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Analgésicos opioides INTRODUÇÃO • IASP: “Experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. Cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores.” Dessa forma, indivíduos com a mesma dor, podem ter interpretação diferente. • O termo opiáceo refere-se aos compostos relacionados com os produtos encontrados no ópio, porque os opiáceos naturais eram derivados da resina retirada da papoula do ópio (Papaver somniferum). Dentro desse ópio, há mais de 20 alcaloides, sendo o principal a morfina. • Opioide é qualquer composto, independentemente da sua estrutura, que possua as propriedades funcionais e farmacológicas de um opiáceo. • O ópio era usado tanto para fins sociais como para fins médicos como: causar euforia, analgesia, sono e tratar diarreia. Ele foi introduzido na Inglaterra no final do século XVII como uso oral, conhecido como “Tintura de Laúdano” para alívio do sofrimento humano (envolve lesão real e componente emocional). Sydenham (1680) • Classificação: 1- Substâncias naturais (origem vegetal): Morfina, Papaverina e Codeína. 2- Substâncias naturais (origem natural): produzidos pelos humanos, são peptídeos opioides endógenos - Endorfinas e Encefalinas. 3- Substâncias semi-sintéticas: Heroína (inicialmente o intuito era substituir a morfina por conta da dependência, mas a dependência da heroína é muito maior, sendo proibida como opioide e classificada como substância ilícita) e Etorfina. 4- Substâncias sintéticas: Meperidina, Metadona, Fentanil e Loperamida (substância opioide não analgésica, ela é constipante para tratar a diarreia). MECANISMO DE AÇÃO • Possuem ação no SNC, atuam impedindo a condução da dor, por meio de diversos mecanismos, por exemplo: + inibição de substâncias de dor como a Substância P (Medula espinhal). • Eles atuam através de receptores presentes no SNC e órgãos periféricos (bexiga, TGI), entre eles estão: Os três principais receptores opioides — δ(delta), μ (mi) e κ (kapa) —, há ainda o σ (sigma). • Os receptores opioides estão associados a Proteína G, quando estimulados por um opioide, essa proteína inibe o Adenilato Ciclase (AC), que como consequência, diminui o AMPc intracelular. Diante disso, os receptores exercem papel nos canais iônicos, ocorrendo a ativação/abertura dos canais de Potássio e inibindo os canais de Cálcio. O resultado disso é uma membrana neuronal hiperpolarizada, impedindo a condução de dor. RECEPTORES OPIOIDES • Receptor μ (mi) – principal: - Gera uma analgesia supra-espinhal; - Pode gerar na região do bulbo, uma depressão respiratória; - Gera Euforia (sensação de bem-estar); - Sedação; - Gera uma dependência fisiológica; - Causa Constipação. • Receptor κ (kapa): - Gera uma analgesia espinhal; - Responsável pela miose; - Sedação; - Disforia (mal-estar emocional); - Interfere no controle da Diurese. • Receptor δ(delta): - Importantes na periferia. • Receptor σ (sigma): - Associado a Disforia e Alucinação. * Os opioides reduzem a dor real (diminuição do estímulo de dor – depressão de mecanismos centrais da nocicepção), além de conseguir modificar a interpretação afetiva da dor (sistema límbico). Possuem uma ação muito maior no controle de dor que os AINES, uma vez que eles atuam somente na condução do nociceptor pela redução dos eicosanoides. ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS • Administração: oral (+ lenta), as injec ̧ões intramuscular (IM), subcutânea (SC) ou intravenosa (IV) produzem as respostas mais confiáveis • Absorção por várias vias. • A via oral, gera uma metabolização de primeira passagem (fígado), que gera metabólitos que também apresentam atividade analgésica. Ou seja, enquanto não é eliminado do organismo ele gera analgesia. • Excreção renal. * A morfina entra rapidamente nos tecidos corpo- rais, incluindo o feto da gestante. Ela não deve ser usada para analgesia durante o parto. Recém-nascidos de mães adictas apresentam dependência física de opioides, manifestando sin- tomas de abstinência se o opioide não for administrado. Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada [recurso eletrônico] / Karen Whalen, Richard Finkel, Thomas A. Panavelil ; tradução e revisão técnica: Augusto Langeloh. – 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016. EFEITOS NO SNC • Analgesia. • Euforia (forte sensação de contentamento e bem- estar). • Náuseas (40%). • Vômitos (40%). • Sedação. • Depressão respiratória pela dessensibilizac ̧ão ao dióxido de carbono dos neurônios do centro respiratório. • Supressão da tosse (ação da Codeína em doses subanalgésicas). • Miose (excesso de opoides, deixa a pupila bem puntiforme). • Rigidez do tronco. EFEITOS PERIFÉRICOS • Sistema cardiovascular: interferências mínimas, pode ter uma leve bradicardia e hipotensão. • Trato Gastrointestinal: diminui a motilidade intestinal, aliviando a diarreia, provocam constipação. • Trato biliar: contração do esfíncter biliar, aumentando a pressão no trato biliar. Não é indicado para pacientes que tem problema com cólicas biliares. • Trato geniturinário: pode causar retenção urinária. • Útero: prolongamento do trabalho de parto , diminuindo a força, duração e a frequência das contrações uterinas. • Liberação de histamina: essa liberação pode causar um prurido, urticária ou pode contribuir para hipotensão do paciente – atua na vasodilatação. REAÇÕES ADVERSAS • Xerostomia (sensação de boca seca). • Náuseas e vômitos. • Sonolência. • Disforia (mal-estar psíquico intenso). • Insônia. • Constipação (limitação de uso para alguns idosos). • Reações alérgicas. • Tolerância (depois de 2/3 semanas, a posologia começa não fazer efeito, é necessário ir aumentando a dose progressivamente,). • Dependência. • Efeitos adversos X Manifestação do efeito 1- Mudanças de humor, a manifestação é através da disforia ou euforia. 2- Sonolência, manifestado com letargia, sonolência, apatia, falta de concentração. 3- Estimulação do quimiorreceptor trigger zone, pode manifestar náusea e vômitos. 4- Depressão respiratória leva a uma taxa respiratória reduzida. 5- Motilidade gastrintestinal reduzida, causando constipação. 6- Tônus do esfíncter aumentado, gerando espasmos biliares e retenção urinária. 7- Libertação da histamina, gerando urticária e prurido. 8- Tolerância leva ao uso de maiores doses com o passar do tempo para atingir o mesmo efeito. 9- Dependência leva a sintomas de abstinência após a descontinuação abrupta. CODEÍNA • Utilizada para dores leves a moderadas. Facilmente encontrada no mercado associada ao paracetamol (Tylex - 30 mg de codeína) ou ao Diclofenaco sódico (Codaten -50 mg de codeína). • Encontrada no mercado somente em associação. Muito utilizado na terapêutica, exceto em casos que as pessoas têm alergia o medicamento associado, por exemplo, paracetamol. • O paciente apresentando algum problema gástrico não pode utilizar a associação codeína + diclofenaco sódico, por esse último ser AINE. • Codaten: ação central da codeína e ação periférica do diclofenaco. No tylex também ocorre o mesmo. TRAMADOL • Dores leves a moderadas. • Agonista fraco do receptor µ e possui ação inibitória na recaptação de noradrenalina e 5-HT (serotonina) no SNC. • Recurso em casos de pacientes com problemas gástricos (não usa o Codaten) ou tem alergia ao paracetamol (Tylex). • O Tramadol pode ser associado ao Plasil/Vonal , para o tratamento de enjoos e vômitos de origem central e periférica causada pelo uso de Tramadol. + Não deve ser usado: - Alérgicos a metoclopramida; - Pacientes com histórico de discinesia tardia (movimentos muscularesanormais involuntários); - Pacientes com feocromocitoma (tumor na medula da suprarrenal) suspeito ou confirmado; - Não se deve combinar com levodopa (medicamento usado para o tratamento das síndromes parkinsonianas) ou agonistas dopaminérgicos; - Doença de Parkinson; - Histórico de metemoglobinemia PROPOXIFENO • Indicado também para dores leves a moderadas. • 2/3 da potência da codeína. • Pequena ação antitussígena. • Menor dependência que a codeína. HIDROCODONA • Derivado da Tebaína e da Codeína. • Exemplos (hidrocodona e paracetamol).: Vicodin, Stagesic, Polygesic. • Dores leves a moderadas. • Não deve ser usado por : grávidas, alérgicos a algum componente da fórmula, pessoas com problemas respiratórios, doença de fígado ou rins, histórico de traumatismo cranian ou tumor cerebral, pressão arterial baixa, distúrbio intestinal, hipotireoidismo, doença de Addison, doença mental, histórico de alcoolismo ou dependência química. MEPERIDINA • Utilizado para dores moderada a severa. • Conhecida como Petidina, Demerol e Dolosal. • Boa absorção oral e parenteral. • Não age sobre a tosse. • Menos constipante. • Pode causar depressão respiratória, por isso deve ser utilizado em ambiente hospitalar. • Efeitos adversos: Hiperidrose, Síncope, Disforia, fenômenos excitatórios (convulsões). FENTANIL • Fármaco utilizado para dores severas. • Potente agonista µ e excelente analgésico. • Rápida ação: início imediato, • Efeito mais potente (80 a 100 vezes) que a da morfina em relação a dose/efeito. • Curta duração :30 a 60 min IV 100 mg. • Pode causar forte depressão respiratória, por isso deve ser utilizado em ambiente hospitalar. • Pode ocorrer bradicardia e ligeira hipotensão. • Não há comprometimento cardiovascular. • Indicações: + analgesia de curta duração durante o período anestésico e pós-operatório imediato; + componente analgésico (paciente mesmo desacordado sente dor) da anestesia geral e suplemento para anestesia regional; + associado ao droperidol na pré-medicação, na indução e manutenção em anestesia geral e regional; + para administração espinhal no controle de dor pós- operatória. +pacientes com câncer com dores muito fortes. • Disponível em spray nasal, pirulito, adesivo transdérmico em outros países. • Advertências: deve ser utilizado em meio hospitalar; pode causar rigidez muscular; pode causar euforia, miose (pupila puntiforme), bradicardia e broncoespasmos. • Sub-grupos do Fentanil: 1- Durogesic: fentanila transdérmica, liberação lenta e contínua. 2- Sufenta. 3- Rapifen. 4- Remifentanil. MORFINA • Padrão-ouro para dores intensas e severas. E para dores agudas de grande intensidade. • Disponível em comprimido, cápsula e injetável. • Toxicidade aguda (overdose): pupilas puntiformes, depressão respiratória e coma. Para esses casos, deve-se usar o antagonista específico para os opioides (Naloxona). • Ação da Naloxona: desloca o fármaco agonista da ligação com o receptor e se liga com o receptor, deixando o receptor indisponível para a ligação com o opioide. Assim, a Naloxona reverte a toxicidade aguda. *No ciclo êntero-hepático, o fármaco secretado na bile é reabsorvido do intestino para a circulação. A morfina é um exemplo típico de xenobiótico que apresenta esse ciclo. Ela é conjugada com ácido glicurônico no fígado e o glicuronídio de morfina é secretado pela bile no intestino. Neste local, pela ação da enzima α- glicuronidase, a morfina é liberada e reabsorvida. * Uma vez que a morfina alcança a circulação sanguínea, esta é levada ao fígado onde uma grande proporção dela é dividida, um processo denominado metabolismo da primeiro-passagem. Devido a este metabolismo da primeiro-passagem, somente ao redor 40% a 50% da morfina alcança o sistema nervoso central. * Ao redor 90% da morfina tomada é excretado do corpo dentro de 24 horas, na maior parte sob a forma da urina. A morfina tem uma meia-vida da eliminação de ao redor 120 minutos. * Até os metabólitos dos opioides que irão ser excretados pela urina tem efeito analgésico, essa circulação êntero-hepática amplifica essa circulação.
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