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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | GASTROENTEROLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Hemorragia Digestiva Alta Sangramento do trato gastrointestinal originado proximalmente ao ligamento de treitz, manifestado agudamente com hematêmese, melena, hematoquezia e/ou choque hipovolêmico → pode se apresentar como hematêmese, melena e hematoquezia. É importante diferenciar do sangramento não digestivo. Etiologia: são diversas, como a doenças ulcerosa péptica (mais comum), varizes gastroesofágicas (mais grave), úlceras de cameron, mallory-weiss, lesão aguda de mucosa, lesão de dieulafoy, malignidades, hemobilia, angiodisplasia, gastropatia portal, malformação vascular, esofagite, gastrite, duodenite, Manejo inicial: o paciente com HDA é inicialmente grave e deve ser estabilizado. MOVE: monitorizar, oxigênio suplementar, 2 acessos venosos periféricos calibrosos ou 1 central - Monitorização cardiorrespiratória - O2 suplementar - Acesso venoso calibroso - Dieta suspensa - Reposição volêmica - Intubação orotraqueal → avaliar - Se possível, descontinuar AAS, AINES, anti plaquetários e anticoagulantes → facilita o sangramento Estimativa da Perda volêmica: imagem ao lado → Avaliação Geral: após a estabilização Realizar anamnese: - HPP → já teve HDA prévia (60% sangram da mesma fonte que a anterior), comorbidades. - História medicamentosa → AINES (aumenta o risco de sangramento em todo o tubo digestivo), associados à esofagite (comprimidos grandes podem impactar no esofago e facilitar a formação de úlceras), antiplaquetários/anticoagulantes - Sintomas: sugestivos da gravidade e fonte do sangramento Exame físico: - Sinais de hipovolemia: estado geral, taquicardia, hipotensão - Exteriorização do sangramento: cor das vezes, vômitos, lavagem nasogástrica - Sinais associados: comorbidades, fonte de sangramento Exames laboratoriais: hemograma completo (queda de Hb, plaquetopenia) RNI/ TTPa, função renal e íons, gasometria, função hepática Estratificação de Risco: tratamento hospitalar x ambulatorial - Características clínicas, laboratoriais e endoscópicas - Ambulatorial (ou alta precoce): saudáveis + baixo risco de ressangramento, avaliar fácil retorno, rockall pré: 0 ou pós: < 3 - Hospitalar: sangramento ativo, comorbidades, repercussão hemodinâmica/ hematimétrica Condutas: Hemotransfusão: sempre deve ser considerada em pacientes com hemorragia ativa e sinais de gravidade, mesmo que a Hb não tenha caído FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | GASTROENTEROLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A - Transfusão de hemácias: hemorragia ativa + instabilidade, Hb < 7g/dL ou Hb < 9g/dL. Evitar super transfusão → faz sangrar ainda mais - Transfusão de plaquetas: hemorragia ativa + contagem de plaquetas < 50000/ microL - Complexo protrombínico/PFC → considerar se RNI > 2,0, controverso em hepatopatas Supressão ácida: importante pois Inibidor da onda de prótons: estabilização de coágulos e redução da necessidade de endoscopia. Usa até a endoscopia. - Omeprazol 80 mg EV bolus + Omeprazol 40 mg EV 12/12h Prócinéticos: facilitam o esvaziamento gástrico e visualização na endoscopia - Metoclopramida: facilita a visualização endoscópica, semetrante a lavagem gástrica → metoclopramida 10mg EV 20-30min antes da EDA Drogas vasoativas: octreotide, terlipressina (são pouco disponíveis) - fazem vasoconstrição da circulação esplâncnica, só tem benefício comprovado em varizes esofagogástrica. - Octreotide 50mcg EV bolus + 50 mcg/h por 3-5 dias ATB profilaxia: importante para todos os pacientes cirróticos para prevenção de infecções, redução no risco de ressangramento precoce, redução na mortalidade → ceftriaxona 1g EV MID ou norfloxacino 400 mg VO BID 7 dias Endoscopia: a HDA é a modalidade diagnóstica de escolha que realiza identificação do problema e terapêutica. Deve ser realizada após estabilidade hemodinâmica (de urgência quando realizada nas primeiras 12h e precoce 24h). Outros métodos diagnósticos são a enteroscopia do delgado, cápsula endoscópica, colonoscopia e angiografía Etiologias: Doença Úlcera Péptica: principal etiologia. Terapia endoscópica com alto risco de sangramento até Forrest IIb. Conduta: adrenalina, clip, coagulação térmica. Hemorragia varicosa: etiologia grave com alto risco de ressangramento após recuperação inicial. Merece terapia endoscópica que deve ser realizada idealmente com a ligadura elástica ou se for no fundo cianoacrilato. Na falha endoscópica tenta-se: nova hemostasia endoscópica, balão de tamponamento, TIPS (hemorragia refratária) ou cirurgia. Cuidado pós endoscópico: Após a endoscopia deve-se realizar a vigilância clínica laboratorial (estabilidade hemodinâmica, exteriorização do sangramento e estabilidade hematimétrica), inibidor da bomba de prótons (se hemorragia ulcerosa: IBP EV ou VO MID/BID) e droga vasoativa (se hemorragia varicosa → por até 3-5 dias). - Endoscopia second look: se a visualização inicial for limitada, terapia subótima e ressangramento. - Profilaxia secundária DUP: restrição do uso de AINES e erradicação do H. pylori - Profilaxia secundária VEGs: erradicação das varizes, melhora da função hepática, redução da pressão portal
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