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MEIO AMBIENTE

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FORMAÇÃO EM 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 03 
1. A MUDANÇA COMEÇA EM NÓS .............................................................................................. 04 
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA .................................................................................... 05 
3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CULTURA ....................................................................................... 06 
4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL ........................................................................................... 08 
5. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................................................. 11 
6. TÉCNICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................... 12 
7. TRÊS TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................... 16 
8. CARTA AOS PROFESSORES ...................................................................................................... 18 
9. COMO ORGANIZAR UM PASSEIO À FLORESTA ........................................................................ 20 
10. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL ................................................................................ 22 
11. DUAS IDEIAS PARA PROJETOS ............................................................................................... 25 
12. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA .................................................................................. 27 
13. EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL ...................................................................................... 28 
14. AGENDA 21 ............................................................................................................................ 30 
15. TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E 
RESPONSABILIDADE GLOBAL ...................................................................................................... 32 
16. MODIFICAR ATITUDES E PRÁTICAS PESSOAIS ....................................................................... 38 
17. MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ..................................................................... 39 
Referencias ................................................................................................................................. 45 
 
 
 
 
3 
 
APRESENTAÇÃO 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 A unidades de conservação são porções de um ecossistema preservados em lei. 
Cada Estado possui parques, reservas e áreas de proteção que se constituem em 
verdadeiras salas de aula privilegiadas para o ensino da Educação Ambiental. 
 
 
 
 Nesta foto, o autor faz uma palestra dentro da Reserva Biológica de Poço das 
Antas, em Silva Jardim (RJ), para alunos da Rede Municipal de Ensino, técnicos e 
comunidade, conscientizando sobre a importância da mobilização da sociedade para a 
preservação dessas últimas “testemunhas verdes” da antes exuberante natureza do 
País. 
 
O estudo do ambiente deve ter por fim despertar apenas secundariamente o aluno 
para os conhecimentos sobre os fatos do ambiente. O objetivo primordial deve ser 
formar a sua inteligência, a sua capacidade de descobrir e de encarar os problemas. 
 
- Pedagogia do Meio Ambiente - Louis Percher; Pierre Ferrant; Bernard Blot. 
 
 
4 
 
1. A MUDANÇA COMEÇA EM NÓS 
 
 Todos nós desejamos viver num mundo melhor, mais pacífico, fraterno e ecológico. O 
problema é que as pessoas sempre esperam que esse mundo melhor comece no outro. É 
comum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as 
convida para nada, nem se organizam, então não podem contribuir como gostariam para um 
mutirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam 
achando mais fácil reclamar que ninguém faz nada, ou que a culpa é do “Sistema”, dos 
governantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe. 
 Por outro lado, é importante não ficar esperando a perfeição individual - pois isso é 
inatingível. O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos. O importante é 
que tenhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. 
Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em defesa da natureza às 
mudanças nas estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas interligadas e 
simultâneas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou toda a justiça 
social que sonhamos, se o planeta tornar-se incapaz de sustentar a vida humana com 
qualidade. 
 Durante anos tenho sido requisitado para palestras em escolas, empresas e 
comunidades para falar sobre educação ambiental, entre outros temas. Este livro é uma forma 
de democratizar este conhecimento. Procurei reunir aqui um pouco das experiências que 
acumulei em vários anos de militância com movimento popular, sindical e ecológico e na 
administração pública municipal, desde 1984, quando participei da fundação das Organizações 
Não-Governamentais (ONGs) UNIVERDE, em São Gonçalo (RJ), e em seguida com a fundação 
do Defensores da Terra, Rio de Janeiro (RJ) em 1988, além da experiência acumulada na 
elaboração e coordenação executiva de inúmeros projetos de educação ambiental seja nas 
prefeituras de Niterói e São Gonçalo, seja como consultor na Comissão de Meio Ambiente da 
Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
A pedagogia do meio ambiente é, incontestavelmente, uma pedagogia da 
ação, isto é, dos alunos tomarem a seu próprio cargo problemas, 
precisamente porque estes problemas dizem respeito a todos em sua vida 
cotidiana, e não poderiam ser regulados pela simples recitação de 
informações. 
 
 
 Pedagogia do Meio Ambiente - Louis Percher; Pierre Ferrant; Bernard Blot. 
 
 
 
 
 
5 
 
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA 
 
 As árvores não são derrubadas, a fauna sacrificada ou o meio ambiente poluído por 
desconhecimento de nossa espécie dos impactos dessas ações sobre a natureza. A falta de 
conhecimento, assim como a falta de consciência ambiental são grandes responsáveis pelas 
destruições ambientais. Mas não é só isso. O meio ambiente é destruído, também – e 
principalmente – devido ao atual estágio de desenvolvimento existente nas relações sociais de 
nossa espécie. 
 Certos caçadores e desmatadores, por exemplo, possuem muito mais conhecimentos 
sobre ecologia, natureza e a vida silvestre que muitos ecologistas, mas usam esses 
conhecimentos para destruir e matar. Na década de 70, governos internacionais preocupados 
com a rápida destruição dos recursos naturais e a poluição do planeta, defenderam a tese do 
crescimento zero, ou seja, congelar os níveis de progresso à época. Ora, por diversas vezes du-
rante nossa história econômica, o Brasil teve crescimento abaixo de zero, portanto negativo, e 
nem por isso viu diminuído seus problemas ambientais, muito pelo contrário. Devido a crise 
econômica, as empresas investiram menos em controle de poluição. 
 A destruição da natureza não resulta da forma como nossa espécie se relaciona com o 
planeta, mas da maneira como se relaciona consigo mesma. Ao desmatar, queimar, poluir, uti-
lizar ou desperdiçar recursos naturais ou energéticos, cada ser humano está reproduzindo o 
que aprendeu ao longo da história e cultura de seu povo. Portanto, a ação destruidora não é 
um ato isolado de um ou outro indivíduo, mas reflete as relações culturais, sociais e 
tecnológicas de sua sociedade. Então, é impossível pretender que seres humanos explorados, 
injustiçados e desprovidos de seus direitos de cidadãos consigam compreender que não 
devam explorar outros seres vivos, como animais e plantas, considerados inferiores pelos 
humanos. A atual relação de nossa espécie com a natureza é apenas um reflexo do atualestágio de desenvolvimento das relações humanas entre nós próprios. Vivemos sendo ex-
plorados, achamos natural explorar os outros. 
 Não há educação ambiental sem participação política. Logo, não é de estranhar que 
os governos até hoje não tenham conseguido estabelecer diretrizes e investir realmente em 
educação ambiental, pois é impossível estimular a participação mas não garantir os 
instrumentos, direitos e acesso à participação e interferência nos centros de decisão. 
 Não é à toa que os Conselhos de meio ambiente, nas diversas esferas do governo, 
onde se prevê a participação direta da sociedade civil, funcionam ainda tão precariamente, 
isso quando conseguem funcionar. O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir 
principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora, além de 
buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores tecnologias, 
estimular mudança de comportamentos e a construção de novos valores éticos menos antro-
pocêntricos. A educação ambiental é fundamentalmente uma pedagogia de ação. Não basta se 
tornar mais consciente dos problemas ambientais sem se tornar também mais ativo, crítico 
participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio 
ambiente, é indissociável do exercício da cidadania. 
 
A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato 
político baseado em valores para a transformação social. 
 
Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. 
(Fórum Global da ECO 92) 
 
 
 
 
6 
 
3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CULTURA 
 
 O ensino para o meio ambiente está intimamente associado à Cultura. Por que as 
pessoas em geral se preocupam tão pouco com os problemas ambientais? Por que é preciso 
sempre muito esforço para mobilizá-las em defesa de seu meio ambiente? Para responder isso 
é importante compreender uma das mais cruéis conseqüências do modelo de de-
senvolvimento adotado para o Brasil: a perda da identidade cultural de grande parte da po-
pulação. Ao migrar das cidades do interior para a capital, além de todos os problemas que 
acarretam com a concentração urbana, os grandes contingentes populacionais ainda perdem 
sua identidade cultural, sua memória. Sem essa identidade cultural, é como se cada pessoa 
vivesse isolada num mar enorme, cercada de gente igualmente solitária por todos os lados. 
 Sem identidade cultural, importa muito pouco saber que o patrimônio da coletividade, 
seja ambiental, seja arquitetônico, histórico, cultural, a própria rua, a praça, está sendo 
ameaçado ou destruído. À medida que essa gente não se sente dona desses espaços coletivos - 
que são considerados como terra de ninguém ou como pertencentes aos governos dos quais 
não gostam - também não se mobilizam em sua defesa. Assim, não há nenhuma sensação de 
perda diante de uma floresta que deixa de existir ou de um lago ou manguezal aterrado, pois a 
população residente, em sua maior parte, por não ter identidade cultural com o lugar em que 
vive, também não se sente parte dele. Esse fenômeno acontece, hoje, principalmente nas 
periferias das grandes cidades brasileiras, onde se concentram milhares de trabalhadores que 
usam as cidades apenas para dormir constituindo-se em mão-de-obra pendular casa-traba-
lho/trabalho-casa das grandes cidades. Existe uma grande população, mas não um grande 
povo. 
 Essa alienação tem sido muito conveniente para as classes no poder, que aprenderam 
ainda a dominar com muita competência os meios de comunicação, principalmente a 
televisão, para substituir rapidamente os valores culturais tradicionais por outros mais 
convenientes a seus interesses, ao mesmo tempo em que desestimulam e depreciam os va-
lores nativos, afinal, ninguém gosta de ser chamado de caipira, como sinônimo de atraso. 
 Um educador ambiental precisa ter clara compreensão dessa realidade, procurando, 
primeiro, associar-se às lutas populares pelo resgate cultural e, segundo, desenvolvendo técni-
cas, como a memória viva, para iniciar uma formação de identidade cultural dos educandos 
com o lugar em que vivem. 
 Nesse ponto retorna a questão fundamental da linguagem. É preciso partir da per-
cepção dos educandos sobre o que são as questões ambientais, e não da dos educadores, para 
que os alunos assumam como suas as melhorias ambientais e a defesa de seu patrimônio 
ambiental, e não uma imposição dos governos ou da escola. Nesse sentido, o professor não 
deve pretender ser um condutor de novos conhecimentos, pois não se trata apenas de 
estimular o aluno a dominar maior número de informações, mas assumir o papel de 
estimulador, motivador, instrumento, apoio, levando os alunos a elaborarem seu próprio 
conhecimento sobre o que seja meio ambiente e o que ele - aluno -, pode fazer para evitar as 
agressões. 
 A educação ambiental, à medida que se assume como educação mais política do que 
técnica, assume também o processo de formadora da identidade política e cultural de um 
povo. Nesse sentido, alinha-se a todas as lutas e movimentos da sociedade pela cidadania. 
Por isso é fundamental que o educador ambiental fale uma linguagem que seja percebida por 
todos, evitando reforçar uma visão romântica de meio ambiente ou a idéia que ecologia é um 
assunto secundário, preocupação de elites e de segmentos da população que já resolveram 
seus problemas básicos de sobrevivência. 
 É fato que, por mais carente que seja, a população possui consciência ecológica, só que 
essa percepção é bastante romântica associando-se mais à proteção das plantas e dos animais 
e menos à qualidade de vida da espécie humana, como se não fizéssemos parte da natureza. 
7 
 
 Para a maioria, lutar pelo fim das valas de esgotos a céu aberto, más condições de 
trabalho nas fábricas não tem nada a ver com meio ambiente. 
 Nada mais falso, pois ecologia em países pobres é combater o esgoto a céu aberto, o 
lixo não recolhido, a água contaminada, etc. Para a população, especialmente a mais carente, 
as questões ecológicas devem ser associadas à qualidade de vida. Por exemplo, as diversas 
poluições, o lixo tóxico, os agrotóxicos são temas ligados à saúde; os desmatamentos e os 
reflorestamentos ligados à saúde e também à segurança civil, e por extensão, à moradia; as 
teses da descentralização econômica, de pólos industriais, de empresas poluidoras são ligadas 
a emprego e a salário; erosão, destruição de recursos naturais, ocupação de leitos de rios e de 
encostas, também associados à moradia; as ciclovias, os transportes de massa em vez de 
coletivos, o gás natural em vez de diesel, associados ao transporte mais confortável e barato, e 
assim por diante. 
 
Artigo 225 - Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Po-
der Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988. 
 
 
8 
 
4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL 
 
 Compreendemos a chamada Educação Ambiental Formal, como aquela educação 
sobre conceitos ambientais aplicados em sala de aula, através do currículo. Deve ser 
multi-disciplinar, evitando concentrar o ensino sobre meio ambiente na ca-deira de Ciências, a 
fim de não reforçar os aspectos físicos da questão, em detrimento dos demais aspectos sócio-
econômicos, políticos, éticos, etc., pois a Educação Ambiental é en-sino para a cidadania. 
 
 Princípios Básicos 
 
 O educador ambiental deve procurar colocar os alunos em situações que sejam 
formadoras, como por exemplo, diante de uma agressão ambiental ou de um bom exemplo de 
preservação ou conservação ambiental, apresentando os meios de compreensão do meio 
ambiente. Em termos ambientais isso não constitui dificuldades, uma vez que o meio ambiente 
está em toda a nossa volta. Dissociada dessa realidade, a educação ambiental não teria ra-zão 
de ser. Entretanto, mais importanteque dominar informações sobre um rio ou ecos-sistema 
da região é usar o meio ambiente local como motivador, para que o aluno seja levado a 
compreender conceitos como, por exemplo: 
 
VISÃO FÍSICA: Nada vive isolado na natureza. Tudo está inter-relacionado. Assim como 
influenciamos no meio, somos influenciados por ele. Um ser depende do outro para 
sobreviver. Não existem seres mais ou menos importantes para o conjunto da vida no planeta. 
A única coisa importante é a rede de relações que todos os seres vivos mantém entre si e com 
o meio em que vivem. Rom-pida esta "teia", ou diminuída em sua capaci-dade, a vida corre 
perigo. 
 
VISÃO CULTURAL: O meio ambiente não é constituído apenas pelo mundo natural, onde vivem 
as plantas e os animais, mas também pelo mundo construído pelo ser humano, suas cidades, 
as zonas rurais e urbanas. Estes dois mundos relacionam-se e influenciam-se reciprocamente. 
Somos resultado dessas duas evoluções, a natural e a cultural. 
 
VISÃO POLÍTICO-ECONÔMICA: O poder não está distribuído de maneira igual por toda a 
humanidade, sendo diferente, portanto, a distribuição das responsabilidades de cada um pela 
destruição do planeta e pela construção de um mundo melhor. Cada cidadão pode e deve 
fazer a sua parte, mas os empresários, políticos, administradores públicos, etc., têm uma 
responsabilidade muito maior. Atrás de cada agressão à natureza estão interesses sócio-
econômicos e culturais de nossa espécie, que usa o planeta como se fosse uma fonte 
inesgotável de recursos. As relações entre a espécie humana e a natureza estão em 
desequilíbrio por que refletem a injustiça e desarmonia das relações entre os indivíduos de 
nossa própria espécie. 
 
VISÃO ÉTICA: A mudança para uma relação mais harmônica e menos predatória e poluidora 
com o planeta e as outras espécies depende de todos, mas especialmente começa em cada um 
de nós, individualmente, através de dois movimentos distintos: um para dentro de nós 
mesmos e de nossa família, com adoção de novos hábitos, comportamentos, atitudes e 
valores; e outro para a sociedade em torno de nós, buscando a união com outros cidadãos 
para influir em políticas públicas e empresariais que levem em conta o planeta, a qualidade de 
vida, a justiça social. 
 
 Logo, por mais que o ensino para o meio ambiente mude de lugar para lugar, em 
função das diferentes realidades, alguns princípios estão presentes praticamente em todas as 
situações, tais como: 
9 
 
 
Defina palavras e conceitos 
 
 Defender a natureza, a flora e a floresta, o meio ambiente, a ecologia. Preservar os 
ecossistemas e os habitats, combater a depredação dos recursos naturais, a poluição de 
ma-nanciais e do lençol freático. São palavras e conceitos que se tornaram comuns hoje em 
dia, mas afinal, do que se trata? É preciso definir o que se está falando, tomando o cuidado de 
não cair num tecnicismo que distancie o aluno da ação transformadora que ele precisa 
empreender como cidadão de seu tempo. 
 
Mostre a importância 
 
 Por mais sério que seja, ninguém consegue ter a sen-sação de importância por uma 
coisa abstrata, fora de sua realidade. Antes de se importar com a sobrevivência das outras 
espécies, o aluno precisa es-tar consciente de sua própria importância, sua capacidade de 
interferir no meio ambiente e de agir como cidadão. Afinal, como respeitar espécies 
consideradas inferiores se o aluno percebe que não há respeito entre os indivíduos de sua 
própria espécie? 
 
Estimule a reflexão 
 
 A cada ação deve corresponder uma reflexão, pois não é possível pretender 
transformar o mundo ou criar uma relação mais harmônica com a natureza ou os outros 
indivíduos de nossa própria espécie baseando-se apenas no academicismo, onde se acumula 
um volume imenso de conhecimentos e informações sem que isso reverta em melhoria das 
condições de vida; ou no tarefismo, onde se procura transformar o mundo pela ação direta, 
como se nosso esforço fosse o suficiente para contagiar a todos. O equilíbrio entre as duas 
forças deve ser o objetivo de uma boa educação para o meio ambiente. 
 
Estimule a participação 
 
 Uma vez que o aluno já domina um mínimo de conhecimentos sobre palavras e 
conceitos e está consciente sobre a importância de seu papel como agente transformador o 
próximo passo é a participação. É no enfrentamento dos problemas de seu cotidiano que o 
aluno se formará como cidadão. Além disso, o jovem não precisa chegar à maioridade ou ter 
um diploma técnico para só então defender seus direitos a um meio ambiente preservado, 
pois cada omissão equivale à destruição de mais e mais recursos naturais, de mais e mais 
poluição. A mu-dança deve começar já, inicialmente através de novas atitudes e 
comportamentos, mas logo a seguir procurando engajar-se nas ações da sociedade em defesa 
do meio ambiente e da qualidade de vida. Para estimular os alunos, uma boa técnica é 
estabelecer parceiras com os grupos ecológicos comunitários do lugar, convidando-os para se 
integrarem ao trabalho na escola. 
 
Interesse-se a descobrir coisas novas 
 
 Um diploma de conclusão de curso não significa o domínio total de um conhecimento. 
A gente continua aprendendo sempre. Interesse seus alunos pelos estudos da natureza, lendo 
com eles notícias recentes de jornais e revistas, comentando a última programação sobre 
ecologia na televisão. Estimule cantinhos da natureza na sala de aula, museus naturais, álbum 
de recortes, leituras coletivas de materiais etc. 
 
Faça junto com eles 
10 
 
 
 O exemplo vale mais do que mil palavras. Os alunos são bastante impressionáveis 
diante da figura do professor. Ver o professor falar, falar, mas não agir conforme o que fala é 
desestimulante para os alunos e, ao mesmo tempo, um apelo ao não agir, considerar o ensino 
para o meio ambiente como mais uma disciplina aborrecida que deve ser estudada ape-nas 
para tirar uma boa nota. Aproveite a oportunidade e engaje-se com seus alunos na tarefa de 
se construir as novas relações com o planeta, afinal, essa é uma tarefa de cidadania, muito 
mais que um compromisso de trabalho. 
 
Saia da sala de aula 
 
 O meio ambiente da sala de aula não é o mais adequado para ensinar sobre o mundo 
que está lá fora. Sair da sala de aula, entretanto, traz inúmeros problemas quando se dispõe 
de apenas 45 minutos para uma aula. Uma das soluções pode ser mutirão pedagógico com 
colegas de outras disciplinas, o que reforça o caráter interdiciplinar do ensino para o meio 
ambiente. Outra possibilidade é sugerir aos pais dos alunos que façam incursões em finais de 
semanas ou feriados para realizar estudos do meio ou investigar e fotografar um problema 
ambiental, levando no carro dois, três ou mais coleguinhas dos filhos. E isso nem é uma 
proposta absurda, já que muitos pais ajudam os filhos nos trabalhos escolares, e não deixa de 
ser um passeio interessante, além de promover a integração entre pais e alunos, escolas e 
comunidade. 
 
 
11 
 
5. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
 A realidade muda de pessoa a pessoa, de acordo com o modo de vida e de interação 
com o meio, além das diferenças físicas. Assim, a educação ambiental será sempre diferente 
entre os que moram numa zona rural ou numa cidade, junto de uma floresta, rio ou ao lado de 
um pólo industrial. O desafio é encontrar a maneira mais adequada de abordar a questão 
ambiental em cada disciplina, já que não existem receitas prontas. O ensino para o meio 
ambiente, muito antes de ser uma especialização, é uma preparação para a vida. Quando 
chega a aprender sobre o meio ambiente, é sobre sua própria vida que o aluno aprende. 
 
Algumas sugestões e reflexões sobre a educação ambiental através de cada disciplina 
tradicional do currículo: 
 
Língua Portuguesa - Nada é mais estimulante que escrever sobre um tema que está em 
evidência, palpitante. Recortes de jornais e revistas, ou o último programa de televisão sobre 
ecologia têm o efeito de estimular a criatividade e a motivação para a escrita. Peça aos alunos 
que comentem a matéria jornalísticae apontem soluções concretas para os problemas, 
escrevam uma carta à autoridade, uma convocatória para a comunidade, etc. Muito 
importante é trabalhar com eles os termos e conceitos que não ficaram claros, solicitando que 
consultem dicionários e enciclopédias. Os passeios ecológicos são ótimos para estimular a 
escrita, através da elaboração de relatórios. 
 
Matemática - As questões ambientais fazem parte do dia a dia dos alunos. O professor pode 
propiciar situações de aprendizagem, estimulando os alunos a pensar sobre quantidades, 
percentagens, etc. envolvendo temas ambientais ligados à sua realidade. 
 
Geografia - Professores e alunos po-dem trocar informações entre si, e nenhum local propicia 
melhores estímulos que o rio ou floresta mais próximas, ou mesmo a praça, usando a técnica 
do estudo do meio, estimulando as formações de mu-tirões pedagógicos com as outras 
disciplinas. A visão crítica dos alunos contribuirá para transformá-los em agentes de mudança 
de sua própria realidade. 
 
Ciências - Acostumados a lidar com as questões da Biologia, Química e Física, os professores da 
área não deveriam encontrar dificuldades para o ensino do meio ambiente caso tivessem a 
preocupação de, primeiro, auxiliar os colegas de outras disciplinas a "ecologizar" suas aulas e, 
segundo, adotassem um ensino de ciências mais próximo da realidade e do interesse dos 
alunos, que ultrapasse os conceitos biológicos para incorporar o social, econômico e político. 
 
História - Estimule os alunos a consultar enciclopédias, ler reflexivamente os jornais em sala de 
aula, investigar as relações do passado com o meio ambiente e projetar essas relações para o 
futuro. Trazer para a sala de aula pessoas antigas da comunidade que possam falar aos alunos 
sobre como era a vida na comunidade. 
 
Educação Artística - A sucata é um excelente material para ampliar con-ceitos sobre 
reciclagem, sociedade de consumo, desperdício, além de estimular a criatividade. Com os 
materiais que normalmente são jo-gados fora pode-se fazer desde brinquedos até máscaras 
para dramatizações. Busque a inte-gração com as outras disciplinas. 
 
 
12 
 
6. TÉCNICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 Tendo recebido o convite do autor para escrever este capítulo, pensei no que poderia 
ser interessante para os leitores se envolverem ainda mais no tema Educação Ambiental. 
 Espero que após a leitura de toda a obra, você esteja motivado a realizar experiências 
com seus alunos e amigos. Provavelmente, em pouco tempo, estará infectado pelo “biovírus” 
do ambientalismo, idealizando projetos, elaborando planos de ação e participando de 
encontros, seminários e cursos. Que bom se assim acontecer pois a natureza precisa cada vez 
mais de pessoas se transformando em busca da formação da consciência conservacionista! É 
importante ressaltar que as atividades deste capítulo existem para serem construídas com os 
participantes, e não para serem elaboradas previamente pelo coordenador. Os participantes 
precisam construir ou participar da construção de todo o processo. Quem vivencia, não 
esquece. 
 
a) Corrida Ecológica 
 Esta atividade é uma adaptação de um conhecido jogo, cujos participantes vão saltado 
casas com seus peões de acordo com o número que ficar para cima após o lançamento de um 
dado. 
 Desenhe em papel craft, cartolina ou no quadro de giz, o percurso da corrida. Marque 
3 casas que conterão um aspecto positivo da natureza e 3 casas com um problema ambiental. 
 O jogador que cair com seu peão numa casa que apresente um ponto positivo em 
relação ao meio ambiente, irá avançar algumas outras casas como prêmio. Mas, se cair em 
uma das casas de problemas ambientais será penalizado retrocedendo ou ficando uma rodada 
sem jogar. 
 De posse do tabuleiro (percurso da corrida), do dado e dos peões que, certamente, 
você já aproveitou algum material para produzi-los, solicite aos participantes 3 pontos 
positivos e 3 negativos do meio ambiente de sua região ou comunidade. 
 Peça que atribuam valores (em números) a cada um dos pontos ditados relacionando-
os em colunas para facilitar a visualização. Exemplo: 
 
Pontos Positivos: Estação de tratamento de água – 5; Saneamento – 3; Reflorestamento - 2 
 
Pontos negativos: Poluição do ar – 2; Lixo – 4; Desmatamento – 3 
 
 Você vai perceber como as pessoas têm mais facilidade de lembrar dos pontos 
negativos que positivos. Pense um pouco nisso. E agora, ATENÇÃO, pois chegou o momento 
mais importante de atividade. Quando os valores estiverem definidos, inicie uma série de 
questionamentos. 
Por exemplo: 
 Vocês atribuíram 5 pontos para a Estação de Tratamento d’água e 3 pontos para o 
saneamento. Tudo bem, mas não poderia ser o contrário? Ou será os dois não são igualmente 
importantes e deveriam Ter a mesma pontuação? Por que vocês deram 3 pontos para 
desmatamento e 2 pontos para reflorestamento? É melhor desmatar que reflorestar? 
4 pontos para o lixo e 2 pontos para a poluição do ar... O lixo é 100% pior que a poluição do ar? 
 Você fará perguntas aparentemente despretensiosas, evitando induzi-los para alguma 
resposta. Lembre-se que os próprios participantes constroem o jogo. Você é apenas um 
facilitador. Este é o momento mais importante da atividade porque você provoca o debate. A 
idéia é mexer com a percepção e valores dos participantes trocando os números 
anteriormente estabelecidos quantas vezes forem necessárias. Isso ocorrerá de acordo com as 
novas opiniões dos participantes. 
13 
 
 Você precisará apagar e colocar distintos números, todas as vezes que existirem 
sugestões e palpites. Se criar confusão, ótimo, pois neste caso, vale mais confundir do que 
você, arbitrariamente, definir os valores a partir de sua percepção. 
 Finalizando. Você já tem: tabuleiro, os peões, o dado, os pontos positivos e negativos 
com os respectivos valores as 6 casas distribuídas ao longo do percurso. 
 Acabou? Sim, mas seria ainda melhor se os participante inventassem avisos, 
lembretes, frases de efeito ou mensagens para cada uma das 6 casas que fazem avançar ou 
retroceder. Agora sim, pode começar. 
 
b) Quebra-cabeça Ecológico 
 
 Este é um jogo mais aconselhável para crianças. E geralmente, crianças de divertem 
muito com quebra-cabeças. Peça aos participantes para conseguirem papelão e revistas 
usadas com fotografias. Solicite que selecionem variadas fotografias sobre meio ambiente e 
colem no papelão. Com uma tesoura, faça cortes livres produzindo assim um quebra-cabeça. É 
claro que neste momento você não vai pedir para as crianças manusearem a tesoura, pois é 
perigoso. 
 É importante atentar para o fato de que as crianças sentem um maior prazer quando 
conseguem transpor um obstáculo mais difícil. Por isso, é interessante quebra-cabeça mais 
complicados com fotografias mais agradáveis. E quebra-cabeça mais simples, com fotografias 
que revelem a destruição da natureza e do ser humano. Quando a criança monta com rapidez 
um quebra-cabeça simples – algo que, para ela, não é tão interessante – depara com uma 
imagem degradante e, provavelmente, a memoriza de forma negativa. O mesmo acontece ao 
contrário, com um quebra-cabeça que estimula sua montagem e que, ao final, reflete uma 
imagem harmoniosa. 
 
c) Jogo do Slide 
 
 Para esta atividade você vai precisar de um projetor de slides (diapositivos), molduras 
de slides, papel acetato transparente e canetas coloridas para retroprojetor. 
 A idéia é pedir para os participantes fazerem uma imagem ambiental (desenho ou 
esquema) num pedaço de 3,5 x 3,5 cm de acetato. Melhor se for após uma aula, palestra ou 
filme. A feitura da imagem exigirá habilidade e tempo por causa do pequeno tamanho do 
papel. 
 Os trabalhos realizados deverão ser anônimos, encaixados aleatoriamente nas 
molduras e exibidos um a um na parede com auxílio do projetor. É uma atividade que serve 
para qualquer faixa etária e todos gostam muito. Cada slide exibido deve ser avaliado pelos 
participantes. 
 A imagem geralmente apresenta uma síntese do que sente a pessoa no momentoda 
elaboração. Cada traço, por mais simples que pareça, pode ter um significado importante para 
a evolução de toda a equipe. Os participantes, aos poucos, compreendem e interpretam 
melhor os distintos registros. Pode-se utilizar esta atividade como um instrumento de 
realização de um curso, oficina, conferência, etc. 
 Importante também é fazer uma análise comparativa entre o micro e o macro ao 
registrar uma imagem num tamanho pequeno e logo em seguida, vê-la gigantesca na parede, 
servindo de objeto de análise de outras pessoas. Pode-se entender, neste caso, que as ações 
exercidas pelo ser humano, mesmo aparentemente pequenas, possuem um poder muito 
grande, poder que, em sua essência, pode traduzir um processo construtivo, mas também, 
destrutivo. 
 Penso que esta atividade funciona melhor quando a imagem é feita no início de um 
Curso e a exibição só ocorre no final. Sem, contudo, que o participante saiba que sua 
minúscula imagem se transformará num slide a ser exibido. É sempre uma boa surpresa. 
14 
 
 
d) Presente da Natureza 
 
 Estimular a cooperação e a integração é sempre útil para afinar as relações 
interpessoais, principalmente quando se trata de natureza e Educação Ambiental. Esta 
atividade surge a partir da famosa brincadeira do “Amigo Oculto”: O presente oculto. 
 Todos trazem de casa um objeto retirado da natureza, com a orientação de não 
destruí-la. Pode ser uma flor, um arranjo de flores, uma planta, uma folha seca, uma pequena 
rocha, um curioso galho retorcido, uma fruta, uma verdura cultiva sem agrotóxico, etc. Todos 
os presente da natureza. 
 Dobra-se papéis numerados até a quantidade total de participantes. Inicia-se o jogo 
com a pessoa que sorteou o nº 1, escolhendo um presente e desembrulhando. 
 Continuando, o participante nº 2 pode tanto escolher um presente daqueles 
embrulhados , quanto pode pegar o presente do participante nº 1, justificando porém sua 
escolha. Assim, o nº 1 tem o direito de escolher outro da mesa, e só poderá trocar se, por 
ventura, alguém escolher mais uma vez seu novo presente. O participante nº 3 continua o jogo 
escolhendo um presente embrulhado da mesa ou o presente do participante nº 2 ou ainda, do 
participante nº 3. E assim sucessivamente, até que a brincadeira vai tomando forma e todos 
são contemplados. 
 Os objetivos são estimular a cooperação e o diálogo, favorecer a sintonia entre os 
participantes e entender a natureza como um bem que deve ser utilizado por todos, mas com 
consciência, sabedoria e solidariedade. 
 
e) Feira Verde 
 
 Esta é uma ação que deve ser desenvolvida com a participação de todos. Sendo assim, 
exige muito diálogo e paciência. Uma escola poderia todo ano assumir esta responsabilidade. 
Mas também, seria igualmente importante que Associações de Moradores, Igrejas e outros 
espaços comunitários desenvolvessem este tipo de iniciativas. 
 Certamente você terá boas surpresas com o trabalho de pessoas aparentemente 
desmotivadas como também, terá decepções com a inexpressiva participação de alguns 
amigos. Mas, estas últimas não valem. 
 Consiste em definir uma data com bastante antecedência, para fazer um movimento 
de um ou mais dias, aberto à comunidade e que ofereça uma gama de atividades simultâneas, 
como: mostras de trabalhos escolares, artísticos ou literários; resultado de concursos; murais 
de instituições convidadas; exposição fotográfica; painéis de Secretarias públicas; standes de 
ONGs convidadas; barracas de órgãos convidados, como Batalhão Florestal de Polícia Militar, 
Divisão de Combate a Incêndio do Corpo de Bombeiro, IBAMA e outros. 
 Algumas datas que podem ser aproveitadas para implementar a FEIRA VERDE: 
21 de março - Dia Mundial das Florestas 
22 de abril - Dia da Terra 
5 de maio - Dia do Sol 
5 de junho - Dia Mundial do Meio Ambiente 
19 de setembro - Dia Mundial de Limpeza das Praias 
21 de setembro - Dia da Árvore 
1 de outubro - Dia Internacional das Águas 
3 de outubro - Dia do Habitat 
4 de outubro - Dia Mundial dos Animais 
6 de novembro - Dia da Pilha 
 O objetivo desta ação é congregar a comunidade em torno de um tema gerador, 
incentivando a construção da consciência coletiva acerca da conservação do meio ambiente. 
15 
 
 O importante será vivenciar o processo. Cada trabalho manual elaborado por uma 
criança, cada reunião preparatória organizada para definir atribuições, cada idéia apresentada, 
cada encaminhamento realizado, cada ofício preparado, cada lembrança e decisão de convidar 
uma palestrante, dente todos os outros atos e desdobramentos, ficará registrado na memória 
das pessoas envolvidas. 
 Que trabalhos manuais as crianças e pessoas de outras idades poderão desenvolver? 
Por exemplo: modelagem em argila, papel artesanal, maquetes, terrários, desenhos individuais 
em papel ofício, desenhos coletivos em papel pardo. Imagine as paredes e muros como um 
cenário montado composto de, pelo menos, um trabalho de cada membro de instituição. 
 É necessário reunir pessoas de perfil empreendedor para articular o comando das 
atividades. A responsabilidade e o compromisso serão qualidades fundamentais para o bom 
desenvolvimento do trabalho. Para tanto, deve-se redobrar a atenção para o cumprimento dos 
prazos estabelecidos no cronograma. 
 Para enriquecimento da Feira Verde, você pode implementar o ECO-RÁDIO. Um pouco 
de articulação e boa vontade dos membros da comunidade, são suficientes para fazer 
funcionar no dia do evento, uma Rádio Ecológica. É um rádio comum emprestado por alguém, 
com fios (doados) interligando algumas caixas de alto-falantes tocando músicas com temas 
ambientais e informações relevantes para a área de meio ambiente, curiosidades, etc. 
 Pode-se montar uma equipe de locutores voluntários participando sob a forma de 
escala, assim como definir quem será o editor, redator dos textos, colecionador dos temas e 
assuntos. 
 
 
16 
 
7. TRÊS TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 Estas três técnicas de educação ambiental, divulgados pela CETESB na cartilha 
"Educação e Participação", podem ser de grande utilidade tanto dentro quanto fora da sala de 
aula, pois possibilitam o encontro do aluno com o meio em que vive, desenvolvendo sua 
postura de análise, reflexão, crítica e ação. Pos-sibilita ainda o contato direto e o 
reco-nhecimento dos espaços físicos, bem como o encontro entre os que agem na mudança da 
sociedade e do meio natural. 
 
a. Estudo do meio 
 
 Leva o aluno a estudar os diversos componentes da natureza e da sociedade, 
tornando-o mais consciente da realidade em que se insere. Consiste numa técnica de colocar o 
aluno em contato progressivo com todos os elementos do ambiente em que vive e atua 
(escola, comunidade, meio físico etc.), através de passeios ecológicos. 
 
Objetivos: 
 O aluno deverá ser capaz de entrar em con-tato com a realidade, através de seus 
múltiplos aspectos, de modo objetivo e ordenado. Conhecer o meio a fim de senti-lo, usá-lo e 
aproveitá-lo; re-conhecer os aspectos negativos da sociedade, sem desenvolver rancores, 
porém de forma coerente, visando a superação dos males de forma construtiva. 
 
Planejamento: 
 Deve ser realizado pelo professor com a participação dos alunos. É aconselhável um 
reconhecimento prévio do local a ser estudado. Com as informações e observações obtidas, os 
professores devem analisar as situações e escolher algumas para discuti-las com os alunos em 
função de cada disciplina. Para a coleta de dados tanto vale o relatório, quanto fotografias, 
entrevistas, consultas de arquivos etc. Os alunos devem atuar agrupados em equipes, cientes e 
preparados para as tarefas a serem cumpridas. 
 
Execução: 
 Fazer a coleta de dados, elaborar o trabalho e tirar conclusões. Cada grupo redigirá um 
relatório referente à tarefa e se informará dos relatórios dos outros grupos, a fim de se obter 
uma visão global do meio estudado. 
 
Apresentação: 
 Reunião para grupos exporem e discutirem seus relatórios, podendo-se usar diversas 
técnicas de apresen-tação: maquetes, slides, fotos, dramatização,painéis, jogral etc. 
 
b. Estudo de caso 
 
 Leva o aluno a averiguar com aprofundamento uma situação particular que constitua 
principal ameaça ao meio a que pertence a comunidade e refletir sobre ela, a fim de contribuir 
para a solução. Por exemplo: indústria poluidora, fonte fixa de poluição, depredação ou 
destruição ambiental etc. 
 
Objetivos 
 Conhecer melhor o meio através de contato com a realidade; descobrir aspectos 
particulares de um caso relevante na comunidade através de pesquisa e reflexão; servir de 
veículo de inte-gração entre várias disciplinas, séries, escola, comunidade e meio. 
 
Metodologia: 
17 
 
 Reconhecimento do meio a ser trabalhado para seleção de caso; averiguação do 
campo e anotações; contatos necessários (entidades, pessoas pertinentes ao assunto); 
planejamento global da aplicação técnica; elaboração de instrumentos para coleta de dados; 
execução do planejamento; análise dos dados coletados; apresentação dos resultados finais. 
 
Planejamento: 
 Direcionamento de conteúdo; qual a questão fundamental do caso? O que será mais 
enfocado no estudo? Quais os problemas relacionados e ocasionados por ele? Como isto está 
afetando o meio? Quem são os principais prejudicados e beneficiados? Como se processa e se 
processou o problema e por quê? Quais as alterações ocorridas e que poderão ocorrer? 
 
c. Memória viva 
 
 Resgate de imagens conservadas na memória, através do relato de pessoa idosa ou 
experiente, da comunidade, aos alunos. Possibilita voltar a sentir sensações de alegria e 
tristeza de fatos vividos. É conhecer, recriar, reconstruir e retratar fatos ocorridos no passado 
e, com visão crítica e de análise, associar as mudanças do meio no decorrer do tempo. 
 
Objetivo: 
 Proporcionar ao aluno a possibilidade de, em contato com o antigo meio, utilizar o 
raciocínio abstrato e associar as mudan-ças do meio no decorrer do tempo. 
 
Procedimentos: 
 As pessoas escolhidas para a entrevista com os alunos devem ter raízes antigas no 
bairro e apresentar tendência a conversar, ouvir, dialogar. Ao entrevistado solicita-se; falar 
onde nasceu e como foi a infância; descrever a casa, escola, quintal, po-mar, o trajeto da casa 
a escola, os professores e colegas, o sistema de ensino; o bairro como foi criado, o que era o 
local antes (sítio, fazenda, chácara etc.), como era a disposição das casas na rua, no bairro, os 
recursos que o bairro apresentava quanto às áreas de uso coletivo como jardins, praças, 
bosques, parques, áreas verdes; os rios, riachos, os córregos que passam pelo bairro, se 
tinham águas límpidas, peixes; as pessoas os utilizavam para recreação e abas-tecimento etc. - 
e hoje, como está?; os hábitos alimentares; as festas religiosas e atividades culturais; as 
políticas e os políticos como eram e se haviam alguém que se interessava ou atuava em 
benefício do meio ambiente; qual a atividade econômica principal, quais os produtos agrícolas 
que existiam e quais perduram até hoje; a atividade industrial instalada no bairro e quais os 
benefícios e prejuízos que acarretaram no bairro, como barulho, fumaça, poluição etc.; a 
atividade comercial instalada no bairro e quais os benefícios e prejuízos decorrentes com a 
provável expansão do comércio; os sistemas e meios de transporte; o sistema de comunicação 
e como as pessoas faziam para informar-se. Ressalta-se que não há necessidade de ter pressa 
ou qualquer outra linearidade na prosa. 
 
Apresentação: 
 É interessante que a realização da Memória Viva seja feita em conjunto com os 
estudos de caso e de meio. 
 
 
18 
 
8. CARTA AOS PROFESSORES 
 
 “Você, professor, pode não se considerar um ecologista na acepção da palavra, mas 
naturalmente gosta de natureza e não acha bom quando a destroem. Mas o que fazer? Os 
poluidores costumam argumentar que a poluição é o preço do progresso. Mas será que existe 
só esse tipo de progresso? Claro que não! E, depois, progresso é para gerar desenvolvimento e 
bem estar, por isso não se justifica que prejudique a saúde da população com po-luição do 
meio ambiente. Esse tipo de pro-gresso não é progresso. É atraso. 
 
 Então, a primeira coisa a fazer diante de uma agressão à na-tureza é NÃO FICAR 
CALADO! A Constituição nos garante que um meio am-biente preservado é direito de TODOS! 
Precisamos nos organizar para garantir nossos direitos a um meio ambiente limpo, para nós e 
para os que virão depois de nós! 
 Mas como enfrentar problemas tão graves, se somos tão poucos? Pensando assim, 
muita gente que poderia ajudar, acaba ficando de fora. Se nenhum de nós nunca começar, 
nunca to-mar uma atitude pessoal e firme diante da poluição ao nosso meio am-biente, 
seremos sempre pou-cos. Mas você pode ajudar a mu-dar isso a partir de sua sala de aula, com 
seus alunos. 
 
REVEJA SEU PLANEJAMENTO ESCOLAR 
 
 Introduza a questão am-biental em todas as matérias do seu plano de aula. A Educação 
Ambien-tal pode e deve estar presente em todas as ma-térias! Não só na Ciên-cia, mas 
também na Matemática, Português, História, Geografia, Artes etc. Encontrar as maneiras de 
fazer isso é um desafio para você. Con-verse com seus colegas da mesma disciplina e estudem 
juntos as possi-bilidades de incluir a questão ambiental em cada item do plano de aula. Use a 
criati-vidade. 
 
SAIA DA SALA DE AULA 
 
 Será que aquele rio que passa ao lado da escola sempre foi poluído? Onde ele começa 
a fi-car poluído? Onde ele nasce? Que tipo de po-luição suja o rio? Quem suja mais? Como 
fazer para defender os rios? São perguntas que só po-dem ser respondidas botando o pé no 
chão, marcando dia e hora com sua turma para todos fazerem isso em equipe. Isto é só um 
exemplo das mui-tas possibilidades que você pode vivenciar com seus alunos. 
 Mas para isso aconte-cer você deve primeiro vencer algumas barreiras como, por 
exemplo: "fazer atividades com alunos fora de sala é muito complicado, dá muito trabalho. Se 
em sala de aula eles já não obedecem direito, imagina na rua". Se preci-sar fa-zer a atividade 
num fim de semana ou feriado é ainda pior: "Sábado não é meu dia de trabalho, por tanto não 
vou me prejudicar"; ou então: "não tenho tempo". 
 Como se a conquista dos nossos direitos precisasse de pessoas desocupadas. Pessoas 
de-socupadas normalmente não se interessam por coisa alguma, por isso são desocupadas. 
Tempo a gente arranja, ad-ministrando nossa vida. 
 
Tem um provérbio árabe que diz assim: QUANDO ALGUÉM QUER FAZER ALGUMA COISA, 
SEMPRE ARRANJA UM JEITO. QUANDO NÃO QUER FAZER, SEMPRE ARRANJA UMA 
DESCULPA! Por isso, estimule seus colegas a vencerem bar-reiras, se não, a natureza vai ficar 
cada vez pior, e os maiores pre-judicados seremos nós próprios e aqueles que virão depois de 
nós, como nossos filhos e netos. 
 
TRABALHE EM EQUIPE E BUSQUE AJUDA 
 
19 
 
 Existem grupos ecológicos, Associações de Moradores, Sindicatos, Clubes de Serviço 
etc. que podem ser aliados. 
 Pelo lado do Governo você pode contar também com ajuda, mas não alimente muitas 
ilusões. Os órgãos governamen-tais de meio ambiente normalmente carecem de verba e 
pessoal. De qual-quer maneira, você deve procurá-los ao constatar alguma irregu-laridade, 
exigindo direitos de cidadão. 
 Então, a defesa dos nossos direitos ao meio ambiente preservado, é feita assim: 
buscando aliados nas for-ças populares, procurando os órgãos governamentais de meio 
ambiente, evitando ser envolvido ou iludido pelos adversá-rios naturais, que são aque-les que 
enriquecem com a destruição do meio ambiente. 
 Experimente dividir essa tarefa com seus alunos: iden-tifique uma boa causa através 
do estudo do meio ou de caso, en-tre em contato com seus possíveis aliados, procure 
legislação e documentos sobre o problema, convoque técnicos para palestras na escola, 
escreva para en-tidades que tenham informações, pro-cure a imprensa para denunciar as 
agressões ambientais. Você vai descobrir que suas aulas se tornarão muito interessante e seus 
alunos bastante motivados. 
 
 
20 
 
9. COMO ORGANIZAR UM PASSEIO À FLORESTAMedo. É a primeira palavra que surge na cabeça das pes-soas que nunca puseram os 
pés numa floresta. Vai desde o medo com coisas reais, como cobras, buracos, ficar perdido 
etc., até o medo do imaginário como lobo mau, lobisomem etc. Ao entrar na floresta, após ter 
vencido ou controlado esses medos a tendên-cia é o extremo oposto, como se fosse uma 
festa, sendo desne-cessário fazer silên-cio, observar por onde se está indo ou onde pisa. Antes 
de fa-zer qualquer passeio à floresta, o professor deve preparar seus alunos, encontrando o 
meio termo entre o pa-vor sem fundamento e falta de cuidado ou desrespeito com a flo-resta. 
 O silêncio é fundamental na floresta. Correria, gritos, baru-lhos muito fortes, assustam 
os moradores da floresta, como os pássa-ros, por exemplo, que param logo de cantar, 
privando-nos de um dos grandes prazeres da mata, que é o seu som. 
 O ritmo da caminhada deve ser o do participante mais lento. Ter um objetivo definido 
para as observações também ajuda, pois são muitos os estímulos aos sentidos numa floresta. 
Só de tons de verde existem mais de 30 diferentes na mata. Sons nem se fala. Formas de 
folhas são uma infinidade. A floresta é uma verdadeira festa para os sentidos. É bom distribuir 
antes as tarefas sobre o que cada um deve fazer ou ob-servar para de-pois, ao voltar à sala de 
aula, fazer os relatórios do passeio. 
 Do ponto de vista pedagógico, um passeio à floresta é uma rara oportunidade de 
integração entre as diferentes disci-plinas: língua portuguesa cuida dos relatórios escritos; 
mate-mática coleta materiais para experiências concretas em sala de aula; educação artística 
iden-tifica formas e materiais; e assim por diante. 
 
Algumas dicas que podem ajudar o professor: 
 
Onde ir. Para quê 
 A discussão com os alunos dos lugares a serem visitados bem como ou-tros 
preparativos já serão motivo suficiente para sensibili-zar os alu-nos sobre temas do currículo. 
Basta ficar atento para as oportunidades que irão surgindo. É importante preparar os alunos 
antes para o que você pretende que observem durante o passeio, em função do roteiro e 
objetivos. A floresta a ser vi-sitada deve ser a mais próxima possível da comunidade. Não ajuda 
muito fazer viagens que só complicam e en-carecem o pas-seio, para conhecer outras 
realidades distantes dos alu-nos. 
 
Enfrente o Pessimismo Imobilista 
 A tendência dos colegas e da escola é arranjar vários pretextos e dificuldades para 
desaconselhar o passeio. Por trás de todo esse "aconselhamento" está, na verdade, o 
co-modismo. Procure es-timular a escola para a realização de mu-tirões pedagógicos. 
 
Solicite Autorização 
 É necessário estar devidamente autorizado tanto em ní-vel dos pais dos alunos, quanto 
da direção da escola. Caso o passeio seja numa área de proteção ambiental, não esqueça de 
também pedir autorização ao órgão responsável pela guarda da área, bem como informar-se 
dos horá-rios e até solicitar um téc-nico que conheça bem aquela área para orientar o passeio. 
 
Faça Uma Lista 
 A relação do material necessário varia em função do tempo de duração do passeio e 
do local. Para os alunos: roupas e calçados con-fortáveis e que protejam de arranhões e 
insetos (tênis com meia, sunga ou biquíni para o caso de algum rio ou cachoeira pelo caminho, 
calça comprida, camiseta de manga com-prida para evitar insetos); pequena mo-chila com 
lanche frio (suco ou leite em caixinha, sanduíches, ovo cozido, frutas, biscoitos); água de 
beber: material para registros (caneta, ca-derno para escrever e desenhar, lápis e borracha, 
21 
 
gravador, má-quina fotográfica etc.); sacos para recolher o lixo e coletar mate-riais para o 
cantinho da natureza e museu natural. Para o Professor: os mesmos itens dos alunos e mais, 
papel higiênico para todos; mate-rial e manual de primeiros socorros (água oxigenada, 
mercúrio, gaze, esparadrapo, pomada anestésica, bandaid, algodão, atadura, amônia - para 
picadas de insetos, prote-tor contra queimaduras do sol, repelente, antialérgicos, anal-gésicos, 
álcool, tesoura, pinça, faca ou canivete etc.); fósfo-ros etc. 
 
Planeje Antes 
 Programe bem o horário: tempo de viagem, hora para concentração, saída, paradas 
para lanche, retorno etc. Lembre-se que na mata escurece mais cedo. Planeje paradas 
estratégicas, em função das características locais, para aulas ao ar livre sobre temas 
curri-culares. Por isso é aconselhá-vel uma visita prévia do profes-sor. Procure fazer um 
mapeamento das trilhas e sempre vá acom-panhado por alguém que conheça o local, de 
preferência algum grupo ecológico que atue na área, para já ir fazendo a inte-gração escola-
comunidade. O transporte pode ficar ao encargo de cada aluno se o local do passeio for perto, 
não sendo necessário ônibus ou algum esquema especial. Combine um ponto onde todos 
possam chegar de ônibus. Daí em diante é andar à pé. Pode ser uma boa oportuni-dade para 
ensinar seus alunos a se portarem ci-vilizadamente nas vias públicas. 
 
Prepare os Alunos 
 Em função de cada uma das disciplinas, o que você pretende que seus alunos 
observem? Comece uns 15 dias antes a preparar o passeio com os alunos, falando sobre temas 
do currículo para explicar o que pode vir a ser observado durante a estada na floresta. É como 
utilizar o meio ambiente como laboratório vivo para as observações da natureza. É muito 
importante orien-tar seus alunos sobre a maneira correta de portar-se na flo-resta. Ela é a casa 
das árvores e dos animais. A gente não cos-tuma jogar lixo na casa dos outros quando vai 
visitá-los. A única coisa que podemos deixar numa floresta são pegadas. As únicas coisas que 
podemos tirar são fotografias (exceção aos materiais mortos para o museu ou trabalhos de 
arte a serem co-letados com critério). 
 
Relaxe e Aproveite 
 Essa visita proporciona um clima de ensino e aprendizagem motivador. Preste atenção 
nos seus alunos, no brilho dos olhos, no interesse por tudo em volta. Você está vendo os 
ho-mens e mulheres que es-tarão, amanhã, cuidando dos destinos do planeta. Deles talvez 
dependa a sobrevivência da própria flo-resta que visitam. Não se preocupe só em ensinar. 
Procure aprender também com seus alunos. Ver o mundo pelos olhos das crianças e dos 
jovens. Um exercício que pode ser revigo-rante. 
 
“Contrapondo-se aos discursos genéricos e aos planos oficiais dos governos, diversos grupos 
organizados têm trazido a público o ponto de vista daqueles mais diretamente afetados pela 
degradação ambiental e por um modelo de desenvolvimento predatório.” 
 
 
- Educação Ambiental - Uma Abordagem Pedagógica dos Temas da Atualidade - CEDI/CRAB 
 
 
22 
 
10. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL 
 
 Não-formal é aquela educação ambiental que não se limita à escola. Pode ser 
desen-volvida por autodidatas e através de projetos, como, por exemplo, a campanha Adote 
Uma Árvore ou a Gincana de Lixo. Deve buscar a integração escola-comunidade-governo-
empresa, en-volvendo a todos em seu processo educativo. O Congresso de Belgrado, 
promovido pela UNESCO, definiu que a educação ambiental não-formal visa formar "uma 
população que tenha os conhecimentos, as competên-cias, o estado de es-pírito, as 
motivações e o sentido de parti-cipação e engajamento que lhe permitam trabalhar individual 
e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam". 
 
 1. Como Fazer um Projeto de Educação Ambiental 
 
 Há inúmeras formas diferentes para se elaborar um pro-jeto, mas certos elementos 
são comuns como, por exemplo título, objetivos, meto-dologia, recursos disponíveis e a 
conseguir, cronograma custos, refe-rências. Este modelo para projetos foi baseado no 
formulário do Fundo Mundial Para a Natureza (WWF). Entre-tanto não há um mo-delo 
universal para todos os casos. É preciso adaptar aos diferentes modelos de formulários a fim 
de obter patrocínio. Cada pa-trocinador costuma ter seu próprio modelo. Ligue antes e peça. 
 
a. CAPA 
 
Título: Dê um título ao projeto que já deixe claro o prin-cipal ob-jetivo. Pode ser um títulopequeno, uma ou duas pala-vras, com um subtítulo que identifique o objetivo a ser al-cançado. 
 
Candidato(s): Estipule os nomes e endereços dos responsá-veis pelo projeto. Forneça também 
o nome e endereço das instituições e se possível, o endereço e telefone para con-tato no 
campo. 
 
Endossamento institucional: Faça uma lista de organizações priva-das e/ou governamentais 
que apóiam o projeto que está sendo en-viado e acrescente cartas de apresentação. 
 
Período do projeto: Estipule as datas nas quais o financia-mento será solicitado. 
 
Orçamento total: Dê o custo total do projeto. Caso o pro-jeto seja de múltiplos anos, 
determine o custo global e o custo para cada ano. 
 
Resumo: o resumo deverá conter informações concisas sobre o requi-sitado na descrição do 
projeto. 
 
b. DESCRIÇÃO DO PROJETO 
 
Definição do problema ou assunto em questão: 
 
Faça uma definição concisa do problema ou assunto do projeto. 
 
Importância do projeto quanto ao tratamento do pro-blema ou assunto em questão: 
 
O leitor deve sentir que o problema pode ser tratado com su-cesso, num razoável período de 
tempo, com os re-cursos disponí-veis e que o projeto fará uma diferença mensurável no 
sentido de resolver ou melhorar o pro-blema. 
 
23 
 
Objetivos 
 
Situe os objetivos do projeto. 
 
Método/Plano de Ação: 
 
Defina os métodos que serão usados durante o projeto. Faça tam-bém um cronograma 
indicando, antecipadamente, as datas para as ações do projeto. A metodologia deve descrever 
como os obje-tivos serão alcançados. Verifique se fi-cou clara a co-nexão entre os objetivos do 
seu projeto e os mé-todos propostos, evite redundâncias. 
 
c. CONTINUIDADE DO PROJETO 
 
Como os fundos são limitados, muitos doadores não estão inte-ressados em financiar projetos 
que representem es-forços isola-dos de conservação. Ao contrário, eles bus-cam projetos bem 
vin-culados, com estratégias a longo prazo. E importante, portanto, demonstrar que haverá 
uma continuidade do projeto e que existe um compromisso verdadeiro entre a sua instituição 
a outros en-volvidos na implementação de recomendações, planos, estraté-gias, materiais, 
etc., resultantes do projeto. Indique se você pretende participar da continuidade do projeto, 
ou quem será o novo encarregado (indivíduo ou insti-tuição). 
 
d. RECURSOS HUMANOS 
 
Defina, de maneira breve, os antecedentes de cada indivíduo e que pa-pel cada um de-les 
desempenha nas diferentes fases do projeto. O curriculum vitae de cada indivíduo deve ser 
anexado ao projeto. 
 
e. ORÇAMENTO 
 
Certifique-se de que tenha feito uma lista com a quantia to-tal necessária para o projeto. 
Forneça uma lista detalhada das despesas por categorias (ex.: re-cursos humanos, viagens, 
materiais de consumo, equipamentos, etc.). 
 
Pessoas ou instituição para quem o pagamento deve ser feito: 
 
Se o pagamento for enviado em forma de cheque, indique como o cheque pode ser enviado. 
Inclua também o endereço o telefone da pessoa a qual o pagamento será enviado. 
 
Caso o pagamento tenha que ser depositado numa conta, por telex, dê o nome, endereço e 
telefone do banco, pessoa de con-tato no Banco, nome e número da conta e nome da pessoa 
ou insti-tuição que tem a conta. 
 
Plano de pagamento requisitado: 
 
Indique a melhor forma de pagamento, de acordo com a ne-cessidade do projeto. 
 
f. REFERÊNCIAS 
 
Forneça nomes, endereços e telefones de 3 pessoas compe-tentes para rever sua proposta e 
suas qualificações para ser o responsá-vel pelo projeto. 
 
g. APÊNDICES 
24 
 
 
- Curriculum vitae e lista de publicações do pessoal que parti-cipará do projeto. 
 
- Relatório anual ou relatório de atividades e declaração de renda da instituição. 
 
- Mapa da área do projeto. 
 
- Carta de endosso de instituições locais, agências go-vernamentais, apoio de autoridades 
internacionais bem conheci-das, etc. 
 
- Descrição mais detalhada dos métodos. 
 
 
25 
 
11. DUAS IDEIAS PARA PROJETOS 
 
Gincana da Reciclagem 
 É preciso esclarecer que lixo não existe. O que se chama de lixo é só matéria prima fora 
do lugar. O objetivo da gincana da reciclagem e projetos de coleta seletiva do lixo não é 
motivar os alunos a lidarem com materiais recicláveis. Este é o alvo secundário. O objetivo 
principal é, através do envolvimento dos alunos nos projetos, estimular a reflexão crítica sobre 
a sociedade de consumo, baseada da superexploração ilimitada de recursos naturais limitados, 
no desperdício, no descartável, no supérfluo. Por isso é fundamental que a gincana da 
reciclagem seja o tema interdisciplinar de mutirões pedagógicos que envolvam todas as 
disciplinas. Cada professor, dentro das especificidades de sua disciplina, deve explorar ao 
má-ximo, em sala de aula, o tema da gincana, estimu-lando os alunos a re-fletirem 
criticamente sobre a questão do lixo diante do meio ambiente e da sociedade consumista e 
des-perdiçadora em que vivemos. 
 Consiga um canto qualquer da escola, se possível fora do acesso dos alunos, para a 
estocagem dos materiais. A gincana pode durar um mês e envolver todas as turmas da escola 
ou só as turmas de um dos turnos. Ga-nha a gincana a turma que conseguir o maior peso de 
papel velho ou alumínio, por exemplo. Os materiais devem ser acondicionados em sacos 
grandes, com o número da turma bem visí-vel. Ao final do período, percorra os ferros-velhos 
ou locais de compra de mate-riais e veja o melhor preço. Combine com o comprador um dia 
certo para a pesagem (deve ser feita na frente dos alunos), transporte e paga-mento dos 
materiais. A metade do que for apu-rada com a venda total dos materiais fica para a turma 
vence-dora. A outra metade fica para a es-cola adquirir uma vasilha de lixo extra para colocar 
em cada sala de aula para os materiais recicláveis, galões adequa-dos para a seleção de 
materiais e im-pressão de circulares e ma-nuais sobre como fazer a co-leta se-letiva de lixo, 
para distri-buição entre os pais dos alunos e outras escolas. 
 Podem ainda ser desenvolvidos concursos paralelos de redação e cartazes com o tema 
lixo e meio ambiente, bem como palestras que esti-mulem a formação de grupos ecológicos na 
escola. 
 O lixo é, seguramente, ao lado da falta de rede de es-goto, o maior problema do meio 
ambiente nas cidades. Estimular a seleção e a reciclagem é contribuir para novas posturas dos 
cidadãos com suas ci-dades e o meio ambiente. 
 
Uma Experiência Bem Sucedida de Educação Ambiental 
 
 A professora e orientadora educacional Sueli Berna, esposa do autor, de-senvolveu o 
projeto da Gincana da Reciclagem na Escola Estadual Nilo Peçanha (São Gonçalo, RJ), em 1990, 
com grande sucesso. Resultou na co-leta de cerca de duas toneladas de material inorgânico 
(papel e alumínio), que correspondeu a cerca de 1,5kg por aluno, além de ter estimulado a 
formação de três grupos ecoló-gicos, com pales-tras sobre meio ambiente e concurso de 
re-dação e cartazes na escola. 
 
Adote Uma Árvore 
 
 A campanha Adote Uma Árvore tem por objetivo secundário estimular o 
reflorestamento das cidades, especialmente nas áreas críticas. Como objetivo principal, o 
projeto visa desenvolver nas crianças o respeito não apenas à árvore ado-tada, mas, por 
extensão, à todas as árvores, estimulando o amor pela natureza, a participação organizada dos 
alunos na defesa do meio ambiente e a cobrança às autoridades de políticas públicas que 
garantam a proteção das atuais áreas de vegetação, o plantio e recuperação de áreas 
degradadas e a manutenção das áreas reflorestadas. 
26 
 
 A campanha tem três momentos principais: o da divulgação, que pode ser através de 
palestras; o da entrega do termo de responsabilidade, onde cada aluno assume o 
compromisso pela árvore adotada, que deverá ser assinado pelo pai ou responsá-vel; e a 
entrega da muda, quando o aluno receberá ainda um di-ploma de Amigo da Natureza. Esse 
envolvimento é fundamental para criar-se vínculos entre o aluno e a árvore. Como tarefa de 
aula, pode ser pedido que o aluno mantenha um caderno para anotar o desenvolvimento desua árvore, inclusive com desenhos, registrando as mudanças ao longo das estações do ano, 
bem como a ocorrência de pragas, animais, etc. Tais observações serão ótimas motivadoras 
para aulas sobre es-tudos dos vegetais e suas partes, seres vivos, interação entre vegetais e 
animais, poluição etc. 
 
Modelo de texto para os alunos: 
 
Adote Uma Árvore 
 
 Sem árvores a cidade se torna quente, abafada, cheia de poeira e fumaça e, como as 
árvores são as casas dos animais, uma cidade sem árvores também tem poucos pássaros. A 
vida de pessoas que moram em cidades assim acaba ficando triste, e seus moradores 
desanimados e até doentes. Nós, que gostamos da natureza e não queremos vê-la destruída, 
precisamos ajudar a pre-servar as árvores que já existem. Elas podem estar por todo lado. Na 
calçada em frente à nossa casa, na praça, na mata próxima ou numa floresta. Essas árvores são 
todas órfãos, quer di-zer, ninguém ainda as adotou. 
 Adote uma árvore e assuma o compromisso de cuidar dela, proteja de acidentes, cuide 
de suas pragas e doenças, regue sempre que possí-vel nos dias em que não chover e, muito 
impor-tante, converse com sua árvore. É isso mesmo. Os cien-tistas já constataram que as 
árvores es-cutam, têm senti-mentos e até lembram de você. Se puder leia o livro "A Vida 
Secreta das Plan-tas", de Peter Tompkins e Ch-ristopher Bird. Você vai ver que a árvore pode 
ser sua melhor amiga. 
 Mas se você não quiser adotar uma árvore que já existe. Mesmo que esteja na rua ou 
na praça perto de sua residência, plante você mesmo a sua árvore. É só conseguir a mudinha e 
es-colher bem o local. Você vai ter uma amiga para sempre, afinal, dentre todos os seres 
vi-vos, as árvores são as que têm vida mais longa. 
 
 
27 
 
12. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA 
 
 A educação ambiental feita por uma empresa deve se inserir numa política ambiental 
empresarial, que inclua não apenas projetos educacionais propriamente ditos, mas um 
compromisso com a gestão ambiental, controle de efluentes, etc. Depois, é preciso adotar a 
educação ambiental de forma sistêmica, ou seja, envolvendo toda a empresa e não apenas um 
de seus setores. Pois não adianta um setor para preservar e criar uma imagem de 
compromisso da empresa com o meio ambiente, se outros setores continuam contribuindo 
para a imagem de em-presa poluidora. E finalmente, qualquer programa de educação 
ambiental deve estar baseado no desejo da empresa em se comunicar francamente com seus 
diversos públicos. Durante o período autoritário que vivemos no Brasil, muitas empresas 
adotaram o silêncio como es-tratégia para se protegerem de problemas. Hoje, com a abertura 
democrática, a omissão e a sonegação de informações é maneira mais rápida de estimular o 
boato e as notícias erradas, fonte de infortúnios para muitos empresários, obri-gados a investir 
fortunas para recuperar depois a imagem da empresa, às vezes sem conseguir. 
 Dito isso, um programa básico de educação ambiental na empresa deve levar em conta 
quatro públicos distintos, mas interliga-dos, para os quais podem ser desenvolvidos projetos 
específicos, a serem executados um a um, na medida dos recursos dispo-níveis e do 
planejamento estratégico da empresa. O primeiro público-alvo são os próprios funcionários, 
compreen-dendo a Diretoria, o corpo técnico e os operários, com extensão aos prestadores de 
serviços. Esse público é o melhor multiplicador de opinião da empresa. É bom realizar 
seminários internos e campanhas de conscientização adequados a cada nível na empresa, 
enga-jando todos na nova responsabilidade com o meio ambiente. A implantação da coleta 
seletiva interna de lixo pode constituir numa boa fer-ramenta dessa nova mentalidade. Os 
resíduos podem ser trocados por ca-dernos para os filhos dos funcionários. 
 O segundo público-alvo da empresa é a comunidade vizinha. Ela é a primeira a ser 
ouvida pela imprensa e políticos quando acontece al-gum problema na empresa ou 
imediações. Não adianta adotar a política de "comprar" as lideranças da comuni-dade, pois em 
momento de crise, quando a imagem da empresa corre risco, estas lideranças tendem a ficar 
ao lado da comunidade, pois poderão ser substituídas por outras. 
 O terceiro público-alvo é a chamada opinião pública, ou grande público, junto à qual a 
empresa deve manter uma imagem positiva, de credibilidade e prestígio. Aqui o melhor 
caminho, além de campanhas de publicidade na grande mídia, é a produção de notícias que 
interessem à imprensa como pauta jornalística. Isso requer uma política de relações públicas e 
comunicação que saiba identificar o que é notícia jornalís-tica do que é release institucional no 
âmbito da empresa. 
 E, por quarto e último, o público específico, compreendido pelos jornalistas e 
ecologistas, devido seu alto poder de influência junto a opinião pública e de multiplicação de 
infor-mação. É um público crítico, desconfiado e exigente. O melhor antídoto para esta 
descon-fiança é a verdade e a transparência. 
 Um alerta. O fato de uma empresa decidir investir em sua imagem para ad-quirir 
credibilidade e querer cuidar do meio ambiente, não quer dizer que ela deixe de ser poluidora, 
muito menos que ela se livrará de seu passivo ambiental. Logo, não se pode es-perar grandes 
progressos de um programa de educação ambiental da noite para o dia. Os resultados irão 
vindo aos poucos e po-derão ser mais rápidos, se houver o engajamento dos setores da 
empresa como comunicação social, marketing, publicidade e pro-paganda, relações públicas. 
 
Os efeitos prejudiciais que a mídia eletrônica tem sobre as pessoas não são 
intrínsecas à própria mídia, mas resultam das formas como esta é usada. 
 
 Patrícia Marks Greenfield - O Desenvolvimento do Raciocínio na Era da Eletrônica. 
28 
 
13. EDUCAÇÃO AMBIENTAL INFORMAL 
 
 O que pode haver de comum entre o cantor Roberto Carlos, Madonna e Sting além da 
música? A Ecologia, é claro. Roberto canta músicas com temas ambientais, em defesa da 
baleia, e realiza show como o "verde é vida", sobre o assunto. Madonna fez uma grande festa 
ecológica com mais de dois mil convidados para arrecadar dólares em defesa da floresta 
Amazônica, assim como o Sting que viajou o mundo com o cacique Raoni. Cada vez que um 
cantor ou artista realiza um show, ou música com tema ecológico, mesmo que não saiba disso, 
assume o papel de motivador do processo educativo, contribuindo para a sensibi-lização do 
público. 
 A educação ambiental informal baseia-se mais na informação, ao contrário das outras, 
baseadas na formação. Por isso, é importante refletir sobre as interfaces entre informação e 
formação para efeito da educação ambiental. 
 É preciso reconhecer que os meios de comunicação, por sua própria natureza, estão 
muito mais em sintonia com o que a sociedade está que-rendo num determinado momento do 
que o sistema educacional. A diferença se dá no tempo. Os meios de comu-nicação procuram 
mos-trar o fato quando o mesmo ocorre, ao vivo, ou quase. É tão eficiente, quanto mais rápido 
conseguir informar. Não há tempo para explicações didáticas e, com isso, pode ocorrer uma 
verdadeira confusão de conceitos envolvendo termos como ecologia, meio ambiente, 
preservação ambiental, controle de poluição, combate ao desperdício de recursos naturais, 
proteção à fauna e flora etc. 
 Ecologia é um tema do cotidiano das pessoas. Por isso, o ideal é que a educação 
ambiental formal utilize jornais em sala de aula, ou mesmo vídeo com programas e shows com 
temas ambientais como motivadores para aulas bem interessantes e, sobretudo, próximas da 
realidade vivida. Desta forma, a educação ambiental formal incorpora a educação informal, 
garantindo maior agilidade ao processo educativo, le-vando o aluno a fixar o aprendizado ao 
mesmo tempo em que se torna capaz de pensar criticamente sobre sua realidade e também 
de influir sobre ela. 
 
Como Utilizar o Jornal em Sala de Aula 
 
 O livro “Educação Ambiental - Uma Abordagem Pedagógica da Atualidade”, editado 
pelo CEDI/CRAB sugere o usodo jornal em sala de aula como instrumento didático. 
 
“(...) O jornal é um instrumento privilegiado para se articularem os conhecimentos 
espontâneos dos alunos, os conteúdos escolares e os temas do presente. (...)Vale enfatizar a 
necessidade de que os alunos tenham contato com o jornal como um todo, antes de partir 
para o estudo de um artigo específico. Assim, além de identificar os assuntos tratados nas 
diversas seções, eles podem constatar qual a importância dada a cada notícia; podem observar 
quais notícias merecem destaque na primeira página e quais merecem apenas uma nota num 
canto de seção. (...) É interessante os alunos observarem como a questão ambiental é 
enfocada. Muitas vezes, uma mesma notícia pode ser tratada de formas diferentes, 
dependendo do veículo de informação. Os alunos podem ser incentivados ainda a comparar o 
noticiário da imprensa com o da televisão. 
 
(...) O jornal pode ser um excelente material didático para introduzir a atualidade em sala de 
aula e abrir a escola para a realidade cotidiana dos estudantes. No que diz respeito aos temas 
ambientais, ele é um recurso indispensável para que possam relacionar as grandes questões 
mundiais, nacionais ou regionais com as suas experiências vividas, com suas percepções do 
que é o meio ambiente e qualidade de vida. Desde cedo, a criança e o adolescente podem 
formar suas opiniões e se posicionar diante dos fatos que ocorrem ao seu redor. O trabalho 
com jornal é ainda uma boa oportunidade de integrar os conteúdos de linguagem com os das 
29 
 
outras disciplinas curriculares. Os estudantes podem, por meio dele, desenvolver sua 
capacidade linguística não apenas decorando regras e categorias gramaticais, mas utilizando o 
texto para compreender criticamente a realidade.” 
 
 
30 
 
14. AGENDA 21 
 
 No dia 22 de dezembro de 1989, a Assembléia Geral das Nações Unidas convocou um 
encontro global para elaborar estratégias que interrompessem e revertessem os efeitos da 
degradação ambiental "no contexto de crescentes esforços nacionais e internacionais para 
promover o desenvolvimento sustentável e ambientalmente saudável em todos os países". 
 A Agenda 21 adotada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento no dia 14 de junho de 1992, é a resposta da comunidade internacional 
àquela convocação. É um abrangente programa de ação a ser implementado - a partir de agora 
e se prolongando pelo século 21 - pelos governos, agências de desenvolvimento, organizações 
das Nações Unidas e grupos setoriais independentes em cada área onde a atividade humana 
afeta o meio ambiente. 
 Fundamentando a Agenda 21 está a convicção de que a humanidade chegou a um 
momento de definição em sua história. Podemos continuar com nossas políticas atuais, que 
servem para aprofundar as divisões econômicas que existem dentro dos países e entre os 
países; que aumentam a pobreza, a fome, a doença e o analfabetismo de todo o mundo; e que 
estão causando a contínua deterioração dos ecossistemas de que dependemos para a vida na 
Terra. 
 Podemos mudar de rumo. Podemos melhorar os padrões de vida da-queles que 
sofrem necessidades. Podemos administrar e proteger melhor os ecossistemas e tornar 
realidade um futuro mais próspero para todos nós. "Nenhuma nação pode alcançar esse 
objetivo sozinha", afirma Maurice Strong, Secretário Geral da Conferência, no preâmbulo da 
Agenda 21. "Mas juntos podemos, através de uma parceria global para o desen-volvimento 
sustentá-vel". 
 
Destacamos da Agenda 21 o compromisso das nações com a educação ambiental: 
 
PROMOVENDO A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL 
(Capítulo 36, Seção IV) 
 
 A educação é crucial para a promoção do desenvolvimento sustentável e a efetiva 
participação pública na tomada de decisões. As propostas da Agenda 21 focalizam a 
reorientação da educação no sentido do desenvolvimento sustentável, aumentando a 
conscientização popular e promovendo o aperfeiçoamento. 
 
Países, escolas e/ou instituições adequadas e organizações internacionais e nacionais devem: 
 
 Esforçar-se para garantir o acesso universal à educação básica. 
 Alcançar o objetivo de fornecer educação primária para no mínimo 80 por cento das 
meninas e 80 por cento dos meninos em idade escolar primária, através da 
escolaridade formal ou da educação informal. 
 Reduzir os índices de analfabetismo adulto para no mínimo a metade de seus níveis 
de 1990, com atenção particular para as mulheres. 
 Sancionar as recomendações da Conferência Mundial de Educação para Todos 
(Atendendo às Necessidades Básicas de Aprendizado), realizada na Tailândia em março 
de 1990. 
 Fornecer educação ambiental e de desenvolvimento desde a idade da escola primária 
até a idade adulta. 
 Integrar os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento, incluindo demografia, em 
todos os programas educacionais, com ênfase particular na discussão de problemas 
ambientais em um contexto local. 
31 
 
 Criar uma comissão nacional, representativa de todos os interesses ambientais e de 
desenvolvimento, para dar consultoria sobre educação. 
 Envolver as crianças em estudos locais e regionais sobre saúde ambiental, incluindo 
água potável segura, saneamento, alimentos e ecossistemas. 
 Promover cursos universitários interdisciplinares em campos que têm impacto sobre o 
meio ambiente. 
 Promover programas de educação de adultos baseados em proble-mas locais 
relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento. 
 
 Ainda há uma falta considerável de conscientização sobre a natureza inter-relacionada 
das atividades humanas e o meio ambiente. Um esforço global de educação é proposto para 
fortalecer atitudes, valores e ações que sejam ambientalmente saudáveis e que apóiem o 
desenvolvimento sustentável. A iniciativa deve também promover o turismo ecológico, 
fazendo uso de par-ques nacionais e áreas protegidas. 
 O aperfeiçoamento é um dos instrumentos mais eficazes para promover e facilitar a 
transição para um mundo mais sustentável. Deve ter como foco específico o emprego, com o 
objetivo de suprir falhas em conhecimentos e habilidades, de modo a ajudar o indivíduo a se 
envolver em um trabalho ligado ao meio ambiente e ao desenvolvimento. 
 O treinamento científico exige a transferência de nova tecnologia, ambientalmente 
saudável, e de khowhow. Técnicos ambientais devem ser recrutados localmente e treinados 
para servir às necessidades das comunidades. Os governos, a indústria, os sindicatos e os 
consumidores devem promover a compre-ensão do interrelacionamento entre o meio 
ambiente saudável e as boas práticas empresariais. 
 O custo anual estimado dos programas da Agenda 21 para edu-cação, promoção da 
conscientização ambiental e aperfeiçoa-mento fica entre 14,2 bilhões de dólares e 16,3 bilhões 
de dó-lares no período 1993-2000. Desse total, de 5,6 bilhões a 6,6 bilhões de dólares têm que 
provir de fontes internacionais em termos de subvenção ou concessão. 
 
 
32 
 
15. TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E 
RESPONSABILIDADE GLOBAL 
 
 Durante a ECO 92 (Fórum Global das ONGs - Organizações Não-Go-vernamentais) 
ecologistas e educadores ambientais de todo o mundo reu-niram-se no Aterro do Flamengo, 
na cidade do Rio de Janeiro, para discutir, entre outros temas da mais alta relevância, os 
caminhos da edu-cação ambiental a nível planetário. 
 Após intensas discussões e várias reuniões em diferentes partes do mundo chegou-se 
a este tratado que, assim como a educação, é um processo dinâmico em permanente 
construção. Deve portanto propiciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação. O texto 
aprovado é o seguinte: 
 Nós signatários, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção 
da vida na terra, reconhecemos o papel central da educação na formação de valores e na ação 
social. Nos comprometemos com o processo educativo transformador através de 
envolvimento pessoal, de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e 
equitativas. Assim,

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