 Os possíveis autores (polo ativo): 
 I – o proprietário ou possuidor que 
objetiva impedir ou paral isar a realização de 
uma obra nova; 
 I I – o condômino; 
 I I I – o Município; 
 IV – o loteador (Lei nº 6.766/79). 
“Art . 4 5. O lo t ea dor , a i nd a qu e já t e n ha 
ve nd i do to dos o s lo t e s , o u os v iz i n ho s, são 
par t es l eg í t im as p ara p romove r ação 
de s t i na da a i mp e di r co ns tr ução em d es acor do 
com r e st r içõ es le ga is o u c ont rat ua i s . ” (L e i nº 
6.76 6/7 9 . 
 O réu , por sua vez, será o dono da 
obra. 
Caso a obra já esteja conclu ída, a ação 
adequada não será nunciação de obra n ova, 
que somente caberá enquanto a obra estiver 
em andamento. Se já concluída (expedido o 
habite-se), se estará falando de ação 
demolitória. 
 “ Ar t . 1 .3 02. O p rop r i e tár i o po de , no la pso de 
ano e d ia apó s a c o nc l u são da o bra , ex ig i r qu e 
se d esf aça ja n el a , s ac ad a, ter raço o u got e ira 
sob re o s e u pr éd io ; e sc oado o prazo , não 
pod e rá , po r s ua vez , ed i f i car s em at e nd e r ao 
d i s pos to no a rt i go an te ce d en t e, n em im pe d ir , 
ou d i f ic u l ta r , o e scoam e nto da s ág ua s da 
got ei ra , com p r ej u ízo pa ra o p ré d io v iz i n ho. 
Pará gra fo ún i co . E m se t r ata ndo d e vãos, ou 
ab er tu ra s par a l uz , s e ja q ua l for a 
qu an t i da d e, a l tu ra e d i s pos ição , o v iz i n ho 
pod e rá , a to do te mpo, l eva n tar a su a 
ed i f icação , ou co nt ram ur o , a i n da q u e lh e s 
ve de a c lar i da de . ” (Có di go C iv i l ) . 
 
4) CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO DE 
NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA 
 Devem ser observados, em regra, os 
requisitos gerais do art. 319 do CPC, pois é 
uma ação de procedimento comum, 
observando, no mais, algumas 
especif ic idades de direito material . 
 O CPC/73 trazia uma figura chamada 
“embargo extrajudic ial”, o qual facultava 
uma notif icação verbal, com duas 
testemunhas. Apesar de não mais exist ir ta l 
f igura, muitos condomínios e loteamentos 
possibi l itam a realizam de um embargo 
extrajudic ial , através de autorização 
expressa em convenção ou regimento 
interno, por meio do síndico (condomínio) ou 
presidente da associação de moradores 
( loteamento). 
 
4.1) Competência 
 Será o foro de situação do imóvel onde 
se real iza a obra que se pretende embargar, 
sendo tal competência absoluta (não cabe 
prorrogação ou derrogação, porque 
competência absoluta não se negocia) . 
“Art . 4 7 . Par a a s açõe s f un da da s e m di re i to 
rea l so br e i móve i s é com pe t en te o foro de 
s i tu ação da co i sa . 
§ 1º O a utor po d e o p tar p elo foro d e 
domic í l io do r éu ou p e lo f oro d e e le ição s e o 
l i t í g io nã o r eca i r s obr e d i r e i to d e 
pro pr i ed ad e, v iz i nh an ça, se rv id ão , d iv i são e 
de marc ação d e t er ra s e d e n u nc i ação d e ob ra 
nova. ” ( Cód i go de Proc es s o C iv i l ) . 
 
4.2) Tutela provisória de urgência 
 Exige-se, na grande maior ia dos casos, 
tutela provisória de urgência, seja por 
colocar em risco a segurança, ou porque o 
desatendimento de normas legais pode 
colocar em risco iminente. 
 Deve ser demonstrada a probabil idade 
do direito e o perigo da demora ou r isco ao 
resultado út i l do processo. 
“Art . 3 00. A t u te la de ur gê nc ia s erá 
conce d id a q ua n do ho uv er e l em e nto s q u e 
ev i d e nc i em a pro ba b i l id a de do d i re i to e o 
pe r i go de da no o u o r i sco ao re s ul ta do ú t i l do 
proc es so . ” ( Cód i go d e P ro ces so C iv i l ) . 
 Sendo defer ido o pedido, caberá o juiz 
adotar providências concretas mater iais que 
tenham por objet ivo a satisfação daquela 
decisão provisória. 
“Art . 297 . O ju iz po d e rá d et er mi na r as 
med id as q u e co n s i d era r a de q ua da s pa ra 
ef et ivação d a t ut e la pro v i sór ia . 
Pará gra fo ún ico . A ef e t iva ção da tu te la 
prov i sór i a ob s erv ar á a s no rma s r ef er e nt es ao 
cu mpr ime nt o pr ov isór io d a se nte n ça , no qu e 
coub e r . ” (Có di go d e Proc e sso C i v i l ) . 
“Art . 5 19. Apl ica m - se as d i spo s içõe s re lat iva s 
ao c um pr ime nt o da sen te nç a , prov is ór io ou 
def in it ivo , e à l iq u i dação , no q u e co ub e r , à s 
dec i sõe s q ue conc e de re m tu te la p rov i sór ia . ” 
(Cód igo d e P roce s so C iv i l ) . 
 Para o cumprimento da tutela 
provisória, portanto, serão aplicados as 
mesmas medidas do cumprimento de 
sentença, ta is como multa diária. O advogado 
deve sugerir medidas. 
“Art . 53 6 . No c um pr im e nt o de se nt e nça qu e 
reco n heç a a ex i g ib i l i da d e de ob r i gaç ão de 
fazer o u d e nã o fazer , o ju iz pod e rá , d e o f íc io 
ou a re q ue r i me nto , pa r a a e fe t iv ação d a 
tu te la es p ec í f ica o u a o bt e nção de tu t e la p elo 
re s ul ta do p rá t ico e qu iva l e nt e, de t erm i nar as 
med id as ne cess ár ias à sa t i s f ação do 
exe q ue nt e. 
§ 1º P ara a te n de r ao d i s po sto no ca pu t , o j u iz 
pod e rá de te rm in ar , e nt re out ra s m ed i das , a 
im po s içã o de mu lt a , a b u sca e a p re e ns ão , a 
remoç ão d e p es soa s e co i s as , o d esf az im e nto 
de ob ra s e o im pe d im en to de at iv i d ad e 
noc iv a , po d en do, ca so ne ces sá r io , re q ui s i ta r 
o aux í l io de fo rça po l i c ia l . ” ( Cód igo d e 
Proce sso C iv i l ) ( ro l ex em p l i f ica t ivo) . 
“Art . 53 7. A mu lt a in d ep e nd e de 
re q ue r i me nto da pa rt e e pod e rá s er a pl ica da 
na fase de c on he cim ent o , em t ute la 
prov is ór ia o u n a sen ten ça , ou na fase de 
exe cu çã o , de s de qu e se ja s uf ic i e nt e e 
compa t ív e l com a ob r i gação e qu e s e 
de t erm i ne pr azo razoáv e l par a cu mp ri me n to 
do pr ec ei to . 
§ 1º O j u iz po d erá , de o f íc io ou a 
re q ue r i me nto , mod if i car o va lor o u a 
pe r io d ic i da d e da m u lta v i n cen da o u exc lu í - la , 
caso v e r i f i qu e q ue : 
I – s e tor nou i n su f ic ie n te ou exce ss iva ; 
I I – o o br i ga do d emo n s tro u cu mp ri me n to 
par c ia l s up er ve n ie nt e da obr ig ação o u j u sta 
cau sa par a o d e sc um pr i me nto . ” (Có d igo d e 
Proce sso C iv i l ) . 
 Ao f ixar a multa, para forçar o 
cumprimento da obrigação, deve o juiz 
observar a viabi l idade f inanceira do réu e as 
pecul iar idades do caso concreto. 
 Se, mesmo fixada e majorada a multa, 
o réu não paralisou a obra, caberá a aplicação 
de medidas atípicas (art. 536, CPC), como a 
busca e apreensão das máquinas e 
equipamentos uti l izados na obra, corte de 
energia do imóvel da obra, proibição em 
participar de l ic itações (no caso de 
construtora). O magistrado poderá 
determinar o que lhe for conveniente, de 
modo a exercer o poder geral de efet ivação. 
 
4.3) Citação 
 Em regra, será de forma postal 
(correio) ou por of icia l de justiça . 
 Mas, se part ir do pressuposto que você 
está requerendo o embargo da obra e o 
deferimento da tutela provisória, que 
normalmente se dá em sede l iminar (sem 
ouvir o réu), recomenda-se que o pedido de 
citação se dê por meio de oficial de just iça, 
pois assim você terá certeza que a citação se 
deu na pessoa do dono da obra que se 
pretende embargar. 
“Súm u la 4 10 do STJ : A pr év ia i nt im ação 
pess oa l d o deve dor c ons t i t u i c o nd içã o 
nece ssár ia p ara a cob ra nça d e m ulta pe lo 
de sc um pr im e nto d e ob r i gação de faz er o u 
não f aze r . ” 
 A multa

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