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DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CURSO DE PEDAGOGIA 
ANA FLAVIA CAMARGO LOBATO MUNHOZ
Produção textual Interdiciplinar individual
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
2019
ANA FLAVIA CAMARGO LOBATO MUNHOZ
Produção textual Interdiciplinar individual
 Desafios e possibilidades da igualdade de gênero no espaço escolar
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas Educação a Distância; Educação e Diversidade; Metodologia Científica, Políticas Públicas da Educação Básica; Práticas Pedagógicas: Gestão da Aprendizagem; Psicologia da Educação e da Aprendizagem; Ética, Política e Cidadania.
Tutora eletrônica: Dalila Cristina de Campos Gonçalves
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
2019
Sumário
Sumário..................................................................................................................3
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................4
2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................5
2.1 O movimento feminista junto aos demais movimentos de minorias na luta a favor da igualdade de gênero...........................................................................................5
2.2 A masculinidade toxica e estereotipação depreciativa histórica da feminilidade nos ambientes profissionais, acadêmicos e científicos..................................................6
2.3 Um resumo da igualdade de gênero sob o olhar legislativo e a contribuição da igreja e dos movimentos conservadores na política para a inibição da evolução da igualdade de gênero na educação e na sociedade em geral....................................7
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................10
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................11
1. INTRODUÇÃO 
Este trabalho irá abordar os desafios com relação ao ato de lidar e fomentar a igualdade de gênero nos espaços escolares. Tal tema apesar de tão fundamental ainda é visto como um tabu por grande parte da sociedade a qual apresenta considerável resistência à propagação e ao verdadeiro entendimento do mesmo, motivo este que pode ser considerado como a principal causa para a relutância: A ignorância.
Preliminarmente podemos citar aqui os principais tópicos os quais envolvem-se diretamente com o tema e que serão posteriormente melhor explorados ao longo deste trabalho tais como: o movimento feminista junto a demais movimentos de minorias na luta a favor da igualdade de gênero, a masculinidade tóxica e a estereotipação depreciativa histórica da feminilidade nos ambientes profissionais, acadêmicos e científicos bem como a contribuição da igreja e dos movimentos conservadores na inibição da evolução da igualdade de gênero na educação e na sociedade em geral.
Discutiremos também em relação a participação da família, da escola e demais círculos no desenvolvimento dos adolescentes assim como suas visões acerca de gênero e a participação da democracia e da legislação na defesa e desenvolvimento da igualdade.
 
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1 O movimento feminista junto aos demais movimentos de minorias na luta a favor da igualdade de gênero
É sabido que o movimento feminista foi o principal a trazer o debate sobre a igualdade de gênero para a discussão em sociedade. Desde sua primeira aparição com mais intensidade em meados do século XIX e começo do século XX desenvolvida no Reino Unido e nos Estados Unidos, quando as mulheres que requeriam os seus direitos como os dos homens como o direito de votar por exemplo, eram nomeadas pejorativamente pelo termo de “sufragistas”. Desde então foram conquistados muitos direitos e a luta por igualdade entre os gêneros tornou-se uma meta a ser alcançada e há quem diga que nos dias atuais mulheres e homens, além de demais gêneros considerados minoria, já possuem os mesmos direitos e igualdade como em uma sociedade utópica dos sonhos. Infelizmente engana-se quem afirma tal coisa pois o que vemos ainda são mulheres ganhando salários inferiores, sofrendo preconceito em áreas consideradas masculinas, além de uma gritante intolerância e perseguição no mundo profissional às pessoas que se desviam do padrão do homem branco, cisgênero e heteronormativo.
De acordo com um estudo recente feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ainda ganham menos do que os homens em todas as ocupações selecionadas na pesquisa. Dentre as ocupações estão: trabalhadores de central de atendimento, de limpeza de interiores de edifícios, escritórios entre outros.  Mesmo com uma queda na desigualdade salarial entre 2012 e 2018, as trabalhadoras ganham, em média, 20,5% menos que os homens no país.
A analista da Coordenação de Trabalho do IBGE, Adriana Beringuy ressalta que: “A mulher acaba tendo participação maior na população desocupada e na população fora da força de trabalho. Temos muitas procurando trabalho ou na inatividade [...].” (AGENCIABRASIL, 2019).
2.2 A masculinidade toxica e estereotipação depreciativa histórica da feminilidade nos ambientes profissionais, acadêmicos e científicos.
O termo ”Masculinidade Tóxica” é relativamente novo e surgiu com o avanço das mídias sociais para se referir às características estereotipadas que a sociedade atribui aos homens e meninos, características nocivas não só para o sexo feminino mas também para o próprio sexo masculino. Frases como: “homem é agressivo mesmo” ou “ser homem de verdade” e qualquer outra coisa que reafirme a masculinidade como uma meta a ser alcançada afastando e tornando a mesma oposta a qualquer tipo de “fragilidade” como o próprio ato de sentir, de mostrar os seus sentimentos, afirmam e impulsionam a masculinidade como uma espécie de arma nociva para todos os membros da sociedade.
Ela é fruto de um conjunto de mitos que a sociedade transmite aos garotos e aos homens sobre o que significa ser um “homem de verdade”, que contém ameaças implícitas ao seu valor à sua identidade caso não ajam de acordo com tais expectativas. (ELHOMBRE, 2018?).
Esta denominação também é fortemente associada a outro termo denominado “Masculinidade Frágil” usado para se referir aos homens tomados por este tipo de pensamento dos quais passaram a ter medo de serem considerados em falta com a sua masculinidade bem como dos julgamentos estereotipados da sociedade.
Já em relação à estereotipação negativa da feminilidade, pode-se afirmar que a mesma está intimamente ligada à masculinidade tóxica sendo uma espécie de resultado desta. Para ilustrar este cenário podemos citar aqui a propaganda “Like a girl” (tipo menina) da marca Always submarca da gigante P&G, premiada com um Emmy de melhor comercial no ano de 2015 pelo Creative Arts Emmy Awards (G1, 2015). 
Na propaganda diversas pessoas incluindo adultos e crianças do sexo masculino são chamadas para uma pequena dinâmica onde são solicitados a fazerem coisas “tipo uma menina”, como: correr como uma menina, lutar como uma menina entre outros. Os mesmos então começam a realizar as atividades solicitadas com um evidente desdém e trejeitos delicados representando fraqueza, ao chegar a vez das crianças do sexo feminino fazerem as atividades as mesmas as realizam com a maior naturalidade e esforço, ou seja da maneira que elas fariam normalmente porque afinal são meninas e não fazem as coisas de maneira estereotipada como os homens e até mesmo as próprias mulheres das quais já foram meninas fizeram, esquecendo-se assim da época em que elas ainda não tinham sido atingidas pelo preconceito de associar a feminilidade à fraqueza.
Laura Vicentini, diretora de marketing de Always, relembra que a marca abraçou a missão de eliminar a falta de confiança que abala as meninas na adolescência tratando de estereótipos que recaem sobreelas (MEIOEMENSAGEM, 2017). 
2.3 Um resumo da igualdade de gênero sob o olhar legislativo e a contribuição da igreja e dos movimentos conservadores na política para a inibição da evolução da igualdade de gênero na educação e na sociedade em geral 
Segundo o Art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...].” (BRASIL.1988). Neste sentido pode-se afirmar que o gênero não deve implicar em diferenciações entre as pessoas seja em âmbito social, educacional ou profissional, sendo assim as desigualdades devem ser e vem sendo combatidas mais intensamente a partir da década de 1990, por meio de políticas públicas em forma de novas leis e diretrizes que abordam a temática de gênero no campo da educação.
Para Vianna e Unbehaum as políticas públicas fundamentam as principais políticas educacionais no Brasil, seja na questão do gênero ou da cidadania (2004 apud, 2014, p.2).
No ano de 1997 a temática de gênero é contemplada de forma primária nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) publicado pelo Ministério da Educação, nos Temas Transversais do mesmo, ou seja, o seu compilado de questões mais urgentes e importantes o volume 10.5 é intitulado “Orientação Sexual” debatendo assim sobre a urgência cada dia maior de se adicionar o tema da sexualidade e do gênero nos currículos.
No entanto, apesar de significativos avanços com relação a este tema no Brasil ainda existem muitos obstáculos a serem superados, obstáculos estes que inibem e retardam o processo de conscientização e implementação da igualdade de gênero. Atualmente o crescimento de movimentos conservadores ligados à instituições religiosas das quais se infiltram na política com o intuito de chegarem nas mais diversas áreas da sociedade tendo como foco a área da educação implica no retardo do processo de evolução da igualdade de gênero no pais, estimulados atualmente pelo atual governo de extrema direita conservadora do qual vem dando espaço para os mesmos, tais movimentos vem dificultando e até mesmo causando o retrocesso de diversas conquistas acerca da igualdade não somente de gênero mas também de outros grupos considerados minorias.
Podemos citar como um desses movimentos o “Escola sem partido” ironicamente idealizado e patrocinado por partidos políticos de extrema direita, o mesmo visa combater a “doutrinação ideológica” dentro dos espaços escolares por meio da proibição de posicionamento político e ideológico na maioria das vezes impossíveis de serem separados dos conteúdos históricos ministrados pelos educadores além de banir completamente qualquer coisa relacionada a educação sexual e à sexualidade no geral com o argumento de serem uma “ideologia de gênero” impedindo assim não só o conhecimento das diversas nuances de gênero existentes bem como o respeito à todas, mas também toda e qualquer noção básica sobre educação sexual o que implica no aumento de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada de adolescentes e até mesmo relações de abuso sexual, pois a criança ou o adolescente perde o direito e a oportunidade de aprender o que configura um abuso uma vez que este tipo de educação tão importante se torna um tabu nos espaços escolares.
Segundo a educadora e formadora do projeto Respeitar é Preciso, do Instituto Vladimir Herzog, Crislei de Oliveira Custódio, a discussão em torno da tal “ideologia de gênero” é passível de críticas pois o conceito além de não existir serve apenas para confundir o debate necessário sobre as diferenças entre sexualidade e identidade de gênero e como elas devem ser entendidas e respeitadas. Para ela, no entanto, o discurso distorcido não é causado apenas pela ignorância, tendo também a pretensão de inviabilizar determinados grupos e reafirmar a agenda conservadora. (REDEBRASILATUAL, 2019).
Ainda segundo a educadora Crislei:
Há toda uma pauta política que está sendo cravada, essa sim a partir de uma ideologia. É a ideologia da ‘ideologia de gênero’. Enquanto tema acadêmico, isso não existe. O que existe é um debate em torno das questões de gênero, de entender que há diferença entre sexualidade e identidade de gênero, e que isso passa pelos direitos das pessoas, como elas se introduzem no mundo. (REDEBRASILATUAL, 2019).
Sendo assim pode-se se sugerir a implantação de cada vez mais diretrizes e componentes curriculares nas escolas dos quais visem a disseminação do conhecimento sobre o que é gênero e a importância da igualdade relacionada a este. Implementações essas que devem ser inseridas nas bases curriculares como também na formação continuada dos educadores. Os debates saudáveis sobre as diferenças devem ser incentivados em sala de aula desde o início, com o apoio de movimentos de conscientização e palestras ministradas por psicólogos e educadores especializados nas escolas bem como a promoção e a exaltação à diversidade. Além destes citados, outro caminho imprescindível para a efetivação da igualdade de gênero na escola é a separação das instituições religiosas do comando educacional do Brasil, promovendo um estado laico onde o plano educacional seja minuciosamente construído pelas áreas e profissionais aptos em pareceria com toda a sociedade repudiando sempre todo e qualquer tipo de censura à diversidade de cada um.
Sendo assim podemos afirmar a importância da interferência do Estado e das políticas públicas nos espaços escolares e consequentemente no âmbito familiar e social no desenvolvimento do adolescente em sua sexualidade e em seu entendimento a questão de gênero, identidade, respeito e igualdade. 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa bibliográfica realizada neste trabalho possibilitou não apenas um maior conhecimento, mas uma imersão no tema da igualdade de gênero nos espaços escolares e na sociedade de forma geral.
De forma a fornecer um olhar atual da igualdade de gênero em nosso pais através de temas intimamente ligados ao mesmo como: Feminismo, o papel o Estado na igualdade de gênero, o machismo e a masculinidade tóxica como fatores condicionantes à situação desigual entre outros.
Por fim é importante salientar que este trabalho não tem como objetivo a promoção de nenhum partido político em específico, mas apenas de políticas públicas relacionadas à igualdade de gênero e a evolução de nosso povo, criticando assim posições consideras preconceituosas e primitivas visivelmente associadas ás determinadas posições ideológicas retrógradas e arcaicas.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Capítulo 1. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 28 nov. 2019.
SOUSA, L.; GRAUPE, M. Gênero e Políticas Públicas de Educação. In: Universidade Estadual de Londrina. Anais 3. Londrina,2014.
CUSTÓDIO, Crislei. Debate sobre “ideologia de gênero” é falso e pretende invisibilizar grupos oprimidos, diz educadora. Rede Brasil Atual. 2019.
Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2019/09/debate-ideologia-de-genero-falso-ideia-invisiblizar-oprimidos/. Acesso em: 28 nov. 2019.
CUSTÓDIO, Crislei. Debate sobre “ideologia de gênero” é falso e pretende invisibilizar grupos oprimidos, diz educadora. Rede Brasil Atual. 2019. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2019/09/debate-ideologia-de-genero-falso-ideia-invisiblizar-oprimidos/. Acesso em: 28 nov. 2019.
OLIVEIRA, Nielmar. Pesquisa do IBGE mostra que mulher ganha menos em todas as ocupações. Agência Brasil. 2019. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-03/pesquisa-do-ibge-mostra-que-mulher-ganha-menos-em-todas-ocupacoes. Acesso em: 28 nov. 2019.
O que é masculinidade tóxica?. El Hombre. 2019. Disponível em: https://www.elhombre.com.br/o-que-e-masculinidade-toxica/. Acesso em: 28 nov. 2019.
'Like a girl', da Always, leva Emmy de melhor comercial de 2015. G1. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2015/09/girl-da-always-leve-emmy-de-melhor-comercial-de-2015.html.Acesso em: 27 nov. 2019.
ROCHA, Roseani. Always estreia nova onda global de Like a Girl. Meio e mensagem. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2017/08/16/always-estreia-nova-onda-global-de-like-a-girl.html. Acesso em: 28 nov. 2019.

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