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Hanseníase

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Hansenías�
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium
leprae, um bacilo álcool-ácido resistente, fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e,
mais especificamente, as células de Schwann. A doença acomete principalmente os nervos superficiais
da pele e troncos nervosos periféricos (localizados na face, pescoço, terço médio do braço e abaixo do
cotovelo e dos joelhos), mas também pode afetar os olhos e órgãos internos (mucosas, testículos,
ossos, baço, fígado, etc.). Se não tratada na forma inicial, a doença quase sempre evolui, torna-se
transmissível e pode atingir pessoas de qualquer sexo ou idade, inclusive crianças e idosos. Essa
evolução ocorre em geral, de forma lenta e progressiva, podendo levar a incapacidades físicas.
É uma doença de notificação compulsória!
Transmissão e Patogênese: O homem é considerado o único reservatório natural do bacilo. Os
pacientes portadores de formas multibacilares são a principal fonte de infecção. As vias aéreas
superiores provavelmente constituem a principal via de inoculação e eliminação do bacilo. Soluções de
continuidade na pele eventualmente podem ser porta de entrada da infecção. Secreções orgânicas
como leite, esperma, suor e secreção vaginal podem eliminar bacilos, mas não possuem importância na
disseminação da hanseníase. A hanseníase atinge pessoas de todas as idades, ambos os sexos, no
entanto raramente ocorre em crianças abaixo de cinco anos de idade.
A hanseníase é uma doença de ALTA infectividade e BAIXA patogenicidade.
Depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a sua destruição, o bacilo de Hansen irá se
localizar na célula de Schwann e na pele. Sua disseminação para outros tecidos (linfonodos, olhos,
testículos, fígado) pode ocorrer nas formas mais graves da doença, nas quais o agente infectante não
encontra resistência contra a sua multiplicação. A imunidade humoral (dependente de anticorpos) é
ineficaz contra o M. leprae. A defesa é efetuada pela imunidade celular, capaz de fagocitar e destruir
os bacilos, mediada por citocinas (TNF-alfa, IFN-gama) e mediadores da oxidação, fundamentais na
destruição bacilar no interior dos macrófagos.
Na forma paucibacilar (lesões tuberculoides), há predomínio de linfócitos Th1, produzindo
IL-2 e IFN-gama, enquanto que na forma multibacilar (lesões virchowianas ou lepromatosas), o
predomínio é de linfócitos T supressoras e Th2, produzindo IL-4, IL- 5 e IL-10. Na hanseníase
tuberculoide, a exacerbação da imunidade celular e a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-1 e
TNF-alfa) impedem a proliferação bacilar, mas podem se tornar lesivas ao organismo, causando lesões
cutâneas e neurais, pela ausência de fatores reguladores. Na hanseníase virchowiana, a produção de
substâncias pelo bacilo (ex.: PGL-1), no interior do macrófago, favorece seu escape à oxidação, pois
estes possuem função supressora da atividade do macrófago e favorecem a sua disseminação.
Classificação
“Forma 1”: Má resposta Th1 → muitos bacilos - Forma Virchowiana
“Forma 2”: Boa resposta Th1 → poucos bacilos - Forma Tuberculóide
Forma Dimórfica/Borderline
Imunidade Th2 (humoral) é ineficaz!
A infecção pode cursar com a cura espontaneamente ou não. Não havendo a cura espontânea, pode
desenvolver-se a forma indeterminada, que também pode evoluir para cura. Caso não ocorra a cura
pela resposta Th1, pode desenvolver-se a forma Virchowiana (muitos bacilos), Tuberculóide (poucos
bacilos) ou Dimorfa/Borderline (pode ter três tipos diferentes dependendo das características:
Dimorfa-Virchowiana (DV); Dimorfa-Tuberculóide (DT) ou Dimorfa-Dimorfa (DD).
Obs.: Teste de Mitsuda → Resposta de Th1 (prognóstico)
Classificação Operacional
- Mais de 5 lesões: Multibacilar - Baciloscopia (+); Mitsuda (-); Simetria
- Até 5 lesões: Paucibacilar - Baciloscopia (-); Mitsuda (+); Assimetria
Clínica
Forma Indeterminada Virchowiana Tuberculóide Dimorfa ou
Boderline
Classificação Paucibacilar Multibacilar Paucibacilar Pauci ou Multi,
Baciloscopia
negativa ou
positiva
Lesões Manchas hipocrômicas
anestésicas
Perda da sensibilidade
térmica, dolorosa e tátil
(nessa ordem). O nervo
mais acometido é o ulnar.
Difusas,
irregulares,
infiltrativa,
nodular
Placas bem
delimitadas e
atrofia central
Mal delimitadas
por fora e bem
delimitadas por
dentro
Tratamento
Existem 2: para multibacilar e paucibacilar
- Paucibacilar: 6 doses até 9 meses - Rifampcina + Dapsona
- Multibacilar: 12 doses até 18 meses - Rifampcina + Clofamizina + Dapsona
Observações:
- As doses mensais são supervisionadas!
- As gestantes podem realizar o tratamento!
- Não precisa de isolamento!
Reação Hansênica
Pode acontecer antes, durante e depois do tratamento
- Tipo 1 (Pauci e Multi) - “Reversa”
- Piora de lesões existentes
- Neurite e dor
- Tratamento: prednisona
- Tipo 2 (só multi) - “Eritema Nodoso Hansênico”
- Nódulos eritematosos (mais palpáveis que visíveis)
- Tratamento: talidomida (teratogênico)
- Fenômeno de Lúcio - “Eritema Necrotizante”
- Bacilo provoca um fenômeno trombo-oclusivo que causa
necrose
Contactantes
Obs.: Não importa se é multi ou pacibacilar!
Nenhuma ou 1 cicatriz de BCG Receber 1 dose de BCG
2 Cicatrizes Não precisa
Diferença de Reação e Recidiva
Reação Recidiva
Rápida Lenta
História de tratamento completo História de má aderência
Responde à corticoide e talidomida Não responde corticoide e talidomida
Com sintomas sistêmicos Sem sintomas sistêmicos

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