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Diabetes Mellitus Tipo 2 Renata Vale - 79 ● ↑ dos níveis séricos de glicose; ● 80 - 90% dos casos de DM; ● Mais comum após os 40 anos de idade; ● Maioria tem obesidade; ● 80 - 90% dos casos tem síndrome metabólica; ○ Resistência à insulina. Fisiopatologia ● Insulina se liga a um receptor de membrana que fosforila alguns substratos em tirosina, o que gera o recrutamento do transportador de glicose GLUT para a membrana e, consequentemente, a entrada de glicose na célula; ● Resistência à insulina ○ Fosforilação em serina ao invés de tirosina; ○ Dificulta o recrutamento do GLUT e a entrada de glicose na célula. ○ Ácidos graxos livres estimulam esse processo, pois ao serem captados pela célula fosforilam em serina e não em tirosina. ■ Pacientes obesos têm muita lipólise de gordura abdominal/visceral, gerando esses ácidos graxos livres. ■ Gordura abdominal/visceral produz muitas citocinas, como interleucina 6 e fator de necrose tumoral, o que favorece também a resistência. ● Resistência no fígado ○ Aumento da produção hepática de glicose (gliconeogênese). ● Resistência no tecido adiposo ○ Lipólise da gordura; ○ Ácidos graxos captados pelo fígado → Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA); ○ Ácidos graxos → Aumenta a resistência à insulina. ● Resistência no músculo ○ Principal captador de glicose no sangue ■ Resistência → Não captação → Favorecimento da hiperglicemia. ● Pâncreas ○ Superprodução de insulina pra tentar compensar a resistência até sobrecargo; ○ Células beta se tornam defeituosas e não conseguem mais produzir insulina da forma adequada; ○ Redução na secreção de insulina. ● Outros fatores que podem causar defeitos na célula beta ○ Idade, genética, defeitos incretínicos, lipotoxicidade, glicotoxicidade, depósitos beta-amiloide; ● Defeito da célula alfa do pâncreas ○ ↑ produção de glucagon; ○ Geralmente, pacientes têm sensibilidade ao glucagon, aumentando mais a produção de glicose. ● Disfunção pancreática ○ ↓ de insulina ↑ do glucagon; ○ Estado pró-hiperglicêmico. ● Defeitos incretínicos ○ ↓ do GLP-1; ○ Resistência ao GIP; ○ Hormônios produzidos no intestino e liberados no período pós-prandial → Estimulam a liberação de insulina e a diminuição da liberação do glucagon. ● Hiperfunção do cotransportador SGLT2 (dos rins) ○ ↑ da reabsorção renal de glicose e de sódio no túbulo; ● Resistência no cérebro ○ Aumento do apetite → Polifagia; ● Octeto da fisiopatologia Fatores de risco para a DM2 ● Obesidade; ● História familiar de DM; ● Raça: negros, hispânicos; ● Idade > 45 anos; ● Diagnóstico prévio de glicemia de jejum alterada ou intolerância a glicose; ● Hipertensão arterial; ● Dislipidemia: HDL < 35 e triglicerídeo > 250; ○ Síndrome metabólica; ● História prévia de diabetes gestacional. Manifestações clínicas ● Assintomáticos (50%); ● Tontura, turvação visual, astenia, cãibras; ● Sinais clássicos (pouco encontrados na DM2): Poliúria, polidipsia, polifagia, perda ponderal; ○ Mais encontrados em pacientes com insulinopenia (defeito na produção de insulina) - Geralmente, pacientes mais magros; ● Vulvovaginites, disfunção erétil. Diagnóstico ● Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl; ● Glicemia ≥ 200 mg/dl 2h após 75g de glicose ○ Teste de tolerância oral à glicose ● HbA1c ≥ 6,5% ○ Se o paciente estiver assintomático, repetir o exame. ● Glicemia aleatória > 200 mg/dl + sintomas clássicos ● “Pré-diabetes” ○ Glicemia de jejum alterada: entre 100 e 125 mg/dl ○ Intolerância à glicose: glicemia 2h após 75g de glicose entre 140 e 199 mg/dl ○ HbA1c entre 5,7 e 6,4%: pré-diabetes Tratamento ● Metformina ○ Droga de primeira escolha; ○ Sensibilizador da insulina → Reduz a resistência periférica ■ Fígado, tecido adiposo e músculo. ○ Atua principalmente no fígado! ○ Reduz a RI no fígado → Reduz a produção hepática de glicose; ○ Reduz a RI nos músculos; ○ Dose: 500 a 2.500 mg/dia; ○ Efeitos adversos (EA): Trato gastrointestinal! ■ Diarreia, náuseas, distensão abdominal, acidose lática, deficiência de B12; ○ Contraindicações (CI): Taxa de filtração glomerular (TFG) < 30, ICC e DPOC descompensadas, sepse, doenças críticas, choque, doença hepática. ■ Pacientes internados evita-se usar metformina. ○ Descontinuar ■ Antes de cirurgia; ■ Antes de exames de contraste; ■ Admissão hospitalar por doença grave; ■ Normalmente paciente hospitalizado é usado insulina ao invés de metformina. Aumentam o risco de acidose ● Agonistas do GLP-1 ○ Associação com outras drogas, principalmente metformina; ○ Segunda “melhor” classe de medicamento; ○ Injetáveis; ○ ↓ secreção de glucagon; ○ ↑ secreção de insulina; ○ Atuam também no controle do apetite e no retardo do esvaziamento gástrico; ■ Remédio também usado no tratamento da obesidade - Diminui apetite a nível de SNC e retardando o esvaziamento gástrico (sensação de saciedade) - Perda de peso! ○ Principais: ■ Dulaglutida 0,75 e 1,5 mg - semanal; ■ Liraglutida 0,6/1,2/1,8 mg - diário. ○ EA: náuseas, vômitos, diarréia - Lentificação do esvaziamento gástrico; ○ CI: TFG <30 (Insuficiência renal), DM tipo 1, ICC classe III e IV, gestação. ○ Reduz peso, reduz PA e reduz risco cardiovascular (RCV) ■ Principais causas de morte em pacientes diabéticos: Infarto e AVC; ○ Alto custo! Incretina produzida pelo intestino ● Inibidores da SGLT2 ○ Bloqueiam o cotransportador SGLT2, promovendo glicosúria e natriurese; ■ Natriurese: Urinar sódio. ○ Mais sódio chega na mácula densa → Constrição da arteríola aferente do rim → ↓a pressão intraglomerular e ↓TFG → Proteção renal para os pacientes diabéticos. ○ Efeito diurético ○ ↓a pressão arterial; ○ Tipos: ■ Empagliflozina: 10 a 25 mg ■ Dapagliflozina: 10 mg; ■ Canagliflozina: 100 e 300 mg ○ EA: infecção genital, infecção urinária, hipotensão, poliúria, amputação (canagliflozina - uso crônico); ■ Mulheres: Desregulação vaginal; ■ Idoso/Idoso em uso de diurético; ○ CI: Insuficiência renal, diabetes tipo 1 e gestação. ■ Empa: Não usa com clearance menor que 30; ■ Cana e Dapa não usa com clearance menor que 45; ○ Outros benefícios: ■ Reduz peso (perda de glicose, que é calórica); ■ Reduz PA (perda de sódio); ■ Reduz RCV e internação por ICC; ■ Reduz progressão da nefropatia; ■ Reduz progressão para diálise ■ Reduz progressão para macroalbuminúria. ○ Alto custo. ● Inibidores da DPP IV ○ DPP IV: Degrada as incretinas (GLP1 E GIP); ■ Tempo de ação das incretinas muito curto! ○ DPP IV ↑tempo de ação das incretinas ○ Não diminui o apetite e o esvaziamento gástrico ○ Tipos: ■ Linagliptina; ■ Vildagliptina; ■ Alogliptina; ■ Sitagliptina; ■ Saxagliptina. ○ EA: Praticamente nenhum ■ Interessante usar em pacientes idosos! ○ CI: IR - Ajuste de dose. ■ Linagliptina - único que não precisa ajustar a dose nos pacientes com IR ○ Alogliptina - Tem maior afinidade pela DPP IV; ○ Efeito neutro no peso e no RCV. ■ Não aumenta e nem diminui. ● Pioglitazona ○ Sensibilizador periférico de insulina como a metformina; ○ Reduz a RI principalmente no tecido adiposo; ○ Reduz a lipólise; ○ Reduz a RI nos músculos; ○ Reduz a RI no fígado; ○ Dose: 15, 30 e 45 mg; ○ EA: retenção hídrica (pode causar edema), ganho de peso (devido a retenção) e fraturas ósseas; ○ CI: ICC classes III e IV (retenção hídrica), doença hepática e gestação; ○ Pode ser usado na IR; ○ Redistribui a gordura visceral em subcutânea; ○ Melhora PA; ○ Melhora perfil lipídico (diminui triglicerídeos); ○ Reduz RCV; OBS: Paciente diabético tem o mesmo risco de sofrer infarto do que o paciente que já sofreu de infarto prévio; ● Sulfonilureias ○ Estimulam a produção de insulina; ○ Tipos: ■ Glibenclamida 2,5 a 20 mg - Gratuito; ● Perfil de segurança maior e causa menos hipoglicemia. ■ Glimepirida 1 a 8 mg; ■ Gliclazida 30 a 120 mg; ○ EA: ganho de peso (aumenta a insulina, anabólico e lipogênico) , hipoglicemia; ○ CI: insuficiência renal grave, gestação, insuficiência hepática, cirurgias, infecção. ● Metas do tratamento ○ Depende da idade e condição clínica; ○ HbA1c: < 6,5 / < 7 (maioria); ○ Glicemia pré-prandial: <100 (maioria)/ <110 / <130; ○ Glicemiapós-prandial: <140/ <160 / <180. ● Maior o controle → Menor o risco de ter complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia); ● Questões ○ Sulfonilureias: Única classe com hipoglicemia; ○ 2 - 3 meses sem resposta ao tratamento - Associa a outra classe. ○ Metformina - Acidose lática! ○ Tolerância à glicose diminuída ≠ Intolerância à glicose. ■ “Pré-diabético”; ■ Diabético. Livro ● Diabetes Melito: Conjunto de distúrbios caracterizados por hiperglicemia crônica. ○ Deficiência na secreção de insulina e/ou resistência dos tecidos a ela. ○ Lesões: Olhos, rins, coração, nervos e vasos sanguíneo. ● Associação com: hipertensão arterial, dislipidemia, alteração da função endotelial, aumento do risco cardiovascular e cerebrovascular e doença arterial periférica. ● Aumento da prevalência: obesidade, síndrome metabólica, sedentarismo, aumento do consumo de açúcar e alteração do estilo de vida. ● Um estudo recente relatou que o consumo diário e excessivo de açúcar está relacionado com o maior risco de DM, mesmo sem o paciente ganhar peso. ● O risco relativo de desenvolver doenças cardiovasculares entre aqueles com DM tem sido duas vezes maior com relação àqueles sem diabetes ● Pacientes com qualquer forma de diabetes podem necessitar de tratamento insulínico em algum estágio da doença. ○ O uso da insulina, por si só, não classifica o paciente. ● Apresentação clínica ○ Diabetes melito tipo 1 ■ Deficiência insulínica por destruição das células beta pancreáticas decorrente da insulinite autoimune. ■ Tipo 1A: Ocorre frequentemente em jovens, com instalação rápida dos sintomas clínicos (poliúria, polidipsia, polifagia), propensão à cetose e presença de autoanticorpos circulantes. ■ Tipo 1B: processo etiopatogênico é desconhecido e não há evidências de autoimunidade. ■ Pode ser associado a perda ponderal. ■ Obesidade não descarta o diagnóstico! ○ LADA ■ Latent autoimmune diabetes of the adult. ■ Adultos predominantemente na quinta década de vida e evolui com falência secretória de insulina. ■ Idade de diagnóstico entre 25 e 65 anos; ausências de cetoacidose diabética ou hiperglicemia acentuada no diagnóstico ou imediatamente após, sem necessidade de insulina por pelo menos 6 a 12 meses (diferenciando- se do DM1 do adulto); existência da autoanticorpos (especialmente o anti GAD). ○ Diabetes melito tipo 2 ■ Defeitos da secreção e ação da insulina; ■ Patogenicidade heterogênea (história familiar, obesidade, diagnóstico prévio de intolerância à glicose, diabetes gestacional ou macrossomia fetal, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia); ■ Geralmente acomete pacientes maiores de 40 anos e obesos; ■ Costumam ser oligossintomáticos ou assintomáticos; ■ Obesidade: 80% dos casos. ○ Diabetes tipo MODY ■ Maturity onset diabetes of the young; ■ Diabetes familiar diagnosticado na infância, na adolescência ou na idade adulta jovem. ■ Autossômico dominante; ■ Associado a defeitos na secreção de insulina, evoluindo com hiperglicemia em 95% dos afetados antes dos 55 anos de idade. ■ Maioria magra; ■ MODY 1 e 3 podem ter complicações microvasculares como retinopatia. ● Diagnóstico ○ Principalmente achados clínicos. ○ Laboratorial: Hemoglobina glicada e glicemia (Adultos e crianças têm os mesmos valores de referência). Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dℓ ○ Hemoglobina glicada ■ Padrão ouro de controle glicêmico; ■ Valores médios da glicemia dos últimos 2 a 3 meses (tempo médio de sobrevida das hemácias). ■ Níveis HbA1c > 7%: risco aumento de complicações macro e microvasculares e o aumento na mortalidade cardiovascular. ■ Falsos-negativos: condições que diminuam a meia vida das hemácias (ex: anemia hemolítica), perda de sangue aguda ou crônica, transfusão de sangue recente, gravidez e parto recentes, altas doses de vitamina C e E, hemoglobinopatias, hemoglobina F e dapsona. ■ Falsos-positivos: insuficiência renal crônica (IRC), hipertrigliceridemia, consumo de álcool, esplenectomia, anemia ferropriva, toxicidade por chumbo e por opiáceos. ■ Positivo: ≥ 6,5%. ○ Teste oral de tolerância à glicose ■ Adulto: coleta da glicemia de jejum administrando- se 75 g de glicose anidra dissolvidos em água. Após duas horas, coleta- se nova amostra de glicemia. ■ Crianças: a sobrecarga deve ser realizada a 1,75 g/kg de peso, não ultrapassando 75 g de glicose. ■ Indicações para o teste: Diagnóstico de DM (glicemia de jejum propicia resultados dúbios); diagnóstico diferencial de diabetes gestacional, glicemia de jejum > 100 e < 126 mg/dℓ. ○ Frutosamina ■ Considerada em pacientes com condições que alterem os valores de HbA1c (gravidez e hemoglobinopatías). ○ Peptídeo C ■ Analisa a capacidade secretória do pâncreas, que apresenta valores equimolares com a insulina ● Tratamento ○ Individualizado; ○ Indicações gerais: ■ A HbA1c para pacientes com diabetes tipo 2 deve permanecer inferior a 7% ■ A glicemia de jejum deve ficar entre 90 e 130 mg/dℓ ■ Glicemia pós prandial (GPP) < 180 mg/dℓ ■ Para pacientes idosos, com longa duração da doença, o controle menos agressivo deve permitir HbA1c ≤ 8% ■ Já os pacientes recém diagnosticados sem doença aterosclerótica preestabelecida podem se beneficiar de um controle glicêmico mais intensivo, com HbA1c mais próxima do normal (ou seja, 6,5%) ■ LDL < 100 mg/dℓ para pacientes com ausência de doença arterial coronariana ■ LDL < 70 mg/dℓ para pacientes com doença arterial coronariana ■ PA < 130 × 80 mmHg ■ Redução de 5 a 10% do peso corporal mostra benefício na redução de hiperglicemia, dislipidemia e hipertensão, apneia de sono e esteatose hepática. ○ Estratégias ■ Terapia nutricional; ■ Atividade física; ■ Associação medicamentosa; ● Metformina! ● Meta de HbA1c não alcançada em 3 meses: combinação de 2 fármacos; ● + 3 meses: combinação de 3 fármacos; ● Se a terapia combinada, que inclui insulina basal, falhar após 3 a 6 meses: opção por uma estratégia insulínica mais complexa, em geral a combinação de um ou dois agentes não insulínicos. OBS: Doenças do pâncreas exócrino - Pancreatite, traumatismo/pancreatectomia, neoplasia, fibrose cística, hemocromatose, pancreatopatia fibrocalculosa
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