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Resumo - Concepção e Formação do Ser Humano

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Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
PROBLEMA 1 – ABERTURA: 
PUBERDADE E SEUS IMPACTOS 
MORFOFISIOLÓGICOS: 
A puberdade é o momento no qual os 
caracteres sexuais secundários surgem e a 
maturidade reprodutiva é alcançada 
(geralmente entre 8-13 anos para meninas e 
9-14 para meninos). Sob o aspecto 
hormonal, esse período é marcado pelo 
ajuste da alça de feedback negativo de 
esteroides gonadais e aquisição de uma alça 
de feedback positivo de estrogênio para o 
controle do ciclo menstrual na mulher, de 
forma interdependente de gonadotrofinas e 
hormônios ovarianos. 
A adolescência, por sua vez, configura-se 
como o período da vida que sucede a 
infância, abrangendo indivíduos de 12 a 20 
anos. Começa com a puberdade e 
caracteriza-se por uma série de mudanças 
corporais e psicológicas. 
FATORES DETERMINANTES DO INÍCIO DA 
PUBERDADE: 
O principal determinante para a deflagração 
da puberdade é genético (ex.: concordância 
de idade da menarca entre mãe e filha, filha 
e irmãs ou num mesmo grupo étnico), porém 
fatores extrínsecos são capazes de afetar 
tanto a idade de início quanto a progressão 
puberal, dentre os quais podem ser 
destacados o estado nutricional (mais 
precoce em crianças obesas e atrasada em 
indivíduos desnutridos), a saúde geral, a 
região geográfica (maior precocidade em 
áreas urbanas, de menor altitude e mais 
próximas à linha do Equador), a exposição à 
luz, a exposição à compostos químicos 
capazes de afetar o sistema endócrino e o 
estado psicológico. 
 
Gêmeas normais aos 12 anos de idade. A puberdade está 
claramente mais avançada na gêmea mais pesada (64,8 kg) que 
na mais magra (39,5 kg). Fotografias e dados de casos como esse 
serviram como base para a teoria de que existe uma relação entre 
gordura corporal, massa corporal e menarca 
Um dos supostos agentes exógenos 
capazes de desregular aspectos endócrino-
hormonais e influenciar o início da fase 
puberal é o bisfenol, composto presente 
principalmente em plásticos. Em 2011, a 
ANVISA proibiu a presença desta substância 
nas mamadeiras, pelo risco que representa 
para as crianças, mas ela continua presente 
em latas de refrigerantes e outras 
embalagens. Esse composto tem ação 
estrogênica, que pode causar alterações 
neurocomportamentais e mudança na forma 
dos órgãos reprodutores, além de câncer de 
mama. 
Além dos agentes sintéticos, compostos 
naturais podem agir desregulando os níveis 
hormonais, sendo denominados 
fitoestrógenos. Sua ação é relativamente 
fraca quando comparada à do estrogênio 
endógeno, porém apresenta impactos se 
consumidos em excesso, estando presentes 
principalmente na soja (e derivados) e na 
semente de linhaça. 
ALTERAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS NA 
PUBERDADE: 
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO PUBERAL: 
As mudanças típicas do período puberal 
ocorrem de forma ordenada num período de 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
tempo definido, sendo qualquer desvio 
considerado como anormal. 
Os estágios de Tanner (Marshall e Tanner) 
são utilizados para descrever o 
desenvolvimento dos caracteres sexuais 
secundários em ambos os sexos, dividindo-
se em estágios: 
 Desenvolvimento mamário feminino: 
o Estágio 1 de Tanner: pré-puberal, com 
ausência de tecido mamário palpável, 
papilas invertidas, planas ou elevadas 
e aréolas medindo menos de 2 cm de 
diâmetro; 
o Estágio 2 de Tanner: brotamento das 
mamas, com elevação visível e 
palpável do tecido mamário. Há um 
aumento das aréolas e a pele do local 
se torna mais fina. As papilas se 
desenvolvem em grau variado, 
formando uma pequena saliência; 
o Estágio 3 de Tanner: o crescimento e 
a elevação de toda a mama continuam, 
e é evidente uma segunda saliência 
correspondente à papila; 
o Estágio 4 de Tanner: há aumento da 
glândula mamária e elevação da 
aréola e da papila, com aumento de 
diâmetro e mudanças na textura da 
primeira; 
o Estágio 5 de Tanner: o contorno e 
tamanho da mama são de aspecto 
adulto. Na maioria das mulheres, a 
papila é mais pigmentada nesse 
estágio que no início do 
desenvolvimento, e as glândulas de 
Montgomery são visíveis ao redor da 
circunferência da aréola. 
O desenvolvimento mamário completo 
costuma levar 3 a três anos e meio, mas 
pode ocorrer em apenas 2 anos ou não 
progredir além do estágio 4 até a primeira 
gravidez. 
 
 
 Desenvolvimento puberal feminino: 
o Estágio 1 de Tanner: não há pelos 
pubianos, porém pode ser observada 
uma penugem semelhante àquela que 
recobre o abdome; 
o Estágio 2 de Tanner: surgimento dos 
primeiros pelos pubianos, longos, finos 
e liso/pouco encaracolados, que se 
depositam junto aos grandes lábios ou 
na base do pênis; 
o Estágio 3 de Tanner: os pelos se 
estendem até a sínfise púbica, 
tornando-se mais grossos, 
encaracolados e escuros; 
o Estágio 4 de Tanner: os pelos já 
apresentam aspectos de textura e 
espessura iguais aos de um adulto, 
porém não atingem a face interna da 
coxa; 
o Estágio 5 de Tanner: a quantidade, 
distribuição, textura e espessura da 
pilosidade pubiana são iguais às do 
adulto, invadindo a face interna da 
coxa. 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
 
 Desenvolvimento genital masculino: 
o Estágio 1 de Tanner: pré-puberal, o 
tamanho e aspecto do pênis e do 
escroto são infantis; 
o Estágio 2 de Tanner: surgem os 
primeiros sinais de aumento testicular 
(2,5 a 3,2cm de comprimento) e 
peniano; 
o Estágio 3 de Tanner: crescimento 
peniano em comprimento e diâmetro, 
com aumento testicular (3,3 a 4cm de 
comprimento); 
o Estágio 4 de Tanner: crescimento 
peniano, principalmente em diâmetro, 
com desenvolvimento da glande, 
manutenção do crescimento escrotal 
(4 a 4,5cm), com aumento na 
pigmentação da pele do local; 
o Estágio 5 de Tanner: tamanho dos 
órgãos genitais compatíveis com os de 
um adulto. O comprimento médio do 
pênis flácido em homens adultos varia 
entre 8,6 e 10,5 cm desde a 
extremidade até a base. 
 
Há uma aceleração do crescimento durante 
a puberdade, evidente principalmente nos 
estágios 3 e 4 de Tanner. As meninas sofrem 
esse pico de crescimento antes da menarca, 
limitando seu crescimento posteriormente, 
ao passo que os meninos perpassam essas 
mudanças cerca de 2 anos mais tarde, 
resultando numa diferença de altura de 12 
cm entre os sexos na fase adulta. 
O controle hormonal desse processo é 
complexo, com papéis importantes sendo 
atribuídos ao hormônio do crescimento (GH), 
fator de crescimento semelhante à insulina 1 
(IGF-1) e esteroides gonadais. O estrogênio 
é o principal estimulador do crescimento 
puberal tanto para meninos quanto para 
meninas. 
Várias alterações da composição corporal 
ocorrem durante o desenvolvimento puberal. 
Embora a massa corporal magra, a massa 
óssea e a gordura corporal sejam iguais em 
meninos e meninas pré-púberes, na 
maturidade, os homens têm 1,5 vez a massa 
corporal magra e quase 1,5 vez a massa 
óssea das mulheres, enquanto as mulheres 
têm o dobro da gordura corporal dos 
homens. As alterações do contorno corporal 
em meninas, com acúmulo de gordura nas 
coxas, quadris e nádegas, ocorrem durante 
o estirão de crescimento puberal. Nesse 
aspecto, a testosterona é um potente 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
esteroide anabólico, responsável pelas 
principais mudanças em meninos; enquanto, 
nas meninas, o estrogênio aumenta a 
gordura corporal total em uma distribuição 
característica nas coxas, nas nádegas e no 
abdome. 
O crescimento na adolescência é 
desproporcional, iniciando-se, 
primeiramente, pelas extremidades distais, o 
que dá ao adolescente um aspecto peculiar 
nessa fase. Após o crescimento dos pés e 
mãos, ocorre o crescimento das 
extremidades proximais e, por último, o do 
tronco, retomando, então, a harmonia e a 
proporcionalidade. 
Durante esse estirão de crescimentoos 
ossos longos crescem e as epífises se 
fecham, o que faz com que a idade óssea 
seja uma forma mais acurada de se verificar 
o estágio puberal que a idade cronológica. 
Outras alterações físicas reforçam o 
dimorfismo sexual na puberdade, como o 
alongamento excessivo das partes 
cartilaginosa e membranácea das pregas 
vocais em meninos. Acne, seborreia e odor 
corporal decorrem da estimulação de 
glândulas sebáceas e apócrinas por meio da 
maior secreção de esteroides gonadais e 
suprarrenais, sendo indicações do 
desenvolvimento puberal iminente. 
ALTERAÇÕES HORMONAIS NA ADOLESCÊNCIA: 
O EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-GONADAL: 
Chama-se eixo hipotálamo-hipófise-gonadal 
(HHG) a relação de interdependência na 
secreção de esteroides entre essas três 
regiões, regulada por meio de uma alça de 
feedback negativo (estímulo contrário ao que 
provocou desequilíbrio), fundamental para a 
manutenção de níveis hormonais no 
organismo e para o desenvolvimento da 
puberdade. 
A hipófise ou pituitária se localiza na sela 
turca do osso esfenoide e mantém ligação 
com o hipotálamo, estrutura situada na base 
do cérebro. Essa glândula apresenta origem 
embrionária dupla, ectodérmica 
(adenoipófise) e nervosa (neuro-hipófise). A 
porção de origem nervosa se desenvolve 
pelo crescimento do assoalho do diencéfalo 
em direção caudal e a porção ectodérmica 
da hipófise se desenvolve a partir de um 
trecho do ectoderma do teto da boca 
primitiva que cresce em direção cranial 
formando a bolsa de Rathke, que logo é 
separada por meio de uma constrição local. 
A neuro-hipófise, a porção de origem 
nervosa, consta de uma porção volumosa 
(pars nervosa) e do seu pedículo de fixação 
(infundíbulo) que se continua com o 
hipotálamo. A adenoipófise não tem conexão 
anatômica com o sistema nervoso, sendo 
subdividida em três porções: a primeira e 
mais volumosa é a pars distalis ou lobo 
anterior; a segunda é a porção cranial que 
abraça o infundíbulo, denominada pars 
tuberalis; a terceira, denominada pars 
intermedia, é uma região intermediária entre 
a neuro-hipófise e a pars distalis, separada 
desta última pela fissura restante da 
cavidade da bolsa de Rathke, compondo 
uma estrutura rudimentar no homem. Ao 
conjunto de pars nervosa e pars intermedia 
também se dá o nome de lobo posterior da 
hipófise. 
 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
 
O suprimento sanguíneo hipofisial é 
imprescindível para a secreção hormonal da 
pars distalis, realizado por meio das artérias 
hipofisária superiores D/E (eminência 
mediana e infundíbulo) e inferiores D/E 
(neuro-hipófise e pedículo). No infundíbulo, 
as artérias hipofisárias superiores formam 
um plexo capilar primário fenestrado, 
reunidos para formar vênulas encaminhadas 
para a pars distalis, onde formam um grande 
plexo capilar primário. 
Há, portanto, dois sistemas venosos em 
cascata, o que caracteriza um sistema porta, 
denominado sistema porta hipofisário. O 
suprimento sanguíneo da pars distalis é feito, 
portanto, de sangue vindo principalmente do 
infundíbulo através do sistema porta-
hipofisário e em escala muito menor de 
alguns ramos das artérias hipofisárias 
inferiores. Através desse sistema vascular 
vários neuro-hormônios produzidos no 
hipotálamo são levados diretamente do 
infundíbulo à pars distalis, controlando a 
função de suas células. O sangue venoso 
desse sistema sai por diversas veias 
hipofisárias. 
A hipófise e o hipotálamo manifestam 
interações importantes anatômica e 
fisiologicamente, principalmente no que diz 
respeito à secreção hormonal. O hipotálamo 
produz em seus diversos núcleos 
substâncias que serão levadas até a pars 
nervosa (vasopressina [ADH] e ocitocina) ou 
a eminência mediana (GnRH, dopamina, 
somatostatina, entre outros), agindo na 
estimulação ou inibição da produção de 
compostos pela pars distalis ou sobre outros 
locais do organismo. 
Um segundo mecanismo de controle para 
além da modulação hipotalâmica é 
representado pelos hormônios produzidos 
por várias glândulas endócrinas, os quais 
agem sobre a liberação de peptídeos da 
eminência mediana e sobre a função das 
próprias células da pars distalis. Dessa 
maneira, os níveis plasmáticos de hormônios 
de várias glândulas endócrinas controlam 
por retroalimentação negativa a sua própria 
secreção. 
Na pars distalis, cinco tipos de células 
secretoras produzem compostos que irão 
estimular a ação de outras glândulas, com 
maior destaque no contexto da puberdade 
para os hormônios gonadotróficos, FSH e 
LH, que irão estimular a secreção de 
estrogênio, progesterona e andrógenos, 
além de promover a formação de folículos 
ovarianos e a espermatogênese, situações 
importantes na maturação reprodutiva 
humana. 
 
 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
AÇÃO DOS HORMÔNIOS PARA O 
DESENVOLVIMENTO DA PUBERDADE: 
Por volta da 10ª semana de gestação, o 
hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) 
se faz presente no hipotálamo, e o hormônio 
luteinizante (LH) e o hormônio 
foliculoestimulante (FSH) encontram-se na 
hipófise. A gonadotrofina (GH – hormônio do 
crescimento) encontra-se elevada em fetos 
de ambos os sexos, com FSH elevado no 
sexo feminino. Após o nascimento, a 
concentração desses hormônios diminui 
gradativamente, mantendo-se baixos até a 
pré-puberdade. 
Na fase pós-natal, o hormônio do 
crescimento (GH) estimula o crescimento por 
sua ação direta na diferenciação celular, na 
placa de crescimento e no hepatócito, onde 
aumenta a secreção de fator de crescimento 
semelhante a insulina (IGF-1). O IGF-1, 
secretado pelos hepatócitos, tem ação 
específica na expansão e hipertrofia da placa 
epifisária, e é transportado por uma proteína 
carreadora (IGFPB3), cuja função é 
aumentar o período de meia-vida das IGF. 
Além disso, os hormônios tireoidianos 
também são necessários para o crescimento 
desde a infância, pois estimulam a secreção 
de GH e formação de IGF-1, além de agir 
sobre a epífise óssea de forma direta. 
Entre o terceiro trimestre de gestação e o 
sexto mês de vida é observada uma ativação 
parcial do HHG, que confere algumas 
manifestações clínicas em meninas, como a 
acne neonatal, trofismo genital e telarca 
(desenvolvimento mamário), configurando a 
minipuberdade. 
A produção de androgênios/hormônios 
masculinos (desidroepiandrosterona (DHEA) 
e seu sulfato (DHEAS)) pelas glândulas 
adrenais, controlada pelo ACTH, é anterior à 
produção de esteroides gonadais, ocorrendo 
entre 6 e 8 anos de idade (adrenarca). É 
responsável por modificações no odor das 
secreções, aumento da oleosidade da pele e 
aparecimento e manutenção da pilificação 
axilar e púbica durante a puberdade, 
evidenciando a importância de secreções 
não gonadais para a puberdade. 
Em dado momento, os fatores chamados 
permissivos (neuropeptídios, leptina, 
insulina, IGF-1 e estímulos oriundos de 
centros cerebrais superiores) atuam sobre o 
sistema HHG, provocando aumento da 
frequência e amplitude da produção de 
GnRH pelos neurônios hipotalâmicos que, 
via sistema porta hipofisário, ativam 
receptores específicos localizados na 
adenoipófise, desencadeando aumento da 
produção de gonadotrofinas (FSH e LH). A 
liberação dessas substâncias estimula 
ovários e testículos a produzirem os 
esteroides sexuais que induzirão todo o 
processo de modificações corporais, 
capacitando o organismo para as funções 
reprodutivas. 
 
Aumentos de FSH e LH podem ser 
associados ao sono. Em meninos, os 
aumentos noturnos dos níveis de 
gonadotrofina são acompanhados por 
aumentos simultâneos dos níveis circulantes 
de testosterona; já nas meninas, os 
aumentos noturnos dos níveis circulantes de 
gonadotrofina são seguidos por aumento da 
secreção de estradiol no dia seguinte, atraso 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
este que pode ser explicadopelas outras 
etapas de síntese para a conversão de 
androgênios em estrogênio. 
Em relação aos hormônios sexuais e seu 
impacto na puberdade temos que: 
 Testosterona: 
Os testículos secretam uma série de 
androgênios, incluindo a testosterona, di-
hidrotestosterona e a androtestosterona, 
com a primeira mais abundante que os 
outros, mesmo que seja quase totalmente 
convertida, posteriormente, em di-
hidrotestosterona. 
A testosterona é produzida pelas células de 
Leydig quando influenciadas pela presença 
de LH, localizadas no interstício dos túbulos 
seminíferos. Esses tipos celulares não são 
encontrados facilmente nos testículos 
durante a infância, mas são abundantes no 
recém-nascido durante os primeiros meses 
de vida e no homem adulto pós-puberdade, 
momentos nos quais a produção hormonal é 
aumentada. 
De forma geral, a testosterona é responsável 
pelos caracteres que diferenciam o corpo 
masculino, tendo sua produção estimulada 
pela gonadotropina coriônica placentária 
durante a gestação e até 10 semanas após o 
nascimento. Na puberdade, a testosterona 
favorece o aumento dos órgãos genitais, a 
disposição de pelos pelo corpo (região 
genital, tórax, face e ao longo da linha alba), 
a calvície (em casos de concentração 
hormonal excessiva), a mudança de voz 
(atrofia da mucosa laríngea), o aumento da 
espessura da pele e de secreções sebáceas 
(acne), o maior desenvolvimento muscular, a 
maior retenção de cálcio nos ossos e a 
aceleração do metabolismo basal. 
 Hormônios ovarianos: 
Os dois tipos de hormônios ovarianos são os 
estrogênios e as progestinas, sendo que os 
mais importantes de cada categoria são o 
estradiol e a progesterona, respectivamente. 
O primeiro grupo age na formação e 
crescimento de células específicas no corpo, 
compondo assim os caracteres sexuais 
secundários femininos, ao passo que o 
último atua na preparação do útero para a 
gestação e das mamas para a produção e 
secreção de leite. 
Todos esses hormônios são esteroides 
sintetizados nos ovários tendo como base o 
colesterol circulante e a acetilcoenzima A 
(suas moléculas podem se arranjar num 
núcleo esteroide). 
Em relação ao processo de síntese desses 
compostos, inicialmente são produzidos 
somente progesterona e androgênios, que 
são convertidos antes que possam deixar as 
gônadas em estrogênios, fenômeno 
desencadeado pela enzima aromatase 
associada à ação do FSH, presente somente 
nas células granulosas ovarianas. Durante a 
fase lútea, é produzida mais progesterona do 
que é possível converter, explicando a 
elevação plasmática desse hormônio. 
 
As funções dos hormônios ovarianos para o 
desenvolvimento do corpo feminino são: 
o Estrogênios: 
São responsáveis por aumentar de 
tamanho as estruturas reprodutoras 
internas (destacando-se a alteração no 
epitélio vaginal, de cuboide para 
estratificado, e proliferação de estroma 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
endometrial no útero e de fímbrias nas 
trompas de Falópio) e a genitália 
externa, esta por meio de acúmulo de 
gordura no monte púbis e grandes 
lábios. Há também desenvolvimento 
mamário, não só por deposição de 
gordura como pelo aumento de ductos 
lactíferos. 
Esses hormônios aumentam o 
crescimento ósseo e estimulam o 
fechamento rápido das epífises, 
justificando o fim precoce dos estirões 
de crescimento. Em relação à pele, os 
estrogênios a tornam mais lisa e 
macia, além de favorecer sua 
vascularização, resultando assim em 
maior sangramento em cortes 
superficiais e temperatura mais 
elevada. 
o Progestinas: 
As progestinas promovem o aumento 
na secreção mucosa uterina e nas 
trompas de Falópio, visando preparar 
o corpo para a gravidez. Além disso, 
auxiliam no desenvolvimento das 
mamas ao estimular a proliferação de 
células alveolares e sua transformação 
em células secretoras. 
Nas fases iniciais da puberdade há, além da 
elevação das taxas de esteroides gonadais, 
um aumento na frequência e amplitude de 
secreção de GH (duas a dez vezes maior), o 
que intensifica a produção de IGF-1 pelo 
fígado. Esse hormônio também atua em 
outros órgãos, como musculatura cardíaca, 
diafragma, adipócitos e sistema 
hematopoético, o que é essencial para 
adequar esses órgãos às novas 
necessidades impostas pelo crescimento. 
Em ambos os sexos, os hormônios sexuais, 
com destaque para os estrógenos, são 
imprescindíveis para a aceleração do 
crescimento por meio de sua ação em 
receptores da placa epifisária. 
 
GAMETOGÊNESE: 
Corresponde à formação de células 
germinativas masculinas e femininas, 
denominada como espermatogênese e 
ovogênese, respectivamente. O número de 
cromossomos nesses gametas é reduzido à 
metade, fenômeno que ocorre por meio da 
meiose, tipo reducional de divisão celular. A 
história da formação do gameta masculino e 
feminino é diferente, mas a sequência é a 
mesma. A diferença entre os dois sexos 
reside no ritmo de eventos durante a meiose. 
MEIOSE (R!): 
A meiose é composta por duas divisões 
celulares meióticas que têm por objetivo a 
formação de células haploides (n= 23) 
originadas de matrizes diploides. 
Na primeira etapa (meiose I, também 
chamada de fase reducional), o número de 
cromossomos passa de diploide para 
haploide, com pareamento de cromossomos 
homólogos durante a prófase e separação na 
anáfase, originando células (espermatócito 
ou oócito secundário) com duas cromátides-
irmãs pertencentes aos tipos iniciais, 
carregando metade de suas informações 
genéticas. 
 
A segunda divisão mitótica ocorre logo após 
a primeira sem uma intérfase (etapa de 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
replicação de DNA). Cada uma das 
cromátides-irmãs se divide, com cada uma 
de suas partes sendo levada de forma 
aleatória a um dos polos do fuso, 
constituindo uma nova célula, mantendo 
assim o caráter haploide dos cromossomos. 
 
A meiose é um processo que garante 
constância no número de cromossomos 
gerados e também a recombinação genética 
por meio do crossing over 
(“embaralhamento” das cromátides). 
ESPERMATOGÊNESE: 
As espermatogônias permanecem nos 
túbulos seminíferos dos testículos desde o 
período tardio do desenvolvimento fetal até a 
puberdade, momento no qual elas passam a 
aumentar em número e sofrem mudanças 
gradativas, transformando-se em 
espermatócitos primários. Esses tipos 
celulares passam por um processo 
reducional (primeira divisão mitótica), 
formando assim os espermatócitos 
secundários haploides, que possuem 
aproximadamente a metade do tamanho dos 
tipos celulares primários. 
Os espermatócitos secundários passam pela 
segunda divisão meiótica para gerar quatro 
espermátides, gradualmente transformadas 
em espermatozoides adultos durante a 
espermiogênese, momento no qual o núcleo 
celular se condensa, o acrossoma é 
formado, o citoplasma é majoritariamente 
eliminado e a cauda se desenvolve. Ao fim 
dessa etapa, os espermatozoides penetram 
a luz dos túbulos seminíferos, dirigindo-se ao 
epidídimo, ducto longo e espiralado na borda 
inferior do testículo, conectado aos canais 
deferentes (transporte de espermatozoides 
para a uretra), onde são armazenados e se 
tornam funcionalmente maduros, ganhando 
capacidade de movimentação. 
Os espermatozoides maduros podem ser 
armazenados no epidídimo, porém a maior 
quantidade se deposita nos canais 
deferentes, mantendo sua fertilidade por 
cera de um mês. 
 
Todo o processo de espermatogênese leva 
cerca de 2 meses para ser completado, 
continuando ao longo de toda a vida 
reprodutiva do homem. 
As células de Sertoli, que revestem os 
túbulos seminíferos, dão suporte e nutrição 
para as células germinativas, auxiliando na 
regulação da espermatogênese. 
No momento da ejaculação, os 
espermatozoides maduros apresentam-se 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANOcomo células de movimentação livre 
compostas por cabeça e cauda (a junção 
dessas estruturas chama-se pescoço), 
sendo a primeira responsável pela maior 
parte da massa desse gameta e por abrigar 
seu núcleo. Os dois terços mais anteriores 
dessa estrutura são recobertos pelo 
acrossoma, organela semelhante a um 
capuz enzimático que facilita a penetração 
na corona radiata e na zona pelúcida do 
ovócito durante a fecundação. 
A cauda do espermatozoide permite a sua 
motilidade, favorecendo sua migração até a 
ampola da tuba uterina. Essa estrutura é 
formada por três partes, a peça 
intermediária, a peça principal e a peça 
terminal, sendo que é na região intermediária 
que se localizam as mitocôndrias, produtoras 
da energia necessária ao movimento em 
chicote realizado pela célula. 
OVOGÊNESE: 
A ovogênese representa o processo de 
transformação de ovogônias em ovócitos 
maduros, iniciado antes do nascimento e 
completo após a puberdade, tendo seu fim 
somente com a menopausa, cessação 
permanente da menstruação. 
Antes do nascimento, as ovogônias, 
proliferadas via mitose, crescem para 
tornarem-se ovócitos primários. Esses tipos 
celulares são circundados por uma capa de 
tecido epitelial folicular achatado, 
constituindo assim um folículo primordial. 
À medida que o ovócito cresce durante a 
puberdade, o caráter de seu revestimento 
muda, passando a ser colunar, resultando 
num folículo primário, logo envolvido numa 
camada de material glicoproteico amorfo 
repleta de fenestras, chamada zona 
pelúcida. 
A divisão meiótica se inicia antes do 
nascimento, porém só se conclui na 
adolescência, fenômeno explicado pela 
secreção de substâncias inibidoras da 
maturação do ovócito pelas células 
foliculares, agindo ao estacionar o progresso 
da replicação. 
Com início na puberdade, ocorre o 
amadurecimento mensal de um folículo (a 
menos que sejam usados contraceptivos 
orais). A duração prolongada da primeira 
divisão meiótica pode ser parcialmente 
responsável pela alta frequência de erros 
meióticos que ocorrem com o aumento da 
idade materna. Além disso, as células 
suprimidas são vulneráveis a interações com 
agentes ambientais como a radiação. 
De forma contrastante ao desenvolvimento 
de gametas masculinos, após o nascimento 
não há a geração de mais ovócitos primários, 
que apenas mantêm-se em repouso nos 
folículos ovarianos até a puberdade. 
Com a maturação folicular, o ovócito primário 
aumenta de tamanho e completa a primeira 
fase da meiose, de modo a formar o ovócito 
secundário e o primeiro corpo polar, 
estruturas nas quais o citoplasma é dividido 
desigualmente (o ovócito recebe muito mais 
que o primeiro corpo polar). 
O corpo polar é uma célula pequena, não 
funcional, que logo degenera. Na ovulação, 
o núcleo do ovócito secundário inicia a 
segunda divisão meiótica, mas progride 
apenas até a metáfase, quando a divisão é 
interrompida. Se um espermatozoide 
penetra o ovócito secundário, a segunda 
divisão meiótica é completada e a maior 
parte do citoplasma é novamente mantida 
em uma célula, o ovócito fecundado. A outra 
célula, o segundo corpo polar, é uma célula 
com as mesmas características da anterior, 
e que também é degradada rapidamente. 
Assim que o segundo corpo polar é 
extrudido, a maturação do ovócito se 
termina. 
 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
 
Dos dois milhões de ovócitos primários 
presentes nos ovários de uma menina 
recém-nascida, somente 40 mil permanecem 
até a puberdade, número que se reduz ainda 
mais, com apenas 400 transformados em 
ovócitos secundários e expelidos na 
ovulação. A quantidade de células que se 
tornam de fato maduras é extremamente 
baixa, se existente. 
CICLOS REPRODUTIVOS FEMININOS: 
As mulheres passam por ciclos reprodutivos 
mensais que envolvem atividade do 
hipotálamo do cérebro, da glândula hipófise, 
dos ovários, do útero, das tubas uterinas, da 
vagina e das glândulas mamárias. Esses 
ciclos mensais preparam o sistema 
reprodutivo para a gravidez. 
CICLO OVARIANO: 
O GnRH estimula a produção de FSH e LH, 
hormônios que produzem mudanças cíclicas 
nos ovários (ciclo ovariano), como o 
desenvolvimento dos folículos, a ovulação e 
a formação do corpo lúteo. Durante cada 
ciclo, o FSH promove o crescimento de 
vários foliados primordiais entre cinco e 12 
folículos primários, porém apenas um único 
folículo primário se desenvolve até se tornar 
folículo maduro e se rompe na superfície do 
ovário, liberando seu ovócito. 
 Desenvolvimento folicular: 
Com o aumento de tamanho do folículo 
primário, o tecido conjuntivo adjacente se 
organiza e forma uma cápsula, a teca 
folicular. A teca logo se diferencia em duas 
camadas, uma interna vascularizada e 
glandular (teca interna) e uma camada 
conjuntiva, semelhante a uma cápsula (teca 
externa). Acredita-se que as células tecais 
produzam um fator de angiogênese que 
promove o crescimento dos vasos 
sanguíneos da teca interna, que fornecem 
suporte nutritivo para o desenvolvimento 
folicular. As células foliculares dividem-se 
ativamente, produzindo uma camada 
estratificada em torno do ovócito. O folículo 
ovariano logo se torna oval e o ovócito 
assume posição excêntrica. 
Subsequentemente, surgem em torno das 
células foliculares espaços preenchidos por 
fluido, que coalescem para formar uma única 
e grande cavidade, o antro, que contém o 
fluido folicular. Depois que o antro se forma, 
o folículo ovariano é denominado folículo 
vesicular ou folículo secundário. 
O ovócito primário é empurrado para um lado 
do folículo, onde fica envolvido por um 
acúmulo de células foliculares, o cumulus 
ooforus, que se projeta para dentro do antro. 
O folículo continua a crescer até que alcança 
a maturidade e produz um intumescimento 
na superfície do ovário. 
O desenvolvimento inicial dos folículos 
ovarianos é induzido pelo FSH, mas os 
estágios finais de maturação requerem 
também o LH. Os folículos em crescimento 
produzem estrogênio por meio da atividade 
das células tecais internas. 
 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
 Ovulação: 
Na metade do ciclo, sob influência do FSH e 
LH, o folículo ovariano sofre um surto de 
crescimento, criando uma saliência no 
ovário, onde surge o estigma, ponto 
avascular. Precedendo a ovulação, o ovócito 
secundário e algumas células do cumulus 
ooforus destacam-se do interior do folículo 
distendido. 
A ovulação é disparada por um aumento na 
produção de LH, induzido pela elevação nas 
concentrações plasmáticas de estrogênio. 
Esse evento ocorre cerca de 12 a 24 horas 
após o pico de LH. O estigma se expande em 
volume, criando uma vesícula que, ao se 
romper, expõe o ovócito secundário junto ao 
líquido folicular. Esse rompimento seria 
causado pela pressão intrafolicular e pelas 
contrações do músculo liso que envolve a 
teca externa. 
O ovócito secundário expelido é envolvido 
pela zona pelúcida e por uma ou mais 
camadas de células foliculares, as quais se 
arranjam radialmente, conhecidas como 
corona radiata, formando o complexo 
cumulus-ovócito. A onda de LH também 
parece induzir o término da primeira divisão 
meiótica do ovócito primário. Portanto, 
folículos ovarianos maduros contêm ovócitos 
secundários. 
 Corpo lúteo: 
Logo após a ovulação, as paredes do folículo 
ovariano e da teca folicular sofrem colapso e 
se tornam enrugadas. Sob a influência do 
LH, elas se desenvolvem em uma estrutura 
glandular, o corpo lúteo, que secreta 
progesterona e alguma quantidade de 
estrogênio, fazendo as glândulas 
endometriais secretarem e prepararem o 
endométrio para a implantação do 
blastocisto. 
 
Se o ovócito não é fecundado, o corpo lúteo 
involui e degenera 10 a 12 dias após a 
ovulação, quando é chamado de corpo lúteo 
da menstruação. Posteriormente, o corpo 
lúteo é transformado em uma cicatrizbranca 
no ovário, o corpo albicans. 
Os ciclos ovarianos normalmente persistem 
por toda a vida reprodutiva da mulher e 
terminam na menopausa, a suspensão 
permanente da menstruação, que 
geralmente ocorre entre 48 e 55 anos de 
idade. 
CICLO MENSTRUAL: 
O ciclo menstrual (endometrial) é o período 
durante o qual o ovócito amadurece, é 
ovulado e entra na tuba uterina. Os 
hormônios produzidos pelos folículos 
ovarianos e pelo corpo lúteo (estrogênio e 
progesterona) causam mudanças cíclicas no 
endométrio (age como espelho das 
mudanças ovarianas). 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
O ciclo menstrual médio é de 28 dias, sendo 
o primeiro dia do ciclo designado como o dia 
no qual se inicia o fluxo menstrual, porém 
sua duração pode variar entre 23 e 35 dias, 
diferenças motivadas pela extensão da fase 
proliferativa do ciclo. 
Esse processo divide-se em 3 fases 
principais: 
 Fase menstrual: 
A camada funcional da parede uterina 
desintegra-se e é expelida com o fluxo, que 
normalmente dura de 4 a 5 dias. O sangue 
descartado pela vagina está misturado a 
pequenos fragmentos de tecido endometrial. 
Após a menstruação, o endométrio erodido 
torna-se delgado. 
 Fase proliferativa: 
A fase proliferativa (folicular, estrogênica), 
que dura em torno de 9 dias, coincide com o 
crescimento dos folículos ovarianos e é 
controlada pelo estrogênio secretado por 
esses folículos. Ocorre um aumento de duas 
a três vezes na espessura do endométrio e 
no seu conteúdo de água durante essa fase 
de reparo e proliferação. No início dessa 
fase, o epitélio superficial reconstrói-se e 
recobre o endométrio. As glândulas 
aumentam em número e em comprimento, e 
as artérias espiraladas se alongam. 
 Fase lútea: 
A fase lútea (secretora, progestacional), com 
duração de aproximadamente 13 dias, 
coincide com a formação, o crescimento e o 
funcionamento do corpo lúteo. A 
progesterona produzida pelo corpo lúteo 
estimula o epitélio glandular a secretar um 
material rico em glicogênio. As glândulas 
tornam-se amplas, tortuosas e saculares, e o 
endométrio espessa-se por causa da 
influência da progesterona e do estrogênio 
do corpo lúteo e também pelo aumento de 
fluido no tecido conjuntivo. As anastomoses 
arteriovenosas surgem nesse estágio, sendo 
bastante importantes para a vascularização 
e nutrição local. 
Se a fecundação não ocorre, o endométrio 
entra em sua fase isquêmica, onde há 
contração das artérias espiraladas. Além das 
alterações vasculares, a queda hormonal 
resulta na parada de secreção glandular, em 
perda de fluido intersticial e em acentuada 
retração do endométrio. Ao fim da fase 
isquêmica, as artérias espiraladas contraem-
se por períodos maiores. Isso acarreta 
estase venosa e necrose isquêmica (morte) 
nos tecidos superficiais. Finalmente, segue-
se a ruptura da parede dos vasos lesados e 
o sangue penetra o tecido conjuntivo 
adjacente. Formam-se, então, pequenos 
lagos de sangue que se rompem na 
superfície endometrial, resultando em 
sangramento para a luz uterina e através da 
vagina, criando o fluxo menstrual. 
Se há a fecundação, os ciclos menstruais 
cessam e o endométrio assume sua fase 
gravídica, permitindo a implantação do 
blastocisto. Após 6-10 semanas do parto os 
ciclos ovarianos e menstruais retornam, em 
casos de mulheres que não amamentam seu 
bebê. 
 
 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
COMPARAÇÃO ENTRE GAMETAS: 
O ovócito é uma célula grande se comparada 
ao espermatozoide, ao passo que esse 
último apresenta elevada mobilidade. O 
gameta feminino é revestido pela corona 
radiata (células foliculares + zona pelúcida), 
além de possuir em seu interior grânulos de 
vitelo que auxiliam na nutrição do zigoto em 
seu processo replicativo na primeira semana 
de gestação. 
Em relação a constituição cromossômica 
desses tipos celulares, duas configurações 
normais são possíveis para o 
espermatozoide (23 X e 23 Y), enquanto 
apenas uma existe para os ovócitos 
secundários (23 X). 
 
IMPACTOS COMPORTAMEN TAIS DA 
ADOLESCÊNCIA: 
A adolescência pode ser compreendida ou 
definida segundo diversos pontos de vista: 
para a antropologia, é a etapa sociocultural 
de passagem para a vida adulta, contendo 
rituais específicos, ao passo que, para o 
direito, é a fase que sucede a infância, porém 
ainda inserida na menoridade. 
É na adolescência que se instalam as 
estruturas definitivas da personalidade 
adulta, com os últimos conflitos antes de se 
alcançar a maioridade, baseados 
principalmente na descoberta de uma 
identidade própria e na necessidade de 
autonomia. 
Sob a ótica da saúde entende-se 
adolescência como uma fase de 
desenvolvimento humano, situada entre a 
infância e a idade adulta e delimitada 
cronologicamente, pela Organização 
Mundial da Saúde, dos 10 aos 20 anos de 
idade. Essa demarcação etária justifica-se 
como referência para programas de atenção 
à saúde, porém não se aplica, do ponto de 
vista individual, como parâmetro único para 
a definição de entrada ou saída desse 
período do desenvolvimento. 
Nas famílias de classes média e alta, é 
comum identificar-se um prolongamento da 
adolescência, enquanto nas menos 
favorecidas, a inclusão escolar fica limitada 
pela necessidade de incorporação do 
adolescente ao mercado de trabalho, 
frequentemente em condições 
desfavoráveis. 
A adolescência apresenta características 
complexas e limites imprecisos, refletindo a 
dinamicidade dos ambientes socioculturais 
no qual o jovem está inserido. É também 
nesse período que o ser humano passa a 
compreender o quanto as interações com 
seus pares são importantes de forma 
biológica, afetiva e social para a vida. 
Mesmo reconhecendo que na adolescência 
o critério cronológico perde importância, para 
que se possa compreender a evolução do 
processo é interessante analisar o 
desenvolvimento dividido por idade: 
adolescência inicial (dos 10 aos 13 anos), 
adolescência média (dos 14 aos 16 anos) e 
adolescência final (dos 17 aos 20 anos). 
A adolescência inicial é um período marcado 
pelo rápido crescimento e pela entrada na 
puberdade. A adolescência média 
caracteriza-se pelo desenvolvimento 
intelectual e pela maior valorização do grupo, 
e na adolescência tardia consolidam-se as 
etapas anteriores e o adolescente se prepara 
para assumir o mundo adulto. Na última fase, 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
se todas as transformações tiverem ocorrido 
conforme previsto nas fases inicial e média, 
incluindo a presença de suporte familiar e do 
grupo de iguais, o adolescente estará pronto 
para as responsabilidades da idade adulta. 
Sob a óptica do desenvolvimento cognitivo, 
na adolescência adquire-se capacidade de 
abstração, raciocínio hipotético, pensamento 
criativo, formulação de ideias próprias e 
opiniões pessoais, constituindo assim sua 
individualidade. 
 
O desenvolvimento psicossocial do 
adolescente pode ser visto como um 
exercício de aprendizagem acerca de si 
mesmo, que lhe possibilita alcançar, além da 
identidade (conhecimento de si mesmo), 
intimidade (capacidade para relacionar-se de 
forma madura, tanto emocional como 
sexual), integridade (aptidão para assumir 
atitudes e comportamentos socialmente 
responsáveis) e independência. O fator 
tempo tem extrema importância para que 
todas essas intensas e várias mudanças 
possam ser absorvidas. Nesse momento 
evolutivo, não será apenas o jovem que 
passará por transformações estruturais, a 
família também deverá alterar sua estrutura 
interna e seus padrões de relacionamento 
entre os membros. 
Frente à busca de uma nova identidade, o 
adolescente deve vivenciar o luto por três 
grandes perdas: perda do corpo infantil (o 
adolescente passa por período de adaptação 
até a aceitação das modificações corporais), 
perda dos pais da infância (quese manifesta 
por meio de relações conflituosas com as 
figuras parentais), perda da identidade e do 
papel infantil (renúncia à dependência infantil 
e aceitação de responsabilidades que muitas 
vezes o adolescente desconhece). Esse tipo 
de comportamento cria uma entidade 
semipatológica de grande força, a síndrome 
da adolescência normal, demarcada por 
alterações de conduta, crises religiosas, 
distanciamento dos pais, tendência grupal, 
atitudes reivindicatórias e evolução sexual. 
SISTEMA LÍMBICO NA PUBERDADE: 
Durante a adolescência, além das mudanças 
corporais visualmente perceptíveis, ocorrem 
diversas alterações neurobiológicas, no 
córtex quanto na área subcortical. É 
interessante notar que a maturação cortical 
durante a adolescência não implica 
necessariamente em aumento de volume 
cerebral, mas sim numa maior habilidade de 
autocontrole e direcionamento de foco. 
Ocorre também uma intensa reorganização 
estrutural de regiões corticais, na qual 
dendritos e sinapses são refinados e se 
tornam mais estáveis, tornando o cérebro do 
adolescente extremamente neuroplástico. 
O sistema subcortical é altamente complexo 
e possui circuitarias neurais importantes que 
são mediadoras de uma grande quantidade 
de respostas psicofisiológicas, dentre elas as 
emoções, controladas pelo “sistema límbico” 
(corpo caloso, tálamo, amígdalas e 
hipocampo). Essa região sofre a ação dos 
hormônios sexuais secretados ao longo da 
puberdade, tornando heterogêneo o 
desenvolvimento neural entre os dois sexos. 
Este período de desenvolvimento neural 
representa para o adolescente, tanto uma 
fase de oportunidades para o 
desenvolvimento de novas habilidades, 
quanto um período de vulnerabilidades. 
Neste último caso, os comportamentos mais 
comuns nesse período são a impulsividade 
cognitiva, a labilidade emocional e a busca 
pelo perigo, explicada pela maior facilidade 
de ativação da região subcortical. 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: 
O processo de desenvolvimento da 
sexualidade está vinculado à definição da 
identidade sexual e manifesta-se por meio do 
autoerotismo e das práticas de genitalidade. 
Quando o indivíduo consegue aceitar a 
coexistência simultânea entre si da criança e 
do adulto, ele passa de maneira flutuante a 
aceitar as mudanças de seu corpo, 
emergindo uma nova identidade. 
Na etapa precoce da adolescência (10 a 14 
anos), é grande a transformação biológica, 
em que o comportamento sexual depende 
das mudanças físicas. Os adolescentes têm 
dificuldade de conversar com adultos, 
principalmente com os pais. As fantasias 
sexuais e masturbação são frequentes. 
Na etapa média (14 a 17 anos), o 
desenvolvimento puberal está completo ou 
quase completo, marcado pela menarca na 
menina e pela semenarca no menino. O 
comportamento sexual costuma ser de 
natureza exploratória e egoísta, buscando 
tirar proveito das relações: encontros 
marcados, carícias e relações casuais 
acompanhadas de relações genitais ou 
extragenitais. O grande risco, nessa fase, é 
a negação das consequências do 
comportamento sexual. O relacionamento 
amoroso (namoro ou o “ficar” com alguém) 
geralmente se inicia aqui. Já há uma 
aceitação maior das transformações físicas, 
resultando em um corpo adulto com 
capacidade reprodutiva. A sexualidade 
contribui com a autoestima e faz parte da 
formação da identidade do indivíduo. É 
durante a adolescência que se define e se 
consolida a identidade sexual. 
Na etapa tardia (17 a 20 anos) a maturação 
física está completa, o comportamento 
sexual costuma ser mais expressivo e menos 
exploratório, e as relações, mais íntimas e 
compartilhadas. Predomina a escolha de par 
com relação de afeto, maior consciência dos 
riscos e necessidade de proteção. Nessa 
etapa, a identidade sexual já está definida e 
a maior estabilidade afetiva favorece a busca 
de um objeto amoroso único. 
Na adolescência, a vivência da sexualidade 
é como um caminho no qual a evolução e a 
maturidade vão determinar o itinerário. A 
preferência sexual com afeto é o 
posicionamento que demonstra postura mais 
integrada diante da sexualidade, escolha 
esta que se encontra subsidiada pelas 
vivências que cada adolescente enfrenta ao 
longo de sua vida e que são socialmente 
rotuladas de atitudes amadurecidas. 
FASES COMPORTAMENTAIS DO ATO SEXUAL: 
O comportamento sexual humano é uma 
característica definidora de suas interações, 
cujas bases neurais são ainda pouco 
compreendidas. As pesquisas sobre esse 
assunto foram dificultadas pela relutância 
popular em abordar abertamente temas 
relativos ao sexo. Ainda que lentamente, 
esse campo progrediu, gerando as seguintes 
teorias: 
 Masters e Johnson (pesquisas iniciadas 
em 1954 e publicadas em 1970): 
A resposta sexual, seja do homem ou da 
mulher, é caracterizada por um ciclo de 
quatro fases. Esse é um modelo clássico e 
linear, elaborado a partir de dados obtidos 
em laboratório, onde a resposta sexual de 
casais era monitorada a partir do início 
definido pelo pesquisador. Segundo o 
modelo, em cada ciclo ocorrem as fases de 
Excitação, Prazer, Orgasmo, Resolução 
(EPOR), numa sequência temporal. Embora 
em homens e mulheres ocorram as mesmas 
fases, elas apresentam peculiaridades em 
cada um dos sexos. 
Os autores observaram que a resposta 
sexual do homem obedecia a um único 
padrão: excitação, platô, orgasmo, 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
resolução; enquanto, em relação à mulher, 
concluíram sobre a possibilidade de vários 
padrões de respostas que foram sintetizados 
em três tipos fundamentais: A) excitação, 
platô, multiorgasmos, resolução; B) 
experiência de excitação, platô, sem, no 
entanto, atingir o orgasmo, resolução e C) 
excitação crescente até o orgasmo e 
resolução imediata. 
 
 Kaplan (pesquisa publicada em 1974): 
Acrescenta ao modelo proposto por Masters 
e Johnson o desejo sexual como outra fase 
da resposta sexual humana, motivada por 
observações de transtornos ligados à falta de 
ímpeto sexual. 
Inicialmente, o modelo proposto por ela seria 
trifásico, com Desejo, Excitação e Orgasmo 
(DEO), mas em 1979 ele foi modificado, 
tornando-se Desejo, Excitação, Orgasmo e 
Resolução (DEOR). 
Kaplan propôs um modelo psicossomático 
que considera os elementos que regulam a 
motivação sexual humana. Segundo a 
autora, no SNC estão os centros de 
regulação sexual que incluem estruturas 
límbicas e o hipotálamo. Estímulos 
fisiológicos e psicológicos, excitantes ou 
supressores da motivação sexual, agem 
sobre esses centros reguladores modulando 
o desejo sexual. Esse modelo pode ser visto 
como um acréscimo subjetivo ao esquema 
fisiológico, que expressa as mudanças 
objetivas causadas pelo ato sexual. 
 
ATO SEXUAL MASCULINO: 
A principal fonte de sinais sensoriais capazes 
de iniciar o ato sexual é a glande peniana, 
região densamente vascularizada e inervada 
capaz de transmitir a sensação sexual até o 
sistema nervoso central, partindo do nervo 
pudendo em direção ao plexo sacral e a 
porção sacral da medula. 
Esses impulsos podem ter o mesmo destino 
partindo de áreas adjacentes ao pênis, como 
o epitélio anal, saco escrotal e estruturas 
perianais. Esses estímulos podem surgir até 
mesmo de estruturas internas, tais como a 
uretra, próstata, bexiga, vesículas seminais, 
testículos e canais deferentes. 
O elemento psicológico é também um grande 
estimulador do ato sexual, visto que 
pensamentos conscientes ou sonhos já são 
suficientes para instigar a ejaculação. 
ESTÁGIOS DO ATO SEXUAL MASCULINO: 
A ereção peniana é o primeiro efeito do 
estímulo sexual masculino, em grau 
proporcional à estimulação realizada, seja 
ela física ou psicológica. 
Esse fenômeno é causado por impulsos 
nervosos parassimpáticos que passam da 
região sacral da medula até os nervospélvicos, liberando junto à ACh óxido nítrico 
ou peptídeo intestinal vasoativo, sendo que o 
primeiro auxilia a formação de monofosfato 
cíclico de guanosina (GMP). 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
O GMP cíclico relaxa as paredes das artérias 
do pênis e as malhas musculares no tecido 
erétil dos corpos cavernoso e esponjoso na 
haste peniana, permitindo maior fluxo 
sanguíneo na região que, associado à 
vasodilatação provocada pelo óxido nítrico, 
causa o enchimento do tecido erétil, 
manifestado por endurecimento e 
alongamento do pênis. 
Além de promover a ereção, as fibras e 
impulsos parassimpáticos promovem a 
secreção mucosa pelas glândulas 
bulbouretrais, fluindo pela uretra e auxiliando 
a lubrificação durante o ato sexual. 
O clímax para o ato sexual masculino 
consiste na emissão e ejaculação, ambos de 
responsabilidade simpática. Quando os 
estímulos se tornam muito intensos, os 
centros reflexos da medula enviam sinais 
elétricos que perpassam os plexos 
hipogástrico e pélvico até atingir a genitália. 
A emissão consiste na contração do canal 
deferente e da ampola, favorecendo o 
transporte dos espermatozoides até a uretra 
interna. Contrações prostáticas e nas 
vesículas seminais promovem a liberação de 
líquidos que junto com as secreções 
mucosas já liberadas formam o sêmen, 
substância que permite a movimentação dos 
gametas, além de empurrá-los para a frente. 
O enchimento uretral com esse líquido envia 
sinais sensoriais à parte sacral medula 
espinhal, criando a sensação de plenitude 
súbita nos órgãos genitais internos. Além 
disso, esses estímulos promovem a 
contração dos músculos isquiocavernoso e 
bulbocavernoso, comprimindo assim o tecido 
erétil peniano, causando aumento pressórico 
que culmina na ejaculação do sêmen. Todo 
esse movimento ainda causa espasmos na 
musculatura pélvica, projetando essa região 
no intuito de propelir os gametas para os 
recessos mais profundos da vagina. 
O conjunto dos períodos de emissão e 
ejaculação são denominados de orgasmo 
masculino. No final, a excitação sexual 
desaparece quase completamente entre 1 e 
2 minutos e a ereção cessa, período 
chamado resolução. 
ATO SEXUAL FEMININO: 
Da mesma forma que no ato masculino, o 
desempenho bem-sucedido do ato sexual 
feminino depende tanto de estimulação local 
quanto psicológica. Ter pensamentos 
sexuais auxilia no aumento do desejo sexual, 
porém a concentração hormonal também 
pode contribuir para o aumento da libido, 
principalmente no período de ovulação, 
quando há picos de estrogênio circulante. 
A estimulação sexual local feminina 
assemelha-se àquela observada para o sexo 
masculino, porque a massagem da vulva, 
vagina e de outras regiões perianais podem 
criar sensações prazerosas. A glande do 
clitóris é especialmente sensível ao início 
dessas estimulações. 
O tráfego nos impulsos de sensações 
sexuais segue o mesmo percurso que no 
sexo masculino, percorrendo o nervo 
pudendo, o plexo sacro e ascendendo pela 
medula até o cérebro, com participação 
significativa de arcos reflexos locais. 
Ao redor do clitóris existe tecido erétil muito 
semelhante ao do pênis, cujo controle 
nervoso se dá por fibras parassimpáticas, 
secretando os mesmos agentes vasoativos 
masculinos. O resultado desses processos é 
a contração do introito, que auxilia o homem 
durante o processo ejaculatório. 
Esses sinais também perpassam para as 
glândulas de Bartholin, estimulando a 
secreção de muco nos grandes lábios, 
promovendo assim lubrificação para o ato 
sexual (é válido salientar que a maior parte 
das secreções lubrificantes são de origem 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
feminina, sejam elas advindas dessas 
glândulas ou do epitélio vaginal). Todo esse 
processo favorece sensações 
massageadoras que culminam no clímax 
para ambos os sexos. 
No momento em que a estimulação local 
atinge sua intensidade máxima e, 
principalmente, quando essas sensações 
regionais são favorecidas por sinais de 
condicionamento psíquico oriundos do 
cérebro, são desencadeados reflexos que 
levam ao orgasmo/clímax feminino, 
processo análogo à emissão/ejaculação 
masculina, o que pode facilitar a fertilização 
do óvulo. Essa condição cria uma tensão 
muscular generalizada pelo corpo, dando 
lugar, após o clímax, a uma sensação de 
satisfação e relaxamento, marcando a 
resolução do ato sexual. 
PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS DE RISCO 
DURANTE O AMADURECIMENTO SEXUAL: 
A puberdade traz consigo diversos 
comportamentos impulsivos e de 
experimentação que podem ter amplo 
impacto negativo sobre a saúde do jovem, 
principalmente no que diz respeito ao início 
da vida sexual. Nesse contexto, cabe aos 
profissionais da equipe multiprofissional de 
saúde desenvolver medidas de promoção de 
saúde voltadas para esse grupo etário, 
fazendo uso principalmente de cenários 
intrínsecos à UBS, inseridos no contexto 
diário do adolescente. 
Esses programas têm como temas 
estruturantes preconizados pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente a participação 
juvenil, equidade de gênero, direitos sexuais 
e direitos reprodutivos, projeto de vida, 
cultura de paz, ética e cidadania e igualdade 
racial e étnica, complementam o conjunto de 
oportunidades e facilidades com o objetivo 
de favorecer o desenvolvimento físico, o 
mental, moral, o espiritual e o social dos 
jovens púberes. 
 
A atuação do Programa Saúde na Escola 
(PSE) é de fundamental importância para o 
acesso dos adolescentes à saúde, pois são 
nessas dinâmicas que médicos, enfermeiros 
e outros profissionais podem adentrar a 
realidade juvenil. As informações e as ações 
educativas, fornecidas dentro do espaço da 
consulta e nos grupos, devem ser 
adequadas a cada subfaixa etária, 
considerando também os diferentes cenários 
culturais, religiosos, escolares e 
econômicos. 
Na promoção de ações voltadas para a 
educação em sexualidade é necessário 
considerar as diferentes formas de vivência 
da sexualidade, incluindo as 
experimentações iniciais eróticas e 
autoeróticas como fatores relevantes na 
atenção à saúde sexual e à saúde 
reprodutiva de adolescentes, orientando-os 
para o autocuidado e respeito mútuo na 
construção de relações afetivas e sexuais 
mais solidárias abordando, reflexivamente, 
as experimentações de adolescentes nessas 
relações, incluindo a abordagem da 
orientação sexual, identidade sexual e 
identidade de gênero, assim como as 
questões culturais construídas nas relações 
de gênero. 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
Nesse aspecto, de forma a orientar sobre o 
planejamento reprodutivo, é necessário 
personalizar o acolhimento aos jovens, 
dispensar preservativos em locais de fácil 
acesso nas UBS e elaborar fluxos e 
protocolos de atendimento capazes de 
atender o adolescente, considerando sua 
fase de desenvolvimento. Um exemplo 
dessa postura é o esclarecimento sobre 
todos os métodos contraceptivos 
disponíveis, inclusive os naturais, para que 
eles possam fazer escolhas livres e bem 
informadas, incluindo o respeito às 
concepções religiosas. 
Em relação aos aspectos da conduta 
adotada pela saúde pública em relação à 
sexualidade na adolescência, os temas 
abordados são planejamento familiar 
(acolhimento com respeito, orientação sobre 
contracepção, autoconhecimento, interação 
entre contraceptivos e substâncias ilícitas, 
soropositividade e vida sexual, etc.), 
doenças sexualmente transmissíveis, Aids e 
hepatites virais (redução de danos, 
realização de teste rápido, aumento da 
cobertura vacinal para hepatite B, etc.), 
acompanhamento durante a realização de 
teste rápido de gravidez, e detecção, 
denúncia e orientação sobre violência e 
abuso sexual. 
PROBLEMA 1 – INTERMEDIÁRIA: 
A FECUNDAÇÃO HUMANA: 
TRANSPORTE DOS GAMETAS: 
O ovócito secundário é expelido do folículoovariano com o fluido folicular circundante. 
Durante o processo de ovulação, as 
extremidades da tuba uterina aproximam-se 
do ovário e suas fímbrias fazem um 
movimento de varredura na região, captando 
o ovócito para o infundíbulo tubário. 
A peristalse, movimento ritmado de 
contração e relaxamento da parede das 
tubas uterinas, faz com que o ovócito seja 
encaminhado para a região da ampola, em 
direção ao útero. 
Os espermatozoides são transportados do 
epidídimo à uretra por várias contrações 
peristálticas da cobertura muscular espessa 
dos ductos deferentes. Além disso, as 
glândulas sexuais acessórias (próstata, 
vesículas seminais e glândulas 
bulbouretrais) produzem secreções que se 
misturam ao fluido contendo os gametas, 
fornecendo nutrição (frutose) e incentivando 
contrações uterinas (prostaglandinas). 
De 200 a 600 milhões de espermatozoides 
são depositados em torno do orifício externo 
do útero e no fórnice da vagina durante o 
intercurso sexual. Os gametas passam pelo 
canal cervical lentamente por meio do 
movimento de suas caudas. A vesiculase, 
enzima produzida pelas vesículas seminais, 
coagula uma pequena fração do sêmen 
ejaculado e compõe um tampão vaginal que 
impede o retorno de fluidos. 
Quando a ovulação ocorre, o muco cervical 
aumenta e se torna menos viscoso, 
promovendo o transporte dos 
espermatozoides. Essa passagem rumo ao 
útero e às tubas uterinas é auxiliada pelas 
contrações das paredes desses órgãos. 
O ejaculado (suspensão de 
espermatozoides e secreções de glândulas 
sexuais anexas) contém cerca de 3,5mL, 
podendo variar de 2 a 6mL. Os 
espermatozoides se movem numa 
velocidade média de 2 a 3mm/min, variando 
conforme o pH do meio no qual eles estão 
inseridos, mais lentamente na vagina (pH 
ácido) e rapidamente no útero (alcalino). 
O tempo de transporte dos gametas rumo ao 
local de fecundação é provavelmente curto, 
variando entre 5 e 45 minutos, porém 
somente 200 espermatozoides chegam a 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
esse estágio, com a maioria sendo absorvida 
e degradada pelo trato genital feminino. 
MATURAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES: 
Os espermatozoides recentemente 
ejaculados são incapazes de fecundar 
ovócitos, precisando passar por um período 
de condicionamento, a capacitação, com 
duração de cerca de 7 horas. Nesse 
momento, são removidas uma cobertura 
glicoproteica e proteínas seminais do 
acrossoma, alterando assim os 
componentes de sua membrana, mas sem 
impactar em mudanças morfológicas. Essa 
fase ocorre normalmente no útero ou nas 
tubas uterinas, graças a substâncias 
secretadas nesses locais. 
Quando os espermatozoides capacitados 
entram em contato com a corona radiata que 
envolve o ovócito secundário, sofrem 
mudanças moleculares complexas que 
resultam no desenvolvimento de perfurações 
no acrossoma (reação acrossômica), 
causando fusões entre a membrana 
plasmática do gameta e o capuz enzimático, 
manifestadas como aberturas que permitem 
a liberação de compostos facilitadores da 
fecundação, como a hialuronidase e a 
acrosina. 
Os ovócitos não podem ser fecundados após 
24 horas e se degeneram rapidamente 
depois. A maioria dos espermatozoides 
humanos não sobrevive por mais de 48 
horas no trato genital feminino, porém pode 
ser armazenada temporariamente nos 
recessos vaginais, promovendo uma 
liberação gradual que favorece as chances 
de fertilização. Sêmen e ovócitos podem ser 
mantidos congelados por muitos anos para 
serem utilizados na reprodução assistida. 
A FECUNDAÇÃO: 
O local da fecundação normalmente é a 
ampola da tuba uterina, região mais dilatada 
dessa estrutura. Caso o ovócito não encontre 
o espermatozoide nesse ponto, ele passa 
lentamente para o útero, onde é degradado 
e reabsorvido (logo, constata-se que a 
fecundação pode ocorrer em outras áreas 
das Trompas de Falópio, porém nunca no 
útero). Sinais químicos atrativos, secretados 
pelo ovócito e pelas células foliculares 
circundantes, guiam os espermatozoides 
capacitados (quimiotaxia dos 
espermatozoides) para o gameta feminino. 
A fecundação consiste numa complexa 
sequência de eventos moleculares 
coordenados discorridos em torno de 24 
horas que se deflagra por meio do contato 
entre o espermatozoide e o ovócito e acaba 
com a combinação entre cromossomos de 
origem materna e paterna durante a 
metáfase da primeira clivagem mitótica do 
zigoto, embrião unicelular, fazendo com que 
qualquer interferência nesse processo 
possibilite a morte dessa célula. 
FASES DA FECUNDAÇÃO: 
O processo anteriormente descrito 
desenvolve-se segundo as seguintes etapas 
ordenadas: 
 Passagem do espermatozoide através da 
corona radiata: 
A hialuronidase, enzima liberada no 
acrossoma dos espermatozoides, permite a 
dispersão das células foliculares da corona 
radiata que circunda o ovócito e da zona 
pelúcida, sendo auxiliada por substâncias 
produzidas pela mucosa tubária. Além disso, 
o próprio movimento da cauda do gameta 
masculino favorece sua penetração nesse 
envoltório. 
 Penetração na zona pelúcida: 
A passagem pela zona pelúcida é um 
momento importante para o início da 
fecundação, promovida por meio das 
enzimas esterases, acrosina (proteolítica, de 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
maior destaque) e neuroaminidases, que 
impedem a lise total dessa membrana, 
formando um caminho que permita a 
chegada do espermatozoide ao ovócito. 
 No momento que o gameta rompe essa 
barreira ocorre uma reação zonal que 
modifica suas propriedades, impedindo a 
passagem de outros espermatozoides. Essa 
reação é fruto da ação de enzimas 
lisossômicas liberadas pelos grânulos 
corticais localizados abaixo da membrana 
plasmática do ovócito. 
 Fusão das membranas plasmáticas entre 
ovócito e espermatozoide: 
As membranas de ambos os gametas se 
fundem e se rompem. A cabeça e a cauda do 
espermatozoide permeiam o citoplasma do 
ovócito, porém sua membrana plasmática 
fica para trás. 
 Término da segunda divisão meiótica e 
formação do pronúcleo feminino: 
Com a penetração pelo espermatozoide, o 
ovócito é estimulado a terminar a segunda 
parte de sua meiose, formando o ovócito 
maduro e o segundo corpo polar. Os 
cromossomos maternos se descondensam e 
o núcleo do ovócito torna-se o pronúcleo 
feminino. 
 Formação do pronúcleo masculino: 
Dentro do citoplasma do ovócito, o núcleo do 
espermatozoide aumenta para formar o 
pronúcleo masculino, e sua cauda se 
degenera. 
Morfologicamente, os pronúcieos masculino 
e feminino são indistinguíveis. Durante o 
crescimento dos pronúcieos, eles replicam 
seu DNA-1 n (haploide), 2 c (com duas 
cromátides). O ovócito contendo dois 
pronúcieos haploides é chamado de oótide. 
 Formação do zigoto: 
Logo que os pronúcieos se fundem em uma 
agregação de cromossomos única e diploide, 
a oótide torna-se um zigoto. Os 
cromossomos no zigoto arranjam-se em um 
fuso de clivagem, na preparação para a 
divisão do zigoto. 
 
Um fator inicial de gravidez, uma proteína 
imunossupressora, é secretada pelas células 
trofoblásticas e surge no soro materno dentro 
de 24 a 48 horas após a fecundação, 
compondo a base dos testes de gravidez 
durante os primeiros 10 dias de 
desenvolvimento. 
O zigoto é geneticamente único pois contém 
metade dos cromossomos de origem 
materna e a outra, paterna, formando uma 
nova combinação gênica. Esse mecanismo 
forma a base da herança biparental e da 
variação da espécie humana. O sexo 
cromossômico do embrião é determinado na 
fecundação pelo tipo de espermatozoide (X 
ou Y) que fertiliza o ovócito, uma vez que 
esse gameta já apresenta o cromossomo X. 
CLIVAGEM DO ZIGOTO: 
A clivagem, conjunto de divisões mitóticas 
sucessivas do zigoto (ainda revestido pela 
zona pelúcida), ocorre cerca de 30 horas 
após a fecundação, quando esse tipo celular 
passapelas tubas uterinas em direção ao 
útero. Essas divisões sucessivas criam 
células embrionárias (blastômeros) cada vez 
menores. 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
Após o estágio de nove células, os 
blastômeros mudam sua forma e se juntam 
firmemente uns com os outros para formar 
uma bola compacta de células. Esse 
fenômeno (compactação) provavelmente é 
auxiliado por glicoproteínas de adesão de 
superfície celular. A compactação permite 
uma maior interação célula com célula e é 
imprescindível para a segregação de células 
internas que formam a massa celular interna 
ou embrioblasto do blastocisto. 
Quando já existem de 12 a 32 blastômeros, 
o ser humano em desenvolvimento é 
chamado de mórula (aparência semelhante 
a uma amora com suas projeções esféricas). 
As células internas da mórula (chamadas de 
massa celular interna) estão circundadas por 
uma camada de células que formam a 
camada celular externa. A mórula se forma 
cerca de 3 dias após a fecundação e alcança 
o útero. 
 
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS: 
Anticoncepção refere-se ao ato de utilizar 
métodos e técnicas com o objetivo de 
impedir a fecundação, sendo um recurso de 
planejamento familiar para a constituição de 
prole planejada e programada, de forma 
consciente. 
Embora possam ser classificados de 
diversas maneiras, os dois principais grupos 
são de métodos reversíveis e métodos 
definitivos. 
Os métodos reversíveis são 
comportamentais, de barreira, dispositivos 
intrauterinos, hormonais e os de emergência, 
ao passo que os métodos definitivos são os 
cirúrgicos, esterilização cirúrgica feminina e 
esterilização cirúrgica masculina. 
O manejo das situações que envolvem a 
contracepção faz necessária a aplicação de 
critérios importantes, a saber: 
 Eficácia do método contraceptivo: 
Refere-se à capacidade de proteção desse 
método contra a gravidez não desejada/não 
programada, expressa pela taxa de falhas 
inerente ao mecanismo num período de 
tempo (geralmente um ano). Para calcular 
esse fator é empregado o índice de Pearl, 
calculado da seguinte forma: 
 
 Segurança: 
Determinada pelo potencial de causar riscos 
à saúde de quem utiliza o método em 
questão. Sua avaliação se dá por meio dos 
efeitos indesejáveis e possíveis 
complicações. Quanto maior a segurança do 
método, menor será sua probabilidade de 
comprometer a saúde do usuário. 
 Escolha do método: 
O principal critério para a eleição do método 
contraceptivo é a opção feita pelo usuário, 
que deve ser sempre privilegiada. 
Entretanto, o mecanismo escolhido nem 
sempre poderá ser utilizado, fazendo com 
que o médico desenvolva ferramentas 
adequadas para avaliar se o paciente 
apresenta alguma contraindicação clínica 
para tal. Se existirem, o médico deve colocar 
os demais métodos possíveis à disposição 
da pessoa interessada, explicando-lhe as 
suas características, modo de uso, riscos e 
benefícios, bem como a eficácia, fornecendo 
ao usuário condições de fazer nova opção e 
se comprometer com ela. 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
Vale salientar que os resultados (eficácia, 
uso correto, ausência de efeitos 
indesejáveis) observados para qualquer 
instrumento de contracepção são 
diretamente relacionados com o grau de 
adesão após a eleição do melhor método. 
 
 Critérios de elegibilidade de um método 
anticoncepcional: 
São definidos por meio de um conjunto de 
características apresentadas pelo candidato 
à adoção de certo método, indicando se essa 
pessoa pode ou não o utilizar. Quatro 
categorias formas estabelecidas pela OMS: 
o Categoria 1: o método pode ser 
utilizado sem qualquer restrição; 
o Categoria 2: o uso do método discutido 
pode apresentar algum risco, 
normalmente menor do que os 
benefícios decorrentes de seu uso. Em 
outras palavras, o método pode ser 
usado com cautela e precauções 
maiores, especialmente 
acompanhamento clínico mais 
rigoroso; 
o Categoria 3: o uso do método pode 
estar associado a um risco, 
geralmente considerado superior aos 
benefícios decorrentes de seu uso. O 
método não é o mais apropriado para 
aquela pessoa, podendo ser usado, 
contudo, no caso de não haver outra 
opção disponível, ou em que a pessoa 
não aceita qualquer outra alternativa, 
mas desde que seja bem alertada 
desse fato e que se submeta a uma 
vigilância médica muito rigorosa. As 
condições que levam à classificação 
nessa categoria eram denominadas 
anteriormente por contraindicações 
relativas; 
o Categoria 4: o uso do método em 
apreço determina um risco à saúde 
inaceitável, sendo contraindicado de 
forma absoluta. 
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS REVERSÍVEIS: 
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS: 
Denominados também como métodos 
naturais de concepção, são os mecanismos 
baseados no reconhecimento do período 
fértil feminino. Compõem um conjunto de 
práticas que envolvem a abstinência sexual 
durante os dias nos quais há chances de 
ocorrer a fecundação ou no uso de técnicas 
nas quais o esperma não é depositado no 
canal vaginal. 
O período fértil contempla o tempo de 
viabilidade do espermatozoide (5 dias) e o 
tempo que o ovócito permanece vivo (24 
horas), totalizando seis dias em cada ciclo 
menstrual. No entanto, não existe uma 
determinação precisa deste período, que é 
variável, de mulher para mulher e, mesmo 
numa mesma mulher, em cada um de seus 
ciclos. Por esse motivo, o casal necessita 
abster-se de fazer sexo por um período 
maior do que os seis dias férteis de cada 
ciclo. 
As vantagens que se destacam são a 
gratuidade, a ausência de malefícios à 
saúde, o autoconhecimento do corpo 
feminino e de sua fertilidade e a possibilidade 
de casais seguirem normas de sua religião 
ou filosofia cultural, além de não haver 
demora no retorno da fertilidade. Apesar de 
não possuírem efeitos colaterais, os métodos 
naturais não protegem o casal contra 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
infecções sexualmente transmissíveis 
(ISTs). 
Algumas situações podem fazer com que 
seja mais difícil usar a abstenção periódica 
com a eficácia desejada. Dentre elas, 
destacam-se irregularidades no ciclo 
menstrual e o pós-parto ou amamentação, 
sendo recomendado o adiamento do início 
do uso desse método até que ocorram no 
mínimo três ciclos menstruais e os ciclos 
estejam regulares novamente, o que também 
vale para casos de abortamento. 
A eficácia depende dos casais em abster-se 
de relações sexuais com penetração vaginal 
nos dias férteis. 
Essas práticas podem ser divididas de forma 
didática conforme as formas distintas de 
percepção da fertilidade feminina, a saber: 
 Métodos baseados no calendário: 
o Método dos dias fixos: 
Indicado para mulheres que 
apresentam ciclos de 26 a 32 dias. A 
pessoa interessada deve anotar no 
calendário (ex.: com um círculo) o 
primeiro dia da menstruação e os 
próximos sete dias, período no qual 
pode ter reações sexuais livremente. 
Os próximos 12 dias devem ser 
assinalados de forma diferente (ex.: 
com um X) não devendo praticar, 
durante esse intervalo, relações com 
penetração vaginal. Portanto, em cada 
ciclo, a mulher pode ter relações 
livremente nos dias marcados com 
círculo e os dias após o último 
marcado com X até a próxima 
menstruação. 
o Método rítmico do calendário 
(tabelinha ou Ogino-Knaus): 
Previamente ao início da utilização 
desse método, a mulher deve registrar 
o número de dias de cada ciclo 
menstrual durante, pelo menos, seis 
meses. O primeiro dia da menstruação 
é sempre o dia número um. O ciclo 
menstrual começa no primeiro dia da 
menstruação e termina no último dia 
antes da menstruação seguinte. A 
mulher subtrai 18 da duração do seu 
ciclo mais curto, estimando, assim, o 
primeiro dia de seu período fértil. Em 
seguida, ela subtrai 11 dias da duração 
do seu ciclo mais longo, que 
corresponde ao último dia de seuperíodo fértil. O casal deve evitar 
relações sexuais com penetração 
vaginal durante este período. 
 
A crítica a esse método se baseia no 
fato de que é realizada uma avaliação 
retrospectiva projetada para o futuro, 
sendo que a fisiologia feminina não 
responde a critérios matemáticos, 
além de que requer bastante disciplina 
e obediência por parte do casal ao 
período de abstinência. 
 Métodos baseados em sintomas: 
o Método da ovulação (método de 
Billings ou do muco cervical): 
A fundamentação desse método 
consiste no processo de evolução do 
muco cervical ao longo do ciclo 
menstrual. Durante a fase estrogênica, 
ocorre secreção de muco cervical que, 
durante a ovulação, possui 
características que viabilizam a 
locomoção dos espermatozoides. 
Ocorrendo a ovulação, o corpo lúteo 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
secreta progesterona, inibindo a 
secreção cervical. 
Logo após o fluxo menstrual é o 
período conhecido como seco, que 
compreende do 1º ao 7º ou 10º dia do 
ciclo. É o período pré-ovulatório. Após 
essa etapa, aparece o muco cervical, 
marcando o início do período úmido. O 
muco cervical no início é escasso, 
opaco e viscoso, aumentando 
progressivamente em quantidade e 
tornando-se claro, transparente e 
elástico, como a clara de ovo crua. No 
dia que corresponde ao pico de 
estrogênio, o muco alcança o máximo 
dessas características, sendo 
conhecido como o dia ápice do muco e 
corresponde à máxima fertilidade. 
 
Para o uso deste método, a mulher 
precisa detectar a presença ou não de 
muco, examinando diariamente sua 
secreção cervical nos dedos, na 
calcinha ou lenço de papel ou pela 
sensação de umidade vaginal. Assim 
que sentir a presença de secreção, 
deve considerar-se fértil. Após 
perceber o dia do ápice do muco, 
deverá permanecer sem penetração 
vaginal por três dias. Do 4º dia após o 
ápice, até novamente perceber 
umidade vaginal, o casal pode manter 
relações sexuais vaginais. 
A ovulação pode, mesmo que 
raramente, ocorrer durante o fluxo 
menstrual, portanto, os casais devem 
evitar relações sexuais vaginais 
durante os dias de fluxo menstrual 
intenso, pois, nestes dias é difícil 
verificar as secreções cervicais. 
Durante o período livre para relações 
vaginais, o casal não deve tê-las por 
dois dias seguidos, pois, o sêmen 
prejudica a observação do muco. 
 
As críticas direcionadas a esse método 
baseiam-se no fato de que diversas 
mulheres não conseguem manipular 
seus genitais de forma a obter 
amostras de muco, além de que 
processos patológicos como vaginites 
podem interferir no aspecto dessas 
secreções. 
o Método dos dois dias: 
Esse método é apropriado para 
mulheres com ciclos menstruais de 
qualquer duração, independentemente 
de sua regularidade, porém requer 
grandes períodos de abstinência 
sexual. Sua fundamentação é a 
mesma que a do método de Billings, 
mas não requer observação das 
características da secreção vaginal, 
somente sua presença e o dia que se 
segue. 
A mulher deve considerar-se fértil ao 
perceber a presença de qualquer 
forma de muco até que permaneça por 
dois dias sem a secreção, momento a 
partir do qual pode ter relações 
livremente. 
 
o Método da temperatura basal: 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
São utilizadas variações da 
temperatura corporal de modo a 
identificar a ovulação, uma vez que a 
secreção de progesterona pelo corpo 
lúteo causa aumento de 0,2 a 0,5ºC na 
temperatura do corpo. Na maioria das 
mulheres isso ocorre no meio do ciclo 
menstrual. 
Para utilizar este método, a mulher 
precisa verificar sua temperatura 
diariamente, da mesma maneira, no 
mesmo horário pela manhã, antes de 
sair da cama ou ingerir alimentos. 
Após três dias da elevação da 
temperatura, o casal pode ter relações 
livremente. Portanto, o período de 
abstinência deverá ser desde o 
primeiro dia do ciclo menstrual até três 
dias após a elevação da temperatura 
basal. 
Esse método pode ser tanto utilizado 
sozinho como associado ao método do 
calendário e fazendo parte do 
sintotérmico, pois permite reduzir a 
abstinência pós-ovulatória. 
Os principais pontos criticados nesse 
método são a necessidade de 
disciplina para a consistência dos 
valores aferidos, dependência da 
medição adequada da temperatura e 
alta capacidade de interferência por 
agentes exógenos, como um processo 
gripal. 
 
 Método sintotérmico (combina calendário 
e sintomas): 
A identificação do período fértil e não fértil é 
feita com a combinação dos métodos de 
temperatura basal e da ovulação, além da 
percepção de outros sinais e sintomas que 
indicam a ocorrência da ovulação, como 
ingurgitamento das mama, dor pélvica e 
mudanças de humor. 
A utilização deste método requer abstinência 
sexual desde o primeiro dia da menstruação 
até o quarto dia após o pico das secreções 
cervicais ou o terceiro dia inteiro após a 
elevação da temperatura. Ocorrendo um 
destes fatores, deverá esperar a ocorrência 
do segundo para que possa ter relação 
vaginal desprotegida. 
 
 Método da lactância com amenorreia 
(LAM): 
O aleitamento materno foi reconhecido 
cientificamente como um método 
contraceptivo em 1988, no Consenso de 
Bellagio, e reavaliado em 1995, sendo 
considerado uma ferramenta adequada para 
utilização pelos programas de planejamento 
familiar. 
Na década de 1980, ao mesmo tempo em 
que o foi resgatado como método 
contraceptivo, seus inúmeros benefícios 
para a saúde da mulher e da criança foram 
comprovados e defendidos pela comunidade 
científica. Essa conduta, no entanto, sofre 
com o condicionamento social, recebendo 
diferentes significados em sociedades 
distintas, tornando necessária sua 
Júlia Figueirêdo – CONCEPÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO 
compreensão como fenômeno biológico e 
social. 
Este método fundamenta-se na 
hiperprolactinemia existente em resposta ao 
estímulo da sucção durante a amamentação 
e, consequentemente, níveis de FSH e de LH 
insuficientes para estimular o 
desenvolvimento dos folículos ovarianos. 
Sabe-se que o estímulo para produção da 
prolactina é a sucção efetiva do bebê e, 
quanto maior a frequência e a duração das 
mamadas, maior é este estímulo. Nesse 
sentido, o uso de chupetas e de mamadeiras, 
a introdução de líquidos ou sólidos e longos 
intervalos entre as mamadas (intervalo 
noturno maior que seis horas, por exemplo) 
podem interferir diretamente na produção de 
leite, permitindo oscilações da liberação de 
prolactina, facilitando a possibilidade de 
ovulação. 
Há três critérios para a adoção desse 
método, que devem estar sempre presentes: 
 O bebê deve ter até 6 meses de vida; 
 A mãe deve estar em amenorreia; 
 O aleitamento deve ser exclusivo (ou 
quase) dia e noite. 
É um método de alta eficácia, sendo o índice 
de falha de 0,5 a 2% em seis meses, 
havendo redução em caso de uso rotineiro. 
Todas as mulheres que estejam 
amamentado podem usar o LAM. São raras 
as condições que contraindicam o 
aleitamento, sendo as principais: doenças 
maternas como infecção pelos vírus HIV e 
HTLV, uso de drogas como quimioterápicos 
e drogas radioativas, e drogas ilícitas. Todas 
as intercorrências que afetam o momento de 
aleitamento devem ser sanadas de forma a 
manter a eficácia desse método 
contraceptivo, sejam elas relacionadas à 
nutriz ou ao bebê. 
 Relações sem que haja ejaculação na 
vagina: 
Consiste na utilização de práticas sexuais 
diversas do coito vaginal, para que a 
ejaculação não seja intravaginal. A prática 
mais conhecida e difundida é o coito 
interrompido. O homem, ao pressentir a 
iminência da ejaculação, retira o pênis da 
vagina e ejacula fora desta, 
preferencialmente longe da região genital 
feminina. São necessários um grande 
autocontrole masculino e compreensão da 
mulher, que pode sentir frustração por isso. 
Há,

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