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Aula 7 – Proteínas Também chamadas prótides ou protídios. O termo vem do grego e significa “de primeira importância”. As proteínas estão presentes em vários alimentos importantes da dieta humana, como pães, massas e carnes Alimento Proteína total (%) Pão branco 8,4 Arroz 2,6 Massa 3,6 Ovo 12,5 Carne 20,3 Lentilha 24,3 Chocolate puro 4,7 Substâncias nitrogenadas complexas, constituídas de aminoácidos primários unidos entre si por ligações peptídicas. Estão presentes em toda matéria viva. São as unidades estruturais básicas das proteínas, que influenciam fortemente suas características, determinando suas propriedades físico-químicas e nutricionais. Todos são alfa-aminoácidos, pois se constituem por um átomo de carbono alfa ligado covalentemente ao grupo amino (-NH2), ao grupo carboxílico (-COOH) e a um átomo de hidrogênio, diferindo-se entre si apenas pela ligação a uma cadeia lateral, também designada como grupo R. Devido à variedade de cadeias R disponíveis, existem, no total, 21 aminoácidos: 1. glicina, 2. fenilalanina, 3. alanina, 4. valina, 5. leucina, 6. isoleucina, 7. prolina, 8. tirosina, 9. triptofano, 10. lisina, 11. arginina, 12. histidina, 13. aspartato, 14. glutamato, 15. serina, 16. treonina, 17. cisteína, 18. metionina, 19. asparagina 20. glutamina 21. selenocisteína Indispensáveis (essenciais); Dispensáveis (não essenciais). Não são sintetizados pelo organismos ou são sintetizados em níveis endógenos extremamente baixos (em uma velocidade incompatível para o alcance das necessidades fisiológicas do indivíduo). Precisam ser obtidos pela dieta (fonte: exógena). Ex.: Histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofanos e valina. São divididos em duas classes: 1. Verdadeiramente dispensáveis (verdadeiramente não essenciais): podem ser sintetizados pelo organismo a partir de outros aminoácidos ou de metabólitos nitrogenados. Ex: alanina, ácido aspártico (aspartato), asparagina, ácido glutâmico (glutamato) e serina. 2. Condicionalmente indispensáveis (condicionalmente essenciais): necessitam ser ingeridos por meio da alimentação (fonte exógena), quando a síntese endógena não alcança as necessidades metabólicas do organismo durante uma condição fisiopatológica específica. Ex: arginina, cisteína, glutamina, glicina, prolina e tirosina. Os aminoácidos unem-se através da ligação peptídica entre o grupo carbonila do primeiro aminoácido e o grupo amino do segundo aminoácido para formar a proteína. O número total de aminoácidos nas proteínas pode variar de algumas dezenas até vários milhares. Além dos aminoácidos, as proteínas podem ser formadas também por outros componentes, como minerais (ferro, cobre, fósforo e outros) e grupos químicos específicos. Nos alimentos as proteínas, além da função nutricional, apresentam propriedades funcionais de grande importância para a indústria de alimentos, como as propriedades emulsificantes e espumantes. As proteínas estão presentes em todas as células vivas como um de seus maiores constituintes, apresentando diversas funções biológicas, como: Proteínas catalisadoras ou enzimas: ribonuclease, tripsina, lipase e amilase. Proteínas estruturais: colágeno, queratina e elastina. Proteínas contráteis ou responsáveis pela contração muscular: miosina, actina e tubulina. Proteínas reguladoras: insulina e hormônio do crescimento. Proteínas transportadoras: albumina sérica, transferrina, lipoproteínas e hemoglobina. Proteínas de defesa: imunoglobulinas, trombina, fibrinogênio, toxina botulínica. Proteínas de armazenamento: ferritina. Os diferentes níveis estruturais de uma proteína estão relacionados com o arranjo espacial resultante das posições que os diferentes grupos presentes na molécula assumem. Existem 4 níveis estruturais: 1. Primário; 2. Secundário; 3. Terciário e 4. Quaternário. A estrutura primária consiste da organização mais básica da molécula proteica, isto é, da sequência de aminoácidos que compõem a proteína. Essa sequência de aminoácidos é determinada geneticamente, sendo que alterações na estrutura primária seja por mudança na ordem dos aminoácidos na cadeia, ou por subtração ou adição de aminoácidos, levam a uma proteína diferente com propriedades e funções diferentes. Compreende-se por estrutura secundária o arranjo da molécula proteica em torno de um eixo. As estruturas secundárias mais comuns são a alfa-hélice, a estrutura beta-pregueada e a estrutura do colágeno. A estrutura terciária refere-se à estrutura tridimensional das proteínas como resultado das interações entre as cadeias laterais dos aminoácidos que a compõe com o meio em que estão dispersas. A conformação adquirida dá origem às proteínas com formatos ligeiramente esféricos (proteínas globulares) ou cilíndricos (proteínas fibrosas). É o arranjo resultante da interação entre várias moléculas de proteínas. Várias proteínas biologicamente importantes existem como complexos quaternários, compostos por cadeias polipeptídicas iguais (betalactoglobulina) ou diferentes (hemoglobina). Alteração da estrutura tridimensional das proteínas. Pode ser reversível ou não. Causada por diversos agentes químicos ou físicos (aquecimento, agitação, radiação ultravioleta, ácidos, bases, solventes orgânicos e outros). A desnaturação é importante na inativação de enzimas indesejáveis e de fatores antinutricionais e nos processos de conservação. Como a única estrutura preservada é a primária, proteínas desnaturadas ficam mais suscetíveis ao ataque de proteases (enzimas que hidrolisam as proteínas), favorecendo a digestibilidade. Sendo, portanto, mais bem utilizadas pelo organismo. Nos alimentos, a desnaturação pode ser um fenômeno desejável (amassamento de pães – desnaturação do glúten) ou indesejável (perda de capacidade emulsificante). Proteínas simples: constituídas unicamente por alfa-aminoácidos e, geralmente, classificadas de acordo com a solubilidade em diferentes solventes: - Albuminas: solúveis em água em pH 6,6, como a ovoalbumina da clara. - Globulinas: solúveis em soluções salinas em pH7 como a faseolina do feijão. - Glutelinas: solúveis em soluções de ácidos (pH <2) ou alcalinas (pH>12), como a glutenina do trigo. -Prolaminas: solúveis em soluções de etanol a 70%, como a gliadina do trigo. Proteínas conjugadas: são aquelas que por hidrólise, fornecem além dos aminoácidos, uma porção não aminoacídica. Esta porção é chamada de grupo prostético que classificam essas proteínas. - Cromoproteínas: ligadas a pigmentos (hemoglobina). - Lipoproteínas: ligadas à lipídios (liproteínas de alta densidade (HDL), de baixa densidade (LDL) e de densidade muito baixa (VLDL)). - Nucleoproteínas: ligadas à ácidos nucleicos (histonas). Proteínas conjugadas: - Glicoproteínas: ligadas a carboidratos (fitoemaglutinina do feijão). - Fosfoproteínas: ligadas ao ácido fosfórico (caseína do leite). - Metaloproteínas: ligadas a metais (urease). Apesar de se falar em necessidade proteica, a real necessidade biológica do organismo é por aminoácidos. A necessidade de proteínas corresponde à quantidade que deve ser ingerida em um determinado tempo para compensar os gastos orgânicos de aminoácidos no mesmo período. As necessidades de proteínas representam a demanda para a manutenção da saúde em indivíduos saudáveis. A qualidade nutricional de uma proteína relaciona-se com sua capacidade de promover um crescimento normal em crianças e a manutenção das condições fisiológicas em adultos. Fontes de aminoácidos essenciais; Fornecem energia, apesar de não serem as principais fontes de combustível; Apresentam diferentes funções no organismo humano, relacionadas com a estrutura corporal; Atuam no crescimento e reparo de tecidos e órgãos; Desempenham papel regulatório. Valor biológico – quanto N o organismo consegue reter. Proteínas de alto valor biológico (PAVBs) são asque contêm todos os aminoácidos essenciais nas quantidades necessárias ao organismo (1/3 das proteínas ingeridas) e de alta digestibilidade. Ex.: OVO - Metabolismo e utilização mais próximo do total (94%) – considerada proteína referência. Fonte proteica Valor biológico Ovo (inteiro) 100 Leite de vaca 91 Clara de ovo (albumina) 88 Peixe 83 Bife magro 80 Frango 79 Arroz 59 Feijão 49 Caseína 77 Proteína de soja 74 Podem ser definidas como as propriedades físico-químicas que afetam seu comportamento em sistemas alimentares durante o processamento, armazenamento, preparo e consumo. Levam em consideração: tamanho, forma, composição e sequência de aminoácidos, carga líquida e distribuição dessas cargas, interação ou reação com outros constituintes do alimento, estrutura da proteína, flexibilidade e rigidez molecular, razão entre a hidrofobicidade e hidrofilicidade. A propriedade funcional de hidratação refere- se à capacidade da proteína de ligar e fixar água à sua estrutura. A textura e a viscosidade dos alimentos são características diretamente dependentes da capacidade de hidratação das proteínas. Essa propriedade refere-se à proporção de proteína que se mantém em solução, sem sedimentar. Para tal, o solvente considerado é a água. Proteínas altamente solúveis são aquelas que uma vez em contato com a água, tendem a se dispersar rápida e homogeneamente. Essa característica é desejável em alimentos como molhos, sopas instantâneas, bebidas e outros. As proteínas são reconhecidas como agentes que conferem viscosidade aos fluidos, em outras palavras, conferem resistência dos mesmos em fluir ou romper-se. Essa característica é bastante importante em alimentos como cremes, sopas e molhos, que precisam ter viscosidade intermediária. Entende-se que o processo de formação de gel é o evento de ordenação das proteínas previamente desnaturadas. Os géis proteicos têm grande importância em alimentos como queijos, embutidos cárneos como a salsicha, gelatinas e outros. As proteínas do glúten possuem a capacidade de formar uma massa viscoelástica quando amassadas na presença de água, sendo a base do processo de panificação. As emulsões consistem de um sistema em que dois líquidos imiscíveis (água e óleo), devido à presença de um agente emulsificante, passam a formar uma mistura estável. As proteínas, devido à diversidade nas propriedades físico-químicas dos aminoácidos que as compõem e a sua complexidade estrutural, são eficientes agentes emulsificantes nos alimentos. Esta propriedade funcional é muito importante em alimentos como leite, maioneses, salsichas, sorvetes, molhos e outros. Compreende-se por espuma a dispersão de bolhas de gás (normalmente ar) em um sistema contínuo líquido ou semissólido. Nas espumas as proteínas agem facilitando e estabilizando a interação entre as bolhas de gás. Essa propriedade funcional é bastante importante em alimentos como merengues, pães e biscoitos. Proteína animal: ovos, queijos, carnes em geral (bovina, suína, aves, peixes, crustáceos, vísceras), leite, coalhada. Proteína vegetal: soja, feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico. “Uma dieta pobre em proteínas é incapaz de promover o crescimento e de manter a vida”. Crescimento retardado e menor desenvolvimento da musculatura (menor estatura); Defeitos de postura (ombros caídos, cabeça pendida para a frente, braços caídos ao longo do corpo); Cansaço fácil; Palidez e desânimo; Falta de resistência contra doenças; Difícil cicatrização. O organismo necessita de proteínas na proporção de 10% a 15% do valor energético total (VET). Geralmente é realizada através do método de Kjeldahl, no qual o teor de nitrogênio da amostra é determinado. Devido a composição das proteínas por aminoácidos, o teor de nitrogênio (dos grupos amino) pode ser diretamente correlacionado com o conteúdo proteico da amostra. No método de Kjeldahl, a amostra é digerida em ácido sulfúrico, o nitrogênio é separado por destilação por arraste de vapor, e sua quantidade é determinada por volumetria. Utiliza-se um fator de conversão para transformar massa de nitrogênio em massa de proteína. Um técnico em laboratório necessita determinar o teor de proteínas em uma amostra de biscoito. A determinação será conduzida utilizando triplicatas (Prova 1, Prova 2 e Prova 3). Ele realizou os procedimentos em sequência, conforme se descreve a seguir: 1. Pesou exatamente 1 g de amostra em papel de seda e transferiu para o tubo de digestão, adicionando em sequência ácido sulfúrico (25 mL) e mistura catalítica (6 g) 2. Manteve em aquecimento em bloco digestor a 350ºC até a obtenção de solução com cor azul-esverdeada. 3. Após resfriar, adicionou quantidade suficiente de solução concentrada de hidróxido de sódio (suficiente para pequeno excesso de base) e iniciou o processo de destilação por arraste de vapor, recebendo o destilado em 25 mL de solução de ácido sulfúrico 0,05 M (com indicador vermelho de metila). (Destila-se até obter de 250 a 300 mL de destilado. Durante esse processo a solução passará do vermelho ao amarelo) 4. O excesso de ácido sulfúrico foi titulado com hidróxido de sódio 0,1M até que a solução (amarela) volte à cor vermelha. 5. Os volumes de NaOH 0,1 M gastos que foram utilizados (Tabela). Volume de NaOH 0,1 M gasto (mL) Prova 1 37,4 Prova 2 35,6 Prova 3 36 Tabela: Volumes de solução de NaOH 0,1M gastos na titulação 6. Os dados foram aplicados à formula a seguir: Proteína, % (m/m)= Vx0,14xf P Onde: V = diferença entre o número de mL de ácido sulfúrico 0,05 M e o número de mL de hidróxido de sódio 0,1 M gastos na titulação f = fator de conversão (utilizado 6,25)* P = peso da amostra * Existem outros fatores de conversão, como 5,83 (para farinha de centeio), 5,46 (para amendoim) dentre outros. Proteínas Prova 1 10,85% m/m Prova 2 9,27% m/m Prova 3 9,62% m/m Média 9,91% m/m Desvio padrão 0,83% m/m
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