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MECANISMOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO

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2
UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
FACULDADE DE DIREITO
8º Período
MECANISMOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO.
Mediação, Conciliação, Arbitragem
Itaúna
2018
8º Período
MECANISMOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO.
Mediação, Conciliação, Arbitragem
Trabalho apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Direito Processual Civil da Fundação Universidade de Itaúna. 
Turno: Noturno Período: 8º
Professora: 
Itaúna
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	4
2	MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS	6
2.1	Os meios alternativos de solução dos conflitos e o operador do direito	7
2.2	Métodos tradicionais de resolução dos conflitos	8
2.2.1	Autotutela	8
2.2.2	Autocomposição	9
2.2.3	Heterocomposição	9
2.2.4	Método jurisdicional	10
2.3	Soluções extrajudiciais para resolver conflitos	10
2.3.1	Conciliação	10
2.4	Mediação	10
2.5	Arbitragem	11
2.6	Benefícios	11
2.7	Vantagens voltadas para a sociedade	12
3	CEJUSC – CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA	12
4	ARBITRAGEM	14
4.1	História da arbitragem	14
4.2	Procedimento	15
4.3	Princípios da arbitragem	18
4.3.1	Árbitro	18
4.3.2	Sentença arbitral	20
4.3.3	Regulamentação da arbitragem	22
5	A ARBITRAGEM A O ATUAL CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL	23
6	CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO	26
6.1	Conceito e breve histórico brasileiro	26
6.2	Espécies	28
6.3	Princípios que regem a conciliação e mediação	28
7	MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO: QUAL A DIFERENÇA?	29
7.1	Conciliação	30
7.2	Compreendendo o funcionamento	31
7.2.1	Quem pode conciliar?	31
7.2.2	O que devo fazer?	31
7.2.3	E se a outra parte não aceitar? Como fica?	32
7.2.4	A conciliação é ganho de tempo?	32
7.2.5	A conciliação significa que você está desistindo de receber o que de fato merece?	32
7.2.6	E quais são os benefícios da conciliação?	32
7.2.7	Ela é mais rápida que o trâmite normal dos processos?	33
7.2.8	O resultado da conciliação tem validade jurídica?	33
7.2.9	Que tipo de conflito pode ser resolvido com a conciliação?	33
8	MEDIAÇÃO	33
8.1	Técnicas de mediação	34
8.1.1	Escuta ativa	34
8.1.2	Rapport	34
8.1.3	Parafraseamento	35
8.1.4	Brainstorming	35
8.1.5	Caucus	35
8.1.6	Principais caraterísticas da mediação e da conciliação	36
8.1.7	Realização da mediação	38
8.1.8	Início	38
8.1.9	Reunião de informações	38
9	FONTES LEGISLATIVAS DA CONCILIAÇÃO E DA MEDIAÇÃO	39
9.1	Forma e procedimento	42
10	NORMATIVA	45
11	QUALIFICAÇÃO DE SERVIDORES	48
12	ATUAL SITUAÇÃO NO BRASIL: DADOS ESTATÍSTICOS E NOVIDADES	51
13	ATUAL SITUAÇÃO DAS CONCILIAÇÕES NO BRASIL	53
14	CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA	54
14.1	Serviço de conciliação e mediação nos cartórios	55
15	ATUAL SITUAÇÃO DAS ARBITRAGENS NO BRASIL	56
16	ANÁLISE TEXTUAL DO CASO EM TESE	58
16.1	Decisões jurisprudenciais	61
CONCLUSÃO	64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	65
INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca abordar os meios alternativos de resolução de conflitos, com enfoque à mediação, conciliação e arbitragem, trazendo seus conceitos básicos, bem como analisando no que consistem; suas possibilidades de aplicação, suas vantagens e eficácia.
Constituem-se em formas legais de pacificação de litígios, criadas pelos operadores do direito, a fim de facilitar o acesso ao direito e à justiça. 
Todavia, apesar de serem extremamente mais vantajosos do que o procedimento judicial, ainda não são empregados no Brasil por desconhecimento do tema ou pela falta de cultura do uso destes meios alternativos.
É de extrema importância conhecer estes meios não-jurisdicionais de pacificação social; quais as áreas em que podem ser empregados; quais as vantagens que apresentam; e qual a eficácia de suas decisões.
Sabe-se que as soluções alternativas de conflitos são institutos seculares e certamente utilizados desde as primeiras aglomerações sociais da história da humanidade. Institutos esses que, acolhidos e desenvolvidos pelo Direito de praticamente todos os países, são considerados eficazes formas de pacificação social com a incrível característica de contribuir para aliviar o exercício da função jurisdicional, diminuindo, consideravelmente, o acúmulo de pendências judiciais.
Esse tema é atual e importante, uma vez que a Justiça brasileira está passando por uma transmutação exigida pela própria evolução social, e estamos diante de uma deformalização dessa Justiça que, nos dias de hoje, prima por afastar-se do eixo segurança/certeza, apoiando-se no eixo rapidez/probabilidade. 
Conforme a esse princípio, que norteou toda a recente reforma do Código de Processo Civil brasileiro e, em especial, a elaboração da Lei dos Juizados Especiais Cíveis, foi resgatada pelos nossos renomados processualistas a significativa importância dos meios alternativos de soluções de conflitos como verdadeiros e eficazes mecanismos de se fazer a justiça e de se alcançar a tão buscada paz social.
Certamente após a leitura deste trabalho, o leitor conhecerá um pouco mais a respeito destes meios alternativos de solução de conflitos e concluirá que são aptos para pacificação das controvérsias, uma vez que são céleres, econômicos, informais, sigilosos e eficazes, pois a decisão é satisfatória para ambas as partes envolvidas no conflito.
MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE LITÍGIOS
O Estado exerce a função pacificadora. Contudo, nota-se que o mesmo tem falhado nesta missão.
O processo é formalista, uma vez que todas as garantias trazidas pela Constituição, às partes, devem ser asseguradas, como o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal. Tal fato faz com que o processo caminhe mais lentamente e que a resolução do litígio demore muito mais do que as partes gostariam, aumentando a angústia e o sofrimento. 
O que também pesa são as custas processuais; que dificultam o acesso à justiça e, consequentemente, a pacificação dos conflitos.
Assim, diante destas dificuldades ao acesso à justiça e da crise do Poder Judiciário, os processualistas passaram a buscar novos meios de solução de conflitos, que fossem menos formais, mais céleres e com custas menores. 
Surgiram as soluções não-jurisdicionais dos litígios, denominadas meios alternativos de pacificação, que facilitaram o acesso à justiça. Tal entendimento é confirmado por Antônio Cintra, Ada Grinover e Cândido Dinamarco, que opinam:
[...] os meios informais gratuitos (ou pelo menos baratos) são obviamente mais acessíveis a todos e mais céleres, cumprindo melhor a função pacificadora. (...) constitui característica dos meios alternativos de pacificação social também a delegalização, caracterizada por amplas margens de liberdade nas soluções não-jurisdicionais (juízo de equidade e não juízos de direito, como no processo jurisdicional). (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2007, p. 33)
Luiz Antunes Caetano também corrobora este entendimento lecionando que:
[...] os meios alternativos da solução de conflitos são ágeis, informais, céleres, sigilosos, econômicos e eficazes. Deles é constatado que: são facilmente provocados e, por isso, são ágeis; céleres porque rapidamente atingem a solução do conflito; sigilosos porque as manifestações das partes e sua solução são confidenciais; econômicos porque têm baixo custo; eficazes pela certeza da satisfação do conflito. (CAETANO, 2002, p. 104)
Receberam esta denominação, uma vez que o termo “alternativo” é empregado para designar formas de resolução de litígios de não sejam a tradicional, que é o Poder Judiciário. Dentre estes meios alternativos destaca-se a mediação, a conciliação e a arbitragem.
Os meios alternativos de solução dos conflitos e o operador do direito 
Os advogados têm o dever ético de orientar o cliente sobre as diversas formas de solução do conflito, e em função da pressão dos próprios clientes, dos juízes e da realidade da morosidade da justiça muitos escritórios estão organizando e divulgando serviços de meios alternativos em alguns países. 
Porém é notório os inúmeros obstáculos ao envolvimento dos advogados no Brasil com o tema; dentre eles: a não familiaridade, por falta de conhecimento, e o medo do desconhecido; combinadocom medo de perda de receita.
Ocorre que a cultura jurídica brasileira tem como fundamento que, pela tradição, só o Estado é capaz de resolver os litígios entre as partes, e temem a solução originária de particulares, além de preestabelecerem que as partes nunca poderão se conciliar, mas sempre serão contendores, donos de uma única verdade, e assim, os operadores do direito, em especial os advogados, saem em busca da “Justiça” e não da simples solução do conflito. 
Ressalta-se que código de disciplina da Ordem dos advogados do Brasil prevê o dever do advogado “estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios”. 
Assim, os advogados, como possuem o primeiro contato com as partes, são de fundamental importância, pois no momento da orientação jurídica, deverão, ao nosso entender, fazê-la demonstrando a escolha do melhor método alternativo ao seu cliente, bem como continuar atuando durante o desenvolvimento do processo alternativo em busca da solução mais satisfatória oferecendo mais atenção aos efetivos interesses e necessidades dos seus clientes, enfim, utilizando os meios alternativos para o real acesso à justiça do jurisdicionado.
Além do que é sabido que os meios alternativos como a arbitragem, existe desde a babilônia há 3.000 anos a.C., com a presença de juízes particulares, sendo anterior ao liberalismo.
Métodos tradicionais de resolução dos conflitos
Ao existir uma divergência qualquer, uma disputa ou mesmo um pleito, normalmente se vale de métodos estabelecidos para tentar alcançar tais pretensões. Tais métodos são intermediados pela figura da autoridade judicial; assim, sendo demonstrado o interesse do Estado em solucionar esse conflito, por meio de um processo judicial.
Segundo Correia:
[...] o Estado, mediante a atuação do juiz, submete os particulares a essa decisão, tendo estes de acatá-la. A vontade do Estado substitui a dos particulares a partir da decisão judicial. Logo, resta claro que, observada a noção antes exposta, [...] que as normas de direito processual, serão em sua maioria cogentes (ou seja, não se encontra na disposição das partes a possibilidade de alterá-las. Assim, hipoteticamente, mesmo que as partes concordassem de forma diversa, os prazos para defesa e recursos postos nos diplomas processuais não poderiam ser alterados por disposição delas). (CORREIA, 2005, p.14)
Autotutela
A autotutela é uma forma de resolução de conflito em que o indivíduo de forma imperativa, impõe a outra parte seu interesse. Ao ser permitido a lado coercitivo pela parte pleiteante, para a preservação de seus interesses.
Tal exercício é restringido hoje em dia, considerando-se até ilícito penal o uso de força, ou outro meio desta natureza.
São características da autotutela:
· A autodefesa;
· Emprego da força, sendo que, sempre o mais forte vencerá;
· A lei do mais forte;
· A não existência da intervenção do estado.
Observação: as exceções do uso da autotutela são exatamente as positivadas nos artigos a seguir:
· Art. 188, I – Código Civil (legítima defesa e exercício regular de um direito)
· Art. 188, II – Código Civil (estado de necessidade)
· Art. 1.210 – Código Civil (manutenção de posse)
· Art. 1.283 – Código Civil (corte de raízes e ramos de árvores)
 
Autocomposição
Tal forma se dá pelo interesse dos próprios litigantes, sendo por meio de renúncia ou reconhecimento a favor do adversário.
Seguem as três formas que podem chegar:
· Por meio de renúncia ou desistência por parte de quem deduz a pretensão;
· Reconhecimento; e,
· Através de concessões recíprocas.
Heterocomposição
Este método acontece quando o objeto da lide é resolvido através da entrada de um terceiro. De modo que, ao invés das partes litigantes resolverem entre si, as partes "contratam" esse terceiro a procurar a solução, que desta vez, é dada por ele, ou com a ajuda do mesmo.
Assim, possuem-se como formas de heterocomposição, a jurisdição, arbitragem, mediação (de certo modo) e a conciliação.
Método jurisdicional
Com este método, trabalha-se através de um processo judicial, em forma de um processo propriamente dito. Ao ser um meio que as partes provocam o Estado, buscando uma pacificação para resolverem seus pleitos. Prevalecendo uma determinação dada pelo juiz.
Soluções extrajudiciais para resolver conflitos
Na era contemporânea, geralmente, somos espectadores de uma justiça cada vez mais lenta e falida e de um acesso cada vez pior, a justiça. Não, que a mesma seja de difícil provocação pelo viés formal; porém, esse acesso está cada vez menos eficaz.
Seguem os métodos extrajudiciais, para resolução dos conflitos:
Conciliação
A conciliação é uma forma para resolver conflitos, sendo a devida provocação jurisdicional. Onde um terceiro tem como objetivo, reaproximar as partes, sendo ativo no tocante a sugestões, dicas, sempre na tentativa de fazer com que as partes entrem em composição, sempre com o propósito de evitar uma demanda judicial, e pacificar discussões que ali estão.
Mediação
É uma forma de resolução extrajudicial para resolução de conflitos existentes, onde existe a figura do mediador, sempre podendo ser mais de um, exercendo uma função de aproximar as partes envolvidas no conflito, para que elas tenham liberdade para discutir o objeto em questão, e consigam chegar a bom termo, que não traga o sentimento de derrota para nenhuma das partes. A decisão que ao final chegarem, será apenas o que as partes acordarem, tendo que ser respeitada sua autonomia.
Para Fredie Didier Júnior:
A mediação é uma técnica não-estatal de solução de conflitos, pela qual um terceiro se coloca entre os contendores e tenta conduzi-los à solução auto composta. O mediador é um profissional qualificado que tenta fazer com que os próprios litigantes descubram as causas do problema e tentem reovê-las. Trata-se de técnica para catalisar a auto composição. (DIDIER, Fredie, 2009, p 78)
Arbitragem
A arbitragem, diferente da mediação e da conciliação, evidencia-se um pouco mais complexa; todavia, mesmo com essa complexidade, torna-se bem mais simples do que enfrentar uma demanda judicial. Sua decisão tem real valor de sentença, e terá que ser cumprida, como se de fato, fosse o juiz que tivesse sentenciado.
Benefícios
As técnicas extrajudiciais para resolução de conflitos, além de evitarem o desgaste de uma demorada ação judicial, trazem inúmeros benefícios, podendo ser listados:
· A celeridade: sem a necessidade de uma atitude formal, essas técnicas se tornam bem mais célere, do que uma provocação judiciária;
· Sigilo: diferente do processo, o sigilo se faz como regra;
Vantagens voltadas para a sociedade
Dentre os benefícios gerados, podem-se citar alguma de significante importância, tais como:
· Diminuição da carga de processos para os magistrados:
· Com casos mais simples sendo resolvidos sem a necessidade da vigilância do estado, consegue-se dar mais rapidez aos processos já existentes.
· Rapidez, eficiência e eficácia para os pleiteantes:
· As partes tendo como debaterem suas divergências e pleitos, consegue-se chegar bem mais rápido aos objetivos.
· Mínimo desgaste das partes;
Tal procedimento não oferece desgaste como um processo judicial, pois não seria necessária a espera por recursos, que muitas vezes são usados como mero instrumento de procrastinação.
CEJUSC – CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA
A Lei 13.105/15, o atual Código de Processo Civil, além de estimular a conciliação, prevê, em seu artigo 165, a criação de centros judiciários de solução consensual de conflitos.
“O novo Código não se limita a estimular a solução consensual dos conflitos. Vai além e prevê a criação, pelos tribunais, de ‘centros judiciários de solução consensual de conflitos’, os quais serão responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, assim como pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a auto composição (art. 165). A composição e a organização de tais ‘centros’ serão definidospelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça (art. 165, §1.º)”.
Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania são centros onde não é necessário que as partes tenham advogados, cujos problemas são resolvidos por meios alternativos, como o acordo.
Esses Centros foram criados por uma Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2010 o que previa: “Art. 1.º Fica instituída a Política Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade [...]”.
Esta Resolução do CNJ foi recepcionada pelo Novo Código de Processo Civil, que impulsionou a adoção de instrumentos alternativos de resolução de conflitos, como a mediação, conciliação, arbitragem.
Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos são integrados pelos setores: Processual, Pré-Processual e Setor de Cidadania.
O Setor Processual realiza mediações e conciliações em processos que já se iniciaram judicialmente. A página virtual do Tribunal de Justiça de Minas Gerais explica o que é o Setor Processual:
“É o setor para onde são encaminhados processos para conciliação e mediação, ou seja, neste setor, são feitas audiências de conciliação e mediação em processos que já estão na justiça. A qualquer momento, um cidadão que já tem um processo na justiça poderá pedir a seu advogado que o caso seja enviado para o CEJUSC para tentativa de conciliação ou mediação”.
Já o Setor Pré-Processual, tem o objetivo de resolver o conflito antes que seja necessário mobilizar o Judiciário. É a forma menos burocrática de se resolver um conflito. O atendimento é gratuito e informal.
“É o setor onde são realizadas orientações e marcadas sessões de conciliação e mediação antes que haja um processo na justiça. No setor pré-processual os conflitos são resolvidos de modo informal, gratuito e por meio de acordo de questões que não sejam objeto de ação em curso na justiça. Podem funcionar dentro do próprio CEJUSC, em faculdades, associações comerciais, espaços oferecidos por prefeituras, associações de bairro ou outras instituições”.
O Setor de Cidadania é definido pelo site do TJMG como sendo:
“Setor onde se realiza o primeiro contato do cidadão com o CEJUSC. Neste espaço, o cidadão pode ter acesso a informações sobre os locais onde poderá resolver seu problema (se não puder resolvê-lo ali no CEJUSC) e sobre formas rápidas e satisfatórias de resolvê-lo: conciliação e mediação”.
O CNJ – Conselho Nacional de Justiça – publica todos os anos um relatório anual chamado Justiça em Números. O relatório de 2015, que teve por ano base o ano de 2014, aponta que a quantidade de Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania nesse ano era de 365. Já no ano de 2016, o relatório apontava que em 2015 a quantidade desses Centros foi de 648, representando um aumento de aproximadamente 77,5 %.
O relevante aumento da quantidade desses Centros (CEJUSCs) comprova que o Novo Código de Processo Civil veio para diminuir o número de demandas judiciais. E ao que parece, tem conseguido. Nesses centros, há uma tentativa de resolução de conflitos antes que o réu seja citado para a contestação, o que, a médio e longo prazo, tende a diminuir o congestionamento do Poder Judiciário, aumentando a produtividade dos magistrados e servidores, tornando a Justiça mais eficiente e satisfatória, além de mais célere.
ARBITRAGEM
História da arbitragem 
O termo arbitragem origina-se do latim “arbiter”, que significa juiz, jurado. Trata-se de um meio alternativo à via judicial, que visa compor litígios, onde as partes envolvidas na controvérsia concordam, através de um contrato ou de um acordo, em se submeterem ao juízo arbitral para solucionarem as contradições. Lília Maia de Morais Sales conceitua arbitragem como:
[...] é um procedimento em que as partes escolhem uma pessoa capaz e de sua confiança (árbitro) para solucionar os conflitos. Na arbitragem, ao contrário da conciliação e da mediação, as partes não possuem a poder de decisão. O árbitro é quem decide a questão. (SALES, 2007, p. 46).
Luiz Antunes Caetano a define como:
[...] trata do modo, meio e forma de pessoas, empresas ou instituições particulares poderem (e deverem) dirimir, resolver e, assim, dar fim aos eventuais conflitos oriundos do relacionamento entre elas, sejam pessoais ou negociais, fora do Poder Judiciário. (CAETANO, 2002, p. 23).
A arbitragem existe na antiguidade, já na Bíblia havia o embrião da arbitragem (a história de Jacó e Labão - Labão acusava Jacó de ter furtado e Jacó ficou indignado, pedindo que parentes decidissem o conflito). A arbitragem nada mais é do que a resolução de um conflito por pessoa que nada tem a ver com o Estado (pessoa imparcial). 
O primeiro centro de arbitragem foi fundado em 1975 (Câmara Brasil Canada de arbitragem). Poucos se submetiam a este procedimento naquela época, razão pela qual a arbitragem não se desenvolveu no Brasil. A fonte do direito positivo é o fato socialmente relevante. O fato socialmente relevante que levou à positivação da lei de arbitragem é a morosidade do Judiciário e a falta de efetividade de suas decisões
Atualmente, a arbitragem mantem as principais características de seus primeiros tempos, sendo uma forma alternativa de solução de conflitos fundada basicamente em dois elementos:
· As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução de conflito de interesses e, 
· A decisão deste terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes.
Procedimento
A lei da arbitragem (Lei 9.307/1996) disciplina essa forma de solução de conflitos, privativa dos direitos disponíveis. Registre-se posicionamento do Superior Tribunal de Justiça que admite a arbitragem em contratos administrativos envolvendo o Estado, tomando-se por base à distinção entre direito Público primário e secundário. 
Nesse entendimento para proteção do interesse público, o Estado pratica atos patrimoniais, pragmáticos, cuja disponibilidade em prol da coletividade admite a solução por meio da arbitragem.
Após alguma vacilação na doutrina e jurisprudência, venceu a tese mais correta de que a arbitragem não afronta o princípio da inafastabilidade da jurisdição, prevista no artigo 5º, XXXV, da CF/88. 
O Supremo Tribunal Federal corretamente entendeu que a escolha entre a arbitragem e a jurisdição é absolutamente constitucional, afirmando que a aplicação da garantia constitucional da inafastabilidade é naturalmente condicionada à vontade das partes. 
Se o próprio direito de ação é disponível, dependendo da vontade do interessado para se concretizar por meio da propositura da demanda judicial, também o será o exercício da jurisdição na solução do conflito de interesse.
Nesse sentido é elogiável o artigo 3º, caput, do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/15 ao prever que não se excluirá da apreciação jurisdicional a ameaça ou lesão a direito, salvo os conflitos de interesses voluntariamente submetidos à solução arbitral. Ainda que seja apenas a consagração de uma realidade atualmente incontestável, é interessante o dispositivo explicitar tal realidade.
Qualquer pessoa física ou jurídica, que celebrar um negócio com outra, pode utilizar a arbitragem como meio de dissolver as desavenças que eventualmente surgirem. Contudo, as partes envolvidas devem querer resolver o conflito e devem combinar como será realizada a arbitragem.
Podem, através de um contrato, determinar, por meio de cláusula compromissória, que se surgirem controvérsias, estas serão solucionadas pela arbitragem. Todavia, mesmo fora do contrato, mediante o compromisso arbitral, as partes podem combinar que as desavenças serão dissolvidas pelo referido meio.
Há, ainda, a possibilidade de as partes estarem resolvendo seu conflito perante o Juízo e decidirem, desistir do processo judicial, instituindo a arbitragem. Para isto, as partes devem requerer ao magistrado, que seja tomado por “Termo” o compromisso arbitral.
Os envolvidospodem indicar, no momento em que combinarem a arbitragem, qual o órgão arbitral institucional ou entidade especializada irá instituir e processar a arbitragem. Sendo que estes são indispensáveis, uma vez que darão assistência e assessoria, aos litigantes, bem como aos árbitros, desde o início do procedimento até o seu término, que ocorre com a sentença arbitral.
Contudo, se as partes dominarem todo o procedimento arbitral, é a indicação de um órgão ou entidade especializada é dispensada; sendo que tal arbitragem se denomina “ad hoc”. Os litigantes podem indicar, ainda, como será a escolha do árbitro ou dos árbitros.
Uma vez combinado por ambas as partes que se submeterão à arbitragem, é impossível arrepender-se. Assim, se para iniciar o procedimento da arbitragem uma parte não comparecer, ou se recusar, a outra pode solicitar ao juiz de direito que aquela seja obrigada a assinar, em Juízo, a combinação. É o que dispõe o art. 7º da Lei nº. 9.307/96.
Vale ressaltar, que todas as questões prejudiciais que surgirem durante o procedimento arbitral, o suspende; sendo que estas questões devem ser solucionadas pelo Poder Judiciário. Depois de dissolvidas, o procedimento arbitral volta a tramitar.
As partes podem nomear advogados para que estes acompanhem a arbitragem. Uma vez que, assim como no Poder Judiciário, no procedimento arbitral o advogado é indispensável, pois há muitos momentos em que o este profissional pode estar atuando, como por exemplo, acompanhando depoimentos das partes, verificando se todos os requisitos exigidos então presentes na sentença arbitral, etc. 
A respeito da presença do advogado na arbitragem leciona Luiz Antunes Caetano (2002, Pág. 40): “[...] O Regulamento de Arbitragem de qualquer instituição privada equivale ao Código de Processo Civil próprio, que usa para o procedimento arbitral. Logo, os advogados tornam-se também indispensáveis na administração da arbitragem.”
A Lei nº. 9.307/96, que regulamenta a arbitragem, estabelece que este procedimento pode ser empregado para resolver conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
Assim, os contratos, a biotecnologia, o comércio internacional, a informática, a locação residencial, as marcas e patentes, a posse, a propriedade intelectual, as relações trabalhistas, os contratos de trabalho, os dissídios individuais e coletivos, a responsabilidade civil, a sociedade comercial e por ações, são exemplos de áreas passíveis de arbitragem. É empregada apenas em direitos que possam ser transacionados; não podendo ser utilizada em questões familiares, penais e previdenciárias.
Este meio alternativo de pacificação objetiva a resolução de conflitos existentes ou que possam existir entre as pessoas em suas relações pessoais ou negociais.
A arbitragem é um procedimento rápido, uma vez que as partes podem estabelecer um prazo para que a controvérsia seja solucionada. Caso não indiquem este prazo, a lei o fixa em seis meses. É sigiloso, pois apenas os interessados e os árbitros conhecem o teor do processo; não são divulgados no Diário Oficial; podendo tratar questões que envolvam sigilo comercial e industrial. É eficiente, já que o litígio é resolvido com rapidez; a sentença arbitral tem força de lei; sendo definitiva, uma vez que não cabe recurso e deve ser obedecida. É econômica, pois as custas da arbitragem e os honorários dos árbitros são sempre menores do que as despesas de um processo judicial. Além disso, conta com um ambiente mais flexível e menos formal do que o da justiça estatal.
Princípios da arbitragem	
Segundo Luiz Antunes Caetano (2002, p. 29 e 30), assim como a conciliação e a mediação, a arbitragem norteia-se por princípios, entre os quais se destacam o da celeridade, da informalidade, da oralidade, do contraditório, da igualdade entre as partes, da imparcialidade, do livre convencimento dos árbitros, da eficácia, da precisão, da confidencialidade, do sigilo absoluto. 
Além destes princípios, é indispensável que o referido procedimento seja fundamentado na boa-fé; sendo que as partes devem realmente objetivar a resolução do conflito.
Árbitro
De acordo com o art. 13 - Lei nº. 9.307/96, “pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.” Ao utilizar a expressão “qualquer pessoa”, não se exige que esta tenha uma formação superior, bastando que seja capaz e de confiança dos envolvidos.
O árbitro exerce esta atribuição apenas enquanto durar o juízo arbitral; não consiste em uma profissão. Pode ser indicado pelo órgão arbitral institucional ou pela entidade especializada ou por uma das partes. 
Porém, deve ser escolhido por ambas as partes, em comum acordo, a fim de dissolver o conflito, em razão de seus conhecimentos, sua capacidade e por ser de confiança.
Deve ter disponibilidade para atuar no caso atentamente, sem ter outras preocupações; trata-se do dever de diligência. Também deve ser neutro; imparcial, conversando com as partes com igualdade; independente, pois não está vinculado a qualquer das partes; competente; e discreto.
As partes podem optar por um árbitro comum para ambas ou um para cada uma. Também podem nomear árbitros reservas. Contudo, os árbitros devem ser sempre em número ímpar. Assim, se foram nomeados dois, as partes ou o órgão ou a entidade responsável pela arbitragem terão que nomear um terceiro, formando, desta maneira, um Tribunal Arbitral. Na maioria das vezes, este terceiro será o presidente. 
Todavia, se houver mais árbitros, o presidente e o secretário serão escolhidos por meio de votação. Porém, se não houver entendimento, o mais velho ocupará a presidência.
Luiz Antunes Caetano leciona que:
[...] o árbitro escolhido, e aceitando a indicação, deve inteirar-se da questão ou conflito, ouvindo as partes, praticar alguma diligência se entender necessário e prolatar sua sentença arbitral. (...) por exigência legal, a sentença arbitral será sempre escrita. (CAETANO, 2002, p. 29)
Na realidade, a função essencial deste é julgar o conflito de interesses. Contudo, ao contrário do juiz de direito, pode se embasar no direito nacional ou alienígena, na equidade, nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes, nas regras de comércio, nas regras corporativas, bem como nas regras convencionadas pelas partes.
De acordo com a lei, enquanto o árbitro exercer esta atribuição é equiparado ao funcionário público para efeitos da legislação penal. Sendo que, segundo alguns doutrinadores, como por exemplo, Luiz Antunes Caetano, apresenta “a condição igual à de um juiz de fato e de direito” (CAETANO, 2002, p. 47).
Sentença arbitral
A sentença prolatada pelo árbitro é a decisão arbitral, que finda o procedimento arbitral. Está deve ser escrita. Salvo exceções, não se exige que o árbitro, em sua fundamentação, cite autores consagrados, teorias, entendimentos doutrinários; deve apenas demonstrar seu conhecimento a respeito da questão.
A sentença arbitral é sigilosa, sendo que sua publicação pode ocorrer desde que haja autorização das partes interessadas. É irrecorrível, isto é, não cabe recurso; não necessita de homologação do Poder Judiciário.
O árbitro tem um prazo previamente fixado para prolatar a sentença; sendo que este prazo pode ser estipulado pelas partes ou, em caso de omissão, a lei prevê o prazo máximo de seis meses. Quando houver vários árbitros, prevalece a decisão da maioria. Contudo, aquele que discordar desta decisão, poderá dar seu voto em separado.
A sentença tem determinadas condições que devem ser respeitadas. Caso estas sejam desrespeitadas, a parte vencida pode buscar a via judicial, para que o juiz de direito declare sua nulidade. A sentença proferida na arbitragem, para ser válida deve, de acordo com Luiz Antunes Caetano:
[...] 1º) constar o nome das partes e fazer um apanhado do que cada uma falou em seu favor; 2º) dizer de pronto quem tem razão. Logo após, vai explicar e basear com raciocínio do árbitro porque é que chegou àquela conclusão de dar razão a um, e não a outro. Tem de convencer, porque está convencido do que fez. Vai dizer se julgoucom bom senso, pela lei, ou por alguma regra. (...) 3º) depois, vai reafirmar quem ganhou, passar a decidir as questões que as partes lhes levaram e, se for o caso, dar prazo ao vencido para cumprimento da sentença; 4º) ainda, dizer quem é que tem de pagar as custas e os honorários do(s) árbitro(s), se essas despesas são divididas meio a meio, ou um paga mais tanto, e o outro menos tanto; 5º) por último, data e assinar a sentença, mas, antes, colocar o local em que ela foi dada. (CAETANO, 2002, p. 49 e 50).
Pode ocorrer que no meio do procedimento arbitral as partes cheguem a um acordo. Caso isto ocorra, a proposta estabelecida pelas partes deve ser levada aos árbitros, para que declarem o acordo por meio da sentença arbitral.
Prolatada a sentença, finda o procedimento arbitral. O órgão ou a entidade ou o árbitro que conduziu a arbitragem deve enviar cópia da sentença aos interessados. Até cinco dias após o recebimento da cópia, qualquer uma das partes pode alegar ao árbitro ou ao presidente do Tribunal Arbitral que existe erro de cálculo; que parte da decisão está obscura, confusa, dificultando o entendimento; que há uma omissão de um assunto essencial, que deveria ter sido discutido.
Caso ocorra uma destas situações, o(s) árbitro(s) tem o prazo de dez dias para alterar ou modificar a sentença; sendo que posteriormente, as partes devem ser novamente comunicadas.
Segundo Luiz Antunes Caetano:
[...] o fator principal da arbitragem é que a sentença arbitral é igual a uma sentença do Juiz de Direito. Só que quem com ela ficou desfavorecido, ou mesmo perdeu a questão, aqui não tem para quem apelar. Então, com isso, se ‘matou’ o problema. Rápido. (CAETANO, 2002, p. 50)
É irrecorrível. Entretanto, se a decisão não estiver bem elaborada ou contrariar a lei, o juiz de direito poderá declará-la nula, isto é, sem validade. Porém, a parte prejudicada tem o prazo de noventa dias após o recebimento da cópia da sentença para requerer ao magistrado a declaração de nulidade.
Esta, segundo Luiz Antunes Caetano, será declarada nula quando:
[...] a) o compromisso assinado pelas partes ter defeito; b) o árbitro não ter condições de ser árbitro; c) o árbitro faltar aos deveres de seu cargo; d) a sentença ser dada fora do prazo dado ao árbitro; e) os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento não serem obedecidos. (CAETANO, 2002, p. 52)
Apesar de igual à decisão do juiz, a sentença arbitral, não tem força a fim de obrigar a parte vencida a fazer ou deixar de fazer determinada coisa. Não tem força, por exemplo, para obrigar que o devedor pague aquilo que deve. Diante disto, o credor deve ir ao Poder Judiciário, para que o magistrado obrigue o devedor a realizar o pagamento, uma vez que a sentença arbitral valerá como título executivo judicial. Nesse momento, o devedor pode alegar que o processo judicial não pode existir, uma vez que a sentença arbitral apresenta defeitos, sendo nula.
Regulamentação da arbitragem
A arbitragem encontra-se presente no ordenamento jurídico brasileiro desde o Decreto nº. 737/1850. Contudo, era impraticável diante do formalismo exigido para a homologação da decisão arbitral pelo Juiz de Direito. Além disto, previa as partes o direito de apelação. Fatos estes que tornavam a arbitragem um procedimento demorado e pouco interessante.
Tais empecilhos duraram até o surgimento da Lei de Arbitragem nº. 9.307/96, também conhecida como Lei Marco Maciel. Com o advento desta legislação infraconstitucional o procedimento arbitral tornou-se mais rápido e mais adequado para pacificar conflitos entre particulares.
A citada lei tornou a arbitragem mais interessante, uma vez que conferiu aos árbitros poderes de juiz de fato e de direito; a sentença arbitral produz os mesmos efeitos da sentença proferida pelo Poder Judiciário; a sentença prolatada pelos árbitros não está sujeita a recurso e também não exige a homologação pelo Juiz de Direito.
Esta lei também traz a possibilidade de uma sentença arbitral estrangeira ser reconhecida e executada no Brasil. Para isto, a referida sentença deve ser homologada. Com a Emenda Constitucional nº. 45/04, a competência para a homologação desta sentença, que antes era do Supremo Tribunal Federal, foi deslocada para o Superior Tribunal de Justiça.
Assim, este meio alternativo de resolução de conflitos tornou-se mais rápido, informal, econômico, sigiloso, eficaz e preciso; sendo amplamente empregado, principalmente nos contratos internacionais de comércio.
A arbitragem um tanto relegada, devido a nossa cultura, está hodiernamente sendo resgatada por ser, comprovadamente, a forma alternativa mais eficaz na solução de conflitos oriundos das relações do comércio internacional, devido ao fenômeno da globalização da economia mundial e da formação de mercados comuns. 
Os motivos que levam as partes a escolherem a solução arbitral como a melhor forma de solucionar conflitos mercantis internacionais parecem, portanto, não ser exatamente aqueles tradicionais, mas, sim, a ausência de formas solenes, a possibilidade de julgar por equidade ou de escolher livremente a lei a ser aplicada e, ainda, a neutralidade dos árbitros que atuam em litígios com partes de nacionalidades diferentes, além da especialização técnica dos julgadores. 
A Lei que instituiu os Juizados Especiais tratou com especial atenção o instituto da conciliação como sendo o ato processual mais relevante do processo. Trata-se de um verdadeiro marco na história do Direito brasileiro, significando o nascimento do moderno Direito Processual Civil, ou seja, a Justiça do Terceiro Milênio.
A ARBITRAGEM A O ATUAL CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
A Lei 13.129 de 26 de maio de 2015, alterou a Lei da Arbitragem, Lei 9307 de 1996, ampliando o âmbito da aplicação da arbitragem. Um dos artigos da Lei de 1996 que não foram alterados é o que diz respeito à sentença arbitral. Segundo o artigo, a sentença arbitral tem os mesmos efeitos da sentença judicial, porém, dela não cabe recurso.
O Novo Código trouxe uma novidade com relação à arbitragem no que diz respeito à alegação, por parte do réu, da existência de convenção de arbitragem, prevista no artigo 337, X. Sobre tal novidade, uma matéria no site “Migalhas” arguiu:
Uma das grandes novidades trazidas pelo Novo CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL é a regulamentação da alegação pelo réu, da existência de convenção de arbitragem. Primeiramente, cumpre esclarecer que convenção de arbitragem é um fato jurídico que órgão jurisdicional não pode conhecer de ofício. Ou seja, é necessário e requisito a interpelação de uma das partes para que o juiz se manifeste a esse respeito. Ao réu, cabe a alegação da existência de convenção de arbitragem, na primeira oportunidade que lhe couber falar nos autos. E caso não o faça, o seu silêncio será considerado como aceitação da jurisdição estatal e consequentemente, renúncia ao juízo arbitral. (SANDOVAL, Ana Flávia Magno. 2016. Site: Migalhas)
Em outra matéria do mesmo site “Migalhas”, o autor explica todas as principais alterações à lei da arbitragem:
· Uma das primeiras mudanças notáveis trazidas pela nova lei se encontra logo no artigo 1º da lei de arbitragem com a inclusão dos parágrafos 1º e 2º, permitindo a utilização do instituto da arbitragem pela administração pública direta e indireta”. Segundo o autor, a prática dessa técnica na administração pública indireta já vinha sendo aceita mesmo antes da Lei pelos doutrinadores.
· A lei 13.129/15 também modificou a lei das Sociedades Anônimas, ao inserir o artigo 136-A. O novo dispositivo regula a inserção de convenção de arbitragem no estatuto social, obrigando todos os acionistas, quando observado o quórum qualificado do artigo 136 da mesma lei”. Antes da Lei, não havia uma definição do quão vinculado à arbitragem os acionistas estavam.
· Outro aspecto importante é a nova redação dos artigos 35 e 39 da lei de arbitragem estabelece que o STJ, e não mais o STF, homologue ou denegue sentença arbitral estrangeira. Tal alteração formalizou umaprática que já vinha sendo utilizada nos últimos anos. Isto porque a EC 45 transferiu a competência do STF para o STJ para processar e julgar sentenças estrangeiras”. Essa alteração modificou a competência do STJ para o STF. (SANDOVAL, Ana Flávia Magno. 2016. Site: Migalhas)
A convenção de arbitragem não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, sendo necessária a alegação da parte interessada. O silêncio do réu sobre a existência da convenção de arbitragem indica que ele abdicou a jurisdição arbitral, aceitando a jurisdição estatal.
Destaca-se, ainda que a arbitragem não é uma forma de auto composição, mas sim uma heterocomposição.
Segundo Viana Salomão (Site Migalhas, 2015) “[...] os envolvidos no conflito buscam a solução junto a um terceiro (um juízo arbitral). É o terceiro que compõe o conflito, proferindo uma sentença arbitral, decisão cujo conteúdo vincula os envolvidos”. 
A empresa Arbitragem de Consumo, especializada em resolver conflitos por meio da arbitragem, possui, em sua página virtual, uma lista de decisões arbitrais prolatadas entre 2010 e 2016. Das 42 decisões publicadas, 39 dizem respeito a conflitos geradas por falhas na prestação de serviços no fornecimento de água, energia elétrica e telefonia. 
Percebemos que são problemas do dia a dia, enfrentados pela grande maioria da população. Casos simples, que não exige excesso de técnica. 
Na maioria das vezes podem ser resolvidos de maneira informal. Não há necessidade da burocracia judicial. Um dos exemplos encontrados diz respeito a instalação de equipamentos e ativação de serviços de telefone, televisão e Internet que nunca funcionaram, embora fossem cobrados. Mesmo após exercer o direito de arrependimento, as faturas continuaram a ser emitidas. A demandante buscou, então, a arbitragem pedindo a devolução do valor pago, de R$ 151,10. No tópico enquadramento de direito, o árbitro argumentou:
O contrato foi celebrado à distância, nos termos do artigo 3.º, alínea f), do Decreto-Lei n.º 24/20143. Com efeito, a demandante subscreveu os serviços através da Internet no dia 20 de maio de 2016. A instalação dos equipamentos e a ativação dos serviços na residência da demandante foi realizada oito dias depois da data da celebração do contrato. Nos contratos celebrados à distância, o artigo 10.º, n.º 1, alínea a), do Decreto Lei n.º 24/2014 atribui ao consumidor o direito de arrependimento no prazo de 14 dias a contar do dia da celebração do contrato, no caso de contratos de prestação de serviços. [...]. Assim, tendo começado a contar o prazo de 14 dias no dia 21 de maio de 2016 (o dia seguinte ao da celebração do contrato), este terminava precisamente no dia 3 de junho de 2016, dia em que foi exercido o direito de arrependimento pela demandante. Logo, este deve considerar-se tempestivamente exercido. [...]. Assim, o pedido deve ser considerado procedente, cabendo à demandada devolver o valor indevidamente cobrado à demandante.
Ao final, o árbitro decidiu: “Em consequência, julgo a ação procedente, condenando a demandada a restituir € 151,10 à demandante”. A decisão foi prolatada no dia 21 de novembro de 2016, sendo que a demandada havia requerido a arbitragem no dia dois de setembro do mesmo ano. Ou seja, a decisão foi prolatada em pouco mais de 2 meses do requerimento da parte. Um tempo muito curto, se comparado com o tempo que levaria no Poder Judiciário.
Na mesma página virtual encontramos casos exemplares de conflitos que foram muito bem resolvidos por meio da arbitragem. Como no caso do garoto de 15 anos que celebrou, sem autorização a necessária autorização dos responsáveis, um contrato com uma fornecedora de Internet Banda Larga. O pai do menino requereu o cancelamento da prestação de serviços contratada pelo filho. A reclamada aceitou a anulação do contrato, pois segundo o Código Civil, em seu artigo 125, o negócio praticado por consumidor menor é anulável.
Estes são apenas alguns dos tantos outros exemplos de conflitos corriqueiros, que consomem tanto do Poder Judiciário, mas que poderiam ser rapidamente resolvidos por meio da arbitragem.
CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
Conceito e breve histórico brasileiro
Ao se tratar do tema Conciliação e Mediação, é necessário saber um pouco sobre como surgiu essa maneira de solucionar os conflitos que se deu no início da civilização, bem antes do surgimento do Estado, época está em que os conflitos de interesses eram resolvidos de forma instintiva, seja através da força ou da imposição da vontade de um sobre o outro, presença da autotutela e da autodefesa, onde tudo era resolvido pela lei do mais forte, época esta onde não ocorria o diálogo e que dívidas eram pagas com vidas, guerra de todos contra todos, lei do talião, onde todos se viam no direito de punir. 
Com o surgimento do Estado, o poder de decisão sobre um conflito de interesses passou a ser de titularidade do Poder Público, ou seja, ocorre a transferência do poder decisório das partes (autonomia) para um terceiro (heteronomia). Poder de punir passou para o Estado, pois era necessário a busca da paz social., mas antes de trilhar a origem do instituto da conciliação no Brasil, é importante mencionar que ela remonta aos registros históricos contidos na Bíblia Sagrada. No livro de Mateus capítulo 5 e verso 25, encontra-se o seguinte aconselhamento: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão”. 
Bem como no Brasil a conciliação remonta à época imperial (século XVI e XVII), precisamente nas Ordenações Manuelinas (1514) e Filipinas (1603) que trazia em seu livro III, título XX, § 1º, o seguinte preceito:
E no começo da demanda dirá o Juiz a ambas as partes, que antes que façam despesas, e sigam entre eles os ódios e dissensões, se devem concordar, e não gastar suas fazendas por seguirem suas vontades, porque o vencimento da causa sempre é duvidoso. (BRASIL, Ordenações Manuelinas, 1514)
Nota-se que a utilização dos métodos alternativos de resolução de conflitos não é algo recente no Brasil, ainda que tenha sido por longo período abandonada por questões de cunho político. O certo é que a conciliação foi marcada ao longo da história por idas e vindas. No entanto, foi no século XIX, através da primeira Constituição Imperial Brasileira (1924), que a conciliação ganhou status constitucional, trazendo em seu artigo 161, o seguinte texto que ora transcrevo: “Sem se fazer constar que se tem intentado o meio da reconciliação não se começará processo algum”.
Nota-se que o enfoque aos métodos alternativos de resolução de conflitos, especialmente na mediação, está ligado ao movimento de acesso à justiça iniciado na década de 70. Uma das características deste movimento era o clamor por soluções de disputas capazes de melhorar as relações sociais entre os envolvidos no conflito. (CNJ, 2016).
Salienta-se que tal movimento desenvolvido principalmente nos Estados Unidos, influenciou o legislador brasileiro na elaboração dos juizados especiais, que foram introduzidos pela Lei nº 9.099/95, ainda que os juizados pátrios, diferentemente dos norte-americanos, não tenham investido tanto em enfatizar técnicas e procedimentos e nem em promover treinamentos (CNJ, 2016).
A partir da década de 90, a legislação processual passou a estimular a autocomposição e, na década seguinte, diversos projetos pilotos neste sentido foram implementados, tais como mediação civil, mediação comunitária, mediação penal, conciliação previdenciária, conciliação em desapropriações, entre outros. (CNJ, 2016)
Em razão dos resultados positivos destes projetos pilotos e da crescente necessidade em se estabelecer uma política pública nacional voltada para a resolução ou tratamento adequado de conflitos, foi aprovada, pelo Conselho Nacional de Justiça, a Resolução nº 125/2010, que elencava os seguintes objetivos: disseminar a cultura da pacificação social e estimular a prestação de serviços auto compositivos de qualidade; incentivar os tribunais a seorganizarem e planejarem programas amplos de autocomposição e reafirmar a função de agente apoiador da implantação de políticas públicas do CNJ. (CNJ, 2016).
Em outras palavras, o que a Resolução nº 125/2010 almejava era dar um novo “rosto” ao Poder Judiciário, auxiliando no processo de recuperação de credibilidade da instituição perante a sociedade.
Importante ressaltar que a eleição de qual método será o mais adequado para cada tipo de disputa necessita considerar as características e aspectos de cada processo individualmente, tais como, custo financeiro, celeridade, sigilo, manutenção de relacionamentos, flexibilidade procedimental, exequibilidade da solução, custos emocionais na composição da disputa, adimplemento espontâneo do resultado e recorribilidade. (CNJ, 2016).
Na sequência, serão expostas as espécies de meios alternativos de resolução de conflitos mais comuns (conciliação, mediação e arbitragem), contudo, é necessário destacar que, cada processo é único e nada impede que, em determinado processo, encontre-se outro meio como o mais adequado, desde que a pacificação social seja alcançada, qualquer método que não esteja em desacordo com a ordem jurídica e moral deve ser considerado como válido.
Espécies
Os métodos alternativos de resolução de conflitos mais utilizados e comentados no meio jurídico são a conciliação, a mediação e a arbitragem.
Princípios que regem a conciliação e mediação
Existem sete princípios que os auxiliares de justiça devem observar nas audiências de conciliação e mediação sendo extremamente importantes. 
Os princípios da independência e imparcialidade do mediador e conciliador, garante que os auxiliares de justiça possam agir de forma livre e autônoma, sem subordinação, e de forma neutra, não favorecendo nenhuma das partes. 	
O princípio da autonomia da vontade garante que a atuação dos auxiliares seja pautada no respeito da vontade de ambas as partes, as permitindo decidir quanto a solução de forma livre e consciente, impondo apenas a estrutura e desenvolvimento da audiência.
Já o princípio da Confidencialidade, garante que os auxiliares não divulguem informações oriundas da conciliação e mediação, sendo assim, proibidos de depor quanto aos fatos e elementos por ele presenciado. 
A Oralidade e a Informalidade, que são o objetivo da audiência, garantem uma comunicação aberta e de fácil compreensão, sem formalismo, trajes, trazendo um ambiente mais leve.
Por último, a Decisão Informada garante que ambas as partes sejam cientizadas quanto ao que estão acordando, evitando assim que ocorra surpresas posteriores.
MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO: QUAL A DIFERENÇA?
A Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o conflito. Em regra, é utilizada em conflitos multidimensionais ou complexos. A Mediação é um procedimento estruturado, não tem um prazo definido e pode terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar soluções que compatibilizem seus interesses e necessidades.
A Conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém neutra com relação ao conflito e imparcial. É um processo consensual breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social das partes.
As duas técnicas são norteadas por princípios como informalidade, simplicidade, economia processual, celeridade, oralidade e flexibilidade processual.
Os mediadores e conciliadores atuam de acordo com princípios fundamentais, estabelecidos na Resolução n. 125/2010: confidencialidade, decisão informada, competência, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes, empoderamento e validação.
Conciliação
Em conceito de conciliação, entende-se como meio alternativo de resolução de conflitos em que uma terceira pessoa, indiferente, alheio ao conflito, auxilia as partes em conflito, tendo como fim a busca de uma solução naquela disputa. O conciliador tornar-se uma “ponte”, onde limita-se apenas a promover o contato entre os interessados, facilitando a comunicação, promove a busca de um consenso entre os envolvidos.
A Conciliação também é um procedimento dialógico, ágil e eficiente que visa um acordo que possa finalizar adequadamente a controvérsia. Na conciliação, o terceiro facilitador da conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode chegar a sugerir opções de solução para o conflito, sempre de forma não impositiva. A conciliação normalmente é mais utilizada nos conflitos onde não há vínculo de relação continuada, o conciliador (terceira pessoa) é neutro, e leva em consideração as causas psicológicas e sociológicas que permeiam o conflito, conduzindo os interessados a uma solução ancorada em concessões e satisfação mútuas. Mesmo que neutro, a postura adotada pelo conciliador, conforme o caso, poderá ser mais tímida (reservada) ou mais ativa, conforme o tipo de situação que estiver em litígio.
A conciliação também pode ser entendida como um processo autocompositivo de curta duração, no qual os interessados são auxiliados, através de técnicas adequadas, por um terceiro neutro ou até mesmo por um painel de pessoas sem interesse na causa, a chegarem a uma solução ou a um acordo.
A conciliação judicial, que se desenvolve no curso do processo judicial, objetiva oportunizar aos envolvidos que solucionem o litígio por si mesmos antes que haja uma manifestação por parte do Estado-juiz. Esta modalidade de conciliação pode ser realizada pelo próprio magistrado, ocorrendo no início de qualquer audiência ou em audiências específicas para tal fim, ou por conciliador designado.
Destaca-se que, de acordo com a política pública introduzida pelo CNJ, a conciliação no Poder Judiciário busca: mais do que o acordo, a harmonização social das partes; a restauração, dentro do possível, da relação social entre as partes; a utilização de técnicas persuasivas, mas não impositivas ou coercitivas, para obtenção do acordo; duração suficiente para que as partes compreendam que o conciliador se importa com a questão e com a solução encontrada; humanização do processo de resolução de disputas; sempre que possível, preservação da intimidade das partes; solução construtiva para o conflito, com enfoque prospectivo; assegurar que as partes sejam ouvidas; utilização de técnicas multidisciplinares para que as partes possam chegar a uma solução no menor tempo possível. (CNJ, 2016).
A conciliação extrajudicial, por seu turno, ocorre quando um terceiro busca a aproximação entre as partes do conflito para que entrem em acordo previamente à utilização da via judicial.
Lembre-se: a conciliação é uma solução permanente! Está disponível todos os dias no tribunal. A decisão de conciliar é sua!
Compreendendo o funcionamento 
Quem pode conciliar?
Todo mundo! Se você tem um processo na Justiça, pode tentar resolver o problema de forma negociada.
 O que devo fazer?
Vá até a unidade do Judiciário mais perto da sua casa e procure o núcleo, centro ou setor de conciliação. Lá, diga que tem um processo na Justiça e que quer conciliar. Isso vale se você tem uma ação tramitando na Justiça Federal, Justiça Estadual ou na Justiça do Trabalho e quer conciliar. 
E se a outra parte não aceitar? Como fica?
Aí, não tem acordo. O juiz não pode obrigar ninguém a conciliar, nem você e nem a outra parte.
A conciliação é ganho de tempo?
Sim. Ela é a forma participativa e rápida de resolver o conflito: você decide o que é melhor para você.
A conciliação significa que você está desistindo de receber o que de fato merece?
De jeito nenhum! Com a conciliação não tem tudo ou nada. É uma forma de resolver o problema sem vencedores e vencidos. Na conciliação, todos trabalham juntos para que todos possam ganhar!
E quais são os benefícios da conciliação?
As partes não precisam gastartempo com documentos, nem sofrer o desgaste emocional de ficar mantendo um conflito por tempo indeterminado. É, ainda, pacífica por se tratar de um ato espontâneo, voluntário e de comum acordo entre as partes.
Ela é mais rápida que o trâmite normal dos processos?
Muito mais! Até porque existe a possibilidade de se resolver tudo sem apresentação de provas e documentos.
O resultado da conciliação tem validade jurídica?
Sim! Todos os acordos obtidos por meio da conciliação têm força de decisão judicial, pois serão homologados por um juiz.
Que tipo de conflito pode ser resolvido com a conciliação?
Vários tipos de conflitos podem ter uma solução por meio de acordo:
· pensão alimentícia, guarda dos filhos, divórcio, etc.;
· partilha de bens;
· acidentes de trânsito;
· dívidas em bancos;
· danos morais;
· demissão do trabalho; 
· questões de vizinhança etc.
MEDIAÇÃO
Consiste a mediação em uma negociação catalisada por um terceiro, ou seja, em um processo autocompositivo, no qual os interessados em conflito são guiados por uma terceira pessoa neutra ou por um painel de pessoas sem interesse na causa, até uma composição. O processo da mediação é composto por vários atos procedimentais, por meio dos quais o terceiro imparcial facilita a negociação entre os envolvidos, auxiliando-os a melhor compreenderem seus posicionamentos e a encontrarem soluções que sejam compatíveis aos próprios interesses e necessidades. Por fim, a Mediação também pode ser compreendida como um meio não adversarial, voluntário, sigiloso e pacífico de resolução de conflitos, em que um terceiro – o mediador – imparcial, independente, livremente escolhido ou aceito pelas partes, atua como facilitador do diálogo entre as partes envolvidas, que por si mesmas constroem de maneira cooperativa as soluções que melhor satisfaçam os seus interesses, eventualmente firmando um acordo e possibilitando a preservação do relacionamento.
Técnicas de mediação
Escuta ativa
Por essa técnica, o mediador observa a linguagem verbal e não verbal dos envolvidos e tenta compreender informações que são relevantes, estimulando-as a expressar suas emoções e instigá-las a ouvir uma à outra. Desta forma, tenta estimular a validação dos seus sentimentos e o seu engajamento, a fim de apoiá-las na busca pela melhor solução para o conflito.
Rapport
Rapport, palavra de origem francesa que diz respeito a uma relação de empatia com o interlocutor. Trata-se, portanto, de uma técnica que tem por fim obter a confiança dos envolvidos/partes, propondo um diálogo aberto e construtivo a fim de influenciar as partes a alcançarem a autocomposição.
Parafraseamento
Pela técnica do parafraseamento consiste na reformulação, pelo mediador, de frases ditas pelas partes, a fim de sintetizá-las ou reformulá-las sem alterar seu conteúdo. O mediador se esforça em facilitar o entendimento do seu real significado às próprias partes, que ficam livres para captar novos significados nas proposições.
Brainstorming
Palavra de origem inglesa, significa “tempestade cerebral”. Técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de ideias. Semelhante à técnica utilizada frequentemente no marketing jurídico, no brainstorming o mediador incentiva a criatividade das partes e busca capturar ideias que sejam viáveis para o caso em questão.
Caucus
Nesta técnica, o mediador realiza uma reunião privada com cada uma das partes separadamente, durante a fase de negociações, para oportunizar o estabelecimento de proximidade e confiança entre elas e o mediador.
Além disso, essa técnica ainda pode ser usada para acalmar os ânimos, auxiliar no fluxo de informações, reunir informações úteis para a negociação e ajudar as partes a rever a força de seus casos.
Principais caraterísticas da mediação e da conciliação
A mediação é orientanda pelos princípios da imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé, tendo como objeto direitos disponíveis e os direitos indisponíveis que admitam a transação.
Academicamente, é a mudança do modelo perde-ganha para o modelo ganha-ganha. Por este mecanismo, tenta tirar da cultura litigiosidade e necessidade ir ao Judiciário para ajuizar demandas que podem ser solucionadas em um ambiente mais propício e com mecanismos mais apropriados. Ocorre ainda a confusão entre mediação e conciliação, pois trata-se de um instituto mais complexo e completo na solução de conflitos, pois esta envolve relações continuadas, busca e visa restabelecer vínculos afetivos ou de convivência.
Na Conciliação, o conflito é tratado de maneira mais superficial e busca, primordialmente, a autocomposição, com o encerramento da disputa, já na mediação, é tratado o pano de fundo do conflito e, além da busca da solução do conflito, tenta ainda restaurar as relações sociais dos envolvidos e, por isso é necessário a intervenção de um terceiro mais capacitado.
A conciliação está bastante difundida e vem representando um significativo papel na solução amigável dos conflitos, ainda que não reduza a contento o grande volume de processos.
A conciliação ganhou força com a criação dos Juizados Especiais Cíveis, como uma etapa necessária ao procedimento, obtendo resultados positivos, trazendo credibilidade a este modelo e graças a isso, grande partes dos conflitos são resolvidos na audiência de conciliação, sendo que a conciliação possui previsão legal no Código de Processo Civil , quanto que à Mediação, embora reconhecidas e utilizada na teoria e na prática forense, ainda necessitava de força normativa para que seus efeitos tivesse legitimação social e pudessem proporcionar relevantes benefícios à sociedade, o que concretizou no ano de 2015.
Desta forma tanto a Conciliação quanto a Mediação, tratam-se de mudanças em relação a forma de solução de conflitos, sem, contudo, ferir ou denegar a justiça ou a função do Estado de dizer o direito pelo sistema judicial.
A mediação normalmente é indicada para conflitos entre pessoas com vínculos continuados, como familiares, sócios, dentre outros. Ainda que o mediador possa influenciar o modo como se conduzem as comunicações ou negociações entre as partes, a estas é oportunizado se comunicarem diretamente, durante a sessão de mediação, o que é estimulado pelo mediador que por sua vez não pode desconsiderar nenhuma questão ou solução, e detém o papel de auxiliar na criação de opções que superam a questão monetária ou discutir assuntos que não estão necessariamente ligados à disputa, mas que também influenciam na dinâmica dos envolvidos (CNJ, 2016).
A mediação foi introduzida no ordenamento jurídico pátrio pela Lei nº 13.140/2015, cujo art. 2º estabelece ser orientada pelos seguintes princípios: imparcialidade do mediador, isonomia das partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé.
A mediação é indicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como método mais adequado para promoção da cultura de paz, sendo que pode ser utilizado em diversas áreas. Afirma-se que é um método eficaz para resolver qualquer tipo de conflito em que exista vínculos passados ou possam surgir vínculos futuros, sejam as pessoas físicas ou jurídicas, já que se baseia no princípio da autonomia da vontade.
Por se basear no princípio da autonomia da vontade, que assegura ao indivíduo submeter-se apenas àquilo que desejar, não é possível impor a mediação, por ter caráter voluntário. Frisa-se que, quando o Código de Processo Civil de 2015 torna obrigatória a realização de uma audiência prévia de mediação, o que se obriga é a presença da parte na sessão de mediação, mas nunca que um consenso seja obtido na ocasião.
Importante mencionar que na mediação as partes são as protagonistas (autoras) da construção da decisão, visto que o mediador apenas detém o papel de aproximá-las, de modo que melhor compreendam as circunstâncias da questão conflituosa e possam se aliviar de pressões irracionais e de emoçõesque impedem a visão realista do conflito, afastando-se a possibilidade do consenso.
Outro aspecto interessante da mediação é que o método trabalha com pessoas e não com casos, de modo que cabe ao mediador acolhê-las em suas habilidades e limitações, fortalecendo a promoção de seu fortalecimento enquanto indivíduos. Deste modo, a mediação acaba por se tornar um aprendizado para os envolvidos, que passarão a adotar outras formas para lidarem com os conflitos que por ventura venham a surgir no futuro.
Por fim, afirma-se que a mediação, na verdade, é resultado de uma tendência liberal, a nível mundial, a qual retira cada vez mais do Estado o papel de resolver assuntos da esfera privada. É também a reafirmação do cidadão em sua plenitude, como sujeito de direitos e deveres e pessoa capaz de melhor administrar, transformar e resolver seus próprios conflitos de interesses.
Realização da mediação
Início
Fase em que o mediador se apresenta às partes, diz o seu nome, como prefere ser chamado, faz um conceito do que é a mediação, suas fases e quais são as garantias. Deve perguntar às partes como elas preferem ser chamadas e estabelece um tom apropriado para a resolução de disputas. Sua linguagem corporal deve transmitir serenidade e objetividade para a condução dos trabalhos.
Reunião de informações
Após uma exposição feita pelas partes de suas perspectivas, a qual o mediador, entre outras posturas, terá escutado ativamente, haverá oportunidade de elaborar perguntas que lhe auxiliarão a entender os aspectos do conflito que estiverem obscuros.
Identificação de questões, interesses e sentimentos
Nesta fase, o mediador fará um resumo do conflito utilizando uma linguagem positiva e neutra. Por meio deste resumo é que as partes saberão que o mediador está ouvindo as suas questões e as compreendendo, é uma forma de recapitular tudo que foi exposto até o momento.
Esclarecimento das controvérsias e dos interesses
Com o uso das técnicas de mediação, o mediador formulará, nesta fase, diversas perguntas para as partes com o fim de elucidar os fatos.
Resolução de questões
Tendo sido alcançada adequada compreensão do conflito durante as fases anteriores, o mediador pode, nesta etapa, conduzir as partes a analisarem possíveis soluções.
Registro das soluções encontradas
Nesta etapa, o mediador e as partes irão testar a solução alcançada e, sendo ela satisfatória, redigirão um acordo escrito, se as partes assim o quiserem. Em caso de impasse, será feita uma revisão das questões e interesses das partes e serão discutidos os passos subsequentes a serem seguidos.
FONTES LEGISLATIVAS DA CONCILIAÇÃO E DA MEDIAÇÃO
A conciliação possuía uma estrutura já consolidada no Código de Processo Civil de1973 e em outras leis especiais, ocorre, no entanto, que havia em nosso ordenamento grande disparidade entre as fontes legislativas que tratava da conciliação e da mediação, pois na Mediação ainda não havia sido atingida uma ideal regulamentação. Por outro lado, a Mediação já havia sido legalmente introduzida em ordenamentos jurídicos em países como Argentina, Uruguai, Japão, Austrália, dentre outros.
O Conselho da União Europeia, emitiu a Diretiva de nº: 52, de 21/05/2008, pela qual define a mediação como um processo estrutural, onde duas partes ou mais, em litígios, tentam, voluntariamente, alcançar por si mesmas um acordo para a solução do conflito, com a ajuda de um mediador.
Nota-se então, que hoje há uma forte tendência mundial de se resolver conflitos de interesses por outras vias que não a imposição de uma ação judicial.
No Brasil, a autorização e o incentivo aos mecanismos da Conciliação e da Mediação para a solução de conflitos podem e foram extraídos de diversos preceitos legais, começando é claro pela Constituição Federal, cujo em seu preâmbulo diz que:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. (BRASIL, Constituição Federal da República, 1988)
Não obstante, que tanto o Poder Judiciário como os demais Poderes, são responsáveis igualmente pela harmonia social, conforme inserido no preâmbulo constitucional.
Seguindo, pelo texto constitucional institui em seu artigo 4º, inc. VII, a solução pacífica dos conflitos como um dos princípios que regem as suas relações internacionais.
Por conseguinte, a conciliação e a mediação podem ser inseridas entre os mecanismos de acesso à justiça, inserido no art. 5º XXXV, da CF, onde o menciona que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito”; na medida em que resolve a controvérsia de maneira adequada, e, portanto, mais justa. Tanto a Conciliação como a Mediação, tratam-se de mecanismos capazes de solucionarem conflitos, de reduzirem o número de processos judiciais e de combaterem o desvirtuamento da função judicial do Estado, trazendo desta forma uma leitura moderna do que é o acesso à Justiça.
Por sua vez, a Conciliação e a Mediação foram objetos do Segundo Pacto Republicano, assinado em 13/04/2009 pelos três Poderes da Federação, que, dentre dos compromissos assumidos, contava o de “(...) fortalecer a mediação e conciliação, estimulando a resolução de conflitos por meios autocompositivos, voltados à maior pacificação social e menor judicialização (...)”.
Por conseguinte, o Conselho Nacional de Justiça, na busca e atento à necessidade de implementação de mecanismos na solução de conflitos como uma das formas de melhorar a Justiça, vem tomando diversas iniciativas para fomentar o assunto, como por exemplo o projeto “Movimento pela Conciliação”, liderado pelo CNJ e Coordenados por Lorenzo Lorenzoni e Germana Moraes. Por isso, o CNJ, editou a Resolução de nº125/10 de 29/11/2010, posteriormente alterada pela Emenda 02/2016, que versa sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências, como a criação de Juízos de resolução alternativa de conflitos, que são órgãos judiciais especializados na matéria.
Por outro lado, o termo mediação vem sendo amplamente difundido no âmbito acadêmico, sendo que a sua prática também já podia ser percebida no poder Judiciário. A técnica se funda na livre manifestação de vontade.
Pelo ponto de vista infraconstitucional, a primeira proposta de regulamentação da mediação no Brasil surgiu como o Projeto de Lei 4.827/1998, apresentado à Câmara dos deputados, objetivando institucionaliza-la como métodos de prevenção e solução consensual de conflitos. Com a aprovação pela Câmara dos Deputados, o Projeto foi enviado ao Senado Federal, onde sofreu fusão com o Projeto de Lei de uma comissão específica criada pelo Instituto Brasileiro de Direito Processual, coordenada pela Professora Ada Pellegrini Grinover. O Projeto substitutivo (PLC 94/2002) foi apresentado pelo Senador Pedro Simon, e o plenário do Senado Federal confirmado o texto substitutivo oriundo da Comissão de Constituição e Justiça, em 11/07/2006. A Emenda do Senado classificou a mediação em Judicial, Extrajudicial, prévia ou incidental, determinando, em seu artigo 34, que a mediação incidental no processo fosse obrigatória. Em suma, logo após a distribuição da petição inicial, o mediador receberia uma cópia do processo judicial e intimaria as partes para comparecimento em dia, local e hora designados por ele, quando seria realizada a mediação.
Na sequência, o Projeto de Lei foi reenviado à Câmara dos Deputados para a apreciação das modificações elaboradas pelo Senado, na Câmara, o relator, Deputado José Eduardo Martins Cardoso, apresentou Parecer e Relatório.O Projeto aguardava a sua aprovação final desde então, mas foi devolvido “sem manifestação”, à Comissão de Constituição e Justiça e da Cidadania no dia 16/12/2010, um dia após a aprovação do novo Código de processo Civil. Em 1207/2011, houve um Parecer do Relator, aprovado em 19/06/2013 e encaminhado à publicação em 04/07/2013, sendo esta a última movimentação legislativa. Não obstante, foi apresentado ao Senado Federal o PLS 517/11, objetivando regular de modo abrangente a mediação, o que poderá suprir a lacuna existente em nossa legislação. O Projeto, depois de ser consolidado pela Comissão de Juristas instituída pelo Ministério da Justiça, teve o texto aprovado e encaminhado à Câmara dos Deputados como Projeto de Lei 7169/2014, com a apresentação de análises de emendas, foi votado em 02/06/2015, e entrou em vigor em 26/12/2015, instituindo desta feita a Lei de Mediação no Brasil.
No âmbito processual, o Projeto do novo Código de Processo civil, reconheceu o instituto da Mediação como mecanismo hábil na pacificação social. Em questões de ordem prática, a Comissão entendeu ser oportuna a fixação da disciplina a respeito e assim fez constar na Exposição de Motivos do projeto 166/2010 – projeto do N.CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL), que como regra, deveria ser realizada audiência em que, ainda antes de ser apresentada contestação, na busca entre o autor e réu de um acordo, devendo participar dessa audiência o conciliador e mediador e o réu deve comparecer, sob pena de se qualificar a ausência injustificada como ato atentatório à dignidade da Justiça. Não havendo acordo terá início o prazo para contestação.
O Código de Processo Civil, incentiva a Conciliação e a Mediação para a solução de conflitos, conforme preceitua o artigo 3º, § 3º, inserido no capítulo inicial que trata das normas fundamentais do Processo Civil.
Forma e procedimento
Quanto ao procedimento, determina a legislação processual civil em seu artigo 334 que se a petição inicial atender a todos os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido (art. 332), o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação (conforme matéria envolvida na lide apresentada), com antecedência mínima de trinta dias, devendo ser citado o réu com pelo menos vinte dias de antecedência. A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. 
Tal previsão, embora estipule um prazo mínimo para a designação da data, não prevê prazo máximo, o que poderá acarretar a demora na realização da audiência e o prolongamento do prazo para a apresentação da contestação, o que pode ferir a norma fundamental estatuída no art. 7º quanto à paridade no tratamento das partes no processo.
Assim, percebe-se que a realização da audiência de conciliação ou de mediação é a regra, também de acordo com o art. 27 da lei 13.140/2015. “Art. 27.  Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de mediação.”
O conciliador ou mediador (art. 165 e seguintes) atuará necessariamente onde houver, considerando a existência do centro judiciário de solução consensual de conflitos, observado o disposto no art. 165, §§2º e 3º e as disposições da lei de organização judiciária.
Art. 165.  Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
1o A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. 
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. (BRASIL, da lei 13.140/2015)
Os princípios informadores são o da independência, imparcialidade, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade, decisão informada. A confidencialidade abrange todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto expressamente pelas partes. Tal fato origina-se do dever de sigilo do conciliador e mediador, que se estende aos membros de suas equipes.
São admitidas a aplicação de técnicas de negociação, com o escopo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. Porém é a livre autonomia dos interessados que deve reger o ato, inclusive quanto à definição das regras procedimentais (art. 166, § 4º).
Considerando que a realização da audiência está no âmbito da disposição conjunta das partes, elas podem celebrar negócio jurídico, no curso do processo ou antes dele, excluindo de antemão a realização de tal ato (art. 190).
A não ocorrência da audiência deve ser exceção, nas hipóteses do § 4º do artigo 334, o qual deve ser interpretado em conjunto com o art. 166, caput do CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/2015, no que diz respeito, sobretudo, à autonomia da vontade das partes.
Dessa forma, está configurado o dever de o autor indicar, na petição inicial (art. 319, VII), seu desinteresse na autocomposição, e o réu, por petição, apresentada com dez dias de antecedência, contados da data da audiência. Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização do ato deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
O legislador deixa clara a opção favorável à autocomposição, uma vez que refere que ambas as partes devem expressamente manifestar o desinteresse na composição consensual. Assim, apenas uma parte manifestando-se contra a realização da audiência, o legislador prefere apostar na possibilidade de a conciliação ou de a mediação vencer a resistência ao acordo em audiência, ainda que tal fato gere uma delonga maior no processo (caso a conciliação ou mediação não restem exitosas) e acabe ofertando à parte ré possibilidade de tempo alargado para preparação de sua defesa, uma vez que o prazo inicial para a contestação apenas começa a correr da data da audiência (ou da última sessão) quando não for possível a autocomposição (hipótese do art. 335, I).
No caso de litisconsórcio, apenas não haverá a realização da audiência se todos, no polo ativo ou passivo, se opuserem à sua realização (art. 334, § 6º) e o prazo de defesa tem termo inicial autônomo para cada um deles (art. 335, § 1º).
A solenidade pode realizar-se por meios eletrônicos, nos termos da lei, e seguindo a lógica do novo diploma processual civil de priorizar atos eletrônicos quando possível, em razão da celeridade. (art. 334, § 7º).
Se não houver comparecimento nem justificativa plausível do autor e do réu na audiência, é configurado ato atentatório à dignidade da justiça e haverá sanção com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado, considerando que a natureza dessa multa é punitiva, apesar de ter caráter pedagógico preventivo, no sentido de evitar o descomprometimento das partes com a tentativa de solução consensual do conflito.
Não há que se falar em revelia, caso o réu não compareça à audiência. A revelia decorre da não apresentação de contestação (art. 344 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/15).
As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos, segundo § 9º do art. 334, porém a interpretação do referido dispositivo deve ser no sentido de que a ausência do advogado impede o ato. Há doutrina no sentido contrário.
Segundo autorizada doutrina, não há incompatibilidade alguma entre a causa exigir a participação do Ministério Público e ainda assim comportar audiência de conciliação ou mediação.
Poderá haver constituição de representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir (art. 334, § 10º). É importante referir que não se admite a utilização da procuração genérica com poderes para negociar: o documento deverá fazer referência expressa ao processo

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