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APOSTILA ADM FINANCEIRA 2017

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Administração Financeira
Valter Pereira Francisco Filho
GRADUAÇÃO
GRADUAÇÃO
GRADUAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Valter Pereira Francisco Filho
2017/II
Desenhista Instrucional 
Katia Paulino
Assistente: Eliel Fortes Barbosa
Auxiliar Administrativo
Maria Cristina Miguel Roxadelli
Coordenadora da Editoração
Maristela Ferreira de Andrade Gomes da Silva
Revisores
Carolina Bontorin Ceccon
Cláudia Mara Ribas dos Santos
Luiz Henrique Bezerra
Natasha Suelen Ramos de Saboredo
Diagramadores
Ana Maria Oleniki
Débora Cristina Gipiela Kochani 
Evelyn Souza Alves
Thais Suzue Ikuta
Ticiane de Farias Pietro
ASSOCIAÇÃO FRANCISCANA DE ENSINO SENHOR 
BOM JESUS – AFESBJ
CASA DE NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL 
FRANCISCANA, PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA 
CONCEIÇÃO DO BRASIL - ORDEM DOS FRADES MENORES
Presidente
Frei Thiago Alexandre Hayakawa
Reitor
Joel Alves de Souza Junior
Pró-reitor de Administração e Planejamento
Adriel de Moura Cabral
Pró-reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão
Iara Andréa Alvares Fernandes
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância - NEAD 
Simone Cristina Spiandorello
Presidente
Frei João Mannes, ofm
Reitor
Jorge Apóstolos Siarcos
Pró-reitor de Administração e Planejamento
Regis Ferreira Negrão
Pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão
Everton Drohomeretski
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância - NEAD 
Vera Fátima Dullius
Diretor Geral
Jorge Apóstolos Siarcos
O
 A
U
T
O
R
Valter Pereira Francisco Filho
Mestre em Administração pela parceria FAE/ESADE (Barcelona). 
Especialista em Finanças pelo IBMEC. Bacharel em Administração 
pela PUCSP. Desenvolve atividades no magistério superior na FAE 
desde 2001, já tendo lecionado as disciplinas de Controladoria, 
Análise de Custos, Administração Financeira, Empreendedorismo, 
Jogo de Empresas e Contabilidade Gerencial (nível de graduação); 
Controladoria, Contabilidade Empresarial, Administração Financeira e 
Jogo de Empresas (nível de pós-graduação). Na FAE foi coordenador 
dos cursos de Tecnologia em Logística e Gestão Financeira; diretor dos 
Campi Cristo Rei e São José dos Pinhais, onde acumulou a coordenação 
do curso de Administração; assessor do coordenador do curso de 
Administração do campus Centro; atualmente coordena os cursos de 
Tecnologia em Logística e Gestão Financeira. Atuou como auditor e 
consultor da Price Waterhouse Coopers e como gestor no Grupo ZHC, 
Spaipa S.A., Grupo Autopark, Laboratório Frischmann Aisengart entre 
outros. Atualmente é consultor empresarial.
S
U
M
Á
R
IO
IINTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 13
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 23
ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA 31
CICLO OPERACIONAL 41
CAPITAL DE GIRO 51
GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO 63
GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA 75
ALAVANCAGEM EMPRESARIAL 85
INVESTIMENTO DE CAPITAL 95
MERCADO FINANCEIRO 109
PRODUTOS FINANCEIROS 119
CUSTO DE CAPITAL 127
Tabela de Ícones 7
Informações gerais sobre a disciplina 9
Apresentação 10
ATIVIDADE 
OBRIGATÓRIA
Indica as orientações da atividade avaliativa da Unidade de Estudo.
BIBLIOTECA 
DIGITAL
Indica que o material está disponível na biblioteca digital. 
CALCULADORA 
FINANCEIRA
Indica a utilização da calculadora HP 12C para resoluções mais precisas.
CHECKLIST
Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um 
procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa.
EXEMPLO
Será utilizado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma 
situação ou conceito que está sendo descrito ou ensinado.
GLOSSÁRIO
Utilizado sempre que houver necessidade de entender o significado de uma 
palavra ou termo desconhecidos.
HIPERLINK
Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou 
endereço de Internet.
LEIS Indica a necessidade de aprofundamento da lei ou artigo referidos no texto.
LEITURA 
OBRIGATÓRIA
Indica os livros e textos de leitura obrigatória.
PENSE
Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um 
questionamento.
PESQUISE Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação.
PLANILHA
Indica a necessidade de se obter resolução utilizando a planilha Excel, tor-
nando o trabalho mais rápido.
REALIZE
Determina a existência de atividade, um exercício, uma tarefa ou uma prática 
a ser realizada. Fique atento a ele.
REVEJA Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente.
SAIBA MAIS
Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado, de forma a pos-
sibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado.
SUGESTÃO DE 
LEITURA
Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para 
leitura complementar.
VÍDEOS
Indica vídeos que lhe ajudarão a aprofundar seus conhecimentos sobre o 
conteúdo estudado.
ÍC
O
N
E
S
9Administração Financeira
Informações gerais sobre a disciplina
EMENTA
A gestão financeira empresarial. O papel da administração financeira. Classificação das empresas no 
sistema econômico. Formas básicas de organização empresarial. Dinâmica das decisões financeiras no 
Brasil. Abordagem gerencial contábil. A estrutura das principais demonstrações.Indicadores de natureza 
econômico-financeira. Abordagem gerencial do capital de giro. A necessidade de financiamento do 
capital de giro. Ciclos operacionais e financeiro. Capital de giro, necessidade de capital de giro e saldo 
de tesouraria. Efeito tesoura. Gestão financeira de curto prazo. Funções de tesouraria e respectivas 
atividades. Administração do disponível. Administração dos valores a receber. Administração dos 
estoques. Gestão do fluxo de caixa. Gestão financeira de longo prazo. Investimento de capital. 
Técnicas de análise de projetos de investimentos em ativos fixos. Gestão da lucratividade e do risco. 
Risco operacional e financeiro. Análise do ponto de equilíbrio. Relação custo/volume/lucro. Grau de 
alavancagem operacional. Política de financiamento empresarial. Estrutura de capital. Teoria do custo 
de capital. Alavancagem financeira. Fontes de recursos. Fontes de financiamentos.
OBJETIVO
Propiciar aos alunos uma compreensão sistematizada da teoria financeira empresarial, mediante o 
domínio de técnicas analíticas. Identificar, analisar e avaliar as decisões e os procedimentos da gestão 
financeira da empresa de curto, médio e longo prazos.
CARGA HORÁRIA
A disciplina terá duração de 72 horas/aula.
10 Valter Pereira Francisco Filho
Apresentação
Unidade de Estudo 1: INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
O objetivo desta Unidade é contextualizar a gestão financeira dentro do cenário empresarial, 
fornecendo elementos básicos para o início do estudo da disciplina.
Unidade de Estudo 2: DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Nesta Unidade de Estudo vamos explorar os demonstrativos financeiros e compreender seus 
fundamentos para que possamos, com base na sua análise, utilizar as informações na tomada de decisão.
Unidade de Estudo 3: ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA
Nesta Unidade estudaremos a análise dos demonstrativos financeiros com base em indicadores 
econômico-financeiros e estabeleceremos a relação entre eles, ampliando a visão sobre a avaliação do 
desempenho empresarial.
Unidade de Estudo 4: CICLO OPERACIONAL
Nesta Unidade, vamos incrementar o painel de indicadores. Estudaremos o ciclo operacional, que 
traz novas informações sobre a empresa, fazendo uma relação direta entre atividade operacional e os 
impactos econômico-financeiros, com reflexos na estrutura de capital. 
Unidade de Estudo 5: CAPITAL DE GIRO
Nesta Unidade estudaremos o Capital de giro, necessário para a empresa funcionar e um dos 
pontos estratégicos da administração financeira de curto prazo. Como avaliar a necessidade? Como 
financiar? Qual a necessidade de financiamento permanente? Essas são questões presentes no dia a 
dia das empresas e serão estudadas nesta Unidade.
Unidade de Estudo 6: GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO
A Unidade trata da administração do ativo de curto prazo,circulante, fundamental para a gestão 
financeira. Veremos também a relação do ciclo operacional com a estrutura de financiamento do capital 
de giro. Nesta Unidade, vamos discutir os aspectos fundamentais de gestão do disponível, dos valores 
a receber de clientes e dos estoques, que normalmente representam os principais valores patrimoniais.
Unidade de Estudo 7: GESTÃO DO FLUXO DO CAIXA
Nesta Unidade estudaremos a Gestão do Fluxo do Caixa: a entrada e a saída de recursos financeiros 
da empresa, o capital de giro e a tesouraria. 
Unidade de Estudo 8: ALAVANCAGEM EMPRESARIAL
Nesta unidade estudaremos as informações financeiras fornecidas pela Contabilidade e como 
elas podem ser úteis para a tomada de decisão. Também veremos o conceito de alavancagem e 
ponto de equilíbrio.
11Administração Financeira
Unidade de Estudo 9: INVESTIMENTO DE CAPITAL
A unidade tratará sobre a análise de projetos de investimentos, função essencial da Administração 
Financeira. Nossa abordagem será a econômica, em que a empresa deve transformar seus recursos em 
produtos e serviços demandados pelo mercado, gerando assim lucros que suportaram as necessidades 
de remuneração do capital, reinvestimento e gerando benefícios para a sociedade.
Unidade de Estudo 10: MERCADO FINANCEIRO
Nesta Unidade estudaremos as funções do administrador financeiro, que deve ter uma visão ampla do 
mercado financeiro, conhecer as entidades reguladoras, as entidades bancárias e seus principais produtos.
Unidade de Estudo 11: PRODUTOS FINANCEIRO
Nesta Unidade vamos detalhar os produtos financeiros utilizados pelas instituições financeiras para 
suprir as necessidades de seus clientes. O administrador financeiro deve ter conhecimento desses produtos 
e desenvolver um relacionamento bancário que propicie a utilização do crédito de forma planejada.
Unidade de Estudo 12: CUSTO DE CAPITAL
Nesta Unidade vamos estudar um aspecto estratégico da Administração Financeira: o custo de 
capital. Esse custo representa a remuneração exigida pelos credores e acionistas da empresa, indicando 
a criação de riqueza, objetivo da gestão, quando o lucro gerado pela operação supera a taxa requerida.
15Administração Financeira
UNIDADE DE ESTUDO 1
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
INTRODUÇÃO
A disciplina de Administração Financeira explora os principais conceitos e ferramentas para uma 
gestão financeira eficaz. Não esqueça que não importa qual área da Administração você mais gosta 
ou pensa em atuar profissionalmente, seja recursos humanos, marketing, operações e logística ou 
estratégia, você vai necessitar de seus conhecimentos em finanças para planejar e avaliar resultados, 
justificar decisões e atuar no processo de controle. 
Nosso objetivo nesta Unidade é contextualizar a gestão financeira dentro do cenário empresarial, 
fornecendo elementos básicos para o início do estudo da disciplina. Convido você para essa jornada!
1 A GESTÃO FINANCEIRA EMPRESARIAL
O objetivo principal da administração financeira, como todas as outras áreas relacionadas à gestão 
de negócios, é maximizar o valor da empresa ao longo prazo. Dessa forma estamos aumentando a 
riqueza de seus proprietários, além de trazer benefícios para toda a comunidade: funcionários, governo, 
clientes, fornecedores, entre outros.
Além do segmento das finanças empresarias, que é o nosso foco de aprendizagem, podemos 
destacar outros dois segmentos de estudo financeiro: 
 ▪ mercado financeiro, que estuda os mercados de capitais, de crédito, cambial e monetário;
 ▪ finanças pessoais, relacionado ao estudo e planejamento das finanças de pessoas físicas ou as 
finanças no âmbito familiar.
A gestão financeira empresarial tem como objeto de estudo a geração de lucro e fluxo de caixa 
ao longo do tempo, compatíveis com o grau de risco do empreendimento.
2 O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO
O papel da administração financeira envolve três naturezas distintas: operações, investimentos e 
financiamentos. Vamos detalhar cada uma a seguir.
QUADRO 1 – Funções do administrador financeiro
OPERAÇÕES INVESTIMENTOS FINANCIAMENTO
Envolvem atividades de: compra e 
venda de mercadorias; produção 
de bens e serviços; suprimento, 
armazenagem e distribuição; ações 
de propaganda e merchandising; 
atividades comerciais; pós-venda e 
prestação de garantias; gestão de 
pessoas; sistemas de informações; 
suporte jurídico; e outras atividades 
administrativas. Vale ressaltar que 
cada gestor operacional é respon-
sável pela geração dos resultados 
financeiros na sua área de atuação.
São atividades relacionadas à 
gestão dos ativos da empresa, 
dos investimentos necessários 
à operacionalização da empre-
sa: gestão de caixa; política de 
concessão de crédito e comer-
cial; administração das contas a 
receber; compras e gestão de 
estoques; controle dos investi-
mentos permanentes.
São atividades relacionadas à 
gestão dos passivos e patrimônio 
da empresa, das fontes de recur-
sos para financiar o investimento: 
políticas de relacionamento com 
fornecedores; relacionamento 
bancário; gestão das necessida-
des de recursos de curto e longo 
prazo, portanto, capital de tercei-
ros e próprio.
FONTE: O autor (2015)
16 Valter Pereira Francisco Filho
Para Hoji (2012), as funções do administrador financeiro de uma empresa são:
 ▪ análise, planejamento e controle financeiro;
 ▪ tomadas de decisões de investimentos; e
 ▪ tomadas de decisões de financiamentos.
Veja a seguir as áreas de atuação do gestor financeiro.
FIGURA 1 – Organograma da área de finanças
TESOURARIA
FINANÇAS
CONTROLADORIA
Administração de 
caixa
Créditos e contas 
a receber
Contas a pagar
Câmbio
Planejamento 
financeiro
Contabilidade 
financeira
Contabilidade de 
custos
Orçamentos
Administração de 
tributos
Sistemas de 
informações
FONTE: Hoji (2012)
Assaf Neto (2014) ressalta que o gestor financeiro moderno deve ter uma visão do todo da empresa 
e do ambiente, uma visão sistêmica. O bom desempenho empresarial depende da qualidade das 
decisões, nos diversos níveis gerenciais, que, por sua vez, são baseadas nas informações geradas pelos 
sistemas de informações, sejam operacionais ou econômico-financeiros.
3 DINÂMICA DAS DECISÕES FINANCEIRAS
Esse processo de tomada de decisão básico vem assumindo complexidades e riscos cada vez 
maiores, dentro da realidade brasileira. Os riscos estão relacionados à estabilidade do ambiente 
econômico, pois as variáveis ambientais influenciam diretamente a empresa. Entre as diversas variáveis 
podemos destacar:
Variáveis econômicas: juro nominal e efetivo; crescimento econômico; inflação; inadimplência; 
distribuição de renda; diferenças socioeconômicas regionais e oferta de crédito.
Variáveis políticas: políticas públicas de desenvolvimento; relacionamento com outros países; nível 
de endividamento governamental e carga tributária.
17Administração Financeira
Variáveis sociais: mercado de trabalho; hábitos de consumo; nível educacional; formação para o 
trabalho e organização familiar. 
Dentro do ambiente empresarial, como fica a dinâmica das decisões financeiras? Podemos traduzir 
conforme o esquema a seguir.
FIGURA 2 – Dinâmica das decisões financeiras
RESULTADOS DE 
CURTO PRAZO
RESULTADOS DE 
LONGO PRAZO
ATIVIDADES 
OPERACIONAIS
INVESTIMENTO
FINANCIAMENTO
DECISÃO TROCA
VARIÁVEIS AMBIENTAIS
VARIÁVEIS AMBIENTAIS
FONTE: O autor (2015)
As decisões financeiras relacionadas a operações, investimento e financiamento, devem ser balizadas 
pelos resultados esperados, havendo uma troca entre curto e longo prazo. A empresa é como um 
organismo vivo, que se adapta às variáveis ambientais, buscando um equilíbrio que otimize os objetivos 
e a capacidade financeira da empresa.
Vamos imaginar um exemplo, uma empresa precisa decidir entre duas opções:
a. ampliar a estrutura produtiva com a troca de máquinas antigas por novas; ou
b. fazer uma reforma nas máquinas atuais, ganhando mais produtividade e garantindo maisalgum 
período de vida útil ao equipamento. 
Perceba que a decisão terá impacto direto nas atividades operacionais da empresa, trazendo 
níveis de produtividade e custos distintos para cada opção. Da mesma forma, o nível de investimento, 
compra ou reforma, são distintos. Para cada opção teremos várias opções de financiamento, adaptadas 
às características do investimento, prazo e retorno. Tudo isso influenciado pelas variáveis do ambiente 
onde a empresa está inserida.
4 CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS NO SISTEMA ECONÔMICO 
Sistema econômico é a forma como a sociedade está organizada para produzir bens e serviços 
para a população. Engloba diversos fatores, entre eles a forma de propriedade dos meios de produção, 
a regulação tributária, o nível de geração de riqueza e consumo, o desenvolvimento tecnológico e as 
relações de trabalho.
A organização das informações econômicas passa por classificações que auxiliam a coleta de dados 
e a caracterização das empresas, facilitando a geração de informações sobre o ambiente, volume de 
vendas, emprego, desempenho etc., que auxiliam no planejamento financeiro. Vamos abordar algumas 
classificações importantes.
18 Valter Pereira Francisco Filho
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) utiliza a Classificação Nacional de Atividade 
Econômica (CNAE), adotada pelo Sistema Estatístico Nacional na produção de estatísticas por tipo 
de atividade econômica e pela Administração Pública, na identificação da atividade econômica em 
cadastros e registros de pessoa jurídica. Veja o exemplo a seguir.
QUADRO 2 – Estrutura detalhada da CNAE: códigos e denominações
Seção Divisão Grupo Classe Denominação
A
AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO FLORESTAL, PESCA E
AQUICULTURA
01
01.1
01.2
01.3
01.11-3
01.12-1
01.13-0 
01.14-8
01.15-6
01.16-4
01.19-9
01.21-1
01.22-9
01.31-8
01.32-6
01.33-4
01.34-2
01.35-1
01.39-3
AGRICULTURA, PECUÁRIA E SERVIÇOS RELACIONADOS
Produção de lavouras temporárias
Cultivo de cereais
Cultivo de algodão herbáceo e de outras fibras de lavoura temporária
Cultivo de cana-de-açúcar
Cultivo de fumo
Cultivo de soja
Cultivo de oleaginosas de lavoura temporária, exceto soja
Cultivo de plantas de lavoura temporária não especificadas anteriormente
Horticultura e floricultura
Horticultura
Cultivo de flores e plantas ornamentais
Produção de lavouras permanentes
Cultivo de laranja
Cultivo de uva
Cultivo de frutas de lavoura permanente, exceto laranja e uva
Cultivo de café
Cultivo de cacau
Cultivo de plantas de lavoura permanente não especificadas anteriormente
FONTE: IBGE (2007)
A utilização do CNAE na coleta de dados pelos diversos órgãos públicos cria comparabilidade, 
inclusive no plano internacional, além de uma série histórica, que possibilita sua utilização em várias 
atividades de gestão pública ou privada.
19Administração Financeira
Outra abordagem para classificação das empresas é o volume de geração de receita. Veja no 
quadro a seguir a classificação utilizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
QUADRO 3 – Classificação de empresas pela geração de receita
Classificação Receita operacional bruta anual
Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões
Pequena empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões
Média empresa Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões
Média-grande empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões
Grande empresa Maior que R$ 300 milhões
FONTE: BNDES (2015)
Outra classificação possível é com relação ao número de empregados. Veja no quadro a seguir o 
critério definido pelo IBGE e também utilizado pelo SEBRAE.
QUADRO 4 – Classificação de empresas pelo número de empregados
Indústria Comércio e Serviços
Micro: com até 19 empregados Micro: até 9 empregados
Pequena: de 20 a 99 empregados Pequena: de 10 a 49 empregados
Média: 100 a 499 empregados Média: de 50 a 99 empregados
Grande: mais de 500 empregados Grande: mais de 100 empregados
FONTE: IBGE (2007)
A partir dessas propostas de classificação os administradores financeiros podem buscar informações 
sobre empresas com características específicas, que auxiliem no planejamento e na comparação de resultados.
5 ABORDAGEM GERENCIAL CONTÁBIL
Padoveze (2010) caracteriza a Contabilidade Gerencial como o 
segmento da ciência contábil que congrega o conjunto de informações 
necessárias à administração que complementam as informações já 
existentes na Contabilidade Financeira. 
A contabilidade gerencial, diferentemente da financeira, tem foco 
nos usuários internos em qualquer nível da administração que necessite 
de informações para o processo de planejamento, controle e a tomada de 
decisão. Observe no quadro a seguir as particularidades de cada uma delas.
A Contabilidade Financeira 
é a contabilidade estrutura-
da para atender as deman-
das fiscais tributárias, de-
terminadas pela legislação.
20 Valter Pereira Francisco Filho
QUADRO 5 – Contabilidade Financeira versus Contabilidade Gerencial
Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial
Usuários dos relatórios Externos e internos Internos
Objetivo dos relatórios
Facilitar a análise financeira para 
as necessidades dos usuários 
externos.
Objetivo especial de facilitar o 
planejamento, controle, avaliação de 
desempenho e tomada de decisão 
internamente.
Forma dos relatórios
Balanço patrimonial, demonstração 
dos resultados, demonstração das 
origens e aplicações de recursos 
e demonstração das mutações do 
patrimônio líquido.
Orçamentos, contabilidade por 
responsabilidade, relatórios de 
desempenho, relatórios de custo, relatórios 
especiais não rotineiros para facilitar a 
tomada de decisão.
Frequência dos 
relatórios
Anual, trimestral e ocasionalmente 
mensal.
Quando necessário para administração.
Custos ou valores 
utilizados
Primariamente históricos 
(passados).
Históricos e esperados (previstos).
Bases de mensuração 
usadas para quantificar 
os dados
Moeda corrente.
Várias bases (moeda corrente, moeda 
estrangeira, moeda forte, medidas físicas, 
índices etc.).
Restrições nas 
informações fornecidas
Princípios contábeis geralmente 
aceitos.
Nenhuma restrição, exceto as determinadas 
pela administração.
Arcabouço teórico e 
técnico
Ciência contábil.
Utilização pesada de outras disciplinas, 
como economia, finanças, estatística; 
pesquisa operacional e comportamento 
organizacional.
Características da 
informação fornecida
Deve ser objetiva (sem viés), 
verificável, relevante e a tempo.
Deve ser relevante e a tempo, podendo ser 
subjetiva, possuindo menos verificabilidade 
e menos precisão.
Perspectiva dos 
relatórios
Orientação histórica.
Orientada para o futuro para facilitar o 
planejamento, controle e avaliação de 
desempenho antes do fato (para impor 
metas), acoplada com uma orientação 
histórica para avaliar os resultados reais 
(para o controle posterior do fato).
FONTE: Padoveze (2010)
Além disso, a característica principal do sistema de informação gerencial é incorporar todos os 
dados quantitativos necessários para mensuração, acumulação e análise das atividades operacionais e 
seus efeitos econômico-financeiros na empresa.
21Administração Financeira
Sendo assim, a Contabilidade Gerencial 
organiza e trata os dados financeiros por meio 
de modelos de mensuração e avaliação, ge-
rando informações essenciais para a tomada 
de decisão econômico-financeiras.
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N
TE: B
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e Im
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CONCLUSÃO
Terminamos nossa primeira Unidade de Estudo. Agora você já conhece a abrangência da 
gestão financeira das empresas e as áreas de atuação do profissional financeiro. Mas não se 
esqueça que gestão financeira deve ser praticada por todos na organização, já que as atividades 
operacionais têm impacto direto nos resultados financeiros. 
Estamos aptos, após o estudo desta Unidade inicial, a desenvolver os aspectos específicos 
da disciplina. Bom estudo!
22 Valter Pereira Francisco Filho
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Curso deadministração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BNDES. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/
porte.html>. Acesso em: 8 abr. 2015.
HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada; estratégias financeiras; 
análise, planejamento e controle financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnae2.0/cnae2.0.pdf>. 
Acesso em: 8 abr. 2015.
IBGE. Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Versão 2.o. Rio de Janeiro, 2007. 
PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São 
Paulo: Atlas, 2010.
SEBRAE. Disponível em: <http://www.sebrae-sc.com.br/leis/default.asp?vcdtexto=4154>. Acesso em: 8 abr. 2015.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: Método, 2015.
25Administração Financeira
UNIDADE DE ESTUDO 2
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
INTRODUÇÃO
O sistema de contabilidade da empresa é um sistema primário de informações. Todos os eventos 
econômico-financeiros são registrados, de acordo com sua competência ou quando geraram algum 
movimento financeiro, regime de caixa. Por isso é muito importante compreender as demonstrações 
financeiras e como elas podem apoiar a atividade de gestão financeira.
Nesta Unidade de Estudo vamos explorar os demonstrativos financeiros e compreender seus 
fundamentos para que possamos, com base na sua análise, utilizar as informações na tomada de decisão. 
1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Um dos elementos mais importantes na tomada de decisão é a análise de seus demonstrativos 
financeiros. Para Matarazzo (2003, p. 27), “o diagnóstico de uma empresa quase sempre começa com 
uma rigorosa análise de balanço, cuja finalidade é determinar quais são os pontos críticos e permitir, 
de imediato, apresentar um esboço das prioridades para solução de seus problemas”.
Na prática podemos perceber os reflexos das atividades operacionais e das decisões financeiras 
nas demonstrações financeiras. 
Vale ressaltar que cada “leitor” tem seu interesse específico: um fornecedor da empresa 
estará mais interessado em medir a capacidade de pagamento, ou seja, sua liquidez; um 
banco deve saber qual o grau de endividamento e o risco de insolvência; os gestores buscam 
indicadores da eficiência na utilização dos recursos disponíveis.
2 BALANÇO PATRIMONIAL
Conforme a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 – Lei das Sociedades Anônimas –, o balanço 
patrimonial é constituído pelo ativo, pelo passivo e pelo patrimônio líquido. O balanço patrimonial 
avalia a situação financeira e patrimonial da empresa numa determinada data, indicando os valores 
monetários de cada componente, sendo classificados de acordo com sua liquidez. 
2.1 ATIVO
O ativo representa os investimentos necessários para operacionalizar a atividade empresarial. 
Podem ser compreendidos como bens e direitos capazes de gerar resultados econômicos. Vamos aos 
grupos de contas:
Ativo Circulante – São classificados no ativo circulante os valores realizáveis no prazo de um ano. 
Por exemplo: no balanço patrimonial de 31 de dezembro serão classificados como circulante os valores 
que serão realizados até 31 de dezembro do ano seguinte. Caso o ciclo operacional da empresa seja 
superior a um exercício social, a classificação deverá ter como critério o prazo do ciclo, o que é fato raro.
Ativo Não Circulante – Nesse grupo são incluídas as contas permanentes ou de longa realização, 
separados em subgrupos:
http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm
26 Valter Pereira Francisco Filho
Ativo Realizável a Longo Prazo – Contas com características semelhantes ao circulante, porém 
com prazo de realização superior a um ano.
Investimentos – Representa participações em outras empresas com intenção de permanência. Os 
investimentos que a empresa tem a intenção de vender devem ser classificados no circulante.
Imobilizado – São os bens tangíveis da empresa, como edifícios, máquinas, veículos etc. 
Intangível – São os bens intangíveis da empresa, como marcas e patentes, software, fundo de 
comércio adquiridos, direitos de exploração de serviços públicos etc.
2.2 PASSIVO
O passivo compreende a fonte de financiamento do ativo. Para cada unidade monetária de 
investimento (ativo) devemos ter uma fonte de financiamento (passivo). São dois agrupamentos:
Passivo Circulante – O mesmo princípio utilizado no Ativo Circulante, o tempo de realização, 
aplicado ao passivo. São classificados neste grupo as obrigações, fontes de financiamento, que vencem 
no curto prazo.
Passivo Não Circulante – Nesse grupo fica os valores relacionados às fontes de financiamento que 
vencem num período superior a um ano. 
2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O patrimônio líquido é composto pelas contas de capital social, reservas de capital, reservas de lucro, 
além de lucros/prejuízos acumulados. São todos os valores relacionados ao capital próprio da empresa.
Observe no QUADRO 1, a estrutura do balanço patrimonial.
QUADRO 1 – Estrutura do balanço patrimonial
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Disponível – caixa, bancos e aplicações Obrigações sociais e trabalhistas
Contas a receber – Clientes Fornecedores
Estoques Obrigações tributárias – Tributos indiretos
Tributos a recuperar Obrigações tributárias – IR e CSLL
Adiantamento de fornecedores Empréstimos e financiamentos
Despesas pagas antecipadamente Outras obrigações
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Ativo realizável a longo prazo Empréstimos e financiamentos
Valores a receber de coligadas/controladas Empréstimos de coligadas/controladas
Tributos diferidos Outras obrigações
Depósitos judiciais PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimento Capital social
Imobilizado Reservas de capital
Intangível Reservas de lucro
FONTE: O autor (2015)
27Administração Financeira
3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
A demonstração de resultados do exercício visa fornecer, segundo Assaf Neto (2009), de forma 
estruturada, os lucros ou prejuízos apurados pela empresa em determinado exercício social. O lucro é 
resultante de receitas deduzidas de custos e despesas incorridos no período e apropriados segundo o 
regime de competência. Veja a estrutura proposta.
QUADRO 2 – Estrutura da demonstração de resultado do exercício – Indústria
Demonstração de Resultado do Exercício - DRE
RECEITA BRUTA DE VENDAS
(-) DEDUÇÕES, DESCONTOS CONCEDIDOS, DEVOLUÇÕES
(-) IMPOSTOS SOBRE VENDAS
= RECEITA LÍQUIDA
(-) CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS
= LUCRO BRUTO
(-) DESPESAS COM VENDAS, MARKETING E LOGÍSTICA
(-) DESPESAS ADMINISTRATIVAS
(-) OUTRAS DESPESAS (RECEITAS) OPERACIONAIS
= LUCRO OPERACIONAL
(+) RECEITAS FINANCEIRAS
(-) DESPESAS FINANCEIRAS
(=/-) OUTRAS DESPESAS (RECEITAS) NÃO OPERACIONAIS
= LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
(-) IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
FONTE: O autor (2015)
Vamos detalhar a estrutura da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE):
 ▪ Receita bruta de vendas – Refere-se ao valor nominal das vendas realizadas aos clientes.
 ▪ Deduções, descontos concedidos, devoluções – São reduções da receita bruta decorrentes de 
descontos comerciais, cancelamentos de vendas etc.
 ▪ Custo dos produtos vendidos – Representam os valores dos custos incorridos na produção dos 
bens comercializados pela empresa; no caso de prestação de serviços o termo utilizado é Custo 
dos Serviços Prestados, e no caso de comércio Custo da Mercadoria Vendida.
 ▪ Despesas com vendas, marketing e logística – Refere-se ao esforço da empresa em obter 
receitas, incluindo comissões de venda, atividades promocionais e de publicidade, entrega de 
produtos aos clientes, entre outras.
 ▪ Despesas administrativas – São decorrentes da estrutura administrativa da empresa, relacionados 
à gestão financeira,de recursos humanos, sistemas de informação, por exemplo.
 ▪ Receitas e despesas financeiras – Esses valores estão após o luro operacional, pois são 
decorrentes de decisões de financiamento das atividades operacionais. Representam juros 
pagos ou recebidos, taxas e despesas decorrentes de operações financeiras, bem como variação 
cambial;
28 Valter Pereira Francisco Filho
 ▪ Receitas e despesas não operacionais – São valores restritos a prejuízos e lucros provenientes 
de baixas de ativo imobilizado ou investimentos.
 ▪ Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social – Essa é a base de cálculo do imposto 
sobre o lucro para as empresas no regime do lucro real. Em outras situações como lucro presumido 
ou simples nacional, a base de cálculo dos impostos é a receita.
 ▪ Impostos de renda e contribuição social – São os impostos pagos sobre o lucro, no caso das 
empresas no lucro real.
 ▪ Lucro líquido do exercício – É o lucro disponível para pagamento. 
Não podemos esquecer que a demonstração de resultado do exercício é apresentada de forma 
cumulativa. A DRE de dezembro terá os valores acumulados desde janeiro do mesmo ano. 
Para utilização em análises específicas, ele pode ter seus valores acumulados mensalmente, 
trimestralmente ou semestralmente, por exemplo.
4 NOTAS EXPLICATIVAS
Representam complementação das informações contidas nos demonstrativos financeiros, úteis 
para um melhor entendimento da situação financeira e patrimonial da empresa.
Além de informações gerais da empresa, são informadas as principais práticas contábeis e os 
detalhes das contas patrimoniais e de resultados. Veja exemplos de notas explicativas.
FIGURA 1 – Notas explicativas – informações gerais
FONTE: Natura (2014)
Nessa nota temos o detalhamento dos valores a receber de clientes e da provisão para devedores 
duvidosos. Além disso, podemos avaliar o perfil de atraso dos clientes.
29Administração Financeira
FIGURA 2 – Notas explicativas – contas a receber de clientes
FONTE: Natura (2014)
As informações são sempre comparativas entre o exercício encerrado e o exercício anterior, 
fornecendo as tendências daqueles dados. No exemplo da nota explicativa das contas a receber, 
podemos observar uma redução dos valores vencidos em até 30 dias, porém nas demais faixas há um 
acréscimo, incluindo a provisão para devedores duvidosos.
FIGURA 3 – Notas explicativas – estoques
FONTE: Natura (2014)
Nessa nota explicativa podemos observar a composição dos estoques, o que facilita a avaliação 
da utilização dos recursos e o giro.
30 Valter Pereira Francisco Filho
5 PARECER DA AUDITORIA INDEPENDENTE
Acompanhando as demonstrações financeiras, a publicação do parecer dos auditores independentes 
é obrigatória para as empresas de capital aberto e para instituições financeiras da esfera de controle 
do Banco Central do Brasil. Para Assaf Neto (2009), o parecer parte de uma introdução, relata os 
procedimentos de auditoria e as responsabilidades da administração e dos auditores, gerando uma 
opinião de adequação dos demonstrativos as normas e legislação vigentes. 
FIGURA 4 – Parecer de auditoria – introdução e opinião
FONTE: Natura (2014)
31Administração Financeira
6 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Quando falamos da análise das demonstrações financeiras da empresa, precisamos destacar em 
primeiro lugar os principais usuários do processo.
QUADRO 3 – Principais usuários das Demonstrações Financeiras
USUÁRIO ANÁLISE REALIZADA
Interno
Proprietários e acionistas Rentabilidade do capital investido.
Gestores
Eficiência econômico-financeira e operacional; resultados planejados 
versus realizados.
Externo
Fornecedores Liquidez de curto prazo.
Cliente Capacidade operacional de cumprimento de contratos.
Bancos Endividamento; estrutura de capital; liquidez de curto e longo prazo.
Governo Apuração e recolhimento de tributos.
Investidores Capacidade operacional de geração de caixa (valuation).
FONTE: O autor (2015)
A tomada de decisão é um processo inerente ao gestor. No foco da disciplina, o gestor deve escolher 
quais são os indicadores relevantes para o planejamento e controle de sua atividade. O planejamento 
definirá o padrão de controle do indicador, ou seja, qual valor é esperado como resultado. A partir da 
comparação do padrão com o efetivamente realizado, busca-se diagnosticar as causas das variações.
FIGURA 5 – Processo de tomada de decisão
1
ESCOLHA DOS 
INDICADORES
2
COMPARAÇÃO 
COM PADRÕES
3
DIAGNÓSTICO 
OU CONCLUSÕES
4
DECISÕES
Análise
Etapas
FONTE: Matarazzo (2003)
Olhando sob o aspecto empresarial, seu maior benefício é o suporte a tomada de decisão, 
garantindo a correção de rumo no caso de desempenho inferior ao esperado. Além disso, podemos 
reforçar as ações que estão gerando um bom desempenho.
32 Valter Pereira Francisco Filho
6.1 TÉCNICAS DE ANÁLISE
As principais técnicas de análise de balanço apontadas por Assaf Neto (2009) são: 
 ▪ Análise horizontal – Identifica a evolução dos diversos elementos ao longo do tempo. Possibilita 
a comparação de dados de períodos diferentes e evidência sua tendência de comportamento.
 ▪ Análise vertical – Permite conhecer a estrutura financeira e econômica da empresa, ou seja, a 
participação relativa de cada elemento patrimonial e de resultados.
 ▪ Indicadores econômico-financeiros – Fazem a relação entre elementos afins das demonstrações 
financeiras de forma a extrair conclusões sobre a situação da empresa. Existem diversos índices 
úteis para análise, sendo metodologicamente agrupados em liquidez, operacional ou atividade, 
rentabilidade, endividamento, geração de valor.
 ▪ Diagrama de índices – Trata-se da decomposição dos elementos que exercem influência nos índices. 
A elaboração é mais adotada quando se estuda a rentabilidade da empresa, sendo o modelo ROI 
(Retorno sobre o Investimento Operacional) amplamente conhecido pelos analistas financeiros.
O processo de utilização de índices segue três fases: a primeira é a aplicação da fórmula do índice, 
apenas identificar os números e realizar a operação matemática; a segunda fase é a interpretação do 
significado do resultado; a maior dificuldade está na terceira fase, onde devemos contextualizar o resultado, 
avaliar se ele é bom ou não, para isso podemos utilizar a comparação. Assaf Neto (2009) destaca que 
a análise dos demonstrativos financeiros é fundamentalmente comparativa, destacando dois aspectos:
 ▪ Temporal – envolve a comparação de períodos anteriores, preferencialmente de pelos menos 
três exercícios;
 ▪ Interempresarial – relacionando o desempenho de uma empresa com o setor de atividade e o 
mercado em geral, onde podemos levar em consideração aspectos regionais e o porte da empresa.
Acrescentamos, ainda, mais um aspecto fundamental na utilização comparativa de índices:
 ▪ Planejado versus realizado – Aqui podemos avaliar a capacidade de planejamento da empresa, 
sendo um instrumento importante de aprendizagem empresarial, que possibilitará a evolução 
do modelo de gestão.
CONCLUSÃO
Agora você conhece a estrutura e informações disponíveis nas demonstrações financeiras. 
Você pode fazer a correlação entre as atividades operacionais e as diversas contas do balanço 
patrimonial ou da demonstração de resultados. 
Além disso, descrevemos as técnicas de análise utilizadas na Administração Financeira. 
Podemos partir para a prática de análise, que será o assunto da próxima Unidade de estudo. 
33Administração Financeira
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanço: um enfoque econômico-financeiro. 8. ed. São Paulo: 
Atlas, 2009.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: 
Atlas, 2003.
NATURA Cosméticos S.A. Demonstrações financeiras. 31 de dezembro de 2014. Disponível em: <http://natu.
infoinvest.com.br/ptb/5171/Demonstra%E7%F5es%20Financeiras%20Anuais%20Completas%202014.pdf>. 
Acesso em: 4 abr. 2015.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica:contabilidade introdutória e intermediária. 9. ed. São 
Paulo: Atlas, 2014.
37Administração Financeira
UNIDADE DE ESTUDO 3
ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA
INTRODUÇÃO
Controlar é estabelecer padrões e medidas de desempenho que permitam assegurar que as ações 
empregadas são as mais adequadas para o atingimento dos resultados. A utilização de indicadores 
auxilia muito o processo de controle e avaliação de desempenho, mas não podemos esquecer que para 
sua efetividade devemos planejar os resultados esperados para os indicadores.
Nossa ênfase está nos indicadores econômico-financeiros, porém a leitura e compreensão fica 
muito mais fácil e clara quando acompanhada de indicadores operacionais.
Nesta Unidade vamos desenvolver a análise dos demonstrativos financeiros com base em 
indicadores econômico-financeiros e estabelecer a relação entre eles, ampliando nossa visão sobre a 
avaliação do desempenho empresarial.
1 ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
Para uma avaliação econômico-financeira 
bem feita é necessário um conjunto de indicadores. 
Esse conjunto deve ser balanceado entre diversos 
tipos de indicadores, que evidenciarão qual a 
situação da empresa, de uma forma holística. 
Não é possível analisar a situação de uma empresa avaliando apenas um indicador.
É necessário que a empresa tenha boas informações, incluindo balanço patrimonial e demonstração 
de resultados. Em muitos momentos será necessária a utilização de informações adicionais para 
compreender melhor o comportamento do indicador, por exemplo, as notas explicativas. 
Nas empresas com áreas de Controladoria bem estruturadas é muito provável que o nível de 
dificuldade seja mínimo. Já em pequenas e médias empresas, com a contabilidade sendo realizada 
externamente e com sistemas de informações desintegrados e vários controles paralelos em planilhas, 
as dificuldades serão significativas para a geração de informações confiáveis e oportunas.
É importante destacar termos que precisam ser muito bem definidos, segundo Matarazzo (2003), 
evitando assim conclusões confusas. Observe o QUADRO 1 a seguir.
QUADRO 1 – Ciclo Operacional
Econômico Financeiro
Refere-se ao lucro, no sentido dinâmico de movimentação. 
Estaticamente refere-se ao patrimônio líquido.
Refere-se ao dinheiro. De forma dinâmica representa a 
entrada e saída de recursos do caixa da empresa. De 
forma estática representa o saldo de caixa, do disponível 
da empresa. O termo pode ser usado de forma mais 
ampla, referindo-se ao caixa circulante líquido.
FONTE: Matarazzo (2003)
Na sequência vamos desenvolver os diversos grupos de indicadores econômico-financeiros, 
detalhando seus objetivos e quais são os aspectos avaliados a partir deles. Vale ressaltar que para 
desenvolver uma abordagem holística é necessário analisar um conjunto de indicadores, garantindo a 
avaliação por várias dimensões.
A palavra holístico foi criada a 
partir do termo holos, que em 
grego significa todo ou inteiro.
38 Valter Pereira Francisco Filho
2 INDICADORES DE LIQUIDEZ
Para Assaf Neto (2009), os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira de uma 
empresa frente a seus diversos compromissos financeiros. Estamos falando da capacidade de honrar 
os compromissos nos prazos previamente acordados com os credores.
FIGURA 1 – Indicador de liquidez imediata
LIQUIDEZ IMEDIATA
Liquidez Imediata = Disponível/Passivo Circulante
FONTE: Assaf Neto (2009)
Esse indicador revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condições de serem 
liquidadas imediatamente.
FIGURA 2 – Indicador de liquidez seca
LIQUIDEZ SECA
Liquidez Seca =
Ativo Circulante – Estoques – Despesas Antecipadas
Passivo Circulante
FONTE: Assaf Neto (2009)
Essencialmente a liquidez seca determina a capacidade de pagamento considerando o disponível 
e os valores a receber. É indicado para situações em que a empresa perde a capacidade de transformar 
seu estoque em receita, por exemplo, a perda do estoque devido a um incêndio, proibição da vigilância 
sanitária para produzir etc.
FIGURA 3 – Indicador de liquidez corrente
LIQUIDEZ CORRENTE
Liquidez Corrente =
 Ativo Circulante 
Passivo Circulante
FONTE: Assaf Neto (2009)
A liquidez corrente indica o quanto de ativo circulante existe para cada R$1 de dívida de curto 
prazo, representado pelo passivo circulante. Caso o indicador seja maior que 1, significa que o capital 
circulante líquido é positivo, trazendo tranquilidade para a empresa.
FIGURA 4 – Indicador de liquidez geral
LIQUIDEZ GERAL
Liquidez Geral =
Ativo Circulante + Ativo Realizável em Longo Prazo
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
Nesse indicador devemos entender como ativo realizável em longo prazo o ativo não circulante, 
deduzido dos investimentos, imobilizado e intangível. Esse indicador revela a liquidez considerando os 
valores realizáveis superior a 1 ano. Será indicado para cada R$1 que a empresa tem de dívida quanto 
temos de direitos a receber, considerando o circulante e o não circulante de longo prazo.
39Administração Financeira
3 INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO
Diversos indicadores podem ser utilizados para análise do endividamento de uma empresa. Vamos 
relacionar os índices mais utilizados, como os indicadores de endividamento, dependência financeira e 
imobilização dos capitais permanentes, detalhados a seguir.
FIGURA 5 – Indicador de endividamento
ENDIVIDAMENTO
Endividamento =
 Passivo Total
Patrimônio Líquido
FONTE: Assaf Neto (2009)
Esse indicador mostra o quanto de capital de terceiro foi tomado para cada R$1 de capital próprio.
FIGURA 6 – Indicador de dependência financeira
DEPENDÊNCIA FINANCEIRA
Dependência Financeira =
Passivo Total
 Ativo Total
FONTE: Assaf Neto (2009)
Esse indicador revela qual a participação dos recursos de terceiros em relação ao montante total 
de investimentos, o ativo. Esse indicador deve ser demonstrado no formato percentual.
FIGURA 7 – Indicador de imobilização dos capitais permanentes
GRAU DE IMOBILIZAÇÃO DOS CAPITAIS PERMANENTES
Grau de Imobilização dos 
Capitais Permanentes =
Investimentos + Imobilizado + Intangível
Patrimônio Líquido + Passivo Não Circulante
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
O índice aponta qual o nível de imobilização dos recursos permanentes de longo prazo. Deve ser 
indicado no formato percentual. 
Se o resultado for de 0,726, significa que 72,6% dos recursos estão alocados aos ativos com 
características permanentes, sendo o restante aplicado no financiamento do capital de giro. 
Se o índice apresentar um resultado superior a 1,0 (100%), indica que os recursos de longo 
prazo não são suficientes para financiar os investimentos permanentes, sendo necessário 
recorrer a recursos de curto prazo para esse fim. É um sinal de desequilíbrio financeiro.
4 INDICADORES DE RENTABILIDADE
Para Padoveze (2014), patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma 
empresa (de uma entidade). São aqueles itens que a civilização convencionou chamar de riquezas por 
serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca), tangíveis (característica de poder ser movimentado 
e ser tocado fisicamente), desejáveis etc. Esse é o foco da gestão financeira: gerar riqueza aos sócios.
40 Valter Pereira Francisco Filho
Os indicadores de rentabilidade são os indicadores de medição do retorno sobre os investimentos 
e as receitas auferidas. Significa que queremos avaliar o quanto de retorno temos em relação ao total 
de investimentos necessários à operação, ativos, bem como em relação ao total investido pelo sócio, 
patrimônio líquido. Ampliando a análise temos as margens relacionadas à receita gerada pela empresa, 
em diversos níveis: bruta, operacional e líquida, de acordo com os gastos e resultados considerados 
na dedução das receitas.
FIGURA 8 – Indicador de margem bruta
MARGEM BRUTA
Margem Bruta =
 Lucro Bruto
Vendas Líquidas
FONTE: Montoto (2014)
A margem bruta é o resultado gerado após a dedução dos custos do produtovendido, dos serviços 
prestados ou das mercadorias vendidas, das receitas líquidas de vendas.
FIGURA 9 – Indicador de margem operacional
MARGEM OPERACIONAL
Margem Operacional =
Lucro Operacional
 Vendas Líquidas
FONTE: Montoto (2014)
O lucro operacional não envolve os resultados financeiros, receitas e despesas. Essas são decorrentes 
de decisões não operacionais. Podemos entender a margem operacional como o índice de eficiência 
das atividades da empresa, independente dos impactos relacionados às decisões de financiamento. 
FIGURA 10 – Indicador de margem líquida
MARGEM LÍQUIDA
Margem Líquida =
 Lucro Líquido
Vendas Líquidas
FONTE: Montoto (2014)
A margem líquida considera todos os gastos incorridos/deduzidos da receita. É o valor disponível 
aos sócios para realizar distribuições e reinvestimentos na empresa.
FIGURA 11 – Indicador de rentabilidade do patrimônio líquido
RETORNO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Retorno do Patrimônio Líquido =
 Lucro Líquido
Patrimônio Líquido
FONTE: Montoto (2014)
41Administração Financeira
O retorno sobre o patrimônio líquido, também chamado de ROE (Return on Equity), é o indicador 
dos sócios que demonstra o retorno do capital próprio.
FIGURA 12 – Indicador de rentabilidade do ativo
RETORNO DO ATIVO
Retorno do Ativo = Margem Líquida X Giro do Ativo
Retorno do Ativo = Lucro Líquido X Vendas Líquidas Vendas Líquidas Ativo Total
Retorno do Ativo =
Lucro Líquido 
 Ativo Total
FONTE: Montoto (2014)
ATENÇÃO
Com esse painel de indicadores temos os fatores básicos para análise da situação 
econômico-financeira empresarial, porém o assunto não está esgotado. Podemos buscar 
variações ou outros indicadores complementares. 
O mais importante é lembrar que os indicadores têm três naturezas possíveis: 
econômicas, financeiras e operacionais. Os indicadores operacionais são aqueles que 
trarão reflexo sobre os econômico-financeiros.
Um indicador de reclamações de clientes pode refletir, no momento 
seguinte, numa queda de vendas; um aumento do índice de absenteísmo 
pode reduzir a produtividade e, por consequência, o custo da produção. 
Nesse sentido, a leitura dos indicadores econômico-financeiros, junto com 
um painel de indicadores operacionais, trará mais consistência na tomada de 
decisão. É necessário eleger quais indicadores operacionais são relevantes 
e vinculados aos resultados.
5 INDICADOR FINANCEIRO GLOBALIZADO
Para Gonçalves (1998, p. 1), 
globalização pode ser definida como a interação de três processos distintos, que 
têm ocorrido ao longo dos últimos vinte anos, e que afetam as dimensões financeira, 
produtiva-real, comercial e tecnológica das relações econômicas internacionais. Estes 
processos são: a expansão extraordinária dos fluxos internacionais de bens, serviços e 
capitais; o acirramento da concorrência nos mercados internacionais; e a maior integração 
entre os sistemas econômicos nacionais.
42 Valter Pereira Francisco Filho
Para Assaf Neto (2009), as vantagens competitivas e estratégias aplicadas pela empresa geram 
necessidades de indicadores específicos que destaquem os efeitos planejados. Desta forma, as empresas 
vêm redescobrindo os indicadores tradicionais do campo de finanças, porém formulados de maneira 
bastante moderna e sofisticada e disseminam seu uso de forma globalizada. O EBITDA é um caso do 
indicador globalizado. 
EBITDA – Seu acrônimo vem do inglês – Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/
Depletion and Amortization. Fazendo uma tradução livre temos algo como lucro antes 
dos juros, impostos, depreciação/exaustão e amortização.
Earning Before Interest:
Lucro antes do juros pode ser traduzido como o lucro 
operacional que não considera o efeito do resultado 
financeiro, juros recebidos e pagos; 
Taxes:
Impostos indicados são os aplicados sobre os lucros, 
não se trata dos impostos sobre a receita; 
Depreciation/Depletion and Amortization:
A depreciação, exaustão e amortização se referem 
às parcelas.
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Observe na TAB. 1 o demonstrativo do EBITDA da empresa BRF S.A. Fica claro que a partir do lucro 
líquido foram somadas as parcelas de imposto de renda e contribuição social, o resultado financeiro 
líquido, além das depreciações e amortizações. O ajuste com relação ao EBITDA total refere-se às 
operações vendidas pela companhia, conforme notas explicativas.
O EBITDA indica a capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa. A lógica do 
indicador é que quanto maior o EBITDA, maior a eficiência de geração de caixa proveniente da atividade 
operacional e, por consequência, uma boa capacidade de remunerar o capital e os investimentos.
TABELA 1 – Demonstrativo do EBITDA – BRF S.A.
FONTE: BRF (2015)
43Administração Financeira
CONCLUSÃO
Nesta Unidade de estudo desenvolvemos diversos indicadores que permitem avaliar a 
situação econômico-financeira das empresas. Para que possamos ampliar seu conhecimento, 
sugerimos que faça uma pesquisa junto à sua empresa de quais indicadores são utilizados para 
controle e avaliação. Cada empresa elege quais são os indicadores relevantes para seu processo 
de gestão, planejando, controlando e avaliando de forma consistente seus resultados.
O demonstrativo da Natura S.A. busca dar uma visão integrada entre o EBITDA e a DRE, indicando 
as variações ocorridas no período.
A grande novidade de EBITDA é que a análise do desempenho global é realizada pela capacidade 
de gerar caixa, sem levar em consideração fatores que poderiam distorcer a análise entre empresas em 
países diferentes: ambiente econômico em particular, a taxa de juros praticada; legislação tributária; e 
políticas de depreciação.
TABELA 2 – Demonstrativo do EBITDA – Natura Cosméticos S.A.
FONTE: Natura (2015)
44 Valter Pereira Francisco Filho
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanço: um enfoque econômico-financeiro. 8. ed. 4. reimpr. 
São Paulo: Atlas, 2009.
BRF. Relatório Anual e de Sustentabilidade 2014. Disponível em: <http://ri.brf-global.com/conteudo_pt.asp?idio
ma=0&tipo=52159&conta=28>.Acesso em: 04 abr. 2015. 
GONÇALVES, Reinaldo. A nova economia internacional: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: 
Atlas, 2003.
MONTOTO, Eugênio; LENZA, Pedro (Coord.). Contabilidade geral e análise de balanços esquematizado. 3. ed. 
rev. e atual. com exercícios resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2014.
NATURA. Relatório Anual 2014 - Website/ Versão Completa Demonstrações financeiras. Disponível em: <http://
natu.infoinvest.com.br/ptb/5171/Demonstra%E7%F5es%20Financeiras%20Anuais%20Completas%202014.pdf>. 
Acesso em: 04 abr. 2015. 
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária. 9. ed. São 
Paulo: Atlas, 2014.
47Administração Financeira
UNIDADE DE ESTUDO 4
CICLO OPERACIONAL
INTRODUÇÃO
O ciclo operacional para uma indústria representa o tempo necessário para que os insumos sejam 
adquiridos, transformados em produtos acabados e vendidos; também contamos com os valores 
dos clientes a serem recebidos; e não podemos esquecer que durante o caminho há o pagamento 
aos fornecedores. A administração desse ciclo é de extrema relevância para as empresas, pois está 
relacionado diretamente ao financiamento da atividade operacional, do funcionamento do negócio.
Nesta Unidade de Estudo, vamos incrementar nosso painel de indicadores! O ciclo operacional traz 
novas informações sobre a empresa, fazendo uma relação direta entre atividade operacional e impactos 
econômico-financeiros, com reflexos na estrutura de capital, assunto da próxima Unidade.
1 INDICADORES DE ATIVIDADE
Os indicadores de atividade refletem as práticas de gestão da empresa, no que se refere ao 
gerenciamento dos estoques, políticas de crédito e de prazo aos clientes e negociação de prazos com 
fornecedores. Para Assaf Neto (2009),eles permitem que seja analisado o desempenho operacional 
da empresa e de suas necessidades de investimento em giro.
Ribeiro (2009, p. 191) indica que 
[...] os quocientes de rotação, também conhecidos por quocientes de atividades, 
obtidos pelo confronto dos elementos da Demonstração do Resultado do Exercício 
com elementos do Balanço Patrimonial, evidenciam o tempo necessário para que os 
elementos do Ativo se renovem.
Vamos descrever os principais indicadores dessa categoria e avaliar a construção do ciclo operacional.
1.1. PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM
Com relação ao estoque, temos variações de acordo com a característica da atividade empresarial. 
Se falarmos de uma empresa comercial, que não agrega valor aos seus estoques, onde temos apenas 
o custo de aquisição da mercadoria para revenda, vamos calcular um único índice.
FIGURA 1 – Indicador de prazo médio de estocagem – comércio
PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM (PME) COMÉRCIO
Prazo Médio de 
Estocagem =
Estoque Médio de Mercadorias X 360
 Custo da Mercadoria Vendida 
FONTE: Assaf Neto (2009)
Esse indicador será calculado em número de dias, ou seja, quantos dias em média a mercadoria 
fica estocada, do momento da compra até a sua venda.
48 Valter Pereira Francisco Filho
ATENÇÃO
Quando utilizamos o termo estoque médio, significa que o melhor número para 
utilizar no cálculo é efetivamente a média do saldo dos estoques mensais.
GRÁFICO 1 – Saldo do estoque para cálculo do prazo médio
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
250
200
150
100
50
0
Saldo médio
Saldo do Estoque
FONTE: O autor (2015)
Observe que no GRÁF. 1 que a empresa possui uma grande variação. Caso não estejam disponíveis 
os saldos de vários períodos para que seja feita uma média, podemos utilizar o saldo final, constante do 
balanço patrimonial, mas conscientes de que teremos uma pequena distorção no resultado do indicador.
Perceba que na fórmula da FIG. 1 há a multiplicação por 360. Essa multiplicação refere-se ao 
acúmulo do Custo da Mercadoria Vendida, que deverá ser o valor anual constante na Demonstração 
de Resultado do Exercício (DRE). Caso a análise seja semestral, e os valores do Custo da Mercadoria 
Vendida sejam de apenas 6 meses, devemos utilizar como multiplicador 180, ajustando sempre que 
necessário: mensal – multiplicar por 30; trimestral – multiplicar por 90 etc.
Outra forma de verificar a atividade é calcular o giro do estoque:
FIGURA 2 – Indicador de giro do estoque
GIRO DO ESTOQUE – COMÉRCIO 
Giro do Estoque =
Custo da Mercadoria Vendida
Estoque Médio de Mercadorias
FONTE: Ribeiro (2009)
49Administração Financeira
Esse indicador demonstrará quantas vezes o estoque gira no período. Uma empresa com prazo 
médio de estocagem de 30 dias, girará os estoques 12 vezes no ano. O giro de estoque tem o mesmo 
objetivo do prazo médio de estocagem, mas eles diferem no formato de apresentação. 
Mudando a atividade empresarial para a industrial, podemos dividir o giro do estoque em três 
partes: matéria-prima, produto em elaboração e produto acabado.
FIGURA 3 – Fluxo dos estoques na indústria
MATÉRIA-PRIMA
PRODUTOS EM 
ELABORAÇÃO
PRODUTO 
ACABADO
Compra
Venda
Prazo médio de 
estocagem de 
matéria-prima
Prazo médio de 
produção
Prazo médio de 
estocagem de 
produto acabado
Prazo médio de estocagem
Consumo
Produção
FONTE: O autor (2015)
Assim, podemos dividir o prazo médio em três partes. A matéria-prima pode ter sua análise baseada 
no consumo, representado pela transferência para a produção.
FIGURA 4 – Indicador de prazo médio de estocagem de matéria-prima
PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM DE MATÉRIA-PRIMA
Prazo Médio de Estocagem 
de Matéria-prima =
Estoque Médio de Matéria-prima X 360
Consumo anual
FONTE: Assaf Neto (2009)
Já o processo produtivo pode ser medido pela transferência de produção acabada, transferida ao 
estoque de produtos acabados.
FIGURA 5 – Indicador de prazo médio de fabricação
PRAZO MÉDIO DE PRODUÇÃO
Prazo Médio de 
Produção =
Estoque Médio de Produtos em Elaboração X 360
Custo de Produção Acabada
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
50 Valter Pereira Francisco Filho
Esse indicador é muito útil quando o 
lead time de produção for significativo. 
Para verificar a última fase, o estoque 
de produto acabado, devemos realizar a 
medição pelo custo do produto vendido 
acumulado na DRE.
FIGURA 6 – Indicador de prazo médio de estocagem de produto acabado
PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM DE PRODUTO ACABADO 
Prazo Médio de Estocagem 
de Produto Acabado =
Estoque Médio de Produto Acabado X 360
Custo de Produto Vendido
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
Para que seja realizada uma análise desagregada, considerando cada um dos estoques, é 
necessário ter as informações detalhadas de cada estoque. Em muitos casos devemos realizar, devido 
a informações gerais, apenas o prazo médio de estocagem geral da empresa por meio da fórmula 
do Prazo Médio de Estocagem.
FIGURA 7 – Indicador de prazo médio de estocagem geral da indústria
PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM (PME) INDÚSTRIA 
Prazo Médio de Estocagem =
 Estoque Médio Total X 360
Custo de Produto Vendido
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
Da mesma forma, a análise geral não infor-
mará o giro das diversas categorias ou famílias ou 
o próprio produto. Para isso, utilizamos o termo 
Stock Keeping Unit (SKU).
Por meio do SKU é possível pesquisar e 
identificar exatamente qual produto foi vendido, 
entregue ou trocado. Grandes empresas trabalham 
com milhares de SKUs, apresentando variações 
significativas entre os produtos.
1.2 PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE CLIENTES
Esse indicador calcula o tempo médio entre o momento da venda e do efetivo recebimento dos 
clientes. Essa medida decorre das políticas de cobrança da empresa, em que o prazo de pagamento 
dado ao cliente é um dos principais componentes, junto com a análise de crédito e a forma de cobrança. 
Esse indicador é fortemente influenciado pela prática do segmento.
Se o segmento da empresa tem como hábito vender em três parcelas de 30/60/90 dias, 
qualquer prática diferente normalmente deve ser acompanhada de algum benefício ao 
cliente, como um desconto para reduzir o prazo de pagamento.
Lead Time: pode ser compreendido como o tempo 
transcorrido do início de uma operação até sua conclusão. 
Nesse caso em específico, o tempo transcorrido do início 
do processo produtivo até a geração do produto acabado, 
transferido para o estoque.
Stock Keeping Unit (Unidade de Manutenção de 
Estoque). É definido como um identificador único 
de um produto e é utilizado para manutenção de 
estoque. O mesmo produto pode ter apresentações 
diferentes, por exemplo, refrigerante em pacote 
com 6 ou com 12 latas, sendo cada uma dessas 
apresentações uma unidade distinta.
51Administração Financeira
FIGURA 8 – Indicador de prazo médio de recebimento de venda
PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDA
Prazo Médio de 
Recebimento de Venda =
Saldo Médio do Contas a Receber X 360
Vendas Anuais
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
1.3 PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES
O prazo médio de pagamento aos fornecedores também é influenciado pelas práticas do segmento. 
A redução de prazo normalmente é acompanhada de um desconto do preço de aquisição e vice-versa.
FIGURA 9 – Indicador de prazo médio de pagamento aos fornecedores
PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES
Prazo Médio de Pagamento 
aos Fornecedores =
Saldo Médio dos Fornecedores a Pagar X 360
Compras Anuais
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
2 CICLO OPERACIONAL, ECONÔMICO E FINANCEIRO
Para Montoto (2014), no momento em que uma empresa adquire mercadorias a prazo disparam 
duas importantes linhas de tempos que devem ser sempre monitoradas: 
a) numa das linhas é o prazo médio de estocagem somado ao prazo médio de recebimentos de vendas; 
b) em paralelo o prazo médio de pagamento aos fornecedores.
O Ciclo Econômico é o tempo em que as matérias-primas, produto em elaboração e produto 
acabado ou mercadorias permanecem em estoque. Vai desdeo momento da aquisição até o ato da 
venda, não levando em consideração o momento de recebimento do cliente. Desta forma, o Ciclo 
Econômico é representado pelos eventos de assumir a obrigação de pagar os fornecedores, até o 
direito de receber dos clientes, eventos esses ditos econômicos, já que não há movimentação financeira, 
entrada ou saída de recursos.
O Ciclo Operacional compreende o período entre a data da aquisição das matérias-primas ou da 
mercadoria até o recebimento de cliente. Caso a empresa trabalhe somente com vendas à vista, o ciclo 
operacional tem a mesma duração do ciclo econômico, isso é quase uma utopia.
O Ciclo Financeiro, também conhecido como Ciclo de Caixa, é o tempo entre o pagamento das 
obrigações aos fornecedores e o recebimento dos direitos de vendas dos clientes. 
FIGURA 10 – Fórmulas dos ciclos operacional, econômico e financeiro
FÓRMULA DOS CICLOS
Ciclo Econômico = Prazo Médio de Estocagem (PME)
Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Recebimento de vendas (PMRV)
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – Prazo Médio de Pagamento à Fornecedores (PMPF)
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
52 Valter Pereira Francisco Filho
Vamos trabalhar alguns exemplos de ciclos para que haja um melhor entendimento do conceito:
No exemplo 1, temos um PME de 30 dias, um PMRV de 30 dias e PMPF de 25 dias.
FIGURA 11 – Ciclos operacional, econômico e financeiro
PME PMRV
PMPF
Ciclo Operacional
Ciclo Econômico
Ciclo Financeiro
25 30 60
FONTE: O autor (2015)
Assim, quando calculamos os ciclos, temos a seguinte avaliação:
 ▪ Ciclo Econômico = PME = 30 dias
 ▪ Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Recebimento de vendas 
(PMRV) = 30 + 30 = 60 dias
 ▪ Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores 
(PMPF) = 60 – 25 = 35 dias
Podemos concluir que o desembolso ocorre 35 dias antes da entrada do dinheiro, gerando 
assim uma necessidade de financiar a venda ao cliente. Essa é a situação mais comum nas 
empresas, chamada de necessidade de investimento em giro.
No exemplo 2, temos um PME de 15 dias, um PMRV de 30 dias e PMPF de 30 dias.
FIGURA 12 – Ciclos operacional, econômico e financeiro
PME PMRV
PMPF
Ciclo Operacional
Ciclo Econômico
Ciclo Financeiro
15 30 45
FONTE: O autor (2015)
Para o exemplo 2, temos a seguinte avaliação:
 ▪ Ciclo Econômico = PME = 15 dias
 ▪ Ciclo Operacional = Ciclo Econômico + Prazo Médio de Recebimento de vendas 
(PMRV) = 15 + 30 = 45 dias
 ▪ Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores 
(PMPF) = 45 – 30 = 15 dias
Aqui temos uma necessidade de financiar a venda ao cliente de apenas 15 dias, reduzindo 
a necessidade de investimento em giro comparado com o primeiro exemplo.
53Administração Financeira
CONCLUSÃO
A gestão financeira deve ser uma atividade de suporte ao processo operacional, informando 
seus resultados e impactos sob a ótica financeira, garantindo assim sustentabilidade ao negócio. 
Nesta Unidade de Estudo, pudemos verificar como a gestão dos estoques, das contas a receber 
e das contas a pagar influenciam o ciclo operacional. A partir desse conhecimento, podemos 
caminhar para a gestão do capital de giro.
IM
PO
RT
A
N
TE
A importância de fazer a gestão do ciclo operacional está diretamente 
ligada à gestão de capital de giro. Ações pontuais de prazos maiores aos 
clientes, períodos de vendas sazonais que implicam em mais estoques, impactam 
diretamente no ciclo operacional.
54 Valter Pereira Francisco Filho
RERERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanço: um enfoque econômico-financeiro. 8. ed. São Paulo: 
Atlas, 2009.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: 
Atlas, 2003.
MONTOTO, Eugênio; LENZA, Pedro (Coord.). Contabilidade geral e análise de balanços esquematizado. 3. ed. 
rev., atual. e com exercícios resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2014.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária. 9. ed. São 
Paulo: Atlas, 2014.
RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e análise de balanços fácil. 8. ed. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.
57Administração Financeira
UNIDADE DE ESTUDO 5
CAPITAL DE GIRO
INTRODUÇÃO
Capital de giro é o capital necessário para a empresa funcionar. É um dos pontos estratégicos da 
administração financeira de curto prazo. 
Como avaliar a necessidade? Como financiar? Qual a necessidade de financiamento permanente? 
Essas são questões presentes no dia a dia das empresas e serão estudadas nesta Unidade.
1 CAPITAL DE GIRO
O capital de giro é ponto fundamental na gestão financeira das empresas. Para Assaf Neto (2009), 
o comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, exigindo modelos eficientes e rápidos 
de avalição da situação financeira da empresa. O autor afirma ainda que um mau dimensionamento 
do investimento em giro é certamente uma fonte de comprometimento da solvência da empresa, com 
reflexos sobre a posição econômica de rentabilidade.
Para Brom (2007), capital de giro pode ser definido como o montante de recursos que a empresa 
precisa desembolsar antes de receber pela venda de seus produtos ou serviços, isto é, todos os 
pagamentos efetuados para manter a empresa funcionando até que receba de seus clientes. A expressão 
“de giro” pode ser interpretada como “em funcionamento”, ou seja, operando.
Quando observamos os investimentos realizados pelas empresas, representados pelos ativos, temos 
uma ideia mais clara da expressão “de giro”. A renovação dos ativos é cíclica e contínua. Observe a FIG. 1.
FIGURA 1 – Fluxo do ativo circulante
w
Recursos 
aplicados no 
circulante
Estoque de 
matéria-prima
Disponível
Contas a receber
Vendas a prazoVendas à vista
Estoque de 
produtos 
acabados
Produção 
estoque em 
elaboração
Mão de obra 
direta e demais 
custos
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
58 Valter Pereira Francisco Filho
Podemos observar que o ativo circulante, que representa os investimentos de curto prazo, tem como 
característica a rápida conversão dos seus valores em outros ativos mais líquidos, num fluxo contínuo 
e dinâmico. A rotação desses elementos, determinada pelo nível de atividade operacional, indicará a 
necessidade maior ou menor de investimento no capital de giro. 
2 ANÁLISE DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
Para realizar uma análise correta do capital de giro, temos que rever a estrutura do balanço 
patrimonial. Observe a QUADRO 1 a seguir:
QUADRO 1 – Estrutura do balanço patrimonial
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Disponível – caixa, bancos e aplicações Obrigações sociais e trabalhistas
Contas a receber – Clientes Fornecedores
Estoques Obrigações tributárias – Tributos indiretos
Tributos a recuperar Obrigações tributárias – IR e CSLL
Adiantamento de fornecedores Empréstimos e financiamentos
Despesas pagas antecipadamente Outras obrigações
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Ativo realizável a longo prazo Empréstimos e financiamentos
- Valores a receber de coligadas/controladas Empréstimos de coligadas/controladas
- Tributos diferidos Outras obrigações
- Depósitos judiciais PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimento Capital social
Imobilizado Reservas de capital
Intangível Reservas de lucro
FONTE: O autor (2015)
A classificação do balanço patrimonial é feita de acordo com a liquidez. Para a análise dinâmica é 
necessária a reclassificação das contas. Vamos entender quais são os novos grupos de contas.
Primeiramente, precisamos definir quais são as contas cíclicas do funcionamento da empresa. 
Para Assaf Neto (2009) podemos definir como cíclico todos os elementos patrimoniais diretamente 
vinculados ao ciclo operacional da empresa, por exemplo, Contas a Receber de Clientes, Estoque e 
Contas a Pagar de Fornecedores.
Essas contas patrimoniais são afetadas e sofrem alteração de saldo, sempre que ocorrerem variações 
no volume de atividade (produção e vendas),ou alteração dos prazos médios operacionais, sejam 
elementos do ativo ou do passivo. Além do termo cíclico, alguns autores utilizam o termo operacionais.
Estão relacionadas normalmente com as decisões de financiamento da atividade, e não com o 
nível de atividade operacional.
Além desses dois grupos, as contas cíclicas e as financeiras, também temos as contas com 
características de permanência. São os ativos e passivos de longo prazo.
59Administração Financeira
Veja no QUADRO 2, a seguir, as principais contas de cada grupo:
QUADRO 2 – Agrupamento de contas para análise dinâmica de capital de giro
ATIVO 
FINANCEIRO
Disponibilidades: caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo; restituição 
de IR; créditos de empresas coligadas ou controladas.
ATIVO CÍCLICO 
ou OPERACIONAL
Contas a receber de clientes, provisão para devedores duvidosos; estoques de matéria-
-prima, produtos em elaboração, produtos acabados e mercadorias; adiantamento de 
fornecedores; impostos a recuperar; despesas operacionais antecipadas.
ATIVO 
PERMANENTE
Contas do ativo não circulante: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado 
e intangível.
PASSIVO 
FINANCEIRO
Empréstimos e financiamentos bancários de curto prazo; duplicatas de clientes 
descontadas; obrigações tributárias de imposto de renda e contribuição social, 
dívidas com coligadas ou controladas; dividendos a pagar.
PASSIVO CÍCLICO 
ou OPERACIONAL
Fornecedores; contas a pagar; obrigações tributárias indiretas como ISS, ICMS, IPI, 
PIS e COFINS; obrigações trabalhistas e sociais, como salários, encargos e provisões; 
demais despesas operacionais; participação de empregados.
PASSIVO 
PERMANENTE
Contas do passivo não circulante; contas do patrimônio líquido.
FONTE: Assaf Neto (2009, p. 212, adaptado)
Com a reclassificação, retemos um balanço patrimonial com outros grupos de contas. Veja como 
isso ocorre no QUADRO 3:
QUADRO 3 – Balanço patrimonial reclassificado
BALANÇO PATRIMONIAL – RECLASSIFICADO
ATIVO FINANCEIRO PASSIVO FINANCEIRO
Disponível – caixa, bancos e aplicações Obrigações tributárias – IR e CSLL
Valores a receber de coligadas/controladas Empréstimos e financiamentos
ATIVO CÍCLICO ou OPERACIONAL Empréstimos de coligadas/controladas
Contas a receber – Clientes PASSIVO CÍCLICO ou OPERACIONAL
Estoques Obrigações sociais e trabalhistas
Tributos a recuperar Fornecedores
Adiantamento de fornecedores Obrigações tributárias – Tributos indiretos
Despesas pagas antecipadamente Outras obrigações
ATIVO PERMANENTE PASSIVO PERMANENTE
Ativo realizável a longo prazo Empréstimos e financiamentos
- Tributos diferidos Outras obrigações
- Depósitos judiciais Capital social
Investimento Reservas de capital
Imobilizado Reservas de lucro
Intangível
FONTE: O autor (2015)
Com base na reclassificação podemos calcular os indicadores de avaliação.
60 Valter Pereira Francisco Filho
3 INDICADORES DE AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DE CAPITAL
A análise do capital de giro e da estrutura de capital envolve um conjunto de indicadores que 
vão explicitar os reflexos das decisões financeiras em relação ao capital de giro e ao financiamento da 
operação como um todo.
3.1 CAPITAL DE GIRO (CDG)
Inicialmente vamos falar do Capital Circulante Líquido (CCL). Ele reflete o excedente de recursos 
permanentes a longo prazo, próprios ou de terceiros, em relação aos recursos também aplicados a 
longo prazo. Deve ser calculado pela soma de patrimônio líquido e passivo não circulante, e subtraído 
do ativo não circulante.
FIGURA 1 – Fórmula do capital circulante líquido
CAPITAL CIRCULANTE 
LÍQUIDO (CCL) =
(PATRIMÔNIO LÍQUIDO + PASSIVO NÃO 
CIRCULANTE) – (ATIVO NÃO CIRCULANTE)
FONTE: Assaf Neto (2009)
Como a reclassificação pode gerar algumas diferenças decorrentes de créditos ou financiamentos de 
empresas coligadas ou controladas, que são classificados como financeiro, o capital de giro pode não bater 
com o CCL. Sua apuração parte do balanço patrimonial reclassificado, sendo calculado da seguinte forma:
FIGURA 2 – Fórmula do capital de giro
CAPITAL DE GIRO (CDG) = PASSIVO PERMANENTE – ATIVO PERMANENTE
FONTE: O autor (2015)
Assim estamos apurando o montante excedente de capital de longo prazo em relação à 
necessidade de financiamento de longo prazo. Esse é o recurso disponível na estrutura de capital 
para financiamento do giro.
3.2 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG)
Diferente do capital de giro disponível, a necessidade de capital de giro aponta o efetivo montante 
de recursos necessários para a empresa financiar seu giro. Alguns autores utilizam o termo Necessidade 
de Investimento em Giro (NIG). Veja a fórmula:
FIGURA 3 – Fórmula da necessidade de capital de giro
NECESSIDADE DE CAPITAL 
DE GIRO (NCG) = ATIVO CÍCLICO – PASSIVO CÍCLICO
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
Para que a empresa apresente segurança financeira, é necessário que o CDG seja superior à NCG, 
ou seja, os recursos disponíveis são superiores à efetiva necessidade, trazendo um equilíbrio financeiro 
saudável. O contrário, quando a NCG é superior ao CDG, indica um desequilíbrio financeiro, pois os 
ativos de longo prazo estão sendo financiados com passivos de curto prazo. 
3.3 NECESSIDADE TOTAL DE FINANCIAMENTO PERMANENTE (NTFP)
Esse indicador define o montante mínimo de passivo permanente que a empresa deve manter na 
sua estrutura patrimonial, visando financiar os investimentos fixos e o giro.
61Administração Financeira
FIGURA 4 – Fórmula da necessidade total de financiamento permanente
NECESSIDADE TOTAL DE 
FINANCIAMENTO PERMANENTE (NTFP) =
NECESSIDADE DE CAPITAL DE 
GIRO + ATIVO PERMANENTE
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
3.4 SALDO DE TESOURARIA (ST)
O saldo de tesouraria, ou Saldo Disponível (SD), segundo Assaf Neto (2009), é uma medida de 
margem de segurança financeira da empresa, indicando a sua capacidade de financiar o crescimento 
da atividade operacional. Ele pode ser calculado de diversas formas, apresentadas a seguir.
FIGURA 5 – Fórmulas do saldo de tesouraria
SALDO DE 
TESOURARIA (ST) =
CDG – NCG
ATIVO FINANCEIRO – PASSIVO FINANCEIRO
PASSIVO PERMANENTE – NTFP 
FONTE: Assaf Neto (2009, adaptado)
O saldo de tesouraria é um importante indicativo da saúde financeira da empresa. Quando apresenta 
saldo negativo, demonstra a existência de passivos financeiros financiando ativos cíclicos.
4 ESTRUTURA DE CAPITAL E RISCO DE INSOLVÊNCIA
Vamos entender um pouco mais da análise dinâmica com base num exemplo prático. Observe o 
balanço patrimonial da empresa Delta S.A, no QUADRO 4:
QUADRO 4 – Balanço patrimonial Delta S.A.
DELTA S.A. – BALANÇO PATRIMONIAL – 31/DEZ/20X1
 ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Disponível – caixa, bancos e aplicações Obrigações sociais e trabalhistas
Contas a receber – Clientes Fornecedores
Estoques Obrigações tributárias – Tributos indiretos
Tributos a recuperar Obrigações tributárias – IR e CSLL
Adiantamento de fornecedores Empréstimos e financiamentos
Despesas pagas antecipadamente Outras obrigações
 ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Ativo realizável a longo prazo Empréstimos e financiamentos
- Valores a receber de coligadas/controladas Empréstimos de coligadas/controladas
- Tributos diferidos Outras obrigações
- Depósitos judiciais PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimento Capital social
Imobilizado Reservas de capital
Intangível Reservas de lucro
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
$ 1.550.000
$ 680.000
$ 400.000
$ 300.000
$ 120.000
$ 40.000
$ 10.000
$ 1.850.000
$ 100.000
$ 50.000
$ 70.000
$ 280.000
$1.320.000
$ 30.000
$ 3.400.000
$ 880.000
$ 120.000
$ 320.000
$ 110.000
$ 70.000
$ 230.000
$ 30.000
$ 200.000
$ 150.000
$ 20.000
$ 30.000
$ 2.320.000
$ 1.800.000
$ 350.000
$ 170.000
$ 3.400.000
FONTE: O autor (2015)
62 Valter

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