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BRONQUITE INFECCIOSA DAS GALINHAS INTRODUÇÃO Definição: doença infectocontagiosa com manifestações respiratórias, renais, reprodutivas e entéricas Acomete frangos, poedeiras e reprodutoras Todas as idades (aves jovens) Forma respiratória: tosses, espirros e estertores, complexo respiratório das aves Forma renal: síndrome nefrite-nefrose Forma reprodutiva: queda na produção de ovos, piora na qualidade de ovos (casca fina), perda da produtividade em frangos de corte Forma entérica HISTÓRICO 1930, no estado norte americano de Dakota do Norte, sendo descrita por SCHALK e HAWN (1931) No Brasil, foi diagnosticada primeiramente por HIPÓLITO (1957) DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Atualidade: cosmopolita Países elaboram programas de controle OCORRÊNCIA Distribuição cosmopolita Endêmica Brasil: sul (baixas temperaturas) Sem significado para saúde pública Surtos da doença aparecem mesmo em lotes vacinados: grande variedade de sorotipos Grande variedade de sorotipos: sem imunidade cruzada eficiente IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Faz parte da lista de doenças de notificação obrigatória da OIE Mortalidade de moderada a severa, morbidade de aves jovens Perdas econômicas pela diminuição da produção de ovos, ovos com alteração de conteúdo interno de casca, infertilidade, retardo do crescimento, aumento da susceptibilidade a infecções bacterianas secundárias VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA (VBI) Gallus gallus Ordem: Nidovirales Família: Coronaviridae Gênero: Coronavirus Pleomórfico (arredondados 100 – 150nm), envelope lipoprotéico, simetria helicoidal RNA fita simples não segmentado, sentido positivo 32kb Multiplicação no citoplasma Formação no complexo de Golgi e RER (reticulo endoplasmático rugoso) Replicação PRINCIPAIS PROTEÍNAS N Proteína de Nucleocapsídeo Nucleoproteína rica em aminoácidos básicos. Está associada ao nucleocapsideo M Glicoproteína de matriz Função na montagem da partícula viral, formando a estrutura do envelope. Baixa variabilidade. A ocorrência de mutações não leva a alterações na patogenicidade e no tropismo por tecidos S Glicoproteína de espícula Spike. Principal proteína estrutural do envelope do vírus. Responsável pela aparência espiculada do virion (coroa solar) e pela atividade hemaglutinante. Proteína mais polimórfica entre os coronavírus CLASSIFICAÇÃO DO VBI Características da proteína S: Sorotipos: Beaudette, Massachussetts, Connecticut, Arkansas, 793B, JMK, S274 CARACTERÍSTICAS O principal sítio de replicação do VBI são as células do sistema respiratório As principais lesões e sinais clínicos produzidos pela infecção com esse vírus são caracterizadas por ronqueira, respiração ofegante e descargas nasais As lesões podem ser complicadas pela presença de infecções bacterianas secundárias Implicando na redução no ganho de peso, condenação de carcaças de frangos de corte e mortalidade devido aerossaculite, pericardite e perihepatite O vírus também pode comprometer o sistema reprodutor, resultando na redução da produção e comprometimento da qualidade interna e externa dos ovos, além do sistema urinário, levando a quadros de nefrite-nefrose Existem ainda os sorotipos enterotrópicos, os quais são capazes de causar lesões no intestino, causando diarreia e desidratação RESISTÊNCIA Temperatura São inativadas após 15 minutos a 56°C e após 90 minutos a 45°C Desinfetantes É considerado como sensível a maioria dos desinfetantes comuns (hipoclorito de sódio, amônia quaternária, peroxigenio, clorexidine e Iodóforos) Sobrevivência Sobrevive bem em ambientes frios, porém não sujeitos a flutuações de temperatura, LCAi conserva-se a -30°C por anos. Exsudato traqueal seco a 4°C permanece infectante por até 180 dias EPIDEMIOLOGIA Hospedeiro natural: Gallus gallus (galinhas e frangos) Via de eliminação (VE): secreções e excreções Porta de entrada (PE): mucosa oral, respiratória (nasofaringea), gastrointestinal e gênito urinário Os sítios de replicação primária são os epitélios do trato respiratório superior e inferior Período de incubação (PI): 18 a 36 horas Transmissão: horizontal, contato direto ou indireto, vertical (?) Contato direto: secreções ou excreções das aves infectadas com VBI (fezes, exsudatos nasais) Contato indireto: água, ração, restos de abatedouros, caminhões de transporte ou qualquer outro material contaminante como roupas, calçados, fômites ACHADOS Exsudato nasal Conjuntivite / sinusite Edema e exsudato catarral na traqueia e brônquios, aerossaculite, pericardite e pleurite Espirros e tosse Diarreia Nefrite/ nefrose Malformação do ovo Infertilidade em machos Miopatias peitoral (X) AVES DE POSTURA Forma respiratória: Sinais discretos (podem passar despercebidos) Infecção secundária → manifestação de sinais Forma reprodutiva: Pode acompanhar a forma respiratória Queda da produção de ovos (10 a 50%) Piora na qualidade interna do ovo Ovos deformados (deterioração da casca) Redução da eclodibilidade Albumina liquefeita Morbidade alta (até 100%), mortalidade baixa (1 a 2%) Complicações: Mycoplasma sp, E. coli e demais doenças imunossupressoras Forma renal: Queda de postura em aves de produção Intensa diarreia Mortalidade de 2 a 50% Aves recuperadas podem apresentar gota úrica FRANGOS DE CORTE Forma renal: Espirros, desidratação aguda, discretos estertores traqueais Diarreia profusa e esbranquiçada Umedecimento rápido da cama Cama torna-se lama em 2 a 3 dias Mortalidade brusca persistindo por 5 a 7 dias Mortalidade elevada AVES JOVENS Forma respiratória: Depressão, sonolência, inapetência Diarreia, dispneia Tosse, espirros, estertores traqueais, descarga nasal e ocular Pintos deprimidos e aglomerados próximos à fonte de calor Morbidade alta Mortalidade variável (5 a 60%) Sem complicações, os sinais desaparecem em 10 a 15 dias Forma reprodutiva: Infecção de fêmeas de < 2 semanas de idade pode causar lesões permanentes no desenvolvimento do TR – “falsas poedeiras” 1/3 médio do oviduto → mais afetado Hipoplasia localizada Machos podem ter severa diminuição de fertilidade Forma renal: Intensa diarreia Desidratação Mortalidade elevada LESÕES MICROSCÓPICAS Sem lesões patognomônicas Sem corpúsculos de inclusão Trato respiratório: Diminuição dos cílios e descamação do epitélio (primeiros dois dias de infecção), presença de células inflamatórias e edema na porção da mucosa e submucosa Congestão vascular Vacuolização e hemorragia na submucosa Lúmen traqueal com exsudato sero-mucoso, com ou sem células inflamatórias Trato reprodutivo: Redução localizada ou generalizada dos cílios Fibroplasia e edema Focos de infiltrado celular mononuclear Nefrite intersticial HISTOPATOLOGIA Achados histopatológicos nos testículos de galos com diminuição da fertilidade em que foram detectados VBIG e aMPV Presença de resquícios de um cálculo Infiltrado inflamatório (linfócitos) e debris celulares Ductos seminíferos com baixa concentração de espermatozoides viáveis, debris celulares e infiltrado inflamatório MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO Isolamento viral em ovos SPF Vírus neutralização (VDN) Inibição da hemaglutinação Elisa → “Enzyme-Linked Immunosorbent Assay” RT-PCR (convencional) PCR real time Isolamento em embriões 9-12 dias, inoculação na cavidade cório-alantóide DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Doença de Newcastle Mycoplasmose Coriza infecciosa Pasteurelose crônica Laringotraqueite (muco-sanguinolento) Aspergilose (aves jovens) Pneumovirose PREVENÇÃO E CONTROLE Fluxo de pessoas e equipamentos nas granjas O controle da BIG está principalmente fundamentado no uso de vacinas formuladas com estirpes “vivas” e atenuadas do VBI, ou ainda com estirpes inativadas associadas a adjuvantes oleosos IMUNIDADE Passiva: protege até 2° semana de vida Ativa: anticorpos induzidos por vacina ou doença protegem contra doença do VBI homólogo VACINAÇÃO Programas de vacinação: vacinas vivas, atenuadas ou inativadas associadas a adjuvantes Tipo de criação Estado imunológico do lote Sorotipo de amostra isolada Importante: o vírus vacinal pode passar de uma ave para outra e tornar-se patogênico para lotes vizinhos Vacinas vivas atenuadas ou vacinas inativadas preparadas com o sorotipo Massachussetts (amostras H- 120 e H-52 e amostras M-41) Vias de vacinação: ocular, pulverização/spray gota grossa, nasal, água de bebida e intramuscular BIOSSEGURIDADE
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