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Constituição Federal de 1988 e o meio ambiente Éttore de Lima Rio Claro/SP, 2019 Constituição Federal de 1988 • CAPÍTULO VI • DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] • 1ª Constituição a tutelar o Meio Ambiente • Controle de Constitucionalidade • Pacto intergeracional Constituição Federal de 1988 BENS PÚBLICOS Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Constituição Federal de 1988 A Constituição de 1988 atribuiu ao meio ambiente, como bem incorpóreo e imaterial, a qualificação jurídica de bem de uso comum do povo (artigo 225, caput), vale dizer, bem que pertence a todos (res communes omnium). O titular do bem é a coletividade, o povo, à administração pública estando confiada a sua guarda e gestão. O meio ambiente, dessa maneira, pertence, indivisivelmente, a todos os indivíduos da coletividade e não integra o patrimônio disponível do Estado. Para o poder público e para os particulares o meio ambiente é sempre indisponível. (fonte: https://www.conjur.com.br/2016-jul- 18/regimes-juridicos-meio-ambiente-bens- ambientais-brasil). https://www.conjur.com.br/2016-jul-18/regimes-juridicos-meio-ambiente-bens-ambientais-brasil Constituição Federal de 1988 Os bens de uso comum do povo do art. 225 CF (bem ambiental): 1) Natureza difusa: pertence a todos. 2) Indisponíveis: direitos que a pessoa não pode abrir mão. 3) Impropriável: o meio ambiente, como bem imaterial, é igualmente insuscetível de apropriação, seja pelo Estado, seja pelos particulares. 4) De função coletiva: função socioambiental da propriedade individual e bem ambiental pertencente a coletividade. Constituição Federal de 1988 [...] o “uso comum” previsto na Constituição para o meio ambiente deve ser entendido não no sentido de utilização econômica individual, de consumo individual partilhado entre todos, mas no sentido de fruição coletiva, de gozo coletivo, sob o prisma da preservação da qualidade ambiental propícia à vida no presente e no futuro. Em termos atuais, portanto, não se admite mais a visão clássica e tradicional que tolera e permite a utilização dos bens de uso comum do povo por quem quer que seja, indiscriminadamente, de forma livre e competitiva, orientando-se, ao contrário, o ordenamento jurídico para o gozo coletivo do meio ambiente pelas gerações atuais, de maneira solidária com as gerações futuras. (fonte: https://www.conjur.com.br/2016-jul-18/regimes- juridicos-meio-ambiente-bens-ambientais-brasil) https://www.conjur.com.br/2016-jul-18/regimes-juridicos-meio-ambiente-bens-ambientais-brasil Constituição Federal de 1988 • CAPÍTULO VI • DO MEIO AMBIENTE • [...] § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Estado Constitucional Socioambiental • Reflexo da norma Constitucional • Para atingirmos a dignidade humana, precisa existir o meio ambiente equilibrado. Para isso, pensa-se na função social da propriedade juntamente com a defesa do meio ambiente de modo a limitar a livre iniciativa. • Questão: a simples tutela constitucional do direito ao meio ambiente é basta para a efetiva proteção? Competências • Necessidade de existência: República Federativa do Brasil. • Há dois tipos: 1) Legislativa: competência para editar lei em sentido amplo (a própria lei, portarias, resoluções, etc.). 2) Executiva (Administrativa/Material): é a implementação das leis, por meio da execução de políticas públicas, de serviços públicos, do poder de polícia. Competências • Tipos de competência: • 1) Competências executivas: a) Exclusiva (art. 21): fica a cargo da união matérias de relevante valor ao estado-nação – INDELEGÁVEL. b) Comum (art. 23): , são as que abordam questões pertinentes locais, mas com relevado interesse coletivo nacional, haja vista que faz frente ao interesse público. Competências • Tipos de competência: 2) Competências legislativas: a) Privativa (art. 22): Competência de um ente legislar sobre os assuntos. Pode ser DELEGADA. b) Concorrente (art. 24): é compartilhada a competência entre União, os Estados-membros e o Distrito Federal, nesta a união se limita a estabelecer apenas normas gerais (art. 24 § 1º), e os demais entes federados normas especiais. c) Suplementar (art. 24, §2º): Se inexistem as normas gerais editadas pela União, pode o Estado, exercendo a chamada competência supletiva. d) Reservada (remanescente ou residual - art. 25): reserva aos Estados as competências que a constituição não veda. Competência legislativa ambiental • Regra geral: competência concorrente (art. 24). • A União edita normas (não somente lei) de caráter geral. A norma federal passa a ser um piso protetivo. Os Estados podem somente dar mais proteção. • Caso não exista norma federal, os Estados podem editar normas e caso ela já exista, os Estados tem que se adaptar. Competência legislativa ambiental Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; Competência legislativa ambiental Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normasgerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Competência legislativa ambiental E os municípios? Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; • Problema do interesse local para a questão ambiental (interesse predominantemente municipal). Competência legislativa ambiental Competência executiva • Regra geral: competência comum Todos os entes podem exercer a fiscalização ambiental. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Problemas: conflito positivo e/ou negativo Competência executiva Art. 21. Compete à União: (competência privativa) IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados [...] Lei Complementar n.º 140/2011 Fixa normas [...] para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. Lei Complementar n.º 140/2011 Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação institucional: I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor; II- convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal.; [...] IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos; [...] Lei Complementar n.º 140/2011 Art. 13 ao 17: quem dá a licença ambiental tem que fiscalizar, sendo que os outros entes também podem fiscalizar, mas prevalece a atuação do órgão que detém a atribuição. Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar. Art. 7º, XIV – hipóteses de licença ambiental dada pela União. Extra • Resumo: Direito Ambiental na CF: https://www.youtube.com/watch?v=JOAbYmtQ0Ac • Organograma das entidades de proteção ambiental do Estado de São Paulo: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/ sima/organograma/