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Gabriela Medeiros – Técnicas Cirúrgicas 1 Conceito: é a via através do qual o médico cirurgião vai abordar um determinado órgão ou região que necessita de tratamento cirúrgico. Terminologia: TOMIA – incisão, abertura de parede ou órgão. ECTOMIA – retirar um órgão parcial ou totalmente. STOMIA – comunicar um órgão tubular ou oco com o exterior. INTRODUÇÃO Conhecimento de anatomia funcional Processo de cicatrização Estado nutricional Presença de comorbidades Uso de técnica adequada. REQUISITOS PARA UM BOM ACESSO CIRURGICO Extensão suficiente Boa visibilidade do campo operatório Bordas nítidas, favorecendo cicatrização estética Atravessar os tecidos respeitando a anatomia Acompanhar as linhas de força da pele Não comprometer grandes vasos e nervos. PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO Craniotomias Cervicotomias Toracotomias Laparotomias CERVICOTOMIAS Glândulas parótida, submandibular Cistos tireoglosso e branquiais Tireoide e Paratireoide Traqueostomia Esôfago cervical Traumas GLÂNDULA PARÓTIDA Via de acesso em “Y” posterior ao conduto auditivo externo e ≈ 2 cm acima da apófise mastoide, descendo até o ângulo da mandíbula. Elevam-se os retalhos cutâneos; Identifica- se o nervo auricular, em íntima relação com a carótida; Dissecção e mobilização dos lobos da glândula parótida. GLÂNDULA SUBMANDIBULAR Via de acesso da ponta da mastoide ao mento, na altura do osso hioide. Identificação da veia jugular externa, artéria e veia facial, ramos mandibular do N. facial e canal de Warthon. CISTOS BRANQUIAIS Anomalias da 1ª, 2ª e 3ª fendas branquiais Seus acessos variam de acordo com sua localização. Anomalia de 1ª fenda: o Região auricular ou no terço médio da mandíbula. o Via de acesso semelhante da glândula parótida. Anomalias de 2ª e 3ª fendas: o Borda inferior do musculo esternocleidomastoideo. o Intimo a carótida, nervos espinhal acessório e hipoglosso. o Incisão transversa elíptica. CISTOS TIREOGLOSSOS Patologia congênita mais comum, devido persistência do canal tireoglosso, podendo ser preenchido por secreção salivar (visto que apresenta conexão com o forame cecum), tornando-se assim um cisto, revestido por epitélio. Técnica de Sistrunk (1920): o Tempos preliminares: ⤷ Decúbito dorsal com leve elevação do dorso, pescoço em extensão, antissepsia e delimitação do campo. o Acesso: ⤷ Incisão transversa de 4 a 8 cm, sobre o cisto, acompanhando as linhas de força da região. ⤷ Apreende-se o cisto, por divulsão romba se isola o polo inferior. ⤷ Hemostasia por eletrocoagulação dos vasos subcutâneos e por ligaduras, com fio de absorção lenta, na base da pirâmide. o Complicações: ⤷ Recorrência e infecção – frequente ⤷ Cicatriz exuberante e queloides - raras Gabriela Medeiros – Técnicas Cirúrgicas 2 TIREOIDE E PARATIREOIDE o Acesso: ⤷ Transversa em colar (descrita por Kocher) ⤷ 2 dedos acima da fúrcula esternal, descolando-se os retalhos, para cima até o osso hioide. ⤷ Em casos de dissecções radicais (neoplasias malignas), pode ser feito prolongamento superior na borda anterior do esternocleidomastoideo dissecção de linfonodos. TRAQUEOSTOMIA Estabelecer uma comunicação entre o meio externo e a traqueia. Técnica cirúrgica (aberta) Técnica percutânea (Seldinger). Traqueostomia cirúrgica (aberta) ⤷ Inicia-se com uma incisão, que pode ser vertical ou horizontal. ⤷ Incisão vertical - Realiza-se uma incisão de 2 a 3 centímetros a partir da borda inferior da cartilagem cricóide em direção ao externo. ⤷ Incisão horizontal – realizada na altura média entre a cartilagem cricóide e a fúrcula esternal, com uma extensão de 3 a 4 centímetros. ⤷ Afasta-se os músculos infra-hióideos para visualização do istmo da glândula tireóidea. ⤷ O espaço para passar a cânula estará provavelmente sobre esse istmo. Sendo assim, poderá deslocar, cuidadosamente, o istmo cranialmente ou realizar a istmectomia. ⤷ Neste momento se realiza a exposição e abertura da traqueia. ⤷ Fechamento da tela subcutânea e da pele (não fechar completamente para evitar enfisema subcutâneo); amarrar a cânula com cadarço envolta do pescoço; e por fim colocar gaze e curativos entre a cânula e o pescoço do paciente. Traqueostomia percutânea ⤷ É realizada inserindo um cateter entre a membrana do 1º e 2º anel traqueal, ou entre o 2º e o 3º anel. ⤷ Quando o jelco atinge a traqueia, passa-se um fio- guia. Em seguida, utiliza-se dilatadores (como Dilatador Blue Rhino) para aumentar a abertura realizada. Assim, se torna possível a introdução da cânula de traqueostomia. ⤷ Recomenda-se a utilização de broncoscopia para acompanhar o procedimento, evitando complicações. ⤷ A finalização da traqueostomia segue a mesma forma da traqueostomia aberta. LESÕES TRAUMÁTICAS CERVICAIS A divisão do pescoço em zonas permite ao cirurgião avaliar a gravidade das lesões, pelo seu sítio anatômico. Zona I – da clavícula à cartilagem cricóide Zona II – da cartilagem cricóide ao ângulo da mandíbula Zona III – ângulo da mandíbula à base do crânio. ⤷ Zonas I e III maior complexidade. ⤷ Zona II melhor resolução. Gabriela Medeiros – Técnicas Cirúrgicas 3 TORACOTOMIA Toracotomia – compreende a ultrapassagem do gradil costoesternal com penetração nas estruturas intratorácicas. Videotoracoscopia apresenta vantagem sobre a cirurgia aberta toracotomias com grandes secções musculares podem causar transtornos dolorosos no pós-operatório. Acesso: ⤷ Pulmões ⤷ Coração ⤷ Esôfago ⤷ Trauma – feito rapidamente, tendo acesso ao coração, pulmão. Divisão da toracotomia: 1. Anteriores 2. Laterais – ântero-lateral e póstero-lateral 3. Posteriores – paravertebral e interescápulo- vertebral; 4. Axilares- vertical e transversal; 5. Esternotomia mediana; 6. Paraesternais – vertical e transversa; 7. Combinadas. 1) TORACOTOMIA ANTERIOR Utilizada em urgência Incisão no 4ª, 5ª ou 6ª espaço intercostal É mais estética, permite bom acesso ao hilo pulmonar com facilidade e em menor tempo. Não facilita bom acesso ao lobo inferior do pulmão esquerdo. 2) TORACOTOMIA LATERAL Facilita a lobectomia inferior Permite acesso às estruturas mediastinais e amplo acesso ao hemitórax. 3) TORACOTOMIA POSTERIOR Acesso a cavidades residuais da tuberculose associadas a toracoplastias. 4) TORACOTOMIA AXILAR Vertical ou transversal Cirurgia vídeo-assistida e doença bolhosa pulmonar do ápice. Pode ser ou não acompanhada de ressecção de arco costal. Tem limite de exposição – não indicada para pneumonectomia. 5) ESTERNOTOMIA Caráter eletivo para cirurgias cardíacas. Acesso ao mediastino. Revascularização do miocárdio – Pontes de safena Não permite fazer no trauma, pois o esterno é seccionado (serrado) na esternotomia. 7) COMBINADA COM ACESSO ABDOMINAL Bitoracotomia – tórax aberto de um lado ao outro, possível acessar o coração. Gabriela Medeiros – Técnicas Cirúrgicas 4 LAPAROTOMIA Indicações: o Acesso aos órgãos da cavidade abdominal o Biopsia hepática o Gastrectomia o Nefroctomia o Enterectomia, etc. Umbigo é um parâmetro: ⤷ Mediana supra-umbiliacal ⤷ Mediana infra-umbilical ⤷ Paramediana ⤷ Transversa ⤷ McBurney Classificação: o Quanto a direção ⤷ Longitudinal ⤷ Transversal ⤷ Obliqua Laparotomia Longitudinal Incisão longitudinal, paralela à linha alba. Tipos: Medianas o Incisão: ⤷ supra-umbilical ⤷ Infra-umbilical ⤷ Medio-umbilical ⤷ Xifopúbica – deve contornar o umbigo pela esquerdapara não seccionar o ligamento redondo. o Incisão da pele, tecido subcutâneo, aponeurose, peritônio. o Suturar em plano único – peritônio parietal, aponeurose, gordura – pode deixar cicatriz em depressão, abaulada. Paramedianas o Transretal – secção do M. reto o Pararretal – não secciona o M. reto ⤷ Medial ⤷ Lateral o Sutura em dois planos – suturar plano aponeurotico inferior, aproximar musculo, suturar plano aponeurotico superior. Indicações laparotomia mediana: Rápida execução Acesso mais utilizado Vantagens laparotomia longitudinal: Pode, ser ampliadas Não necessitam secção muscular Acesso a qualquer estrutura da cavidade Adequadas para exploração Exigem pouca hemostasia Desvantagens laparotomia longitudinal: Lesão nervosa da parede abdominal (nas incisões paramedianas) Maior incidência de eventração, principalmente na região infra-umbilical, nas incisões medianas. Cicatrização mais demorada. Laparotomia Transversal o São incisões no plano transversal o Podem localizar-se acima ou abaixo da cicatriz umbilical. o Principais: Davis, Pfannestiel, Küstner, Cherney, Elliot-Babcock. Vantagens: ⤷ Amplo acesso a cavidade abdominal ⤷ Possibilidade de várias incisões ⤷ Cirurgia: adrenal, pâncreas, fígado, tumores renais ⤷ Muito utilizada em cirurgia pediátrica – permite melhor campo operatório, segurança no fechamento, apresentar menor índice de complicação pós-operatória e por oferecer resultado estético melhor. Desvantagens: ⤷ Exigem hemostasia minuciosa, porque seccionam músculo, vasos e nervos. ⤷ Transtornos motores e sensitivos na parede abdominal (lesão nervosa). Gabriela Medeiros – Técnicas Cirúrgicas 5 Incisão de Pfannenstiel: ⤷ Incisão arqueada, na pele e aponeurose, porém apenas se divulsiona a musculatura ⤷ Cesarianas, cirurgias ginecológicas e urológicas Incisão de Elliot-Babcock (apendicectomia) ⤷ Incisão na fossa ilíaca direita, iniciando-se na borda lateral do musculo reto e terminando a 2 cm da espinha ilíaca antero-superior. ⤷ Abertura dos músculos oblíquo externo, obliquo interno e transverso, por divulsão e secção parcial (se necessário). ⤷ Abertura do peritônio. Laparatomia Oblíqua o Incisão subcostal o Poupam inervação abdominal o Principais: McBurney, Kocher, Clairmont, Drüner, Leclerc, Auvert e as incisões de hérnias inguinais. COMPLICAÇÕES LAPAROTOMIAS: Hematomas Seromas Infecção de parede Hérnia incisional Eventração Evisceração HÉRNIA INCISIONAL - crônico ⤷ Pontos internos se abrem. ⤷ Uma vez estabelecido o diagnóstico: fazer corte em cima do corte prévio, separar todos os planos anatômicos, colocar o intestino para dentro da cavidade e reparar a área falha com uma tela. Suturar em plano único. EVISCERAÇÃO - agudo Eviscerção com sutura recente. ⤷ Evisceração – é recente, não precisa de tela. ⤷ Precisa fazer cirurgia e colocar de novo na cavidade, suturar após isso. Evisceração traumática. EVENTRAÇÃO ⤷ Todos os planos foram abertos, exceto a pele. ⤷ Abaulamento da região Gabriela Medeiros – Técnicas Cirúrgicas 6 VIDEOLAPAROSCOPIA Vantagens: ⤷ Menor trauma operatório ⤷ Menor dor pós operatório ⤷ Deambulação e alimentos precoces ⤷ Menos complicações tromboembólicas ⤷ Redução do tempo de internação ⤷ Retorno as atividades mais rápido ⤷ Melhor resultado estético Desvantagens: ⤷ Lesões de grandes vasos sanguíneos ⤷ Lesões viscerais ⤷ Enfisema subcutâneo ⤷ Pneumotórax/pneumomediastino ⤷ Arritmias cardíacas ⤷ Embolias gasosas ⤷ Dor no ombro – insuflação do gás carbônico causa irritação no diafragma, que causa dor irradiada para ombro. CIRURGIA ROBÓTICA o Diferença da manipulação laparotomia e cirurgia robótica: Movimentos precisos. o Padrão para prostatectomia – reduz sequela de impotência sexual. Referências: GOFFI, F. Técnica cirúrgica. 4. Ed. RUY GARCIA. Técnica Operatória E Cirurgia Experimental. Aula Prof. Dr. Hunaldo Menezes.
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