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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE XXXX XXXXX – XX Processo nº XXXXX.XXXX.XXXX.XXX-XXXX MIGUEL DA SILVA, brasileiro, convivente, biscateiro, portador do RG nº XXXXXX-0 XXX/XX, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, e-mail: xxxxxxxxx@gmail.com, residente e domiciliado na Rua XXXX, nº XX, bairro: XXXXX, nesta capital de XXXXX XXX – XX, vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor CONTESTAÇÃO contra AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL COM PARTILHA DE BENS, CUMULADA COM REPARAÇÃO DE DANO MORAL promovida por MARIA SILVA, já qualificada, por seu procurador infra-assinado, pelas razões seguintes: 1. DAS PRELIMINARES 1.1 DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO A exordial que ensejou a presente contestação foi proposta em juízo incompetente para a apreciação da demanda, uma vez que trata de matéria de união estável e para tanto é competente o juízo da Vara de Família desta comarca, conforme art. 9º da Lei nº 9.278/96. 1.2 DA INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA mailto:xxxxxxxxx@gmail.com O valor estimado na inicial proposta pela autora foi atribuído equivocadamente, uma vez que, conforme o art. 292, VI do CPC, a ação que possui acumulação de pedidos, a quantia corresponde a somatória dos valores de todos eles. Sendo, portanto, o valor correto o de R$ 137.800,00. 1.3 DA INÉPCIA PARCIAL DA PETIÇÃO INICIAL A ação proposta pela autora em sua terminologia versa sobre “ação de dissolução de união estável com partilha de bens cumulada com reparação de dano moral”. No entanto, ao longo de sua leitura é notória a ausência de pedido referente a qualquer tipo de reparação de dano moral, ou ainda, qualquer objeção a respeito. Portanto, a autora da demanda não concluiu de forma lógica a sua inicial, caracterizando inépcia parcial. 2. DO MÉRITO 2.1 DO MÉRITO PROPRIAMENTE DITO 2.1.1 Conforme assentado pela autora, a requerente e o requerido convivem sob a forma de união estável há pouco mais de 10 (dez) anos, de acordo com a escritura pública datada de 03 de fevereiro de 2008 e anexada à inicial. No entanto, segundo a leitura do próprio documento, é possível observar que não foi estabelecido nenhum regime de bens pelo casal. Omissão essa que enseja o casal ao regime de comunhão parcial de bens. Senão, vejamos o que aduz o art. 1.640, do Código Civil: Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. (grifos nossos) Em razão da omissão quanto à escolha do regime de bens, será aplicado de forma supletiva o regime de comunhão parcial de bens. Stolze & Pamplona Filho (2017, p.1.210) entendem que: O regime de comunhão parcial de bens é aquele em que há, em regra, a comunicabilidade dos bens adquiridos a título oneroso na constância do matrimônio, por um ou ambos os cônjuges, preservando-se, assim, como patrimônio pessoal e exclusivo de cada um, os bens adquiridos por causa anterior ou recebidos a título gratuito a qualquer tempo. Então, conforme aduziremos nos tópicos seguintes, será possível vislumbrar a impossibilidade de partilha dos bens apontados pela autora da demanda. 2.1.2 Há aproximadamente 05 (cinco meses), apesar de ainda conviverem sob um mesmo teto aparentando ser um casal, não mais se reconhecem como tal, tendo em vista que após um desentendimento, restou inviável qualquer possibilidade de restabelecimento da convivência marital. Reconhecendo o demandado a necessidade de reconhecimento da dissolução da união estável através da via judicial, uma vez que não foi possível o ato pelos meios extrajudiciais em razão da autora não abrir mão da partilha de bens aos quais não faz jus. 2.1.3 A demandante primeiramente aponta dois bens em sua inicial e alega que estes foram adquiridos durante a vigência da união estável e que foram frutos de esforço comum do casal. No entanto, em momento algum anexa provas do esforço comum aduzido pela própria, o que poderia ser comprovado através de documentação. Isto porque tais bens, sendo eles a motocicleta HONDA BIZ, placa XXX 1111, avaliada em R$ 2.800,00 e um terreno urbano localizado no bairro XXX XXXX, de matrícula nº 938 (cópia anexa), avaliado em R$ 15.000,00, foram percebidos pelo demandado no ano de 2010 como forma de adimplemento de um empréstimo constituído em 2006 no qual era credor. Tais fatos podem ser comprovados através da documentação da motocicleta e da matrícula do imóvel (cópias anexas), nos quais o antigo proprietário trata-se da mesma pessoa, o qual era o devedor da obrigação contraída com o requerido. Assim, os bens pautados até o presente momento tratam-se de frutos de obrigações anteriores à constituição da união estável, os quais excluem-se da partilha do regime de comunhão parcial de bens, conforme versam o vigente Código Civil e a Lei nº 9.278/96 (União Estável): Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: III – as obrigações anteriores ao casamento. Art. 5º. Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes na constância da união estável e a título oneroso são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a perceber a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito. § 1º. Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união. (grifos nossos) Portanto, faz-se mister a reafirmação da impossibilidade de partilha dos bens relacionados pela autora. 2.1.4 Em segundo plano, a autora alega ter direito a partilha ainda de um terreno urbano localizado na cidade de XXXX em XXXXX, matrícula nº 456 que foi adquirido pelo demandado por herança de seu falecido pai no ano de 2013. Ocorre que, conforme expressa o Código Civil a respeito do regime de comunhão parcial de bens, os bens adquiridos por um dos cônjuges em razão de sucessão, excluem-se da partilha. In verbis: Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados sem eu lugar. (grifos nossos) Ainda, o aluguel do imóvel é o único meio do demandado honrar o pagamento mensal da pensão alimentícia da filha do casal que atualmente mora com a avó materna. 3. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer o réu: a) A concessão de justiça gratuita, em razão de não possuir condições de custear esta demanda sem que comprometa o seu sustento, conforme art. 98 do CPC; b) Preliminarmente, que seja reconhecida a incompetência absoluta e que os autos sejam remetidos ao juízo competente, o da Vara de Família da comarca de XXX XXXX/XX; c) Preliminarmente, que seja reconhecida a incorreção do valor da causa, atribuindo a esta o valor de R$ 137.800,00; d) De forma ainda preliminar, que seja reconhecida a inépcia parcial da pretensão da autora pela omissão do pedido de dano moral mencionado na ação e seja parcialmente extinto sem resolução de mérito, de acordo com o art. 354 c/c art. 485, I, do CPC; e) De mérito, o reconhecimento da dissolução da união estável; f) De mérito, o reconhecimento da impossibilidade legal da partilha dos bens arrolados pela autora, incluindo o terreno havido por herança; g) A condenação da autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, conforme art. 85 CPC; h) A dispensa de vista ao Ministério Público, em razão ao que alude o art. 698, do CPC. Requer provar o alegado por meio de provas documentais, testemunhais e depoimento pessoal das partes. Nestes termos, pede deferimento. Cidade/UF, XX de XXXX de 20XX. NOME DO ADVOGADO OAB/UF Nº XXXXX